A Separação: Relato de um Espadachim escrita por Madruga


Capítulo 2
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Opa... Fala aí galera, demorei muito para postar a continuação desta fanfic... Culpa das provas da minha escola que me desgastaram agressivamente u_u.

Por isso e por outros motivos, não gostei muito do resultado, mas espero que vocês não pensem o mesmo.

Ah!!! Também quero agradecer a todos que leram e comentaram o primeiro capítulo desta história. Ela continuou por causa de vocês.

Abraços e boa leitura!



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Foi a primeira vez que vi Chopper tão perturbado.

A rena corria desesperadamente. Ao ver a situação — que se mostrava aflita — sua primeira reação foi transformar-se no Point Humano e retirar Luffy do lugar.

O capitão gemia e chorava, balbuciando palavras sem sentido. O meu comportamento não era diferente — apesar de ser frio e inclemente em muitas situações — não pude conter as lágrimas. De início, um pesar descontrolado atingiu o meu coração com tamanha profundidade do qual não poderia ser descrito com palavras. O tempo parecia travar e a minha mente focava apenas no ocorrido. O meu espírito — de pouco em pouco entrava em devaneio — e tudo passava a ser enxergado erroneamente. Ouvia sussurros ao meu redor. A minha visão embaçava.

Tchibum!!! — Um acúmulo líquido sobre minhas vestes. Eu havia desmaiado. À minha frente, um Usopp preocupado, que segurava um balde de água recém-descarregado. De prontidão — o atirador ofereceu a mão — e fui erguido rapidamente.

Eu refletia. Refletia muito em pouco tempo. Os fatos discorriam à minha frente — juntamente com indagações. Como aquilo aconteceu, por que, quando?!

Eram muitas perguntas sem respostas e eu não conseguia ponderá-las.

— Raiva! Angústia, ódio, dor! — Surrei o chão, e a dor me trouxe de volta à realidade.

A rena se apressava para fazer tudo o que podia, utilizando a sua melhor e mais prática destreza e habilidade médica. Contudo — Chopper era um só. Em um breve espaço de tempo, precisaríamos de um suporte. E bem, eu seria esse suporte.

— Zoro...! Preciso que me ajude a carregá-la até a mesa. — Ao urrar, o médico segurou Nami pela cabeça. Observei a situação e larguei as espadas da cintura, me despachando ao socorro.Somente agora — relatando isso — realizei como fui imbecil. Perdi tempo cogitando suposições sobre o que ocorrera. Se eu obtive algum ensinamento com tudo isso, era que cada segundo importava. Nami ainda poderia estar viva!

— Um, dois, três! — Ao final da contagem, reunimos forças para alçá-la. — Sangue escorria entre minhas mãos e lágrimas despencavam nas mesmas. Em todos os meus anos lançado ao mar — esta era, sem dúvidas — uma das cenas mais insuportáveis que poderia presenciar.

Brook, que chegara há pouco, varreu todo o conteúdo que estava sobre a mesa. Pratos, talheres, lenços e vasilhas — estas últimas repletas de iguarias preparadas na mesma noite. Todas despejadas. Assim como nossas emoções — tudo ia ao chão — liberando espaço para o corpo empalecido da navegadora.

Ao ver o que a situação requeria — Sanji apressou-se — e na primeira oportunidade atirou o Kit Médico em direção à Chopper. A maleta sobrevoou o espaço e Nico Robin a agarrou de imediato — transferindo o objeto de mão em mão — até alcançar a rena.

Todos trabalhavam vigorosamente, formulando um ciclo perfeito de cooperação. Aquilo nunca tinha sido visto. No fundo de cada coração — de cada tripulante — um sentimento de esperança era dilatado. Mal sabíamos que logo isso seria esquecido.

Chopper pôs a mão no pulso da ruiva esvaída e os seus olhos saltaram.

— Os batimentos cardíacos... — A fala da rena foi desequilibrada, molestável e normativa. Seu rosto esbanjava decepção. De qualquer forma, desistir não era algo que ele pretendia. Abriu o Kit, e meteu a mão à procura de um medicamento.

Eu fui o primeiro a entender. E — portanto — não hesitei. Aproximei-me avidamente e retirei a blusa da paciente, deixando um enorme corte à vista. Era profundo. Localizava-se abaixo do umbigo. De imediato, a preocupação me abalou... Aquilo estava horrível.

Chopper — tremendo — aplicou algum tipo de pó sobre o ferimento e pediu para que pressionássemos. Toda a tripulação pôs-se ao redor e nossas mãos uniram-se. A mim, outra tarefa foi designada — deveria estender as mãos contra o tórax da ruiva. Num movimento desestimulante de vai-e-vem.

Eram todos contra um corpo. Aplicávamos solavancos poderosos. E o silêncio reinava, exceto pelos ruídos que eram efetuados e o barulho das ondas.

Bastou alguns segundos para o início de uma chuva torrencial.

Afastei-me da mesa — me retirei da sala — e olhei em direção ao horizonte, cabisbaixo.

Nami não reagira. Seu corpo estava quieto como nunca. Pálido como um fantasma.

...

Ninguém dormiu aquela noite. Após a confirmação do óbito, Luffy se trancou no quarto dos homens e socou a parede da embarcação — numa inútil tentativa de descontar o seu ódio. Franky foi o primeiro a se conformar — ou pelo menos — foi o primeiro que não se esqueceu das necessidades cabíveis. O ciborgue apossou-se do leme e ancorou o Thousand Sunny — afinal — já não tínhamos mais alguém para navegar.

Ah.

Antes de prosseguir, quero dar uma breve pausa para alertar você — leitor — sobre o "passar do tempo" deste relato. Apenas para que se mantenham atentos — permita-me explicar.

Basicamente, no dia 20 de Setembro, aproximadamente às 03h00min da madrugada — senti o primeiro tremor que me conduziu a checar o resto do navio. Todo o decorrer do procedimento para tentar salvar Nami durou cerca de 30min. Mas como já comentei, não dormimos!

Eu diria que neste momento — no qual Franky assumiu o leme — eu estaria acordado há umas 30-35 horas. Estava debilitado! E ainda mais, totalmente abalado e indignado com os acontecimentos decorridos.

De qualquer forma, voltemos à narrativa!

Ao meio-dia, nos reunimos com a intenção de enfrentar os fatos. Muito precisava ser discutido — desde o sepultamento do corpo — ao mistério de quem a assassinara.

— Eu vou queimá-lo. — Sanji cortou o silêncio. Seja quem ou o que, o cozinheiro estava disposto a cortar o mal pela raiz. Mas isso não era possível na ocasião — visto que nem sabíamos o que de fato ocorrera.

Todos o olharam. Figuras encabuladas e desestimuladas.

— Não, Sanji-kun. — Robin o respondeu. Na sua face eram visíveis algumas olheiras e marcas de uma noite não dormida. Apesar de tudo — Nico Robin foi provavelmente — a pessoa que mais sofreu a perda da tripulante. O seu comportamento misterioso não foi o suficiente para não deixá-la afetada. Entretanto, sua mentalidade fora. A arqueóloga sabia das prioridades e da sua importância naquele momento. Ela era a única que não seria engolida ou ofuscada pelo rancor.

— Irei desvendar isso, custe o que custar. E então, somente então, vingá-la será uma escolha. Mantenhamos a calma; suspiremos; e partamos às respostas. — Por fim, Robin virou-se para o capitão, este que se apresentava mais furioso do que qualquer um. — Luffy, este bando é seu. Portanto, te pergunto, o que faremos agora?

Monkey D. Luffy retirou o seu clássico chapéu de palha da cabeça — e o pousou na superfície — amassando contra o tórax. Recordo bem do meu espanto. Fosse aos inúmeros combates contra nossos inimigos, ou até mesmo na bestial rixa contra Usopp, em tempos distantes... Luffy nunca esteve tão conturbado. Com tamanha indignação — maior do que em qualquer outro momento — um marcante discurso foi proferido. Nunca esquecerei.

— Eu... Eu não vou desistir. — Ergueu o rosto excepcional. — Há dois anos, quando me lancei ao mar, fui disposto a encontrar o One Piece, e isso farei. Perder Nami é... — Um curto silêncio. — É... Como perder uma das melhores pessoas que conheci em toda a minha vida. Não sinto tanta tristeza desde a morte do meu irmão, naquela maldita guerra... Após o que aconteceu ontem, meditei por muito tempo. — A partir deste instante, os olhos do capitão umedeceram-se. — Mas... Já me decidi. O corpo da Nami será lançado ao mar — assim — a sua alma continuará no lugar em que pertenceu e viverá essa jornada conosco... Até o limite desses mares.

...

Comoção. Essa é a melhor palavra que pode descrever o que o curto — mas poderoso monólogo do nosso capitão causou às nossas mentes. Luffy reuniu as melhores intenções para proclamar esta decisão — cumprida no mais tardar.

O corpo foi despejado às cinco da tarde. Com ele, foi enviado simbolicamente um pincel, um conjunto de tintas, uma folha em branco e uma laranja — a fruta preferida da navegadora. O sonho da ruiva era cartografar cada região da qual passássemos, e "entregá-la" os materiais para isso era o mínimo que podíamos fazer.

No momento em que o corpo deslizou — Brook entoou uma canção composta mais cedo — em homenagem à companheira.

Para mim, que presenciei tudo, posso dizer que a parte mais difícil não foi essa — e sim a sequência. Caminhar pelo navio e não ver mais aquela garota era sempre um desânimo. Nami nos animava. Seu jeito, brincadeiras e paixões era algo que sentíamos muita falta...

Encurtando a ópera — caro leitor — o tempo passou. Após dois dias sem a ruiva — por destino ou talvez sorte — conseguimos percorrer uma rota segura.

No dia 22, Usopp avistou pela primeira vez uma gigantesca rocha. E retirando os binóculos do rosto — soltou um berro profundo — que libertou todos da melancolia.

— Terra à vista! — Dançou com o nariz ao relento.


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Notas finais do capítulo

E aí?!



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