Linha Tênue escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 11
Back to Black


Notas iniciais do capítulo

Dia 11-Back to Black (Amy Winehouse)

Um dia consigo voltar a postar certo essa bagaça...
Vamos lá! Mais um capitulo quentinho -e grande- pra vocês... espero que gostem ^^



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No fim das contas, Melisandre havia se recuperado do trauma, da gripe e dos seus ferimentos de acidentada. Mas quem disse que poderia esquecer a parte em que Isaak havia se declarado pra ela? Seu cérebro se recusava a fazer isso, ela podia sentir nitidamente. As brigas mentais começaram a ficar cada vez mais frequentes com o passar dos dias. Ela se perguntava o que deveria fazer. Falar com a mãe sobre tal coisa só iria forçar uma resposta que definia todos os homens como idiotas retardados e para ficar longe deles. Por mais bonitos que fossem.

Seus melhores amigos também eram homens... bem, pelo menos Dan era. E por mais idiota que fosse, ele não contava naquela equação. E quanto ao Alex... era inútil perguntar algo para ele.

Afinal em momento algum ela tinha levado a sério a ideia de algum relacionamento. Tirando uma paixonite aguda que houvera tomado conta dela e no fim não dera em nada, considerava-se intocável por esse sentimento que chamamos “paixão”. Até agora.

Ficar pensando naquilo era desagradável e terminava em uma nova discussão consigo mesma, o que a deixava com muita, mas muita dor de cabeça.

Isaak não tentou convencê-la uma segunda vez, embora ela soubesse que isso era inútil. Aquele era o jeito dele. Quando achasse que tinha uma oportunidade, ele a usaria, assim como no dia do Baile. E ao pensar no dito baile ela resmungou uma segunda vez consigo mesma, enquanto rabiscava qualquer coisa no caderno aberto a sua frente. Seu colega/inimigo/futuro amor (?) não havia vindo a aula naquele dia. Pensar no que ele poderia estar fazendo não era uma boa coisa a se fazer naquele momento.

O professor de matemática, um homem corpulento e que utilizava-se de óculos grossos, depois de chamá-la pelo menos umas quatro vezes sem o menor sinal de resposta, praticamente gritou-a dentro da sala. Só então ela ergueu os olhos para lhe dar a atenção. A careta que ele estava fazendo, combinada com a zombaria natural da sua turma, fez com que sentisse seu estômago afundar. -Perdão...

–Sugiro que preste atenção a aula, senhorita. Qual o resultado do exercício número cinco?

Ela passou os olhos pelo livro, observando a tarefa, e suspirando ao pensar que tinha terminado-a, antes de se perder em pensamentos. Com certa satisfação disse a resposta, que estava certa. No fim o professor desistiu de encará-la e continuou sua aula. Os cochichos sumiram aos poucos. E Melisandre forçou todos os seus nervos a prestar atenção em tudo que não tivesse a menor ligação com Isaak...

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E quanto a Isaak? Bom... ele teve que pagar sua dívida com Isabella...

–Você está muito tenso. Mesmo que seja sua primeira vez...

–Não precisa me lembrar disso, sabia? -Isaak puxou os lençóis mais para cima, cobrindo boa parte de seu corpo nu. Sua parceira parecia não se incomodar em andar desinibida pelo quarto, de um lado para o outro. A pele branca reluzia a luz das velas. Se ela tinha tido todo esse trabalho, levando em consideração que Isaak deveria perder sua virgindade, talvez não fosse tão egoísta como todos diziam.

–Ha... isso o incomoda? Olhe pelo lado positivo, já vai saber o que fazer quando acontecer com a sua adorada amiga...

Tal afirmação fez ele corar e abrir a boca, sem emitir som algum. Ele não queria pensar naquilo, ou iria tornar ainda mais difícil a relação conturbada que compartilhava com Mel. Depois de algum tempo tentando articular uma frase coerente, apenas balançou a cabeça. -Não é assim que as coisas funcionam.

–Você que é pateticamente inocente para um menino. Nunca considerou essa ideia antes? Estou começando a duvidar da sua masculinidade...

–Não tem absolutamente nada a ver uma coisa com a outra, maldição!

Isa apenas soergueu uma das claras sobrancelhas, focando-o com aquele olhar prescrutador de antes. Depois deu de ombros, o simples movimento fazendo o corpo estremecer.

–Como queira. Então, decidiu o que vai fazer?

Ele assentiu com a cabeça, embora não parecesse tão certo disso. Viu quando ela se aproximou de maneira lenta e sensual, tirando o lençol de seu caminho e deitando por cima dele. Pode sentir cada curva se encaixando e pressionando contra seu corpo. O que deveria despertar luxúria em qualquer um, a ele não trazia quase nada. Ela beijou sua boca de forma ardente, mordeu seu pescoço, movimentou-se em cima dele até deixá-lo excitado, porém...

Quando estavam prestes a unir-se, Isaak parou o beijo, afastando-a de maneira quase gentil. -Não posso. Desculpe.

–Cara... eu deveria te estapear agora. -ela resmungou, levantando-se e cobrindo o corpo com o lençol. Lançou um olhar feio para o mesmo. -Vou considerar o fato que quem o convenceu fui eu. Pelo visto não vamos sair disso mesmo...

–A culpa é toda sua de não ter pedido algo mais razoável. -Isaak saltou da cama e começou a se vestir. -Eu vou pagar a dívida... mas peça outra coisa.

Ele sabia o que o inibia, e entendia perfeitamente o porquê Isabella não lhe despertava interesse naquele momento, mesmo nua, mesmo sendo uma mulher com corpo esplêndido. Se ele não estivesse apaixonado por Mel, isso teria terminado do mesmo jeito? Ele teria ido em frente? Ou no fim ele só queria se relacionar com uma garota que achava certa?

–Me pague uma garrafa de vinho forte e estamos quites, pivete irritante. -A loira balançou a mão com indiferença.

–Está anotado. Quando?

–Qualquer dia, qualquer hora. E isso, sem duvida, você vai ter que me dar.

Depois de mais alguma troca de ofensas e discução de o que iria ser feito por cada um, Isa despachou o rapaz de sua casa com uma promessa de que um dia ele ainda poderia se arrepender daquela decisão. Ele simplesmente a ignorou, claro.

Mesmo depois que foi embora, ela continuou sentada naquela cama vazia, saboreando o amargor de ter sido trocada indiretamente por outra. Se bem que ela já havia calculado aquela hipótese, embora não acreditasse que ele pararia de fato. Mas parou.

Abriu um sorriso seco para si mesma. Por que se incomodar? Havia milhões de caras por ai. E ela era bonita, muito mais bela que a maior parte das garotas. Colocá-los na sua mão era trabalho fácil.

No entanto...

Ela bem que desejava, naquele instante, uma pessoa assim... que abdicasse de uma tarde de prazer em prol dela, sem pestanejar.

You go back to her
And I go back to...¹

Pateticamente, ela acabou pegando aquela mesma mania de cantar sozinha, aninhada num canto, uma música para a qual não tinha uso algum...

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Isaak caminhava pela rua, indo em direção a escola novamente. Perguntou-se se tinha escolhido certo, de fato. Poderia ser virgem pelo resto da vida -que ideia mais estúpida- depois de ter perdido aquela chance. Não que se incomodasse. Afinal, não se lembrava de ter se importado com tais coisas antes. Do que poderia fazer ou não de sua vida...

Ajeitou o casaco grosso que usava, sentindo certa compaixão de ter deixado Isa sozinha em um quarto escuro, depois daquilo tudo.

Mas sem duvida voltar lá não iria melhorar em nada a situação...

Parou em frente ao portão do colégio, que se abrira para liberar os alunos. Eles já saiam em bandos para o lado de fora. E então ele notou aquele familiar penteado em forma de maria-chiquinha baixa, cuja dona lançava-lhe um olhar psicopata. Normal.

–Você é mesmo um irresponsável, vai ficar matando aula descaradamente em frente ao portão?

–Desde quando você se importa? -ele fez uma careta de indiferença, enfiando o dedo no ouvido, como se o simples fato de escutar a voz aguda dela o deixa-se com surdez momentânea.

–Eu não me importo, você deveria se importar! -okay, ele tinha visto uma certa hesitação da parte dela? Enquanto a garota emparelhava com ele e lhe dava uma cotovelada violenta nas costelas, viu quando ela abriu novamente a boca para perguntar: -Onde estava afinal?

Isaak coçou a bochecha, imaginando o que responder para ela, sem que mentisse ou fosse inevitavelmente sincero. -Estava descobrindo.

Silêncio.

Mel não disse mais nada depois daquilo por um bom tempo, e enfiou as mãos nos bolsos com energia. Foi então que continuou o interrogatório: -Descobrindo sobre o que?

–Não é da sua conta.

–Olha aqui, você tá querendo que eu arranque sua cabeça e a chute como se fosse uma bola de futebol?

–Seria divertido. -ele sorriu animadamente, enquanto ela continuava a xingá-lo, mas em momento algum o deixou durante todo o caminho até onde ambos deveriam se separar, indo cada um para sua devida casa.

Valia a pena manter sua condição atual, no fim das contas. Se quisesse mudá-la por alguém, seria apenas pela menina irritadinha que andava ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

To vendo que vou ter que mudar a faixa etária desse troço :v
Kisses... até a próxima :3

1-"Você voltou para ela
E eu voltei para"



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