A Separação: Relato de um Espadachim escrita por Madruga


Capítulo 3
Exploradores


Notas iniciais do capítulo

Hey, people. De boa, pessoal?
Estou de volta depois de uma longa parada e vos trago outro capítulo da fanfic mais atrasada desse Nyah. :)



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Bolsas sendo preparadas, marmitas ao ponto e mapas nas mãos. Com esse sentimento e vontade de desvendar o incógnito, nos preparávamos para desembarcar em mais uma ilha totalmente desconhecida. E por ser desconhecida, não era, necessariamente, uma ilha inabitada. Muito pelo contrário, estou falando de uma ilha consideravelmente populosa, mesmo se tratando do Novo Mundo.

Desde o primeiro momento em que Usopp pôs a vista no primeiro pedaço de terra que surgiu à frente do Sunny, pudemos entender que o lugar era movimentado — e mais do que isso — era aparentemente uma parada conhecida para os aventureiros que rondavam a região. Sim, muitos navios atracavam ao lado de uma enorme rocha com formato de... Espada?! Isso mesmo. No exato momento em que desvendamos tal semelhança formada magnificamente pela natureza, agarrei com força minhas queridas katanas, formulando pensamentos mirabolantes sobre a região.

Apesar de tudo, a morte de Nami não saía da minha cabeça — talvez devido a isso — era quase impossível relaxar e simplesmente se conformar com o mistério não resolvido. Tudo tinha sido muito recente e continuava a me causar indagações. Acho que nos outros também.

Em alguns minutos, pude escutar cochichos na parede ao meu lado, o que me fez encostar a cabeça levemente na fina camada de madeira que separava o exterior do interior do navio. Um interessante diálogo se desenrolava. Nada mais, nada menos, do que Usopp e Franky em um bate-papo intenso. Os dois patetas tentavam trabalhar em sintonia para encostar a embarcação. Sequer pareciam abalados com os fatos recém-ocorridos.

— Franky, pode ir começando a manobrar aqui. — O narigão apontava os dedos para o local desejado, enquanto o cyborg pelejava para navegar com destreza.

— Oe Oe!!! Vamos bater... — Luffy surgiu e jogou-se, inchando com a sua habilidade Gomu Gomu no Fuusen. Isso diminuiu significativamente o atrito entre o casco e a rocha-espada.

Conseguir posicionar o Sunny de imediato foi um feito incrível, e nos fez, finalmente, sentir um grande alívio. Isso porque o balançar da maré estava ficando poderoso. Qualquer um podia sentir que o nível do oceano estava subindo, de tal forma, que, o melhor a fazer no momento era lançar a âncora e partir para terra firme, visando não gerar náuseas nos tripulantes. Chopper se encarregou de realizar este trabalho, a rena usou a sua força para erguer o pesado metal, já preenchido de musgo e objetos da vida marinha — resultado de longas navegações. Enquanto isso, Luffy reunia todos para declarar o que sempre fazíamos ao chegar a uma nova ilha: a divisão em grupos. Surpreendentemente — dessa vez — foi um pouco diferente.

— Gostaria de fazer um pedido. — Robin pôs-se a frente da conversa, levantando a mão. — Eu gostaria de ir sozinha com Zoro. Já combinamos isso anteriormente. — A arqueóloga falou com a maior naturalidade possível.

Sim... Como já disse, fui pego de surpresa. Tínhamos combinado? Eu não recordava de nenhum acordo, mas resolvi permanecer calado, pois do outro lado do círculo um triste cozinheiro içava uma sobrancelha ciumenta. Irritar aquele babaca metido a pegador sempre valia a pena. E quer saber, qual o problema? Nunca liguei para quem me acompanhava. Faço mais o tipo lobo solitário.

Exceto Sanji, todos pareceram aceitar aquilo com certa normalidade. Incluindo o capitão.

— Tudo bem. Então, o restante vem comigo, certo? — Luffy se comunicava com dificuldade. Ele estava excessivamente pesado: nas costas, uma mochila gigantesca; nas mãos, sacolas lotadas de comida; e, por incrível que pareça, kits médicos de Chopper presos à cintura (ele insistiu em carregá-los).

Desembarcamos ao som de músicas tropicais. Uma vasta mata pairava à frente. Uma festa parecia estar acontecendo em algum lugar adiante.

Na entrada da ilha, tudo o que precisávamos! Uma bifurcação. Duas pequeninas setas, com nomes estampados em letras caligrafadas, que indicavam excêntricas frases:

— Rá... Que ousado. — Pus um sorriso no rosto.

— Isso é... No mínimo duvidoso. — Robin tocou as placas, com uma enorme interrogação na cabeça.

— Que interessante. Não, não é mesmo...? — Usopp tremia ao ler o conteúdo. — S-Se essa indica a diversão, é claro que é a certa a seguir, não concordam?

A arqueóloga balançou a cabeça:

— Isso parece meio óbvio, mas, e se for uma armadilha?

— Bom, então só há um jeito de descobrir. — Desembainhei a minha Sandai Kitetsu — a espada amaldiçoada — e a clássica espada branca que ganhara do meu mestre. — Cada grupo vai para um lado e a gente vê no que dá.

— Parabéns espadachim de bosta, que ideia original. — Sanji me deu um leve empurrão, se preparando para opinar sobre o assunto. — Conseguem ouvir? — O cozinheiro de merda formou uma concha com a mão sobre o ouvido.

— O barulho de alegria e festa realmente vem da placa que indica diversão. Isso parece bastante verídico para mim.

— Então vamos pra lá, ora. — Luffy meteu o dedo nariz e, simplesmente assim, fez a sua decisão final.

Puxei a minha terceira espada e semicerrei os olhos, perfurando uma das placas. Agora todos prestavam atenção a mim.

— A minha katana escolheu o caminho da morte. E é por lá que eu vou. – Retirei a bandana verde que sempre guardava no bolso e a amarrei. Robin me encarava com um sorriso. Ela sabia que assim como Luffy, eu também tinha feito a minha decisão.

— Então iremos por lá e nos reencontramos aqui ao final da tarde. – Brook, que até agora permanecia calado, resolveu nos organizar. Um papel que seria da Nami.

...

Aproximadamente ao meio-dia, dois grupos de uma mesma tripulação tinham seus caminhos divididos. Eu e Robin seguíamos à direita, em direção "aos que levam à morte". Já Luffy e os outros, rumavam à esquerda, "aos que levam à diversão". A grande pergunta é quem seriam "eles"? Quem levaria ao quê? Era definitivamente uma questão a resolver.

O sol da tarde torrava nossas cabeças. Parei para perceber que o ambiente sobre o qual estávamos marchando era realmente belo. Peregrinávamos por beiras de majestosas cachoeiras, das quais águas eram limpas como o azul do céu. Um céu sem nuvens. Pássaros cantarolavam e haviam árvores dos mais diversos tipos de cores e frutos. Era uma região bucólica e pitoresca. A cada passo que procedíamos, o barulho de fogos e festividade se dissipava — de pouco em pouco — até desaparecer por completo.

— Robin... Por que você quis que eu fosse contigo? — Arrisquei perguntar algo que há muito me questionava.

A arqueóloga deu um tempo para efetuar sua resposta. Um tempo estratégico, que me deixou muito mais receoso.

— É sobre a morte da Nami. — Ela respondeu com as mãos na testa, protegendo a vista do sol. — Eu... Ainda não consigo aceitar.

Olhei atentamente para a morena. Por mais raro que parecesse, seus olhos negros marejavam e na sua face se formava um leve rubor.

— Pare. — Falei desviando o olhar. — Você não deve ter vergonha de chorar. Também já senti muita dor aqui dentro, apesar de não expressar isso com lágrimas. Quer queira ou não, Nami era uma das mais antigas companheiras. Quando te conheci, ela já navegava conosco por muito tempo.

Ao cessar a minha fala, um silêncio profundo nos dominou por um período considerável. Durante alguns minutos só escutamos a melodia da floresta. Até que Robin pareceu controlar os seus sentimentos e rever o que iria dizer no princípio:

— Eu... Eu já li sobre essa ilha. — Virei perplexo. — O nome dela é Scharf. Uma ilha muito conhecida pelos piratas do Novo Mundo. Mas o que realmente me preocupa não é isso, e sim o fato de que tenho informações o suficiente para confirmar que existe um grupo desconhecido nesta região. Um grupo que tem como foco assolar viajantes de diversas áreas.

— Entendo... Como os caçadores de recompensa de Whiskey Peak, no início da Grand Line? — Perguntei sem lembrar que Robin ainda não fazia parte da tripulação nesta época. De qualquer forma, ela compreendeu.

— Está falando da Baroque Works, da qual trabalhei? Aquilo não é nada comparado à quadrilha que vive nesta ilha. — Essa fala me fez redobrar a atenção. — A Baroque Works lidava com piratas que a ameaçassem, ou que pusessem os pés nas suas ilhas. Sem falar que era muito mais incapaz do que os assassinos que esperamos encontrar.

— O... Onde você quer chegar com isso?

Robin procurou medir a sua fala, mas foi direta e impactante:

— Acho que esse grupo pode ter sido o responsável pela morte da Nami.

Agora tudo fazia sentido. Robin pediu para que eu a acompanhasse, e assim pudéssemos lidar com esses desgraçados. Ela sabia que quanto menor fosse a quantidade de pessoas envolvidas nisso — melhor seria o resultado. Por isso — entre todos — eu fui o convocado por ela:

Nós compartilhávamos uma característica distinta ao resto do bando... Tínhamos sede de sangue.

...

O sol já estava perdendo a intensidade. Havíamos caminhado por um bom tempo. Sim, eu diria que foi necessário aproximadamente duas horas até aquilo acontecer.

Um zunido letal.

— Cuidado! — Com rapidez, lancei-me ao chão, carregando a arqueóloga comigo. Uma rajada de flechas cortava o ar, cruzando a pequena viela de barro que trafegávamos. Diante do temor e a incrível dificuldade de avistar o arqueiro — ainda mais pela lembrança que Mihawk deixou no meu olho esquerdo — decidi levar a luta na estratégia.

Sussurrei para Robin:

— São muitas flechas — Tentei identificar o atirador entre a vegetação —, e rápidas como um maldito raio. — A arqueóloga estava voltada para um lado e eu para outro — porém — nossas cabeças estavam bem próximas, facilitando a nossa comunicação.

— O que pretende fazer? — A morena perguntou calmamente. Nem parecia estar numa situação de perigo.

Eu sabia o que fazer, mas não confiava cem porcento no plano.

— Quando eu levantar, não vou conseguir defender essa rajada por muito tempo... — A minha fala foi rapidamente sucedida.

— O pegarei o mais rápido possível. — A fala me fez dar uma leve risada. Estávamos conectados. Eu e Robin falávamos a mesma língua.

Com a velocidade de uma cobra ao dar o bote, pus as respectivas katanas nas respectivas posições. Com as mãos e boca carregadas — me ergui velozmente — focando nos disparos.

Com a lâmina da mão direita repelei a primeira seta e a partir daí foi só questão de costume. Estilhaços por todos os lados. Faíscas irrompiam ao meu redor — formadas pelo atrito agressivo entre as flechas e as espadas. Senti um prazer infinito de poder, pois sabia que estava ultrapassando o meu limite e evoluindo como guerreiro. Foi quando a brincadeira estava começando a ficar divertida que me percebi rasgando o vazio.Olhei para o lado e suspirei: Robin já tinha dado conta do sujeito.

— Me larga, sua puta! — De metros de distância, avistei um cara aparentemente selvagem, agonizando raivoso com os braços firmemente confinados aos da piedosa arqueóloga.

— Não iria simplesmente matá-lo. Precisamos de informações.

Concordei ofegante. Robin era mesmo inteligente. Em certos casos, matar realmente não era o mais recomendado.

— E aí rapá, a casa caiu. — Ameacei o indivíduo enquanto o agarrava pelo pescoço. Senti um braço me afastando.

— Calma Zoro, não vê que está exagerando?

— Exagerando? Esse cara tentou nos matar!

— Cala a boca! Vocês que vieram nos matar, bando de animais. — O homem soltou um grito, seguido de um cuspe no meu manto.

Fechei a cara.

— Agora você conseguiu, seu merdinha! — Dei um cascudo com o cabo da espada, tão vigoroso, que fez o bostinha dormir. — Rá... E ainda é loiro que nem aquele cozinheiro amostrado.

Encostada em uma árvore, Robin assistia a cena com um olhar de desaprovação.

...

— O quê?! Então vocês não são os "Encaminhadores"? — O sujeito recém-nocauteado ria como um bobo. Um galo assustador surgia no seu cocuruto. — Muito prazer, meu nome é Maison. Sou nativo desta ilha e líder da tribo Canapa. — Quem se dirigia a mim, com o braço estendido para um aperto de mão, era um cara moreno, com olhos negros como carvão, alguns dentes faltando e uma aparência nem um pouco masculina: descamisado, saia avermelhada e colar florido.

— P-Prazer, Zoro. Somos piratas.

— E eu sou Nico Robin. Outra. — A morena também cumprimentou Maison, prosseguindo com uma pergunta: — Então quer dizer que você nos confundiu com outras pessoas? — O nativo concordou com um dedão positivo. — Poderia nos falar sobre esses "Encaminhadores"?

Maison nos analisou dos pés à cabeça e hesitou por alguns segundos. Por fim, fez sua decisão.

— É melhor que vocês mesmos vejam. — Virou-se para a vasta mata.


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Notas finais do capítulo

Ah, que sono...



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