Quando é que vão entender que eu odeio ser acordado pelo meu celular tocando ?

– Por que está me ligando no sábado de manhã sendo que moramos no mesmo apartamento, seu desgraçado ? – digo para Jackson.

– Bom dia, Alec! – ele diz animado – Vem pro bar, ele ficou pronto!

– Pensei que era pra mim ver ele na inauguração hoje a noite.

– Vem logo, infeliz.

Desligo o celular e me arrasto para fora da cama.

...

– Como fizeram isso em tão pouco tempo ? – pergunto.

O bar havia mudado quase que totalmente. O balcão foi substituído por um novo todo branco que contrastava com as garrafas exibidas em toda a parede de trás, as luzes foram trocadas dando um aspecto escuro e aconchegante ao lugar, as mesas foram arrumadas pelo salão de maneira organizada e ao lado direito havia um pequeno palco.

– Eu disse, o velho quer mesmo que eu trabalhe.

Jackson transformou um bar moquifado em um lugar que eu frequentaria, tenho que admitir, ele é bom.

– É hoje a noite, irmão! – ele diz animado.

– É! – retribuo sua animação – Isso aqui ta ótimo.

...

Acabo de me vestir e coloco a carteira no bolso de trás da calça.

– Jackson! – grito indo para a sala – Está pronto ?

– Eu já to aqui – ele diz do sofá.

– Ata, vamos.

– Vamos.

Saímos do apartamento em direção ao estacionamento, entro no carro enquanto Jackson sobe na moto. O bar não é muito distante do apartamento, por isso em pouco tempo chegamos, daqui duas horas vamos abri-lo.

– Vamos checar logo as coisas – Jackson diz animado.

Chegamos tudo, estoque, funcionários, tudo o que tínhamos para fazer, então duas horas depois, nós abrimos as portas, e para nossa quase surpresa, estava lotado de gente, a maioria pessoas da faculdade.

– Parabéns, ficou ótimo! – uma garota sorridente diz para mim.

– Obrigado – respondo com o mesmo sorriso.

– Seu nome é Alec, não é ?

– Sim, é sim.

– Legal, eu me chamo Anne – mais um sorriso radiante.

– É um prazer, Anne.

Nós conversamos um pouco, ela está no segundo ano de administração apesar de não lembrar de tê-la visto antes. Anne se afasta para fica com as amigas, mas tenho certeza que em pouco tempo estará de volta.

Desvio o olhar e vejo a garota estranha do dia em que comprei o bar entrando pela porta, ela está usando a mesma calça jeans, só que usa uma camiseta cinza larga demais para seu corpo magro e tênis pretos, o cabelo está preso em um rabo de cavalo armado e ela está ao lado de uma ruiva espetacular. A ruiva cumprimenta várias pessoas arrastando a menina atrás que apesar da aparência medonha conversa com as pessoas sem o menor problema, ela olha em volta e novamente seus olhos param em mim. Odeio quando ela faz isso. Ela desvia o olhar e volta conversar com as pessoas, mas de vez em quando seus olhos voltam para mim. Vou para perto de Jackson, longe do ponto de vista da menina.

– Por que aquela ali está aqui ? – aponto para a menina – Achei que só tivesse convidado gente que valia a pena.

– A Mindle? Eu não chamei, mas chamei a amiga dela – ele sorri largamente ao falar da ruiva.

– Não tinha um jeito de chamar a ruiva sem chamar a amiga estranha dela? Ela fica me encarando.

Jackson dá um risada alta – Acho que ela se apaixonou, meu amigo.

– Alec – uma voz aguda me chama antes que eu xingue Jackson.

Anne se joga em cima de mim com os braços em volta do meu pescoço.

– Estávamos conversando sobre o que mesmo ? – pergunta.

– Sobre você – sorrio largamente levando-a de volta para as banquetas na frente do balcão.

Não demora muito para Anne e eu estarmos nos beijando sem se importar com a pessoas envolta, seus braços estão apertados em volta do meu pescoço e os meus puxam seu corpo para perto do meu.

– Uma água, por favor – a voz chama minha atenção.

A garota que Jackson chamou de Mindle está parada ao meu lado enquanto Anne beija meu rosto e meu pescoço, ela se encolhe para o lado desviando dos movimentos dos braços de Anne.

– Rápido, por favor – ela pede.

Mindle evita olhar para o lado e fica olhando fixamente para as garrafas no fundo, quando sua água chega ela quase corre para longe de mim e Anne.

– Já chega – digo segurando Anne pelos braços.

Ela me olha confusa.

– Não to no clima hoje – saio de perto de uma Anne confusa e vou até o banheiro.

Eu nunca havia ficado com vergonha do meu comportamento como eu fiquei hoje, a garota pode ser uma baranga, mas me incomodou o jeito como ela desviada de Anne e como olhava fixamente para as garrafas no fundo.

Que diabos estava acontecendo comigo ?

...

– Lucro, meu amigo! – diz Jackson animado ao fechar a porta do bar.

– Lucro! – respondo animado – Mas amanhã, agora eu só quero dormir.

– Tá doente ?

– Não, estou cansado.

– Não estava cansado quando estava se esfregando com a Anne.

A garota se desviando vem de novo na minha mente.

– Era a Anne, né Jackson – digo com um sorriso mandando o pensamento para longe.

Entro no carro e assim que fecho a porta Jackson passa com a moto do meu lado.

– Vá se ferrar! – grito para ele enquanto ri.