Linha Tênue escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 9
True Love


Notas iniciais do capítulo

Dia 9- True Love (Cold Play)

Sim, eu sei que está atrasada, mas vieram pessoas aqui em casa e só consegui terminar agora... uma tristeza, estava tudo indo tão bem... :v
Espero que gostem... adorei escrever isso aqui (mesmo que tenha postado depois).



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A última coisa que ela viu foi o rosto dele. Não conseguira andar, nem ao menos se mover. A coisa que passou pela sua cabeça foi que ele não deveria estar ali, por mais que soubesse daquela possibilidade. Isaak sempre estaria...

No entanto...

Aquilo a deixou tão despreparada. Tão momentaneamente frágil, e nesse momento terrível, sentiu algo bater violentamente do lado do seu corpo, jogando-a para o lado. Rolou pelo chão, sentindo toda a sua aspereza. A dor parecia engoli-la por completo. Ela nunca soubera o que era ser atropelada. Seu cérebro tinha dificuldade de processar o que estava acontecendo. Ouvia gritos abafados ao longe, e sentiu braços em torno de seu corpo, embora estes não a movessem de imediato.

A escuridão preencheu-a completamente. Não viu nem ouviu mais nada.

_________________________x_____________________________

Isaak sentiu como se tudo tivesse entrado em camera lenta. O carro a acertara do lado do corpo, e por Mel ser mirrada, pareceu uma batida mais violenta do que de fato era. Ele correu em direção ao corpo caído e encolhido, e teve aquela inclinação para pegá-la nos braços, mas então lembrou-se que não podia mexer nela, ou sua situação poderia piorar. Não sabia se ela havia quebrado alguma coisa. Manteve apenas os braços em contato, ao redor de seu corpo.

–Está tudo bem, Mel...

Ela não respondeu. Quando tirou a franja dela de seu rosto para observar as escoriações que ela conseguira, viu que estava de olhos fechados. Havia desmaiado. Com uma mão, vasculhou os bolsos em busca de um celular. Não encontrou.

Por que diabos nunca estava com seu telefone móvel quando precisava?

As pessoas começaram a chegar. O motorista, saiu alucinadamente do carro, perguntando se estava tudo bem e alegando coisas a seu favor.

–Não é minha culpa... sua namorada parou no meio da rua!

–Ela não é minha... me dá o celular! Ou ligue para uma ambulância, agora! Acha que botar a culpa nela vai resolver alguma coisa?

O homem recuou por um segundo, assustado com a expressão obviamente letal que estava no rosto de Isaak. Tudo em sua aparência sugeria um garoto zombeteiro, desleixado, mas aquele olhar tirara aquela impressão. Logo o motorista estava ligando para a emergência, enquanto mais pessoas se aproximavam.

Essa é a grande verdade e o grande erro que marca nossa espécie... em um acidente, uma multidão se reune, mas não é para prestar socorro... é apenas pra ver o sofrimento de perto. Os seres humanos, em geral, tem uma curiosidade mórbida.

Isaak não permitiria que Mel fosse apenas um caso a se apreciar. Nem que ela fosse tratada como pobrezinha, ou maluca. Ela não merecia isso. Ela estava muito além disso. Voltou a levantar um braço e apontou para a rodinha que começava a se formar ao seu redor.

–Caiam fora daqui, bando de hienas! Vão procurar algo para fazer.

Viu rostos zangados, chateados e assustados olhando para ele. Mesmo com os protestos, não moveu um músculo. A única coisa que o fez se mexer foi a chegada da ambulância. O corpo inerte de Mel foi cuidadosamente tratado e levado. Não foi lhe dado o direito de acompanhá-la, por mais que quisesse. Quando toda a comoção chegou ao fim, ele era o único na rua. O motorista deveria conversar com os pais dela para chegarem a um acordo. Ao contrário dele mesmo, Mel sempre levava o celular consigo (embora sua agenda não tivesse mais que meia dúzia de números), e este foi usado para avisar seus familiares.

Não era uma novidade que, mesmo se odiando, o pai dela e Kath houvessem feito uma trégua. Eles deviam pelo menos isso a sua filha, não era verdade?

Isaak só conseguiu vê-la bem tarde naquele dia. Esperava ver os responsáveis da garota se digladiando, mas eles estavam perfeitamente em paz. Uma paz cheia de tensão, havia até mesmo faíscas no ar, mas não tinha como reclamar disso. A mãe de Mel explicou rapidamente a situação: ela não sofrera nenhum dano grave, só algumas escoriações e quebrara uma costela, assim como o braço direito, o lado em que fora acertada. Iria acordar em breve, assim que o efeito do sedativo passasse.

–Você quer ir vê-la? -Katherine ergueu uma sobrancelha em tom casual. Conhecia o rapaz, mas geralmente a filha só referia-se a ele para espinafrá-lo. Imaginava se a atitude protetora dele faria com que ela mudasse de opinião. Mas conhecendo a filha, sabia que seria difícil.

–Eu posso? -ele sentia-se um pouco travado em tal situação. Recuou alguns passos, e viu a mulher erguer uma mão pedindo calma. -Fica frio, seu idiota, não vou te matar nem nada do tipo. Pode ir. É o minimo que posso fazer, afinal foi você quem resgatou ela, não é?

A palavra resgatar era muito forte para o que realmente acontecera. Idiota. Agora ele tinha certeza de onde Mel puxara aquela personalidade ofensiva. Sem querer discutir, fez um aceno com a cabeça e se dirigiu ao quarto onde ela estava instalada.

Mel parecia muito frágil ali dentro. Tão pequena. Indefesa. Aquilo estava errado. Ela nunca deveria parecer indefesa, era o tipo de garota que precisa bater e xingar e estufar os diminutos seios para poder ser ela mesma. Agora estava numa cama de hospital, com um tubo atravessando a veia de um dos braços enquanto o outro estava cuidadosamente enfaixado, assim como seu abdomen também estaria. Os olhos estavam fechados, e havia alguns curativos em seu rosto e ombros.

–Hei, sua pequena estúpida... por que diabos foi parar no meio da rua? -ele suspirou, puxando uma cadeira e se sentando ao lado dela. Com certa delicadeza, retirou os fios soltos do cabelo longo de seu rosto machucado.

–Hummm... cale-a-boca, idiota... isso foi tudo culpa sua.

–Está acordada? -ele estalou os dedos em frente ao rosto dela, no entanto, não houve reação imediata. Talvez estava dopada demais, ou sonhando acordada. Não dava para ter lá muita certeza sobre isso.

–Por que está aqui...?

–Porque você é idiota...

–Eu não sou, você que é... -a mão boa dela tateou os lençóis até encontrar a dele e a apertou. -Hei... você gosta de mim?

–Que droga de pergunta é essa!?

–Você disse... disse que gostava de mim...

Tudo o que planejava fugiu de sua cabeça. Ele engoliu em seco, desviando o olhar. -É... eu gosto de você. Mas isso não faz diferença. Você não se importa mesmo.

–Isso é o que você acha.

–Então diga... ou minta... minta pra mim.

Ela moveu a cabeça para observá-lo naquela semi-inconsciência e sorriu. Ele nunca havia visto Melisandre sorrir assim antes. Por um momento, acabou se perdendo ali, naquele mero gesto. -Eu sou apaixonada por você.

–É, eu já sab... -ele ia dizendo, um pouco para baixo, mas depois de prestar realmente atenção no que ela dizia, praticamente pulou da cadeira. -O que você disse?

–Que sou apaixonada por você... -mais uma vez aquele sorriso. Ele chegou mais perto, colocando a mão em sua testa, sentindo a temperatura. Alguma coisa fez com que ele se aproximasse mais, e então tocou seus lábios nos dela.

Quando afastou-se novamente, ela havia fechado os olhos. Mas não os reabriu. Ele esperou mais algum tempo antes de constatar que havia dormido de novo. Deixou-se cair sentado novamente, resmungando baixinho. -Tava só delirando, essa praga...


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Notas finais do capítulo

Ainda chateada por não ter conseguido postar a tempo u.u
Espero que tenham curtido a pequena quase declaração de amor...
Beijos e até a proxima :3



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