Quando as portas do elevador se abriram eu realmente entendi, o apartamento da Rachel não ficava no ultimo andar, era o ultimo andar inteiro!

O elevador dava para uma sala de estar onde estava um casal, o homem eu reconheci ser o mesmo motorista de ontem.

– eu só tenho permissão para ir até aqui (disse o Luan fechando o elevador)

Era coisa de milionário, sinto até um pouco de vergonha de ter levado ela na minha casa.

Uma mulher morena, magra e sorridente veio ao meu encontro, não podia ser a mãe da Rachel, era muito jovem, eu mesmo poderia... Deixa quieto.

– olá, você deve ser o Samuel, eu sou Sofie Valse, mãe de Rachel.

– olá.

– e eu sou Charlie Valse, pai de Rachel (disse o homem serio apertando fortemente a minha mão) – se puder esperar, ela esta meio ocupada neste momento.

– sem problemas.

Eu estava sem jeito, principalmente por eles não gostarem de mim e porque eu queria causar uma boa impressão. Tinha uma musica tocando, em um piano eu acho, poderia ser uma oportunidade de puxar assunto.

– bonita a musica.

– claro que é, venha que eu lhe mostro (fala Sofie).

– desculpem-me, mas terei que ir trabalhar, prometo que voltarei a tempo para o jantar (diz Charlie).

– acho que sobramos nós três agora. (fala Sofie me conduzindo para outro cômodo)

Era um quarto de menina, no canto tinha um piano e a Rachel estava tocando, ela estava diferente, cabelos soltos, com um vestido curto demais para o que eu estava acostumado a vela usando não teve como não reparar nas suas pernas... Ela estava normal.

Ela parecia muito distraída, com um sorriso enorme no rosto, me perdi nessa cena. Até a Sofie começar a bater palma despertando ela do transe de tocar e eu de vela tocando.

– lindo como sempre (diz Sofie)

– obrigado mamãe, olá Samuel.

– oi Rachel.

– vou deixa-los sozinhos para se concentrarem... “Nos estudos” (diz Sofie piscando indiscretamente para Rachel que corou na hora)

– o que foi isso? (perguntei divertido)

– NADA! Vamos começar?

– claro (disse rindo)

Mais uma vez ficamos horas estudando, olhei no relógio e eram sete da noite.

– ai já chega, eu nunca estudei tanto!

– temos que fazer você aprender um semestre de matemática em uma semana, temos que estudar muito!

– mas já estamos aqui há quatro horas, só um robô para aguentar tanto tempo!

– tudo bem.

– Samuel, você vai ficar para o Jantar? (disse Sofie entrando no quarto)

Eu olhei para Rachel procurando aprovação, ela estava sorrindo.

– Claro se não for incomodo.

– claro que não, eu adoro cozinhar! Estará pronto em uma hora.

– olha só você esta até falando como eles! (disse Rachel)

– mínimo que posso fazer, um dia eles vão gostar de mim.

– porque quer que eles gostem de você? Qual é a importância se depois que essa semana acabar você vai voltar a não se lembrar de mim?

– não é assim, você é legal.

– então foi por isso que você fingiu ter esquecido o seu caderno para sair comigo depois que todos tinham ido em bora? Eu sou legal demais para você ser visto comigo?

Agora eu estava ferrado...

– como sabe disso?

– não sou estupida, deu pra perceber.

– e porque esta me contando isso só agora?

– meus pais estavam preocupados comigo, queriam me mandar para um psicólogo, dando aulas para você eles deixaram essa ideia de lado, estou te contando para você parar de fingir que se importa... Trousse o violão?

– sim (disse pegando ele) – canta para mim?

Eu comecei a tocar a melodia e ela cantava a letra da musica: na sua estante da Pitty, apesar de parecer feminina eu gostava daquela musica, e ela também, mas estava evidente que a Rachel estava triste. Quando a musica terminou ficamos em silencio por mais tempo que o necessário.

Droga, estávamos em um clima tão legal e agora esta tenso.

– essa casa é enorme (digo)

– é.

– onde seu pai trabalha?

– eu não sei direito, mas sempre esta abrindo um negocio novo, como esse prédio.

– o seu pai é dono do hotel?!

– Valse hotel, Charlie Valse, jura que não notou a semelhança?

– verdade! Não tinha notado (falei rindo) – legal isso.

– é.

– você esta chateada comigo não esta?

– não tanto, já estou acostumada com isso.

– pois não deveria isso não é... Normal.

– de acordo com a escola, e com você, eu também não sou normal.

– eu achava isso...

– não diz que você mudou de opinião porque sei que é mentira.

– não é não.

– Sam, eu duvido que você agiria assim comigo em um lugar publico.

– talvez não, mas... É que...

– para, você esta se complicando ainda mais.

Não tive mais argumentos, ficamos em silencio até a mãe dela chamar para o Jantar, depois disso eu fui em bora.

Em casa eu fiquei pensando muito sobre isso, eu não tenho mais o pensamento que tinha da Rachel, ela pode ser inteligente e ter um estilo próprio para se vestir, mas isso não faz dela esquisita, eu gosto de ficar perto dela, pensando bem até que ela tem certo charme, eu adoro vela sorrir, principalmente quando toca piano e aquele vestido, aquelas pernas... Ai que droga eu acho que estou apaixonado pela Rachel!

Depois de uma noite mal dormida pensando na hipótese de estar apaixonado por ela depois de dois dias, somente dois dias juntos, eu cheguei à conclusão de que isso só pode ser besteira da minha mente, não há como uma pessoa gostar de outra em dois dias, e além do mais mesmo que isso ocorresse a Rachel deve me odiar...

Eu fui pra escola disposto a fazer as pazes com ela, quem sabe eu não apresento ela para uma das minhas ex-namoradas lideres de torcida e elas não transformam a Rachel em uma menina que a escola achasse normal.