Clara Oswald

Alguns meses depois

Fazia exatamente dois meses que Clara havia contado, mesmo que somente o básico do básico, sobre sua gravidez. Ela entendia perfeitamente bem que para o namorado era complicado entender aquilo, porém era pior revelar aquilo para ele. Poderia ser somente uma história simples para todas as outras pessoas, mas talvez somente ela própria e Robb entendessem a dor.

Naquele momento ela estava no escritório da editora, seu livro havia sido lançado, ele já estava na listas dos 20 mais vendidos e ela agradeceria a John quando ele chegar. O moreno havia levado uma das cópias e lido durante todo o seu tempo livre em sua viagem para Nova York. Clara ajustou os últimos detalhes para a sua pequenina turnê de lançamento, a qual John fez questão de prometer que iria.

— Clara, esta tudo bem com você?

— São só problemas com o John. Não é nada sério.

— Tudo bem! — a editora-chefe disse.

Terminado os últimos ajustes Clara foi embora. Chegou ao estacionamento do prédio e caminhou entre os carros até encontrar o seu, John havia lhe presenteado com aquele carro fazia algumas semanas e Clara desconfiava daquilo. Fazia semanas que ele lhe ensinava a dirigir com a direção na esquerda e a levou para tirar a licença quando ela aprendeu a dirigir perfeitamente.

A morena entrou em seu carro e manobrou-o retirando da vaga e saindo do local, uma música dos Beatles tocava no som do carro e Clara estava alheia em seus pensamentos, voltou brevemente a realidade quando ouviu que a música havia parado e deu lugar ao toque do celular, uma breve olhada e ela viu o nome de Luther escrito no ecrã.

《Algo muito sério acabou de acontecer》 ela pensou.

Clara atendeu a ligação e Luther disparou a falar:

— "Clara, vem agora pra maternidade. Mandy entrou em trabalho de parto!"

— Como assim? Ela está com sete meses, Emily não pode nascer agora.

— "Mas ela vai ter que nascer. O Dr. Magnus disse que Mandy sofreu o início de um aborto e que se Emily não nascer agora ambas podem morrer."

— Estou indo agora mesmo.

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Ao chegar na maternidade que Clara sabia perfeitamente onde era a morena disparou pelo corredor extenso e branco. Ela encontrou John sentado no banco tomando água. Ele tinha os cabelos bagunçados e a camisa branca levemente amassada.

— Cadê a Mandy? — Clara perguntou sentando-se ao lado dele. John virou o rosto e inclinou-se beijando a bochecha dela e cheirando-lhe o pescoço.

— Dr. Magnus a levou faz pouco tempo. Luther foi com ela.

Os dois permaneceram em silêncio.

.

Luther Baker

Algum tempo antes.

Mandy estava de pé em frente a pequena e delicada cômoda branca do quarto de Emily, ela cuidadosamente arrumava as roupinhas recém compradas e retirava outras e guardava na bolsa da pequena. Luther observava tudo de longe com um sorriso no rosto, dentro de algumas semanas eles iriam finalmente se casar e Luther mal podia esperar para que Emily também nascesse.

O ruivo caminhou até ela e abraçou-a por trás, pondo suas mãos sobre a barriga da noiva, Emily se mexeu lá dentro e com movimentos circulares dos dedos de Luther na parte de cima de sua barriga Emily voltou a ser mexer.

— Isso faz cócegas — Mandy disse.

A irlandesa se virou e ergueu um pouco os olhos para ver o noivo. Não demorou muito para que seus lábios estivessem sobre os de Luther, as mãos do ruivo seguiram em direção as costas dela tentando aproximar o corpo dela do seu, porém foi impossível graças a barriga dela e de um bebê que se mexia freneticamente, Emily parecia mais agitada nesse dia.

O beijo estava aumentando de intensidade ambos podiam sentir, porém Luther foi empurrado para trás por Mandy. O ruivo de olhos arregalados viu a expressão assustada da mulher a sua frente, os dois olharam para o chão onde pequenas gotas de sangue misturavam-se a um líquido transparente.

— Fique calma — Luther pediu.

— Como você quer que eu fique calma? Eu estou sangrando, porra! — Mandy gritou.

Revirando os olhos o ruivo pegou a bolsa das duas e ajudou Mandy a ir em direção ao elevador, Luther tentava parecer calmo porque Mandy já estava nervoso o suficiente por três e não seria bom para ninguém que ela explodisse de vez.

Eles chegaram ao Audi e Luther não se importou se iria sujar o banco de seu carro. Sem precisar de avisos Luther acelerou, sempre dando uma olhada para Mandy e sua barriga onde era possível ver Emily se mexendo freneticamente.

Eles chegaram a maternidade em cinco minutos e diversas multas de velocidade.

Na maternidade

Dr. Magnus mandou enfermeiras prepararem Mandy, ela foi virada e um outro médico aplicou uma injeção em suas costas, a anestesia provavelmente. Seus braços foram amarrados, um véu azul posto a frente do seu rosto. Luther foi obrigado a usar as mesmas roupas e se colocou ao lado de Mandy.

A cirurgia começou. Dr. Magnus juntamente com outro médico começaram a cortar a pele da barriga, o sangramento havia parado naturalmente e Dr. Magnus havia dito que era um bom sinal, acalmando Mandy no mesmo instante, porém o seu olhar não converseu Luther.

Luther permaneceu de pé por um longo momento ao lado de Mandy saiu de perto dela somente quando foi chamado pelo médico. Ele olhou para onde o médico mandou e a viu!

A sua filha estava lá, pelo menos sua cabeça. Ele ainda não conseguia decifrar a cor de seu cabelo graças ao sangue e demais outras coisas, porém sua pele pálida estava exposta. Emily foi retirada por completa, o coração de Luther parou por segundos e voltou a bater fortemente, ela não estava chorando. Os dois médicos analisaram a recém-nascida e respiraram aliviado, Luther olhou para sua filha e viu o leve movimento que seu tórax fazia enquanto ela respirava pela primeira vez.

— Quer cortar? — Dr. Magnus

Os olhos de Luther brilharam de emoção. O médico entregou a tesoura ao ruivo e o obstetra ensinou como cortar da forma correta, tremendo Luther fez como indicado e cortou o cordão umbilical de sua filha. Ela foi enrolada em um pano azul e levada para que Mandy olhasse a filha pela primeira vez. Ambos choraram de emoção naquele momento. Emily foi retirada dos braços da mãe e Luther também teve que sair da sala, encontraria-se com Mandy novamente daqui a algumas horas, no momento ele teria que providenciar outras coisas para sua filha.

***

Luther voltou para o hospital a noite trazendo consigo o registro de sua filha. Fazia poucos minutos que havia ligado para sua mãe avisando do nascimento precoce de sua primeira neta.

Ele entrou no quarto e encontrou Mandy deitada com Emily nos braços. Havia esperado tanto tempo para ver essa cena que seus olhos lacrimejaram ao ver.

— Por que tá parado na porta feito um idiota? Venha conhecer sua filha — Mandy disse tirando ele dos seus pensamentos. Luther sorriu e foi até as duas.

Emily tinha os olhos fixos no rosto da mãe quando Luther chegou perto. A pequena tinha enormes olhos azuis e finos fios vermelhos na cabeça, a boca avermelhada também era de Luther porém o formato era da boca de Mandy, assim com o nariz e as sobrancelhas.

— Apesar de ruiva ela se parece mais comigo do que com você. Imagina só: passar sete meses esperando ela nascer e nascer que nem o pai.

Luther depositou um delicado beijo nos lábios da noiva calando-a.

— Eu amo você!

Os dois foram interrompidos por batidas na porta. Lá se encontrava uma mulher ruiva e de olhos verdes, parecia ter seus 50 anos e sorria amigavelmente.

— Mandy, essa é minha mãe. Mãe, essa é a Mandy minha noiva.

— Olá Mandy!

— Olá Karen!