Linha Tênue escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 14
Really Don't Care


Notas iniciais do capítulo

Dia 14- Really Don't Care (Demi Lovato)

Considerações: dessa vez eu ignorei a letra da música porque iria estragar meus planos. Apenas usei o titulo. Eu ia pula-la, no entanto, como estou fazendo de todas, achei que poderia ser quase um bônus.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541520/chapter/14

Quando Isaak finalmente chegou a porta da casa de Mel para buscá-la, já estava quase se arrependendo de ter escolhido aquela fantasia. Ela esquentava, e a noite, ignorando seu desejo e todas as outras predecessoras, estava abafada. No fim, não pôde fazer mais que puxar um pouco as mangas para cima, e esperar na varanda enquanto a jovem não vinha ao seu encontro.

Ele escolhera uma fantasia de vampiro, que se cumpunha de calças, uma camisa social e um sobretudo em estilo lorde inglês. Os cabelos continuavam despenteados, e uma longa linha de alguma substância vermelha descia pelo lado esquerdo da boca e manchava uma parte da camisa branca.

Melisandre descia naquele instante, e o simples fato de notá-lo fez com que parasse e deixa-se o queixo cair... ele estava...

Não havia palavras para descrever. Viu um sorriso enquanto ele virava a cabeça para fitá-la, e notou as presas postiças. E então ele também parou, e Mel imaginava que ela estava fazendo a mesma cara idiota que a dele...

A menina estava vestida de bruxa, com um pequeno vestido de saia pregueada e tons de roxo e negro. O corpete era todo rendado, ela usava botas de cano longo e uma capa, presa ao ombro com um pequeno broxe em forma de morcego. Não havia soltado os cabelos, apenas havia um chapéu fenomenalmente grande, também preto, que quase tampava seu rosto completamente quando deixava-o cair completamente sobre ele. Ela não tinha ideia se estava tão bonita assim, não pensara nisso. Ajeitou a saia sobre as cochas e estendeu a mão a ele, esperando-o segurá-la.

–E então... vamos?

Isaak despertou de sua estupefação e prontamente segurou a mão dela, puxando-a para o seu lado, de forma que ela pudesse lhe dar o braço. Aquele contato com as mãos era estranho demais, despertava uma ansiedade dentro de seu peito, e por mais que fosse algo bom, não queria perder o controle tão cedo... ambos se dirigiram a casa mal assombrada.

–Bela escolha...

–Você me surpreendeu.

–Sério? Posso dizer o mesmo de você, acho. -a menina ajeitou o chapéu que caia sobre seus olhos enquanto ambos andavam. Pessoas que cruzavam com eles nas ruas até lançavam olhares, mas uma boa parte delas já deveria saber do evento que estava ocorrendo alguns quarteirões a frente...

Os dois chegaram a dita Casa Mal Assombrada. De fato, eles haviam se superado daquela vez. Teias de aranha, morcegos e máquinas de fumaça, assim como luzes vermelhas e roxas combinavam-se para criar um ambiente fantasmagórico. Havia fantasmas nas árvores, cabeças de abobora espalhadas e partes de membros de plástico (que pareciam incomodamente reais) na soleira da porta.

A trilha sonora fazia lembrar um filme de terror... Mel não era acostumada a se impressionar com quase nada, mas talvez a presença de Isaak estivesse atrapalhando seu senso prático, porque ela tropeçou numa abóbora e acabou gritando ao dar de cara com um espantalho posicionado bem a sua frente.

–AHH!

–Pera, calma... -ele a puxou para trás, cutucando a cabeça da coisa com a ponta do dedo indicador. -Tá vendo? É só um boneco...

–Eu reparei. Estou bem...

–Você pede para vir a uma casa amaldiçoada e fica dando piti por nada?

–Quem aqui está dando piti, animal?

Os dois pararam de discutir quando um grupo fantasiado passou correndo e gritando por eles, de fato parecendo apavorados... uma das meninas, que deveria estar vestida de zombie, acabou perdendo boa parte da sua maquiagem na corrida.

–Cara... essa gente é muito fraca...

–Concordo... que tal irmos lá ver se as coisas são tão assustadoras assim?

Mel concordou com ele, claro, e ambos passaram pela porta. As luzes piscaram, e uma sala que de relance parecia ser feita de coisas assustadoras, sumiu na escuridão. Os dois foram forçados a dar as mãos para não se perderem, e então surgiu um caminho de luzes neon em tom de verde, setas que apontavam para um corredor. Eles seguiram em frente, e as paredes, iluminadas apenas pela pálida luz, pareciam sangrentas.

Não vou me delongar muito no que aconteceu lá dentro, mas realmente fora uma experiência assustadora que ninguém esperaria. Haviam pessoas fantasiadas que puxavam-os pelas pernas, levando-os até outro ponto do corredor e deixando-os ali. Sussurros nas sombras. Mãos que agarravam no escuro. Mel fora até mesmo pega e presa dentro de um caixão, e por mais que tenha saído ilesa e com uma cara fingida de tédio, sentira seu coração quase parar por um segundo.

Tinham de admitir... fora tudo muito bem planejado...

Quando os dois sairam da Casa novamente, Mel estava descabelada e tentava esconder usando o chapéu. As duas ligas que usava para prender o cabelo haviam se perdido, de maneira que suas madeixas castanhas estavam soltas, coisa que Isaak não se lembrara de ver.

–Nunca mais tente algo assim...

–Okay... eu não volto nunca mais aqui.

–Fechado.

Eles se dirigiram a uma praça que havia ali perto, e ela sentou-se num balanço, sem se incomodar se era observada ou não. Isaak sentou no outro. Suas pernas tremiam tanto que mal conseguia ficar de pé...

–Bom... foi divertido.

–Verdade... não posso negar.

–Mel...

–Que foi? -ela suspirou, tirando o chapéu da cabeça. Seus cabelos cairam pelo seu rosto, quase impossibilitando-o de ve-lo. Isaak retirou um pouco deles para conseguir vislumbrá-la.

–Você estava me devendo, se lembra?

–Eu realmente não me importo...

–Mas eu sim... eu quero saber. -A mão dele segurou a corrente do balanço em que ela estava e este tentou encará-la. -Eu quero saber o que você sente por mim...

–Eu...

Houve uma pausa imensa, ele imaginou, antes que finalmente ela abrisse seus lábios e dissesse uma pequena frase.

–Eu acho que te amo.

O rapaz não respondeu de imediato. Ergueu-se do balanço, ficando de frente para ela e voltando a segurar as correntes, desta vez de ambos os lados, por cima das mãos dela. Abaixou o corpo para que ficassem bem mais perto. Podiam sentir nitidamente a respiração um do outro naquele instante.

–Você...

–Eu não tenho certeza. -ela abaixou a cabeça, quebrando o contato visual. -Eu não entendo... isso que estou sentindo. Eu fico pensando em você por tempo demais, desejo te ver do nada, e mesmo quando tenho vontade de te matar ainda assim... ainda assim eu quero ter você perto de mim. Esses sentimentos... eu sempre os ignorei, mas desde que conheci você, isso se tornou cada vez mais impossível. -ela respirou profundamente, reerguendo a cabeça. -Eu não sei o que é amor, mas talvez... talvez o que eu estou sentindo nesse instante seja quase isso.

–Vamos descobrir... -a resposta dele saiu em um tom baixo, num murmúrio.

–O que? -Sabia que estava corada, mas não tinha mais ideia do que dizer ali... ela abrira o jogo, se sentira envergonhada, tinha vontade de se esconder em um buraco. Se pudesse ao menos fazer uma declaração sensata, mas nem isso conseguiu.

Como desgraça pouca é bobagem, ela escolhera a pior noite de todas... que idiota diz a outro imbecil que o ama na noite de Halloween?

Seus pensamentos pararam quando ele respondeu. Desceu seus lábios até os dela, dando-lhe um longo beijo, que desta vez ela consentiu. Quando ele se separou dela, voltou a olhar em seus olhos. -Vamos descobrir esses sentimentos juntos... certo?

E sorriu...

E ela entendeu que, a primeira coisa que a fez se sentir atraída por ele, fora aquele sorriso. Sem poder evitar, curvou seus lábios também, igualando-se a Isaak.

–Desafio aceito...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Prevejo pessoas dizendo: até que enfim!
Muita calma nessa hora que ainda tem 16 dias, gente!
Até a próxima...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Linha Tênue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.