Forget-me-not escrita por ohhoney


Capítulo 4
Dente-de-Leão


Notas iniciais do capítulo

Se estou atrasada? Só um pouquinho. Espero que possam me perdoar.

Por sinal, gostaria de agradecer os comentários super fofos desses meus leitores queridos! Mesmo você que não comentou ainda, meu mais sincero obrigada!



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Dente-de-Leão

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O despertador de Izuki Shun soa às oito horas e a primeira coisa que ele faz quando levanta é colher a nova flor que desabrochou na tarde anterior no vaso da janela da cozinha.

Era a flor ideal para o dia de hoje.

Izuki coloca a flor em um copo d'água e vai preparar seu café da manhã ao som de Frank Sinatra. Ele estava fazendo as torradas de Moriyama Yoshitaka quando o mesmo aparece na porta de sua casa.

–Bom dia, Izuki-kun. - ele o cumprimenta ao entrar no apartamento - O dia está agradável, não?

–E-Está... O que faz aqui tão cedo?

Moriyama vai até a janela e aprecia a bela vista do bairro. Ah, sim, todo mundo sabe que Moriyama Yoshitaka gosta de coisas bonitas.

–Fiquei sem sono - diz, passando a ponta dos dedos nas margaridas do pequeno vasinho na janela -, então resolvi vir ajudar.

–Bom... -Izuki olha ao redor meio sem saber o que fazer - Não quer tomar um banho? Ainda tenho que esquentar a água do café...

–Sério? - os olhos de Moriyama brilham.

–Claro. Só vou pegar uma toalha.

Izuki vai até o armário e pega uma toalha limpa para Moriyama, que entra no chuveiro alegremente e começa a assoviar alguma música animada.

A trilha sonora, a companhia, o dia, as flores, a comida; para Izuki, tudo está ótimo.

Frank Sinatra termina o último refrão de New York, New York quando Moriyama Yoshitaka sai do banheiro numa camisa branca limpa e calças de moletom cinza, secando seu cabelo na toalha e sorrindo com o cheiro do café.

Izuki está sentado na mesa lendo o jornal enquanto toma uma xícara de café e batuca os dedos na mesa ao som da música. Moriyama senta-se ao seu lado e serve-se com um pouco de café do bule.

–O cheiro está ótimo - ele diz e toma um gole.

–Sério? Obrigado.

–Isso é Frank Sinatra?

–Aham.

–As melodias das música dele são muito bonitas.

Todo mundo já sabe que Moriyama adora coisas bonitas, e, consequentemente, Frank Sinatra e a casa de Izuki Shun.

O apartamento tem uma bela sala de estar, com um tapete bege sobre o piso de madeira e sofás cor de canela. As janelas vão do chão ao teto e cobrem toda a parede de frente para a porta, e logo mais na esquerda, balcões colados às paredes formam a pequena cozinha.

Moriyama e Izuki estavam sentados à pequena mesa redonda na divisa entre a cozinha e a sala. Apesar de tudo, não era um apartamento grande; era do tamanho ideal para um homem que mora sozinho.

–Toma. Achei que essa combinaria melhor, Moriyama-san, já que você está tentando ajeitar sua vida.

Izuki coloca no pires da visita uma flor com várias pétalas amarelas.

–O que é? - Moriyama pega-a entre os dedos. Tem cheiro de natureza.

–Uma flor de dente-de-leão. "Significa liberdade e otimismo, além de esperança no futuro" - ele sorri.

Moriyama Yoshitaka sorri para Izuki, e depois para a flor amarela em suas mãos.

–Obrigado - responde.

Ele estava precisando disso.

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Moriyama deixa a floricultura logo depois do café da manhã para procurar algum emprego e Kobato e Suzume saem para as entregas matinais.

Izuki estava arrumando a bancada de embrulhos quando o sininho da porta soou alegremente, e duas garotas entraram.

–Olá - Izuki sorri - Como posso ajudá-las?

–Oi, meu nome é Mia - a garota mais baixa responde - e essa é a Kaori, nós estudamos no colégio Seirin.

–Seirin? - Izuki arregala os olhos - Fiz o colegial lá!

–Sério? Que legal! - Kaori ri.

–Então... A formatura dos terceiros anos é em breve e a gente estava pensando em fazer uma comemoração, e estávamos pensando em enfeites de flores pras meninas.

–Hm, ok - Izuki coloca a mão no queixo - Que tipo de enfeite vocês estão pensando?

–Coroas de flores - Mia se anima e Izuki estremece da cabeça aos pés.

–Tá. Ok.

Izuki tinha trauma de coroas de flores.

–Quantas vocês vão precisar?

–Quantas? - Mia olha para Kaori e elas sussurram - Acho que umas 300.

Izuki quase quebra uma costela.

–Tudo bem se for pra sexta? - Kaori segura as mãos na frente do corpo.

–O prazo é bem apertado...

–A gente paga bem, eu juro! - Mia se empolga - O comitê do dia dos namorados conseguiu bastante dinheiro e liberou pra gente.

Izuki suspira. A última experiência com coroas de flores não foi muito agradável e ainda estava fresca na memória dele, mas ele não podia deixar duas formandas desamparadas, principalmente alunas de seu ex-colégio.

–Vamos escolher as flores das coroas, então - Izuki sorri gentilmente e leva as garotas para um passeio em sua loja.

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–Você sabe cozinhar?

–B-Bom, saber eu sei...

–Sabe lavar a louça?

–...Claro que sim.

–Pode trabalhar das nove às cinco?

–Posso.

–Está contratado.

Moriyama não achou que seria tão fácil arranjar um emprego.

Logo que saiu da floricultura, viu um anúncio num poste e ligou para o número lá contido, sendo então requisitado numa doceria no centro comercial.

Era um lugar arrumadinho e pertencente a uma família, que necessitava de um ajudante na cozinha. O salário não era ruim, o ambiente não era ruim; só não era um lugar tão simpático quanto a floricultura de Izuki.

–Ok. Obrigado.

–Começa amanhã, sim? Não se atrase, temos muitos bolos e cupcakes para fazer.

A dona do estabelecimento coloca a mão em suas costas e vai guiando-o até a porta de entrada.

–M-Mas eu não sei fazer...

–Nove horas! Não esqueça!

E ela bate a porta nas costas de Moriyama.

Aparentemente, ele tinha conseguido um emprego. Agora era só ir ao novo apartamento acertar as contas com o dono.

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O dia estava ensolarado para uma manhã de inverno, e até fazia uma temperatura agradável; a primavera estava chegando e, com ela, as flores mais coloridas.

Moriyama já tinha parado para conversar com uma menina bonita que vira no caminho, mas ela não lhe dera bola. Ele agora vinha caminhando enquanto admirava a luz amarelada do sol nas folhas novas das árvores do parque.

Estava ansioso para vê-las desabrochar. Mal podia esperar pela primavera.

Moriyama Yoshitaka abre a porta da floricultura e uma rajada de pétalas atinje-o em cheio. O sininho toca alegremente.

Izuki levanta de trás do balcão com uma cara assustada e várias pétalas vermelhas em seu cabelo e roupas.

–Ah, é você, Moriyama-san - ele soa aliviado, e volta a fazer o que estava fazendo.

–Shun-nii! Como você pôde aceitar aquele pedido?!

–É! Está louco?! Levamos quase uma semana inteira para fazer todas aquela vez!

Kobato e Suzume vêm pelo corredor que leva aos fundos também cheias de pétalas nos cabelos e nas roupas, carregando milhares de ramos de flores.

Moriyama acha o contraste entre o preto do cabelo dos irmãos e a cor das pétalas muito bonito, mas não consegue deixar de reparar que a loja está um caos.

Uma mesa grande foi posta no meio da floricultura, e outros milhares de flores estão em cima dela. Em um varal improvisado nas paredes, há várias coroas de flores penduradas.

–O que foi? - Moriyama pergunta, adentrando a loja e tentando entender o que está acontecendo.

–Ah, Moriyama-san... - Izuki ergue-se de novo; seu avental está molhado e ele parece estar em pânico - Recebemos um pedido enorme pra depois de amanhã - coloca as mãos atrás da cabeça -, mas não sei se daremos conta de tudo...

–Você foi louco de aceitar, Shun-nii! Louco! - Suzume grita com o irmão enquanto corta um pouco de arame do rolo com um alicate.

–Você se esqueceu da última vez?! - Kobato vai cortando as hastes das flores e entregando para sua irmã - Quase ficamos malucos!

Moriyama-san arregaça as mangas da blusa social que usa e para entre Kobato e Suzume.

–Ok, como eu faço isso?

–O quê?! - Izuki, Kobato e Suzume gritam ao mesmo tempo.

–Vamos, ensinem-me a fazer isso que eu ajudo.

–Aqui não! - Suzume empurra-o para trás - Shun-nii te ensina, ele está precisando de ajuda por lá.

Moriyama vai até o balcão principal e para ao lado de Izuki.

–M-Moriyama-san, não posso pedir para que nos ajude - Izuki diz sem tirar os olhos das flores que enrola na coroa semi pronta.

–Você não pediu, eu me ofereci pra ajudar - diz, olhando para o balcão. Há um rolo de arame, um alicate, vários rolinhos de fitas, milhares de flores, tudo isso perdido entre milhões de pétalas - O que eu faço?

–Ai, meu Deus... - Izuki larga a coroa e dá dois passos para trás, olhando para o balcão também. Izuki normalmente é um cara centrado e calmo, e Moriyama não pôde deixar de pensar que ele ficava engraçado com pétalas no cabelo e em pânico desse jeito - Ok, vá cortando o arame. Corte mais 100 pedaços. Meça o dobro do comprimento da sua cabeça.

–Ok.

Moriyama Yoshitaka corta o arame com a maior precisão possível enquanto Izuki Shun prende as flores nas coroas o mais rápido que consegue.

–Agora preste atenção aqui que vou mostrar como se faz. - Izuki pega um pedaço de arame e dobra ao meio - Junte as pontas, desse jeito fica um espaço no meio. Amarre esse elástico na ponta fechada, está vendo?

–Uhum.

–Ok, pegue uma flor e dê um nó com o elástico na haste dela, e depois enrole ao redor da haste e no arame. Dê um nózinho. Isso, assim mesmo.

–Consegui.

–Isso, agora pegue outra flor e faça a mesma coisa.

Até a hora do almoço, Moriyama também estava com pétalas no cabelo.

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O relógio bate três horas e Kobato vai buscar algo para beber enquanto Suzume continua dizendo que seu irmão é louco.

–Dá pra entender que eu não podia rejeitar a oferta? - Izuki se enfurece - Elas eram de Seirin e estavam se formando! Vocês gostariam que tivessem recusado aqueles enfeites de mesa horrorosos que usaram na formatura de vocês?

Suzume grita, ofendida, e coloca a mão no peito.

–Retire o que disse.

–Nunca! Eram mesmo horrorosos e não fui o único a achar isso!

–Você quer mesmo falar sobre coisas horrorosas? - Kobato surge da cozinha, brava - Vamos falar então do vestido que você me deu no Natal...

–Não era feio!

–Ei, ei - Moriyama ergue as mãos - Vamos parar de brigar.

–O vestido não era feio... - Izuki resmunga em tom baixo, mas Kobato ouve.

–Era sim! Que estampa era aquela? Borboletas? Sério? Você acha que eu tenho sete anos, Shun-nii?

–Acho que é a fome que está deixando todo mundo assim - Moriyama diz e larga sua coroa de flores pela metade. - Já são três horas e ninguém comeu ainda. Fiquem aqui que eu vou fazer o almoço.

–O quê? Nem pensar - Izuki balança a cabeça várias vezes, ainda sem tirar os olhos de suas flores - Antes de mais nada, você nem deveria estar nos ajudando, Moriyama-san. Ai!

Izuki agarra o dedo médio direito. Na hora de cortar o arame, sem querer cortou o próprio dedo junto. Ele, porém, continua o que estava fazendo e não desprega os olhos da coroa de flores.

–Não posso pedir para que faça o almoço.

–Izuki-kun - Moriyama tenta alertá-lo do dedo machucado.

–Você é visita e não deve fazer essas coisas. Estou abusando de mais da sua boa vontade...

–Izuki-kun.

–Não basta você ter me ajudado a limpar a loja ontem à noite, além de ter ajudado nas compras e eu realmente não me sinto bem com isso...

–Izuki-kun.

Moriyama segura a mão direita de Izuki e força-o a olhar para si.

–Que foi?

–Está sujando as flores de sangue.

Izuki olha para baixo apavorado.

–Ah, que ótimo. Manchou tudo, vou ter que começar de novo...

–Izuki-kun - Moriyama chama-o e os dois se olham - Vá lavar o dedo e colocar um band-aid. Eu vou subir e fazer o almoço. Você e suas irmãs já fizeram o suficiente por mim e eu não retribuí direito, então deixe-me fazer pelo menos isso.

Até Kobato e Suzume pararam de conversar para ver a cena. Moriyama continua segurando a mão de Izuki, que parece meio espantado. Os dois se olham por alguns segundos.

"Os olhos de Izuki-kun parecem duas luas".

"Os olhos de Moriyama-san são pretos como carvão".

–Você está com pétalas no cabelo - Izuki diz e fica na ponta dos pés para tirar as pétalas roxas do cabelo preto de Moriyama.

Ele ri em alto e bom som.

–Você também - ele tira uma pétala do topo da cabeça de Izuki, resolvendo deixar o resto de propósito, pois ele fica bem assim - Eu chamo quando o almoço estiver pronto.

–Moriyama-san...

Izuki segura as pétalas em suas mãos e olha-o com cara de cachorro sem dono.

–Ah, pare com isso.

Moriyama vira, dá uma piscadela para Kobato e Suzume, e vai na direção da porta que leva ao prédio.

As irmãs se entreolham e pensam a mesma coisa.

"Por um segundo, achei que eles fossem se beijar".

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Kobato e Suzume conversam sobre o filho do dono do novo restaurante da esquina, dizendo como ele tem cara de italiano e que adoram o sotaque dele.

–Como vocês o conhecem mesmo? - Izuki não tira os olhos da coroa, mas ergue uma sobrancelha.

–A gente estava indo para uma entrega quando um dos arranjos caiu da cestinha da bicicleta da Suzume, e o italianinho saiu correndo atrás da gente para avisar.

–Ah, ele é tão lindo... - Suzume suspira.

–Ele tem o quê? Nossa idade? - Kobato pendura no varal improvisado outra coroa e corta mais um pedaço de arame.

–Acho que sim.

–Pfff, ele é bonito, mas homens mais velhos são mais do meu agrado. - Kobato despreza o gosto da irmã.

Suzume corta o arame com mais força do que o necessário, mas sorri sacana logo em seguida.

–Tipo o Moriyama-san, né?

Izuki ergue o olhar com o comentário, e Kobato deixa cair o alicate. Ela abaixa rapidamente para pegá-lo.

–Não sei do que você está falando.

Izuki tem vontade de rir quando vê as bochechas da irmã vermelhas como as rosas que ela prende no arame.

–Moriyama-san é bonito. - Suzume provoca.

–Eu sei que ele é bonito - Kobato dá uma tossidinha -, mas ele é muito mais velho. Ele tem o quê, a sua idade, Shun-nii?

–Ele é um ano mais velho do que eu - Izuki responde e coloca a coroa pronta na pilha.

–Viu? Além do mais, caras de 25 não ligam para meninas de 19.

–Você está dizendo que gostaria que ele ligasse? - o próprio Izuki provoca a irmã.

Ela ergue o olhar das flores, brava.

Moriyama Yoshitaka entra pela porta e cantarola:

–O almoço está pronto! - ele tira o arame das mãos de Kobato delicadamente e pega na mão dela - Parem de trabalhar por meia horinha, sim? Garotas bonitas como vocês precisam comer para manter o cabelo brilhante.

Izuki quase quebra uma costela tentando não rir da cara de Kobato. Suzume olha para o outro lado, segurando-se também.

–Vamos antes que esfrie - Izuki se recompõe e tira o avental. Suzume pousa a flor na mesa e tenta não olhar para Kobato, pois sabe que se o fizer, não vai conseguir aguentar.

Kobato desvia o olhar de Moriyama-san encara as próprias mãos.

–Ah, antes que eu me esqueça - Moriyama-san vai até a parede e pega quatro coroas de flores - É um almoço temático. Temos que estar fantasiados de hipster.

Izuki ri quando Moriyama coloca a coroa em sua cabeça, então Izuki, Moriyama, Kobato, e Suzume sobem para o almoço.

No apartamento de Izuki, a mesa está posta e, sobre ela, há travessas de arroz, peixe e lula, e macarrão. O cheiro pode ser sentido até no corredor.

–Uau - Suzume exclama ao entrar na cozinha.

–Moriyama-san, você sabe cozinhar tão bem assim? - os olhos de Kobato brilham.

–Bom... Eu sei o básico - ele sorri e dá de ombros.

Izuki está sem palavras.

Os quatro se sentam à mesa e se servem.

–Bom, vamos comer rapidinho para voltarmos ao trabalho, sim? - Izuki diz enquanto se serve de arroz, mas para de repente e olha ao redor.

–Que foi? - Moriyama pergunta, abaixando a travessa de lula. O arroz estava queimado ou algo do tipo?

Izuki levanta-se e põe na mesa o copo com o dente-de-leão de Moriyama.

Kobato e Suzume riem.

–A gente não pode comer sem uma flor na mesa. - Kobato explica - É uma tradição.

Moriyama-san sorri, encantado.

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Kobato e Suzume deixam as coroas penduradas no varal e vão guardar suas bicicletas antes de a loja fechar.

Já se passam das nove horas e os três funcionários mais um ajudante estão fazendo coroas de flores desde cedo, sem parar. Por isso, quando o relógio deu nove batidas, Moriyama obrigou os irmãos a pararem o que estavam fazendo e irem descansar.

Kobato e Suzume guardam suas bicicletas no fundo da loja e despedem-se de Izuki e Moriyama.

Os dois estão sentados no chão do pequeno pátio dos fundos, cercados por coroas de flores e caixas de papelão.

–Graças a sua ajuda, conseguimos fazer metade das coroas hoje - Moriyama entrega as coroas enquanto Izuki guarda-as nas caixas - Não tenho como agradecer, Moriyama-san.

–Não tem problema, Izuki-kun. De verdade. - ele passa outra coroa - Além disso, tenho uma novidade. Duas, quero dizer.

–Ah, é? - Izuki ergue as sobrancelhas.

–Consegui um emprego - Moriyama sorri, e Izuki sorri também.

–Sério? Que ótimo! Onde é?

–Numa doceria no distrito comercial. Parece que vou ter que fazer bolos e cupcakes.

–Puxa, que sorte. Parabéns. - Izuki pega uma caixa vazia e começa a enchê-la - E a outra?

–Obrigado. A outra é que eu consegui fechar o contrato do apartamento com o anão do cheetos.

–Verdade?!

–É... Só queria dizer que vou ter que abusar da sua hospitalidade mais um pouquinho, Izuki-kun. - Moriyama dá de ombros como se pedisse desculpas - O anão disse que só vou poder me mudar em uma semana.

–Ah, não tem o menor problema, Moriyama-san. - Izuki sorri para a coroa de flores vermelha que segura - É bom tê-lo por perto. O ambiente fica alegre.

–Já acabaram as coroas - Moriyama diz e levanta, logo em seguida estendendo as mãos para ajudar Izuki a levantar.

–Ainda bem. - Izuki suspira e pega nas mãos de Moriyama, sendo puxado para cima. Ele caminha até a bancadinha de madeira e pega um copo d'água, oferecendo outro a Moriyama - Bom trabalho.

–Obrigado.

–Ah! Não acredito! - Izuki exclama alegremente e estica a mão para o pequeno vaso preto na beirada da bancadinha.

O vasinho tem quatro flores; três brancas e uma amarela.

–Dente-de-leão? - Moriyama pergunta e pousa o copo.

–Aham.

–Até essas branquinhas? Pensei que fossem outra coisa.

–As brancas são dentes-de-leão com frutos. - Izuki parte a haste e entrega uma delas a Moriyama - As coisinhas que voam quando você assopra são os frutos da flor amarela que te dei hoje de manhã - os olhos de Izuki brilham - Assopra e faz um pedido.

Izuki pega uma flor para si, e ele e Moriyama assopram as flores juntos. Os pequenos frutos saem voando à brisa suave, brilhando contra a luz da lua.

–O que pediu? - pergunta Moriyama.

–Que você tenha sucesso amanhã no seu novo emprego - Izuki sorri - E você?

–Que a gente consiga fazer as coroas a tempo - ele ri, e Izuki ri junto.

Izuki dá a Moriyama um segundo dente-de-leão para efeitar o quarto, e os dois se despedem.

Moriyama coloca o pijama e deita na sua cama, olhando para as açucenas no vasinho ao lado de seu travesseiro.

"Açucenas, hein".

"Tristeza causada pela perda da pessoa amada".

Ele olha para o dente-de-leão amarelo e para o branco.

Moriyama Yoshitaka levanta de sua cama carregando o vasinho das açucenas e vai até a última prateleira da floricultura.

Ele coloca as duas flores no vaso com suas semelhantes e sorri tristemente para elas. A loja tem um cheiro adocicado por causa das damas-da-noite no vaso perto da vitrine, e a única luz disponível é a que vem do poste da rua. Moriyama volta para seu quarto e apoia os cotovelos no batente da janela.

A rua está calma e não há carros passando. A cidade parece estar dormindo. Por ficar em cima de uma colina, a floricultura tem uma vista bonita de toda a cidade, e a janela de Moriyama dá de frente para o parque. As luzes das janelas se estendem até longe, e a brisa que bate é quente e agradável.

Moriyama só consegue pensar na copo-de-leite, e como eles adoravam subir no telhado do prédio para ver as luzes e namorar em paz.

Ele pega o dente-de-leão branco e encara-o. Izuki explicou que era a mesma flor daquela cantiga; abre as janelas e deixa a esperança entrar na tua casa trazida pelo vento da tarde.

"Liberdade, otimismo, e esperança", ele se lembra de Izuki recitando o significado da flor como se lesse um livro.

Moriyama fecha os olhos e assopra o dente-de-leão, cujos frutos saem flutuando suavemente na brisa morna, à luz da cidade que dorme.


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Notas finais do capítulo

Curiosidades #1

Kobato é dois minutos mais velha que Suzume;

Izuki levou cinco anos para decorar os nomes e significados das flores, Kobato e Suzume levaram um.



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