“Vamos Luiza, toma vergonha, uma roupa, dever ter pelo menos UMA”. Eu havia passado a semana toda pensando no sábado, e agora havia chegado, tuts tuts, mini infarto, não tenho UMA roupa decente para vestir, ah que maravilha, okay, não sei o que faço.

Vou descrever a situação do meu quarto: o guarda roupas escancarado, roupas espalhadas pelo chão e pela cama, penduradas nas coisas e eu não sabia o que vestir. Bom, não tenho tanta roupa assim, mas daquele jeito parecia que tinha bastante, e ao mesmo tempo nenhuma, eu realmente estou ficando louca com tudo isso, me joguei na cama bufando entre roupas e cobertas (eu não havia nem arrumado a cama) quando vi meu vestido azul, tinha um decote nas costas com renda, ia até o joelho e me deixava magra, eu simplesmente havia esquecido que ele existia, a mais de um ano ele estava guardado para uma ocasião importante, caramba que sorte, agora era só socar as roupas no guarda roupas, arrumar o cabelo e o sapato, um batom e pronto (não costumo usar maquiagem, mas hoje vou), olhei no relógio e eram 02h35min. Da tarde.

Ás cinco eu já estava pronta, ah como demorei para conseguir ficar assim, meu Deus eu estou muito bonita, o cabelo está cacheado nas pontas e preso de um lado, o vestido me valoriza, deixa com curvas e cintura bem delineada, para uma garota de 16 anos eu estava bem “o primeiro encontro a gente nunca esquece” pelo menos era o que diziam, eu realmente quero que saia tudo perfeito, um batom vermelho que combinava com o tom da minha pele, só um delineador nos olhos para marcar e pronto, eu me sentia outra pessoa, mais confiante, não sei, essa diferença me deixou confusa, eu ficava bem daquele jeito, talvez até pudesse ser mais assim, talvez, quem sabe...

A campainha tocou, eu estava no quarto lutando com o salto, não era alto, mas um pouco desconfortável, minha mãe gritou da sala para mim descer, Carlos havia chegado, eu estava morrendo de medo de tomar um tombo no meio do caminho, então andei o mais devagar e elegante que pude (não deu certo). Eu tropecei na primeira escada, nem sequer olhei para eles, estava focada no chão, cada passo eu temia que rolasse escada abaixo, e eu garanto, poderia rolar escada a baixo a qualquer momento. Quando estava quase lá em baixo olhei para ele, eu não havia visto antes, era costume olhar só seus olhos, sua roupa estava impecável, um sorriso perfeito, olhava para mim com um olhar diferente, mas sempre aquele sorriso, me espreitava com um olhar sedutor, ah se eu pudesse agarra-lo e beija-lo naquele momento, mas se eu nunca tive coregem nem de dizer oi a ninguém sem gaguejar e parecer uma completa idiota, quer dirá fazer uma coisa dessas. Cheguei á salvo do chão por enquanto sorri a minha mãe depois abracei Carlos carinhosamente “OH MY GOD ELE ESTÁ CHEIROSO... MUITO MUITO CHEIROSO, EU JÁ DISSE QUE SOU APAIXONADA PELO CHEIRO DESSE HOMEM?” ele me tirou do abraço e pegou em minhas mãos me “analisando”, eu levantei uma sobrancelha e ele sorriu.

– você esta linda Lu – disse ele parecendo escolher as palavras, talvez eu não estivesse linda, talvez fosse à presença da minha mãe, ou talvez fosse só a minha paranoia rolando solta outra vez, sei lá, mas era alguma coisa.

– É, obrigada... – fiquei calada por um momento depois completei – você também está lindo!

– Ah querida, isso eu sei. – que homem é esse meu Deus, só pode ser brincadeira, eu me dei ao luxo de acenar com a cabeça e sorrir enquanto ele se despedia da minha mãe com as bobagens que ele falava tipo “Tchau sogrinha, algum dia talvez voltaremos” e beijando as costas da mão dela, eles eram mais amigos do que eu imaginava, isso parecia ser ótimo, e talvez fosse, já comentei que sou meio paranoica? Enfim, nos despedimos e saímos para o encontro, meu encontro, meu e dele, nosso encontro, AH CARA MEU PRIMEIRO ENCONTRO!