John Smith

John estava apavorado mais que o normal. A ideia de que poderia ser pai ou não estava o perturbando durante a noite o impedindo de dormir e durante o dia o impedindo de trabalhar direito. Apavorado talvez não fosse mais a palavra certa, cada célula de seu corpo estava entrando em estado de pânico. Ele também não conseguia entender por quê.

Ele não sabia se era o único homem do mundo que pensasse dessa forma e era provável que não fosse, mas ele só queria ter filhos quando casasse e construisse uma vida ao lado de uma mulher que ele olhasse e tivesse a certeza de que era ela. Mas um bebê? Justamente agora? Fazia uns cinco meses que estavam juntos e NÃO ERA HORA DE SE TER FILHOS!

John ainda tinha o problema com Luther. Clara não fazia a mínima ideia que a detetive do centro de narcóticos havia ido conversar com Luther e ele não pretendia lhe contar, afinal o problema não atingia somente Luther, atingia ele e até mesmo Robb que continuava cumprindo sua pena em Leadworth. Ele havia passado um bom tempo comprando drogas através dos mesmos traficantes que Luther mantinha contato, se Luther e os traficantes fossem pegos e presos, John infelizmente iria junto e talvez nem mesmo Eric pudesse o tirar da prisão.

John tinha milhares de motivos para estar apavorado!

John estacionou o carro ao lado do Audi que Luther usava. O ruivo estava sentado em um banco comendo uma batata frita, John desceu do carro e sentou-se ao lado do ruivo roubando-lhe uma batata frita.

— A minha vida está uma merda — John disse passando as mãos no cabelo.

— Mesmo eu acreditando que a minha está pior, por favor, conte-me seus problemas.

— Eu acredito que Clara está grávida.

— Clara? — Luther falou se assustando. — Como isso foi possível?

— Eu acredito que você sabe muito bem como se faz um filho, Sr. Baker, afinal daqui a cinco meses você terá uma filha. — John falou. — Mas voltando ao assunto principal: eu cheguei em casa e Clara estava segurando um teste de gravidez.

— E qual era o resultado? Ela pode ter feito pensando que estava e deu negativo, por isso não te contou — Luther explicou.

John coçou a nuca e respondeu rapidamente:

— Eu não vi.

Luther apertou a ponta do nariz com aquela declaração.

— E simplesmente não passou pela sua cabeça perguntar a ela. Não foi?

— Algumas vezes. Luther, eu estou tão apavorado com a possibilidade de ser pai que prefiro continuar não sabendo o resultado.

— Você é realmente um idiota — Luther falou olhando para o nada.

— Ah, cale a boca. E como foi com a detetive?

— Ela me pediu para ir amanhã ao escritório dela.

— E o que vai fazer?

— Em troca de todas as informações eu vou pedi imunidade, eles não podem me negar isso — Luther disse. — Eu quero ser diferente, John. Eu finalmente estou encontrando o meu lugar, eu vou casar e vou ter uma filha. Eu não quero que a minha filha vá me visitar na prisão e nem quero o olhar desapontado que Mandy irá me lançar.

— Você ainda está sendo muito otimista. Mandy nunca iria te deixar ver a Emily se você for preso — John começou a ri recebendo um soco no ombro.

— Você vai conversar com a Clara?

— Eu preciso.

— Boa sorte! — Luther desejou ao melhor amigo.

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Clara Oswald

Clara sabia que algo estava errado em seu relacionamento com John e ela não sabia o que era. Ela não fazia a menor ideia do que havia feito ao namorado para ele ficar tão distante repentinamente nas semanas seguintes ao dia mais deprimente do ano para ela. John recuava a cada investida da jovem, não a beijava mais com tanto desejo como antes e suas mãos limitavam a apenas permanecer em sua cintura enquanto eles trocavam curtos selinhos. A hora de dormir talvez fosse pior, John que antes grudava seu corpo ao dela agora ficava do outro lado da cama. Clara por vezes grudava-se a ele, mas durante a madrugada ao acordar sentindo falta do corpo do namorado ela o encontrava na ponta da cama e ela na outra ponta. Tudo era frustrante demais.

A morena estava sentada no enorme sofá observando a parede sem defeitos a sua frente, Loki estava deitado ao seu lado e dormia profundamente enquanto ela lhe alisava a cabeça. Mandy estava no quarto, a melhor amiga estava se aproximando dos cinco meses de gestação e não parava de reclamar de seu rosto oleosos, de dores lombar e de azia.

Clara ouviu o barulho da porta sendo aberta e observou o namorado entrar e olha-la com seus grandes olhos assustados, revirando os olhos Clara voltou sua atenção para a parede.

— Sylvia veio aqui? — John perguntou seguindo até a cozinha. Clara não necessitou responder já que o cheiro de California Roll enchia o ambiente.

A morena abandonou o cachorro no sofá e foi até a cozinha, John estava de costas para ela e mexia os braços colocando o sushi em seu prato. Clara aproximou-se devagar dele e o abraçou por trás, encostando seu nariz em suas costas e sorvendo o perfume dele, suas mãos apertaram sua camisa. Ela o sentiu ficar rígido e parar seus de preparar seu almoço.

— John, o que aconteceu? — Clara perguntou, ela já sentia seus olhos queimarem anunciando o choro e um soluço escapou de seus lábios.

John virou-se para ela sentando-se no banco alto que havia ali, ele segurou o rosto dela com suas mãos. Clara pôs as mãos nas dele e ergueu seus olhos, John tinha um sorrisinho nos lábios.

— Você não me ama mais, é isso? — Clara chutou. — Por favor, me diga. Eu não aguento mais ser rejeitada dessa forma. Eu amo tanto você!

— E eu estaria maluco se deixasse de te amar, Clara Oswald. — John disse.

— Então por que toda essa rejeição?

Clara olhou para o namorado com os olhos marejados. Ela não poderia sequer imaginar qual seria a resposta dele e pela sua expressão de quem não conseguia encontrar as respostas, ela julgava que não seria uma boa resposta. Será que ele havia desistido dela? Existem várias formas de amor, não necessariamente somente o amor Eros, o amor Fileo também existia e Clara temia ser isso que John estava sentindo por ela.

— A verdade — John disse e se calou, Clara permitiu que as lágrimas caíssem com todo aquele suspense. John abaixou a cabeça e indeciso pôs o queixo para o lado fazendo Clara sorri um pouquinho. — Eu estou apavorado! — ele explicou.

— Po-por que-e-ê? — Clara perguntou fungando.

— Eu te vi com o teste de gravidez — ele disse.

Clara arregalou os olhos e soltou suas mãos. Ela agora deveria desenterrar o que ela menos gostaria de fazer e lhe contar a respeito de algo que aconteceu tão no passado que ela gostaria de já ter esquecido.

— Você está grávida? — John disparou a pergunta tirando-a de seus pensamentos de forma rápida. — Eu achei melhor esperar você se pronunciar mais eu não queria saber a verdade... Não que eu esteja dizendo que não quero ter filhos, mas poxa, eu não quero que seja algo por engano. Eu nem sei mais o que eu estou te explicando.

— John, eu já entendi. — ela disse rindo.

O moreno suspirou e depositou um selinho nos lábios da garota.

— Eu não estou grávida — ela disse. John imediatamente relaxou todos os seus músculos e pôs sua cabeça no ombro dela. — Mas eu estava — ela admitiu. As lágrimas retornaram aos seus olhos e John assustou-se com aquilo.

— Quando? O que você fez?

— Pode relaxar, eu nem te conhecia na época.

— Era do Robb?

Clara assentiu voltando a chorar. John abraçou a namorada, preocupado.

— Você não me precisa me explicar nada agora, conte-me quando estiver pronta, ok? — John disse. Clara assentiu com a cabeça em seu ombro.

John a levou até o quarto e a deixou debaixo do edredom e com as cortinas fechadas. Clara ficou martelando como exatamente iria contar para o seu atual namorado tudo o que aconteceu quando estava grávida do seu ex-namorado que atualmente está preso.

Com todos os pensamentos a mil em sua cabeça Clara acabou ficando com dor de cabeça e dormindo, por conhecidência ela sonhou que estava grávida, só que dessa vez o bebê era de John e ele não estava apavorado, ele estava feliz! Clara queria muito que o sonho se tornasse realidade!