John Smith

— Em nome da sanidade o que aconteceu com você? — John ouviu Mandy perguntar enquanto entrava na cozinha. Pelas contas do moreno, Mandy já estava grávida fazia basicamente um mês e já que nunca havia acompanhado uma gravidez ele esperava uma barriga, porém o máximo que John havia ouvido Mandy falar era ela estava se sentindo como se estivesse em uma TPM infinita e um leve desconforto abdominal. — Você por acaso foi atropelado por um caminhão?

Luther deu um sorrisinho quase como se estivesse irritado. Porém John duvidou de tal coisa, fazia algumas semanas que Luther havia surpreendido John, ele simplesmente não se incomodava com o fato da noiva ligar durante uma reunião pedindo alguma coisa.

— Ignorem — John disse a Mandy e a Clara — ele sempre amanhece assim do domingo pra segunda. Mas hoje é terça, então precisamos conversar!

Luther revirou os olhos.

— Eu te comprei um cachorro — Luther disse com a voz arrastada.

Clara que tomava café enquanto mexia no celular elevou os olhos para o casal a frente dela e sorriu, ela apontou para a caixa ao seus pés e Mandy sentou-se no chão rapidamente, abrindo a portinha e fazendo um cachorro pequeno pular sobre ela.

— É um Papillon — Luther disse.

Mandy sorria enquanto o cachorrinho lambia a mão dela. John ficou surpreso quando Mandy ficou de pé e passou as mãos ao redor do pescoço do noivo. Talvez, pensou John, ela estivesse ignorando o cheiro que ele provavelmente tinha.

— Luther, precisamos conversar!

John pegou a xícara de café e arrastou o ruivo juntamente com ele. Pensou em ligar para o Erick, afinal sempre era o ruivo mais novo que brigavam com o mais velho quando ele aparecia daquela forma. Geralmente Luther ia em casa, porém John imaginava que sua chave havia se perdido dentro do carro enquanto ele dirigia sem rumo para qualquer canto da cidade.

Os dois britânicos chegaram ao escritório, Luther jogou-se no sofá e John em sua cadeira e girou olhando para o amigo.

— Eu já sei que você vai brigar — Luther murmurou. — Mais você tem que se lembra de uma coisa. Antes era o Erick que brigava...

— Porque eu também amanhecia dessa forma! — John murmurou interrompendo o ruivo. — Porém eu já tenho a moral para brigar com você. Estou a quase um mês sem nenhum tipo de droga no meu corpo!

Luther revirou os olhos.

— Acontece que diferente de você — Luther disse ainda com a voz arrastada, aquilo estava chateando John. Era daquela forma que ele ficava antes? — eu tenho contato direto com esses caras, não posso simplesmente chegar e falar: “ei, desculpe aí. Não posso mais comprar de vocês e nem passar para outras pessoas, minha noiva estar grávida e eu quero ser um cara melhor”.

— Você ainda vai se ferrar com essa história! — John sussurrou.

O sussurro foi o suficiente para que Luther escutasse e ficasse de pé, arrastando John até a parede segurando-o pela camiseta. John não se surpreendeu com aquilo, Luther não era conhecido por ser uma pessoa amigável, na verdade alguns dos processos que existiam sobre John era graças ao ruivo mais velho. Talvez Erick gostasse tanto de Luther graças isso!

— Desculpe-me, mas eu não posso! — Luther disse. — Eu já tentei, eu tentei ontem à noite e foi isso que eu ganhei. Quatros homens do tamanho de ogros fedorentos me bateram até cansarem! Quando terminaram mais dois fizeram a mesma coisa, a única ordem é: “não o matem!”. As drogas me mantém vivo! E eu faço qualquer coisa para ficar vivo! Então sim, irei continuar no inútil e destrutivo mundo das porcarias das drogas. E você fique quieto!

Luther soltou John. O moreno escorregou na parede respirando fundo, seus pulmões pareciam estarem voltando ao que eram antes e o moreno estava começando a ficar com dificuldade de respiração.

O ruivo jogou os cabelos para trás e ergueu os olhos para o amigo. John estava voltando a respirar direito e sorria.

— Eu concordo com o Erick — John disse.

— Em relação o quê?

— Você não liga a mínima para o seu futuro!

— Que futuro? — Luther gritou. — Qual a porra de futuro que alguém como eu tem? Me diz aí!

— Você vai ter um filho, você vai ser pai! — John gritou de volta. — Quer algo melhor que isso? Luther, um bebê muda tudo. É como se o universo estivesse te dando uma chance para você abrir esses olhos e ver que a sua vida não é tão longa quanto você imagina que é. Você tem a Mandy, ela é uma garota maravilhosa e que é a mãe do seu filho. Poxa, será que precisa mais que isso?

— Não fale como se você soubesse o que é tudo isso! Você não é o Erick!

— Eu sei que não sou! E essa é a diferença entre nós dois, entre eu e você. Eu quero ser que nem ele. Quero casar, ter uma família e gritar para a população da terra se foder enquanto eu sou feliz!

— Falou o cara que eu encontrei prestes a cortar o pescoço! — Luther disse revirando os olhos.

— Pelo amor de Deus! Isso foram anos atrás.

— Mesmo assim é o seu passado!

John revirou os olhos e sentou na cadeira novamente, toda aquela gritaria já deveria ter feito tanto Mandy e Clara estarem quase subindo. John preferiu parar por aquele motivo, além do mais sabia que se não parasse agora ele era capaz de socar o melhor amigo.

— E agora? — John sorriu ao ouvir a voz de Mandy na porta. — Qual a porra do motivo dessa gritaria toda?

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Clara Oswald

Clara havia escutado várias palavras enquanto tentava tomar café da manhã com um cachorro pulando em cima de si. A discussão no andar de cima havia começado da melhor e mais civilizada forma possível, porém a gritaria começou e Mandy ficou com dor de cabeça, começou a reclamar que ninguém mais respeitava grávidas nesse mundo. Depois ela resolveu subir e agora estava escutando o longo relato sobre a longa vida de traficante de Luther Christopher Baker, o que não era nada pequena.

— Quer dizer que mesmo com um oceano separando, o Luther continuava dando drogas para o Robb? — Clara perguntou após o termino de tudo.

John sentou ao lado da namorada e a puxou para si.

— Mais ou menos. Você tem que entender que apesar de tudo o Luther é uma boa pessoa, ele só não percebeu isso ainda. É por isso que mesmo escondido eu coloco fé nesse casamento dele com a Mandy.

— A minha melhor amiga vai casar com um traficante! — Clara murmurou de olhos arregalados. — O que pode ser pior?

— Eu não sei. Confie em mim! Se o Luther fizer algum mal a Mandy eu prometo que bato nele, ok?

— Ok!