É segunda-feira hoje minha vida volta ao normal, ou pelo menos deveria, o enterro do Seu Arlindo é quarta. Eu sou a única responsável por isso, sorte que ele tinha um seguro na funerária. Hoje minhas férias acabam, oficialmente, minhas aulas voltam hoje. Sou professora do primeiro ano do ensino fundamental, apesar de não ser o que realmente nasci pra fazer eu amo aquelas crianças. O meu verdadeiro dom é cuidar, provavelmente de crianças, mas ainda tenho dois anos e meio de faculdade pela frente e bastante tempo pra decidir.

...

–Bom dia crianças!

–Bom dia professora Kate! – ouço o coro. Eles são os únicos que a essa hora da manhã conseguem responder alguém sem um pingo de sonolência.

– Como foram as férias?

–Eu fui pra praia e vi o mar. – diz Amanda, minha aluna mais dedicada.

–Ótima Amanda. Alguém mais viajou?

–Eu fui pra uma casa na montanha.

–Ah é? E o que você fez lá?

–Nada. Não tinha ninguém pra brincar, nem nada pra fazer porque lá não fez sol.

–Ah que pena. – viro pra escreve na lousa.

–Professora, porque meus pais não tem me dão um irmãozinho? Eles têm tanto dinheiro, o mercado dos bebes não deve ser tão caro.

Ótimo. Eles começaram afiados, perguntas assim me fazem pensar em que tipo de mãe serei.

– Chris, os bebês não se vendem e nem tem um mercado sobre isso.

–Então de onde os bebes vem?

É oficial, eu não nasci pra isso.

– Bom, é..hum. Teremos uma aula especialmente disso nos próximos anos. Se estiverem curiosos perguntem pra suas mães, com certeza elas vão saber.

–Mas minha mãe não é professora?

–Mas ela é sua mãe, e você está com ela desde que era um bebê não é?

–É

–Então ela com certeza sabem de onde vem os bebes. – eles confusos acenam que sim com a cabeça. – E a aula de hoje é sobre férias. – que surpresa!– Vamos fazer um desenho bem legal que lembre suas férias.

...

– Está atrasada.

–Foi mal. Você não sabe o que é trabalhar numa grande empresa e ter o pior chefe do mundo.

–Tem razão. Mas até nas piores empresas tem horário de almoço.

–Opa, não disse que a empresa é ruim, não é da sua área, mas é a melhor empresa pra se estagiar na minha área.

–Ok, agora senta que tão começando a olhar pra gente como se fossemos um casal em crise.

–Eka! – diz Amy.- Nada contra você amiga, é que não faz meu tipo. – Amy é do tipo que aonde ela chega todos olham. Alem de ser dona de um corpo escultural e um cabelo ruivo natural ela tem um dom natural pra moda.

–Esquece!

–Olá posso ajudar? – a garçonete diz, estamos em um restaurante pequeno que eu adoro.

–Uma salada, por favor. – diz Amy

–Jura que você comer só uma salada pra enfrentar mais quatro horas de estagio?

–To de regime.

–Claro, pra poder se esconder atrás de um palito de churrasco. – ela ri mas eu não sei por que ainda pergunto desde que conheço Amy ela faz regime, a não ser quando está de TPM ou quando algum rapaz largou ela.

–Você que sabe. –dou de ombros. – Quero um chesseburguer frango tártaro, um copo de coca cola e um pedaço de torta de limão. – a garçonete acena com a cabeça e sai.

–Ótima amiga você é.

–Quando se tem uma amiga maluca, eu sou a melhor.

...

–Boa noite a todos, sou professor Roberts e nesse semestre estarei com vocês ministrando a matéria de microbiologia. E a propósito antes que vocês comecem a perguntar, a minha prova é difícil assim como a minha matéria então prestem atenção em mim.

E assim começa o meu semestre, uma beleza.

...

–E ai como foi suas primeiras aulas? – diz Amy, ela faz Administração na mesma faculdade que eu.

–Aturáveis, e as suas?

–Matemática financeira.

–Isso é ruim?

–Tá brincando? É minha matéria preferida. Contas, juros, contas, e muito dinheiro.

A Amy é do tipo de pessoa que aparentemente é uma garota mimada ela não se importa de parecer assim, mas atrás da saia lápis e sandália da Carmen Steffens existe um cérebro pensante. Eu a conheço a pouco tempo, no primeiro dia de aula eu estava perdida e não sabia aonde ir nem como ir, ela também estava mas não disse apenas me ajudou e por sorte ela acertou. Desde então somos amigas, não temos praticamente nada em comum, mas ainda sim nos damos super bem.

–Amiga, olha aquilo ali- ela olha indiscretamente para um grupo de garotos que passa pelo corredor principal.

–O que tem?

–Olha o de regata branca. Ah meu Deus que perdição!

Olho tentando enxergar de quem ela está falando. Todos no grupo têm corpos perfeitos, com músculos a amostra na camiseta apertada, menos um. Ele não deixa de ter um belo corpo, mas aparentemente é normal o que o deixa bem mais bonito aos meus olhos. O de branco anda ao seu lado, é moreno, alto, com músculos a amostra na regada branca, uma tatuagem que cobre metade do braço esquerdo e acho que tem olhos azuis.

–É ele é bonito. – digo

–Aff! Eu desisto você não gosta de ninguém. Me fala que você não achou nenhum deles pelo menos pagável?

–Na verdade gostei, mas eu nunca “pegaria”- falo fazendo aspas com a mão. - nenhum deles.

–Tá, ta sei. Me fala quem?

–O de camiseta azul. Mais normal.

– De todos aqueles músculos você escolhe logo o menor. Você tem complexo de inferioridade amiga?

–Cala boca Amy, só tem um gosto diferente.

–Péssimo por sinal