Forget-me-not escrita por ohhoney


Capítulo 5
Orquídea


Notas iniciais do capítulo

Meu dia foi a coisa mais cansativa do mundo, mas saber que só tenho mais 20 dias de aula consola meu pobre coração.

20 dias para o fim do Ensino Médio. Espero por isso desde o primeiro ano.



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Orquídea

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A coisa que Moriyama Yoshitaka mais gosta sobre Izuki Shun é seu hábito de ter flores em todos os lugares disponíveis em sua casa; na bancada, na mesa, no parapeito de todas as janelas, ao lado da TV, na pia do banheiro, no corredor, na prateleira dos temperos, perto do telefone. É um hábito agradável.

Por isso era fácil para ele frequentar a casa de Izuki; o ambiente estava sempre cheiroso e bonito.

Todo mundo sabe que Moriyama gosta de coisas bonitas.

Pelo mesmo motivo, Moriyama foi tomar café da manhã com Izuki de novo e de novo, porque, além das flores, o café dele era forte do jeito que Moriyama gostava.

No dia anterior, ele, Izuki, e as meninas tinham terminado de montar todas as coroas de flores, e Izuki quase chorou de emoção e alívio. Só precisava esperar que as meninas da escola viessem buscar.

O primeiro dia no trabalho também não fora ruim. O cozinheiro principal era até que simpático e dera-lhe um livro de receitas para que aprendesse a fazer as massas de bolo necessárias para a confeitaria. Era tudo muito gostoso, e felizmente Moriyama completou com sucesso seu primeiro dia de trabalho.

Finalmente sua vida tomava rumo novamente. Agora era só achar uma garota bonita e tudo estaria bem.

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–Pronto.

Izuki termina de dar o laço na fita vermelha do buquê de rosas e o põe nos braços de Suzume. Kobato já está carregando outros quatro buquês e sete arranjos. As irmãs sairiam em breve para as entregas matinais.

–Vão com cuidado - Izuki afaga a cabeça de cada uma com um sorriso no rosto. - E nada de paquerar o italianinho, hein.

–S-Shun-nii... - Suzume revira os olhos.

–Suzume vai deixar cair o buquê de propósito, estou vendo - Kobato ri.

–E é bem a sua cara trombar no Moriyama-san para derrubar algumas orquídeas, né? - Suzume joga o cabelo para trás e vai em direção à porta.

–E-Ei! Tenho cara de assanhada?

Tem.

–Tchau, meninas - o sininho da porta soa e Izuki acena - Comportem-se!

"Elas estão cada dia mais terríveis".

Izuki passa um pano seco no balcão para tirar o pó quando o sininho toca novamente. Mia e Kaori entram na loja.

–Ah, vieram buscar as coroas? - Izuki guarda o paninho e sorri.

–Aham! - Kaori sorri de volta.

–Ficaram ótimas, espero que gostem. Fiquem aqui que vou pegar algumas.

Izuki vai até o fundo da loja e pega uma caixa. De lá, tira uma coroa toda em flores brancas e coloca-a na cabeça de Mia. A de flores amarelas vai na de Kaori.

–Ficaram lindas! Lindas mesmo! – Mia olha seu reflexo no espelho.

–E você conseguiu fazer todas a tempo?

–Eu tive uma ajudinha - Izuki ri, lembrando das pétalas roxas no cabelo de Moriyama.

–Que maravilha! Vamos levá-las, então.

–Bom... Eu as coloquei em caixas pra facilitar o transporte, mas deu dez caixas no total - Izuki sorri como se pedisse desculpas.

–Ah... - as meninas exclamam, mas Kaori continua - Eu posso pedir pra minha irmã passar aqui depois de carro e pegar, pode ser?

–Claro. Qual o nome dela?

–Kaena. Ela tem o cabelo curto.

Mia e Kaori se despedem e Izuki vai regar as flores da vitrine.

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–Enfim, se você quer pedir desculpas à ela, acho melhor levar isso daqui.

Izuki vai até o balcão e pega um ursinho de pelúcia marrom.

–Posso colocar umas rosas brancas, se quiser.

–Você acha que ela vai gostar?

–Acredito que sim.

O homem dá um suspiro aliviado.

–Ok, vou levar um desses.

Izuki pega as rosas brancas e ajeita-as num arranjo bonito com uma fita vermelha, logo embaixo do braço do ursinho.

–O cartãozinho é cortesia - ele inclui um cartão em branco para ser preenchido, e entrega o arranjo ao homem.

–Muito, muito obrigado.

–Se ela não te desculpar, pode voltar aqui que te pago uma cerveja - Izuki sorri e consegue arrancar um sorriso do homem desesperado.

–Vou cobrar - ele avisa.

Para Izuki, uma das maiores felicidade de se trabalhar numa floricultura é poder atender aos pedidos de outras pessoas. Já perdera a conta de quantas pessoas apaixonadas vinham comprar flores para seus amados, ou quantos buquês de rosas vendeu para homens que iriam pedir as namoradas em casamento.

Também gostava quando alguém vinha pegar uma flor para alguém que estava no hospital, ou levá-la ao cemitério para prestar uma homenagem. É por isso que Izuki gostava de trabalhar com flores; estava presente na vida das pessoas nos momentos mais importantes, e ele gostava de ver o sorriso de seus clientes ao deixar a loja.

Outra felicidade era ver jovens casais entrando em sua loja para comprar presentes um para o outro, como aconteceu aquela mesma manhã.

Izuki queria ele mesmo dar flores de presente à uma namorada, mas nunca se aproximava muito das garotas. Fazer o quê.

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–Bem vindo de volta, Moriyama-san.

–Oi, minhas princesas - Moriyama beija a mão de Kobato e de Suzume, e olha ao redor - Cadê o irmão de vocês?

–Subiu para tomar banho. - Suzume lê uma revista sobre noivas, para ver quais buquês estão na moda - Daqui a pouco ele desce.

–Precisa de ajuda com isso aí? - ele pergunta para Kobato, que carrega um grande vaso de azaleias brancas.

–Pode pegar aquele outro vaso ali, se não for incômodo.

Moriyama ajuda Kobato a transportar as azaleias até os fundos, onde seriam aparadas pela menina.

–Ah, Moriyama-san! Como foi o trabalho hoje? - Izuki chega à loja com o cabelo úmido e um sorriso no rosto.

–Foi bom, aprendi a fazer pão de ló e a montar cupcakes.

–Vai preparar um para nós depois, hein! - Suzume continua folheando a revista de noivas.

–Suzume!

–Claro que preparo, Suzume-chan! Um cupcake tão fofo quanto você.

Suzume sorri para a revista e fecha-a, dizendo que vai ajudar Kobato com as azaleias. Izuki e Moriyama sentam-se nas cadeiras atrás do balcão.

–Está gostando do emprego novo? É isso que você queria?

–Sempre gostei de cozinhar, mas sempre fui um cozinheiro medíocre também. - Moriyama ri - Pelo menos estou aprendendo coisas novas, e até que curtindo os pães de ló.

–Minha mãe fazia um pão de ló de matar...

–Tem a receita dela aí?

O sininho da porta soa alegremente.

–Ela nunca...

Izuki não consegue terminar a frase porque a moça que entrou na loja tomou toda a atenção dele.

Seus olhos se arregalam diante a moça. O sorriso dela é tão bonito que aquece as mãos frias do rapaz.

–Oi, tudo bem? - ela sorri gentilmente e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Izuki levanta da cadeira com o olhar fixo nela.

–Oi... Você é a irmã da...?

–Da Kaori. Vim buscar as coroas de flores - ela aponta para o carro no lado de fora.

–C-Claro.

–Desculpe ter vindo tão tarde, tive um imprevisto no trabalho.

A moça é tão estonteantemente bonita que deixa Izuki atônito.

–S-Sem problemas. Vou pegar as caixas pra você. Um instantinho.

Izuki seca o suor das mãos no avental e corre até os fundos da loja, chamando Moriyama para ajudá-lo.

–Ela é uma gracinha! Você viu o cabelo dela? - Moriyama sussurra enquanto empilha duas caixas.

–E-Ela é que nem um jasmim... - as bochechas de Izuki estão coradas.

De todas as garotas que entraram na loja durante os anos que Izuki cuida dela, Kaena foi a única que conseguiu fazer com que as bochechas de Izuki Shun ficassem vermelhas.

Moriyama e Izuki levam as caixas para o carro de Kaena uma a uma e voltam à loja para pagar.

–Ah - Kaena sorri para Izuki. O coração dele dispara - Que horas a loja abre?

–Às nove.

–Ótimo! Amanhã vou passar aqui pra pegar algumas flores, ok? Minha mãe está internada e eu queria deixar um presente lá.

Izuki não consegue responder, portanto somente balança a cabeça.

–Muito obrigada, as coroas ficaram lindas.

–Eu é que agradeço - Izuki diz do fundo do coração, principalmente por ter conhecido uma garota tão... Tão...

–Tchau, até amanhã!

O sininho da porta toca novamente e o carro de Kaena desce a colina da floricultura.

Izuki precisa se sentar.

–Gostou dela, é?! – Moriyama soca-o no ombro, mas Izuki nem percebe. - Ah, meu Deus, você gostou mesmo dela! Ela é muito bonita.

–Eu sei.

Izuki pula da cadeira e começa a correr pela loja.

–Preciso pegar as flores mais bonitas! Um lírio! Uma rosa! Um alecrim!

E ele recita milhares de nomes de flores, e Moriyama só consegue pensar em como o amigo ficara bobo perto da moça do cabelo curto.

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Barbra Streisand ecoa pela cozinha de Izuki Shun naquela manhã de sábado, enquanto ele e Moriyama Yoshitaka tomam café e comem torrada, discutindo sobre Kaena, a moça do cabelo curto que apareceu na loja na noite anterior.

–Estou falando, ela parece um jasmim. - é o que Izuki repete.

Às dez para as nove, Moriyama e Izuki descem até a floricultura e ficam aguardando Kaena. Izuki já tinha separado as flores mais bonitas da loja para o arranjo da ruiva, e aguardava ansiosamente a chegada dela.

Quando o carro dela parou na calçada da frente da loja, o coração de Izuki deu um pulo, e Moriyama deu uma risadinha.

–Bom dia, Izuki-san - ela cumprimenta-o, deixando-o sem ar.

–Bom dia! Já fiz o seu arranjo, espero que sua mãe goste.

Izuki pega o arranjo de flores mais bonito que Moriyama já vira; mais bonito ainda do que aquele que ele levara de dia dos namorados para copo-de-leite.

–Puxa! Que grande! - Kaena bate aqueles cílios enormes e escuros - É maravilhoso, Izuki-san. Muito obrigada.

–De nada, Kaena-san. Espero que sua mãe fique bem logo.

–Também espero!

Izuki sorri para Kaena e Kaena sorri para Izuki. A moça paga pelas flores e elogia a loja do rapaz.

–Olha, você esqueceu sua orquídea.

Kaena sorri e diz:

–Mas eu não pedi orquídeas no arranjo.

–Ah, não - Izuki vai até ela com uma flor lilás entre os dedos - Essa é para você. Presente.

Izuki sorri como nunca sorrira antes.

–Ah, nossa - Kaena fica sem jeito e pega a flor - Muito obrigada, Izuki-san. É linda.

–Uma flor para outra flor - ele diz e ela ri.

Kaena vai embora e Izuki fica com cara de bobo. Moriyama acha que as torradas não bateram muito bem. Kobato aparece na floricultura e deseja bom dia.

–Kobato, pode fazer um favor? - Izuki ainda está com as bochechas vermelhas - Pode trazer os arranjos de lá de trás para cá? Vou ter que sair para comprar terra - ele levanta e tira o avental.

–Claro, Shun-nii.

Izuki se despede de Moriyama e Kobato e segue para o supermercado.

Moriyama sente-se mal por Izuki ter dado as flores mais bonitas para Kaena.

"Ah, droga, já está na hora de ir". O relógio bate nove horas, e Moriyama levanta-se da cadeira para pegar sua bolsa no quarto. Ao sair, abre a porta na cara de Kobato.

–Meu Deus! Desculpe! - ele diz e abaixa para ajudar a garota a se levantar. Uma dúzia de flores está no chão.

–Ah, as orquídeas! - Kobato suspira e começa a recolhê-las.

"Orquídeas, hm?"

Moriyama abaixa para ajudar a garota. São flores bem coloridas.

–Diga, Kobato-chan.

–O quê?

–O que significam as orquídeas roxas?

–Hmm... - a garota levanta e inclina a cabeça - "A orquídea lilás é a flor da sedução, e é ideal para conquistar seu desejo amoroso". É, é isso sim. Por que, Moriyama-san?

"Ah".

Moriyama não acha que orquídeas são flores tão bonitas assim.


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Notas finais do capítulo

Curiosidade #2

Kaena é dois meses mais nova que Izuki; a irmã dela teve aula de karatê com Kobato.