Aves de Rapina escrita por Black Canary


Capítulo 1
Prólogo - Três Mundos


Notas iniciais do capítulo

Então, vou cortar o blablabla de sempre e simmplesmente dizer boa leitura.



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Prólogo - Três Mundos

– Oliver. – Felicity cutucou o vigilante adormecido. Sem resposta. – Oliver! – Num instante ela estava chacoalhando o corpo inerte, e no instante seguinte ela estava no chão, sendo comprimida por toda aquela massa muscular. – Sou eu.

Oliver suspirou e permaneceu mais um instante observando Felicity, antes de rolar para o lado e se sentar. Ela fez o mesmo.

– O que houve? Surgiu alguma coisa? – Ele se levantou e estendeu a mão para ela, ajudando-a a se erguer.

– Não. – Murmurou enquanto ajeitava a barra da saia. – Eu só não acho que você deveria ficar aqui todas as noites.

– Não é como se eu pudesse simplesmente bancar um apartamento no momento, Felicity. Não conheço muitos interessados em contratar um ex-playboy-milionário. – Oliver a seguiu até a escrivaninha.

Enquanto ela se sentava na cadeira, ele se apoiava no canto da mesa. Felicity olhou para ele, mordendo o lábio inferior e abriu e fechou a boca algumas vezes, incerta da sua proposta seguinte.

– Você poderia ficar comigo. – Disse rapidamente numa voz agitada.

Os olhos de Oliver se arregalaram, e ele negou com a cabeça.

– Não posso te pedir isso. Não é sua obrigação me fornecer um teto. – Suas palavras saíram lentas e cadenciadas, quase contendidas.

– Você está certo, não é a minha obrigação. Mas é preciso cuidar da família. – Felicity corou assim que ouviu as palavras que saíram da sua boca. – Não que eu esteja implicando que você é parte da minha famí...

– Você é família, Felicity. – Oliver sorriu e falou gentilmente. – Mas eu não posso.

–Dá pra parar de ser teimoso? Como você pode perseguir os bandidos se estiver com dor nas costas? – Ela arrumou os óculos e franziu as sobrancelhas.

– Já dormi em lugares piores. – Ele respondeu com um dar de ombros.

– Então assim que você dormir outra vez eu posso dopá-lo e levá-lo para o meu apartamento. – Um sorriso quase desafiador surgiu nos cantos dos lábios da loira.

– Você não aguentaria me carregar o caminho todo. – Oliver estreitou os olhos, contendo um sorriso.

– Digg me ajudaria. Ele também não gosta que você fique o tempo todo aqui. – Felicity cruzou os braços e ergueu o queixo resoluta.

Oliver abriu a boca para responder, mas as palavras lhe faltaram. Suspirou e encolheu os ombros.

– Eu... – Ele tentou começar, mas se encolheu ainda mais sob o olhar afiado dela. - Certo. Eu preciso de alguns minutos.

– Tuuuudo bem. – Felicity sorriu e se inclinou contra as costas da cadeira, um sorriso vitorioso no rosto.

Oliver bufou, mas foi impossível se manter sério diante daquele sorriso.

***

– Mais forte. – Nyssa pediu. – E mais rápido.

Sara obedeceu e os estralos de metal contra metal se tornaram mais fortes e constantes quando ela passou a manejar seu bo* num rítmo frenético. A rotina em Nanda Parbat era sempre a mesma, treinar, treinar, sair em missões. Vez ou outra Nyssa e ela achavam algo divertido para fazer, como ficarem abraçadas no sofá, ou trancadas no quarto por horas. Mas por ora, Sara deveria se manter sob as vistas de todos. Ela precisava mostrar que merecia a confiança de todos de volta.

– Esquerda! – Nyssa gritou e fintou para a direita, tentando acertar as pernas de Sara, que bloqueou o golpe habilmente.

– Não sou mais uma novata, Nyssa. – A loira sorriu e travou o bo da morena com o seu próprio, empurrando-a para trás.

As duas caíram no chão com um baque surdo e uma rajada de risadas, Nyssa prensada entre a pedra úmida e o corpo quente de Sara. Sara usou os cotovelos e o joelhos para se erguer um pouco e parando de rir, se inclinou para dar um beijo leve nos lábios de Nyssa.

– Você perdeu. – Disse com um sorriso gigante aberto no rosto.

Nyssa também abriu um sorriso, e enlaçou a cintura de Sara com os braços, puxando-a contra si. Sara obedeceu sem pestanejar.

– Nunca deixe o inimigo te distrair. – Sussurrou a Herdeira do Demônio invertendo as posições.

Cada uma de suas pernas encontrava-se em um lado do torso de Sara, e suas mãos mantinham as dela presas sobre a cabeça.

– Me parece que eu venci. – Foi a vez de Nyssa se inclinar para beijar Sara.

Pouco a pouco o aperto diminuiu e o beijo se tornou mais intenso, até que uma limpada de garganta fez as duas estacarem.

– Eu estou interrompendo alguma coisa? – A voz de Talia estava irritadiça como sempre.

– Vá embora, Talia. – Nyssa grunhiu e rolou para o lado, libertando Sara.

As duas se puseram em pé num salto, a bochechas da Canário vermelhas como uma maçã.

– Se já terminou de se divertir com o seu passarinho, o pai estava procurando por você. – Com um dar de ombros, Talia se retirou em passos rápidos.

– Vadia. – Nyssa murmurou e apanhou os bos do chão. – Habibati*, o que acha de uma pequena viagenzinha?

Sara apenas sorriu e apanhou seu bo da mão de Nyssa.

***

– Hora de sair, Bertinelli. – As batidas na porta de metal fizeram a cabeça de Helena latejar.

Com um suspiro exasperado ela colocou um marca-página no seu livro e se levantou, caminhando até a porta. Mãos agarraram os seus pulsos e os prenderam juntos, e a mesma coisa foi feita com os seus tornozelos. Só então abriram a porta e a deixaram sair, um guarda armado indicando o seu caminho.

Alguns minutos e milhares de portões depois, finalmente chegaram ao pátio, onde Helena foi deixada sozinha numa mesa sob o sol. Ela se esticou ao máximo que as algemas permitiam e se sentou, aproveitando a sensação do calor contra a sua pele. Ela sentia falta de muitas coisas, mas nas incontáveis horas num dos cantos mais profundos de Belle Reeve, o sol era o que ela mais queria. Nesses pequenos momentos de semi-liberdade ela sempre imaginava mil e uma maneiras de escapar, mas em seus pensamentos sempre acabava voltando para uma cela menor ainda.

Com um suspiro deixou a cabeça cair sobre a madeira, observando sem interesse as outras atividades ao redor do pátio. Haviam aqueles que sempre a encaravam com um sorriso malicioso e aqueles que a encaravam com repulsa. Haviam os indiferentes que sequer lhe prestavam atenção e ainda aqueles que a observavam com interesse, com adoração.

A sombra que a cobriu a fez se levantar automaticamente, as costas se enrijecendo e os punhos se fechando. Seus reflexos ainda continuavam afiados. A sombra se moveu e se sentou a sua frente, apoiando os cotovelos na mesa e a cabeça nas mãos.

– Senhorita Bertinelli.

– Waller. – Cuspiu Helena. – O que te traz ao pátio nessa bela tarde? – Perguntou com a voz cheia de sarcasmo.

– Apenas checar se a sua opinião sobre a minha oferta continua a mesma. – Os olhos de Amanda Waller estavam cheios de expectativa.

– Ouvi histórias do Esquadrão Suicida o suficiente para me manter longe disso. - A voz de Helena estava desafiadora.

– Há uma missão especial, Helena. – Waller se sentou ereta, cruzando os braços. – Depois da traição da agente Michaels...

– Eu não vou atrás dela. – A Caçadora a cortou. – John Diggle já me odeia o suficiente. Se algo acontecer a mulher grávida dele, eu não tenho dúvidas de que ele ou Oliver não hesitariam em colocar uma flecha na minha cabeça. Como eu já disse, não sou suicida a esse ponto.

– Como eu ia dizendo, - Waller ignorou o pequeno monólogo de Helena, como se ele jamais houvesse existido. – A traição da agente Michaels libertou prisioneiros de alto risco. A maioria já está de volta a custódia. Mas há um que precisa ser apanhado.

– Deixe-me adivinhar: Pistoleiro? – Helena sorriu, imaginando o quão facilmente Floyd Lawton parecia escorregar por entre os dedos de Waller.

– Exatamente. – A máscara impassível de Amanda Waller deixou passar um pequeno traço de raiva. – Eu preciso de alguém para caçá-lo. Quem melhor do que a própria Caçadora?

– Ainda não vale a nanobomba implantada no meu pescoço.

– Traga Lawton vivo e eu diminuo a sua sentença pela metade. – Ofereceu.

– Perpétua. – Helena sorriu. – Não há muito do que se diminuir ali.

Os lábios de Waller crisparam antes de ela fazer a sua próxima oferta.

– Duas semanas de liberdade se a missão correr bem.

Helena se inclinou sobre a mesa e sussurrou.

– Três. Mais o meu antigo uniforme e um arsenal a minha escolha. – Waller abriu a boca para responder, mas a Caçadora a cortou. – E o meu nome limpo no sistema. Não quero entrar em problemas toda vez que eu tentar embarcar num avião.

– Não acho que você eestá e posição de fazer as exigências por aqui, srta. Bertinelli. – A voz de Waller estava ríspida.

– Você precisa de mim. – Foi a vez de Helena apoiar os cotovelos na mesa e colocar a cabeça nas mãos. – Essas são as minhas exigências.

Waller parecia estar travando uma batalha interna, mas por fim cedeu.

– Preciso dos seus serviços, Caçadora, mas nada vai me impedir de explodir a sua cabeça fora se você passar dos limites. – Amanda Waller se levantou e esticou a sua mão.

Helena se ergueu também.

– Um velho amigo me ensinou como manter o controle. – Com um sorriso cínico, apertou a mão que lhe era estendida.


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Notas finais do capítulo

*Bo: Aquele bastão de metal que a Sara usa em batalha.
*Habibati: Docinho em árabe.
Por favor, deixem-me saber da opinião de vocês.