Alvo Potter e o Jardim Maravilhoso escrita por Yomika


Capítulo 21
Morcegos e Marotos


Notas iniciais do capítulo

※ No capítulo anterior… Alvo finalmente têm uma conversa com sua prima Rosa e Dominique e com seu tio Rúbeo sobre ele ser da Sonserina. Depois, ele e Rosa pesquisam na biblioteca sobre os Luduans e as criaturas que sumiram no dia do circo. Falam sobre a espionagem em cima do vice-diretor Ravus e a ameaça do professor Vogelweide. Além disso, Rosa revela uma visão que teve de Tiago recebendo um raio em um jogo da Grifinória contra a Sonserina. Porém isso tudo faz com que Alvo se atrase para a aula de Astrologia que acontecerá meia-noite, tendo o garoto que andar sozinho pelos labirinticos corredores de Hogwarts... ※

※ Agradecimentos a BiaSonserina por comentar primeiro e a Elaphin por apoiar a história por tanto tempo!! ※

※ Espero que gostem desse capítulo! ※



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Alvo ganhou a entrada do primeiro andar, seguindo por corredores e corredores... Olhava pelas janelas longas para ver se tinha conseguido ganhar passagem para o outro bloco, mas nada. Quando pensou em ir para a sala do vice-diretor Ravus e pedir ajuda, era tarde demais, estava completamente perdido. Na verdade nem estava no primeiro andar mais. Nem sabia qual andar estava. Não havia janelas, só, anexos à parede, tapetes com desenhos e vasos com pós estranhos e quadros dorminhocos...

Não sabia que horas eram, mas podia jurar que já tinham se passado no mínimo duas. O garoto já havia cansado de andar e encontrava-se sentado ao lado de um quadro de uma bruxa de um olho só. Quando ouviu passos, correu para a sala mais próxima e lá se fechou.

A sala estava precariamente iluminada. Tinha várias estantes, com muitas estátuas, armaduras, escudos, troféus e medalhas, reluzindo à luz das velas. O garoto sentiu curiosidade de ler as obras dos alunos anteriores. Seu coração deu um saltinho quando, em um dos troféus, encontrou a seguinte descrição:

"Harry Potter e Rony Weasley, 1994. Serviços prestados à escola."

Além disso, havia distintivos com os nomes "Hermione Granger" e "Rony Weasley", monitores da Grifinória, em 1995.

Alvo sorriu, como que sentindo algumas memórias de seu pai e os tios, como que feliz por estar ali, ao mesmo tempo que desesperado para encontrar uma saída.

Mas o desespero sobrepôs-se a tudo quando o sino bateu exatas dez vezes! Se Madame Brendon o pegasse ali. Detenção na certa!

O menino tomou coragem e saiu da sala de troféus, ganhando o corredor novamente. Estava tudo muito escuro. Talvez se eu achasse a sala do vice-diretor Ravus, eu explicaria e ele iria entender, por favor, ele tem que entender... Alvo já está prestes a chorar quando ouviu um ruído vindo exatamente a sua frente. O menino puxou a varinha no exato segundo e forçou a cabeça até lembrar das palavras que seu pai dissera na noite do coreto. E então balançou a varinha:

— Lumos!

Um par de olhos cintilaram à luz da varinha. Era o gato da Isobel!

O gato deu as costas para Alvo e saiu correndo. O menino desembestou a segui-lo. Aquele gato sabia o caminho para o salão comunal e provavelmente estava voltando para lá. O gato correu, subiu algumas escadas, atravessou um corredor de teto abobadado com janelinhas baixas ao lado, depois dobrou, ganhando o andar da torre do relógio. Depois ele desceu as escadas de madeira, saindo por outro corredor e descendo por uma escadaria de mármore. Alvo o seguia desesperadamente.

Agora o gato encontrou uma sala com escadas semi-circulares e galgou por uma delas, empurrando uma porta e ganhando um novo corredor, este tinha muitas janelas altas. O gato desceu ainda mais, passando por uma porta grande e encontrando um antro largo, onde desceu uma escadaria de mármore e dobrou para uma porta do lado direito.

Alvo tinha a vaga noção de onde estava. Seguiu o gato por uma escada de caracol e suspirou aliviado quando percebeu que estava num lugar onde as paredes eram de pedra rústica e poucos archotes às iluminavam. Estava nas masmorras! Mas o gato não parava, apesar do garoto já estar suando e começar a sentir uma dor pontuda no flanco esquerdo.

Mas Alvo não parou de persegui-lo. Desceu mais escadas, dobrou corredores, desceu ainda mais até que... Lá estava o desenho em alto relevo de serpente. A entrada do salão comunal da Sonserina!

Mas ele não estava só. Uma menina com cabelo negro curto e com partilha estava sentada, com a mão apoiada na cara, com uma expressão de inegável tédio.

— Capiroto, seu gato desgraçado! — Isobel pulou em cima do bicho, tentando esganá-lo. Alvo pegou a menina pelo braço, impedindo que ela assassinasse o bichano. Mas isso não impediu que ela continuasse tentando.

— Me larga que eu vou dar na cara desse gato! ME LARGAAAAAAAAAAAAAAA! — Isobel gritava.

Alvo cobriu a boa da menina com a mão.

— Shhhh! A gente vai ser pego!

Isobel deu uma dentada poderosa na mão de Alvo, fazendo-o largá-la com um uivo de dor. O gato deu uma última grunida para Isobel e correu, desaparecendo nos corredores.

— SEU GATO DESGRAÇADOOOOO! — Isobel xingou para os ares, sua voz ecoando pelas masmorras.

— Mas o que foi que ele te fez? — quis saber Alvo, massageando a mão mordida. Tinha até a marca dos dentes.

— Esse demoninho fez eu me perder DE PROPÓSITO! Ele sabe que eu só encontro as masmorras quando sigo ele, mas dessa vez ele me fez eu pegar o caminho errado de propósito. Estou com tanta raiva! Da próxima vez que eu encontrar ele... — e Isobel fez um gesto de quem esgana com vontade e prazer.

— E por que você não entra no salão, então?

— Eles trocam a senha toda sexta, seu moleque burro. Esqueceu disso, DEMÊNCIA?

— Quem esqueceu a senha foi você, não é ver-

Mas Alvo calou-se ao ver a expressão assassina de Isobel.

— E agora, como eu faço para pegar meu livro? Ai que ódio daquele gato!

— Livro, pra que livro?

— Ai, mas você é um IMBECIL mesmo, não é, Potinho de burrice? Esqueceu que temos aula de Astrologia hoje, à meia noite até? E já são umas onze e vinte e eu não sei chegar lá, os monitores já levaram os alunos! Se eu faltar, Escórpio vai falar um monte por que vou perder os pontos que ele conseguiu para a Sonserina! E já que somos dois, vamos perder o dobro!

— Dane-se o Escórpio, eu não quero é perder aula! — resmungou Alvo.

— Então, faz o seguinte: só me segue e fica calado!

— Você sabe onde fica a sala de aula de Astrologia?

— Tenho uma ideia pra que lado fica. Sei que está mais pra esquerda da Torre do relógio. Vem, demência. Vamos achar essa sala de aula.

Os garotos saíram das masmorras às pressas. Subiram as escadas de mármores e ganharam os mesmos corredores que Alvo tinha acabado de passar.

— É uma sorte a gente ainda não ter sido pego pela Madame Brendon...

— Você pode calar a boca, assim ela não ouve você, que tal?

Alvo seguiu Isobel calado, procurando entender para onde ela estava indo. Já haviam subido várias escadas, passado por vários corredores, mas nada. No fim, quando se depararam em um antro circular, muito parecido com o lugar onde tinha a estátua do frade, mas sem ela, Isobel sentou na escada semilunar e disse:

— Eu me rendo. Estamos definitivamente perdidos — disse a menina, enquamto Alvo ainda sustentava tristemente o feitiço de iluminar o ambiente que não iluminava os quadros para que algum se importa-se com a luz débil produzida.

— Você poderia ter dito isso antes de ficar subindo sem saber para onde ia!

— Se o lugar se chama "Torre de Astrologia", claro que eu tenho que subir, sua anta! E se tá achando ruim, faz melhor!

De repente eles ouviram um barulho peculiar. Era como uma revoada de pássaros. A porta do antro se abriu com um baque forte e dezenas de morcegos passaram voando. Isobel soltou um grito de susto ensurdecedor. Depois que a nuvem de morcegos passou, para os corredores superiores, fez-se um silêncio temeroso... E então

— Ora ora, gatinhos fora da toca... — uma voz asmática de uma velha ecoou dos corredores superiores onde os morcegos haviam seguido.

— É a madame Brendon! — exclamou silenciosamente Alvo.

— Ferrou! Vamo dar no pé!

Os garotos abriram a porta que os morcegos tinham passado e correram sem olhar para trás, por que se olharem, iam se desesperar: a nuvem de morcegos vinha no encalço deles, como que em um ente único. E um pouco atrás deles, a velha de óculos escuros e roupas cinzentas vinha em uma corridinha surpreendentemente rápido, batendo sua bengala no chão, em um tec-tec que os garotos não podiam deixar de ouvir desesperados.

— Como ela pode andar tão rápido? É velha e ainda por cima cega! — disse Isobel enquanto corria para um labirinto de corredores com as paredes talhadas em desenhos de alto relevo. Eles subiram uma escada a mais, correndo como se não houvesse amanhã. Mas a nuvem de morcegos já havia os alcançado, num qui-qui-qui ensurdecedor, rodeando as cabeças dos garotos. Isobel soltou mais um grito:

— Tira essas coisas de cima de mim!

— Espera, hmm... NEBULA EVANESCO! — Alvo lançou o feitiço que tinha visto tia Hermione usar no corredor escuro de Juperos. Uma poderosa onda atingiu os morcegos, fazendo eles se dispersarem um pouco. Os garotos conseguiram fugir deles, mas no fundo do corredor, a velha Brendon gritou:

— Aí estão vocês, ratinhos fujões!

Alvo e Isobel correram mais ainda. Só que já estavam sendo alcançados novamente pela nuvem de morcegos. Eis que, para a surpresa de Alvo, seus pés bateram em algo e o garoto foi ao chão. Com a queda, o feitiço de luz apagou. No escuro, apenas ouviu a corrida de Isobel, que, obviamente, havia lhe deixado.

Ela havia o abandonado. Ela tinha o deixado ali para ser pego. Cego e sozinho, incapaz de fazer um novo feitiço e já ouvindo a voz da zeladora Brenan, Al se viu sem muitas opções, senão levantar e correr desvairado. Os morcegos, que ao contrário de Al, não precisavam de luz para ver, continuaram a seguir o garoto. Ele correu batendo acima da cabeça afim de espantar os terríveis voadores, até que...

— Al, vem cá!

Era uma voz conhecida. De repente ele vii uma porta onde não havia uma antes. Ele foi puxado e passou por ela. Tudo estava escuro.

Ouviram do outro lado da parede a velha a tatear com a bengala, enquanto os morcegos chilreavam nos qui-qui-quis amedrontadores. Mas ele estava a salvo.

— Lumus máxima. — exclamou uma outra voz conhecida.

Estava em uma sala cheia de coisas velhas e mofadas. Fred sentado num baú de cedro enorme, segurando um pergaminho velho e com marcas de dobras. Leticia em um trono deveras adornado balançando a varinha, fazendo uma luzinha sair dela. Caerulleu estava nos fundos da sala com a varinha emitindo uma luz bem forte, enquanto Tiago aproximou-se de Alvo. Uma mão tinha a varinha emitindo luz, a outra, uma maçaneta velha de prata oxidada, com a forma de uma serpente.

— O que você está fazendo aqui? — quis saber Tiago, rindo-se da situação.

— Me perdi! — explicou Alvo — Estáva indo para a aula de Astrologia com a Isobel, mas não conseguimos achar a torre. A Madame brendon nos perseguiu e eu caí. Acabamos nos separando...

— Está meia hora atrasado, mas não se preocupe — disse Leticia — Vão perder só a teoria: é um saco. Depois vai ser prática, que é muito mais legal.

— Perdido com a namoradinha nas noites de Hogwarts, hein, maninho?

— Não é minha namorada — apressou-se Alvo a dizer.

— Calminha, pombinho. Só brincadeira...

Caerulleu aproximou-se.

— A primeira semana de Hogwarts é horrível, eu sei. A gente se perde a beça. Eu mesmo dormi uma noite fora, na frente do quadro da mulher gorda, por que eu tinha esquecido a senha... — lembrou-se Caerulleu, rindo de si mesmo.

— Por que vocês não matam a aula de hoje? — sugeriu Leticia. — Eu descolo um nugá sangra nariz do kit do pai do Fred para vocês escaparem da Talyshen.

— Nem pensar! — disse Alvo.

— Ai, esses primeiranistas... — riu-se Fred. — lembram-se quando tínhamos a idade dele? Éramos tão bobinhos...

— Não exagera, Fred — riu-se Tiago. — foi no primeiro que a gente se conheceu e dias depois estávamos explodindo o banheiro do quarto andar.

— Caaaara... esse dia foi épico... — disse uma Letícia saudosa.

— Como vocês conseguiram fazer essa porta? — perguntou um alvo perperspicaz.

Os quatro se calaram e a observaram.

— Então você notou — riu-se Fred. — Olha, acho que ele merece saber, Thi. Ele ten ajudado na investigacao com seu pai.

Tiago fitou algo pensativo. e então disee:

— Tudo bem, mas se voce contar sobre isso pra alguém, pode ter certeza que você está muito ferrado mesmo.

— Contar o que? — quis saber Alvo.

— O túnel da cobra. — disse Tiago mostrando a maçaneta de prata. — uma das melhores coisas que encontrei na nossa casa, maninho.

— E o que isso faz?

— É bem simples, mas muito útil — disse Fred — A gente encaixa essa maçaneta em qualquer parede e nela nasce uma porta.

— Claro que a parede tem que ter alguma saída — explicou Caerulleu. — Se você encaixar a maçaneta em uma parede sólida ou no chão, nada acontece. O mesmo funciona com lugares protegidos com magias muito poderosas. Mas, na maioria dos casos, serve.

— Ela nos salvou em diversas situações — disse Tiago.

— Hoje estamos salvando vocês — acrescentou Leticia, levantando do trono — Não precisa agradecer. É sempre um prazer frustrar a Morcega velha, a Zeladora Juvia Brendon.

— E como vocês me encontraram?

— Ah, graças a essa belezinha aqui — disse Fred, batendo no pergaminho.

— Esse pergaminho velho? —quis saber Alvo.

Letícia gargalhou.

— Você ouviu do que ele chamou, Ti?

— Ouvi sim, Letty — riu-se Tiago — Esse menino não sabe de nada.

Fred se aproximou e mostrou o mapa. Estava limpo e vazio. Então o garoto limpou a garganta com uma tocidinha fugaz e disse:

— Eu juro solenemente não fazer nada de bom.

— Nem precisa jurar — desdenhou Caerulleu.

De repente começaram a surgir palavras no mapa. Elas diziam:

"Os Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinha e Pontas,

fornecedores de recursos para feiticeiros malfeitores,

têm a honra de apresentar

O MAPA DO MAROTO"

Fred abriu o mapa e a mandíbula de Alvo se desprendeu levemente do maxilar. Estava boquiaberto com aquilo.

Era um mapa de Hogwarts, um mapa completo, com todos os andares. E não era só isso.

— Está vendo esses aqui? — disse Tiago apontando para umas manchas de pegadas no mapa que tinham os nomes de Alvo, Fred, Tiago... Todos eles — isso mesmo, somos nós. O mapa mostra todos da escola, não importa onde estejam. Um tesouro não é? Foi o Tiago que conseguiu.

— Era do papai — disse Tiago. — Acho que ele não vai sentir falta. E se você falar pra ele, eu nego e você é quem se ferra, então... É isso!

Alvo estava maravilhado com as ferramentas que o quarteto tinha.

— Com essas coisas, vocês são... Praticamente reis de Hogwarts!

— É, eu não seria uma má rainha... — Leticia sentou-se novamente no trono, experimentando a sensação de governar — Ia chamar a banda "A papisa" para tocar na festa de fim de ano. Ia ser DE-MAIS.

— A gente se intitula "Os Novos Marotos", em homenagem aos antigos donos do mapa, que eram também quatro — explicou Tiago — Temos os nossos próprios apelidos, mas saber tudo aí já seria demais.

— Tiago, vamos levar eles logo, já está quase acabando a aula teórica — disse Caerulleu. Os quatro concordaram. Consultaram o mapa e constataram que estava seguro. Madame Brendon estava no outro bloco, seguindo os rastros errados.

Eles seguiram por um corredor arqueado, cheio de armaduras velhas e molduras de quadros rasgados. Seguiram por lá até descerem por uma escadaria e encontrarem outro corredor com quadros e um tapete vermelho no chão. Conseguiram acesso a um antro que possivelmente era uma torre. No chão da escada em caracol que se ligava a parede cilíndrica, havia uma estátua em cima de um desenho da rosa dos ventos do chão. A estátua era de um bruxo careca e corcunda que tinha um cajado todo dobrado, lembrando um raio.

Os garotos subiram na escada circular de mármore e passaram por uma porta a lateral à parede. Ao lado da parede havia uma outra escada ladeada por pontuais janelas de vitrais que continham desenhos de astros e estrelas que brilhavam magicamente mesmo estando à noite.

Desta vez eles a desceram, acompanhando o quarteto dos Marotos até ganharem acesso a um corredor. No fim dele, uma sala aberta.

— Bem, cuide-se — desejou o Tiago.

O garoto já estava indo embora, então Alvo disse:

— Tiago!

Ele se virou intrigado.

— Muito obrigado...

Tiago sorriu e disse:

— Nah... Para que servem os irmãos mais velhos?

Nesse momento um grande peso que estava há cinco dias no coração de Alvo se aliviou.

Ele já tinha visto que Isobel estava no caminho certo pelo mapa, e a reencontrou quase no exato segundo que atravessou a porta da sala. A apesar do cabelo todo bagunçado da carreira, mantinha uma cara de sonsa, andando de queixo erguido. Aquela menina era de uma petulância impressionante. Apesar de suado e ainda um pouco em choque, estava aliviado por não ter sido pego e pegar outra detenção para os Sonserinos o odiarem ainda mais.

Ele e Isobel chegaram no aposento. Era bem alta e ampla. O teto tinha um desenho do céu, com várias constelações e um sol com uma cara enorme e sorridente, além da lua, com uma cara tristonha. Nesse teto, planetas, estrelas com dezenas de pontas, miniaturas de sistemas solares pendiam em um flutuar mágico. A sala tinha muitas estantes com livros, astrolábios, planetários complexos, relógios solares, Esferas armilares, globários e muitos outros instrumentos astrológicos. Isso sem falar das dezenas de livros e pergaminhos. As mesas para os alunos eram redondas e estavam cheias de materiais escolares. Os alunos ainda estavam ali em algum lugar.

Mas a primeira coisa que realmente notaram ao chegar na sala foi um cheio estranho. Era meio ácido, ao mesmo tempo adocicado. Oriundo de uma fumaça que saía de vários incensos em cima do armário, onde uma erva vermelha queimava.

Alvo e Isobel identificaram uma saída lateral na sala, onde uma escada de ferro serpenteava até as alturas. Os garotos galgaram por ela.

Era realmente muito alto. Quando os garotos finalmente chegaram no topo, encontraram uma sala circular que era aberta para o céu noturno. Subiram mais um lance para alcançar o segundo andar, onde os alunos estavam.

— E se vocês olharem mais para a direita... Verão as três estrelas... Do Cinturão de Órion — dizia a professora que tinha uma voz meio embargada e lenta, como de quem começou a beber mas parou a tempo. Ela usava aquele grande vestido azul cintilante com desenhos de dragões dourados, com o colo mostrando a pele pálida e apenas as mãos saindo da gola fofa do vestido. Os cabelos de dreads com presilhas de estrelas. Sentada em um banquinho, alinhava o enorme telescópio aos olhos.

Havia mais uns 5 telescópios posicionados nas aberturas da Torre de Astronomia. Os alunos estavam concentrados tentando ver algo no céu, mas os que estavam esperando a sua vez notaram que Alvo e Isobel acabaram de chegar. Mallone tinha a maior cara de sono do mundo e Beatriz Bathory olhava entusiasmadíssima no Telescópio. Escórpio lançou um olhar de repreensão silenciosa para Alvo e Isobel. A professora também logo reparou que eles haviam acabado de chegar.

— E aí, minha gente.... Temos atrasados — riu-se Talyshen com a voz lenta de bêbada — Mas não tem problema.... Vocês são...?

— Alvo Potter...

— Isobel Waldorf.

— Não precisam me chamar de professora Fang, não... É Talyshen. Olha... Vocês perderam a parte teórica... Mas já basta ler o primeiro capítulo do Astronomicon que fica tudo numa nice. Acabou de começar a prática e eu estou ensinando a pirralhada a mexer no Telescórpio. Escolham um e esperem a vez.... Aliás, TODO MUNDO LARGA OS TELESCÓPIOS AGORA!

Ela realmente gritou. A voz ecoou pela noite estrelada lá fora. Os garotos saíram de perto do telescópio assustadíssimos.

— Vou começar a falar de cada parte do telescópio. Bem... Vocês podem ver que ele é tipo um cilindro enorme com lentes e tal... Mas não é só isso, não. Tem bem mais coisas, vocês vão esquecer de tudo isso... Mas mesmo assim eu vou falar. Essa parte aqui da frente que tem essa lente maior... Nós, Astrólogos, chamamos de abertura. É a parte que mais levamos em consideração para dizer se o Telescópio vale a pena... Ou se é só um monte de lixo. Esses daqui de Hogwarts são realmente bons... E as objetivas estão, pelo que eu estou vendo, encantadas com feitiço de Homunculous... Pra identificar mais facilmente o mapa estelar... Quando eu aprendi, a gente tinha que achar as estrelas na raça, então... Assim que vai ser.

A mulher deu duas batidas com a varinha vermelha e longa no corpo do telescópio. Um brilho roxo saiu como fumaça. Ela fez isso com todos.

— Pronto.... Agora sim vai ser difícil. Continuando, essa outra parte chamamos de cálice do telescópio... Dentro daqui que ficam todas as outras estruturas ópticas para fazer o aumento. Já aqui...

Apesar de totalmente retardada, Talyshen era uma ótima professora. Engraçada, mesmo sem pretender ser, didática, mas muito rígida. Cobrava dos alunos e as vezes até gritava com eles, assustando as corujas que inadvertidamente pousavam no telhado da torre.

Quando chegou a vez de Alvo ele pegou o Telescópio e apontou ele para o quadrante que Talyshen havia se referido. Ele viu, próximo a constelação de aquário, Netuno, que brilhava forte. Era lindo. A professora que andava pelos alunos, auxiliando como podia, de repente começou a falar.

— Netuno está com um brilho forte esses tempos... Há quem diga que isso significa que segredos estão sendo escondidos de você... Pra mim isso é bobagem... Prestem atenção.

"Os Astros e os céus não vão se importar se o seu amiguinho escondeu o seu pirulito... Por favor, acordem. Parem de se achar... Vocês são poeiras... um grão de areia... vocês não são nada para os Astros. Eles são evoluídos... Dotados de uma magia enorme e poderosa que a maioria de nós não compreende... Os Astros e corpos celestes brilham para si mesmos. Para planetas, para as coisas grandes... Entendem o que eu quero dizer? No mês passado passou um cometa bem próximo da terra. Ele só volta por aqui depois de centenas de anos... Ao mesmo tempo que Netuno brilha forte... Isso tem que significar alguma coisa, sabem, pirralhos? Mas em grande escala... Netuno é o astro dos segredos profundos e dos mistérios mais intrigantes. E o cometa passando junto, cortando o céu... Sinto que alguma coisa grande vai ser revelada... Alguma coisa muito grande vai sair dos véus e ficar a mostra pra todo mundo ver... O que? Tenho com cara de vidente? Perguntem para o Firenze ou para Sibila... Aquela velha louca está doidinha para prever uma tragédia..."

De repente Alvo largou o Telescópio e olhou para Isobel. A menina fitava o céu hipnotizada. Tinha a cara assustada. Alvo não sabia por que, mas assustou-se também. É como se estivesse sentindo algum tipo de medo crescer dentro de si. Será mesmo que os Astros não ligavam para seres-humanos?

 


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Notas finais do capítulo

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