A Coisa escrita por Liz03
Batidas na porta.
- Lilo, posso entrar? – Marco girou a maçaneta e entrou vagarosamente – Lilo... – Ele disse em direção ao banheiro. Ela não estava lá – Lilo! – Vasculhou o quarto, na esperança de achá-la escondida – LILO! – Mas a “coisa” não estava em canto algum.
O agente desceu as escadas afoito, encontrou Mia e Dona Josi conversando no sofá.
- Vocês viram a Lilo? – O agente estava preocupado – Ela passou por aqui?
- Não – responderam as duas ao mesmo tempo
- Por que? – Perguntou Mia
- Ela sumiu, não está em lugar nenhum – O rapaz sabia o por quê da criatura não estar ali, a culpa era absolutamente dele. Culpado. Culpado. Culpado. Como pôde magoar um ser puro,tudo o que essa criatura fez foi demonstrar-lhe carinho,ele era o errado, a razão que levara a “coisa” a fugir.
Marco sabia o quão difícil era procurar pela criatura, sabia também que mesmo que a encontrasse, ela não voltaria se não fosse essa a vontade dela. Pensou em pedir ajuda a Grael, mas não podia esperar, tinha que fazer algo rápido. Saiu percorrendo a cidade, Mia também foi e Dona Josi ficou em casa caso ela voltasse. Procuraram nas ruas, praças, lojas, entre becos, vasculharam um terreno baldio. E nada.
- O velho curral, claro! – Marco teve a idéia quando já não restavam lugares para procurar.
Parecia tão obvio, o velho curral. Foram lá hoje, ela sabia onde ficava, e deveria saber que era seguro ali, afinal o agente a levara para lá. Os irmãos correram até a colina, entraram no curral. E lá estava...a palha, as baias para os cavalos, tudo como de manhã, mas a “coisa” não estava ali. O rapaz ainda tentou achar uma pista, um rastro, um fio de cabelo, qualquer coisa que mostrasse que a criatura estivera ali, nada. Haviam vasculhado toda cidade, e já era tarde da noite, chovia.
- Vamos voltar Marco – Mia pôs a mão no ombro do irmão – Ela é esperta vai voltar quando estiver pronta, mas agora...agora ela está magoada, vai passar...
- Eu não vou! – Marco estava nervoso – Volte se quiser, eu não paro até encontrá-la.
- Marco...
- Não. Volto – O agente interrompeu a irmã.
- E se ela estiver lá? – Mia tentava animá-lo – E se estivermos aqui à toa?
- Ta bem, eu vou para vê se ela voltou – O rapaz concordou – Mas se ela não estiver lá, eu saio pra procurar de novo.
Percorreram o longo caminho até a casa, a porta estava aberta. Dona Josi estava parada na sala de pé.
- Ela voltou mãe? – Mia olhou para sala e depois para a escada.
Dona Josi disse que não com a cabeça.
- Eu vou voltar – Marco já caminhava para a porta.
- Marco se acalme – Mia o puxou pelo braço – Não a encontramos antes, por que acha que vai encontrá-la agora?
-Por que eu tenho que encontrá-la, por que eu preciso encontrar a Lilo – O agente estava no apogeu da culpa..
- Mas você precisa ser racional, OK?! - A moça segurou a mão do irmão – Vai que ela está fugindo da gente, e se ela se perder...Não é melhor esperar que ela volte sozinha...
- E se ela não voltar – Marco mirou a irmã
- Então, vai ser o que ela escolheu – Mia suspirou e soltou a mão de Marco, que olhou para a porta mas caminhou na direção oposta.
Sentado no sofá com a cabeça baixa, o rapaz remoia sua culpa. Pensava que talvez fosse melhor para ela assim, viver livre e não precisar aprender a ser humana. Mas e se a descobrissem? Se aqueles idiotas colocassem suas mãos nela de novo? Então a culpa seria toda dele. Ela estaria perdida e ele causara isso. Culpado. Culpado. Culpado.
Mas não havia outra opção, agora era esperar, e torcer para que Lilo estivesse bem. Marco sabia que um bom banho quente acalmaria sua cabeça, mas ele estava nervoso de mais para se acalmar. Conseguiu tirar a camisa e lançá-la com força em um canto qualquer, os tênis foram arremessados com violência e logo depois lá se foram as meias. Jogou a se próprio na cama e com o travesseiro por cima do rosto, gritou sem ser ouvido. Se ele tinha um inimigo mortal era ele mesmo, teve vontade de bater com a cabeça na parede, somente para saborear o estrago.
Estalo.
Instintivamente o agente tirou o travesseiro do rosto, para ver o que produzira aquele som, estava ali, um ser meio curvado, a iluminação do quarto não era das melhores, mesmo assim o rapaz reconheceu as mechas ruivas , a Lua também fez sua parte, refletindo sua luz sobre os olhos azuis
-Lilo – Marco levantou, ligou a luz para confirmar sua miragem. Era ela. – Ah Lilo – O agente abraçou a criatura com força, ela agüentava – Me desculpe, me desculpe – Ele acariciou as costas da “coisa” – Eu sou um idiota, um grande idiota.
Mia e Dona Josi também foram atraídas pelo barulho e adentraram o quarto do rapaz.
- Lilo – Mia correu e também abraçou a criatura que continuava imóvel.
- Minha querida, Deus seja louvado – Dona Josi repetiu o gesto, a “coisa” não se mexeu.
- Você me desculpa? – Marco beijou a bochecha da criatura. Ela nada disse. Nada fez. – Por que você está sim, hein?! – Marco acariciou o rosto da “coisa” – Fala, por favor.
A criatura olhou para o agente, seus olhos estavam afogados, ela ainda estava magoada.
- Droga Lilo! – Ela estava realmente magoada, lembrava do que ele havia dito mais cedo. Uma lágrima desceu, contornando seu rosto.
- Não Lilo – Marco enxugou a lágrima, precisava concertar o estrago que havia feito – Não chore...
- Droga Lilo – A “coisa” puxou o próprio cabelo, estava com raiva de si – Droga Lilo!
- Não, não faz isso...- Marco segurou os pulsos da criatura, embora ela pudesse se soltar com facilidade, não o fez – A culpa é minha Lilo, minha. Eu chateie você porque eu sou um bobo.
- Não verdade – Lilo discordou – Lilo burra, burra. Marco bom e Lilo burra.
- Você não é nada de burra – O rapaz parou a argumentação – Onde você aprendeu a falar assim?
- No livro – A “coisa” mostrou o volume que ela havia deixado na borda da janela. O exemplar de “Aprendendo a ler” estava mais uma vez presente. – Isso não importante – A criatura continuou – Lilo feia, feia. Lilo beijar você e você bravo. Lilo má – Outra lágrima
-Ah – O rapaz estava surpreso com o desenvolvimento do vocabulário da criatura, mas não podia deixar que ela continuasse pensando assim – Não Lilo, não! – A “coisa” calou – Você é a pessoa mais especial que eu já vi, você é maravilhosa, você é esperta e linda. Lilo eu fiquei bravo comigo e não com você. O seu beijo Lilo é...maravilhoso, você não fez nada eu não estou bravo com você to bravo comigo mesmo.Não chore Lilo – O agente passou o dedo do olho até o queixo da criatura – Você me perdoa? – Ele segurou o rosto da “coisa” com as duas mãos para que ela olhasse para ele – Por favor...
- Marco não bravo? – Lilo olhou desconfiada
- Não – O agente respondeu.
- Lilo burra, feia e droga Lilo? – A “coisa” perguntou.
- Não, claro que não – Marco acariciou o rosto da criatura que mostrou um sorriso contente.
- E...- Lilo olhou para baixo receosa
-Fala – O rapaz apoiou a criatura
- Lilo beijo ruim? – Ela ficou séria.
- Lilo, seu beijo é uma delícia, é maravilhoso - O agente sorriu.
Lilo não esperou mais, deixou uma mão no rosto do rapaz e outra agarrada aos cabelos da nuca do agente, e com sua boca comprimiu o lábio inferior dele. Ela se afastou para ver a reação dele, esperando que não fosse a mesma da manhã, e não foi. O rapaz sorriu e respondeu.Envolveu a cintura da ruiva com um de seus braços e com o outro acariciou a face da criatura. Sorriso, a “coisa” estava gostando, mas ficaria melhor. Marco se aproximou e lentamente beijou a boca de Lilo.
- Mamãe vamos descer porque o clima aqui ta esquentando – Mia segurou o braço da mãe.
- Vamos querida, vamos – Dona Josi riu contente.
O beijo durou mais do que um beijo humano normalmente dura. Mas nenhum limite existia mais. Nada detinha a felicidade da criatura, como se fosse bombeado o sentimento se espalhou pelo corpo de Lilo. A “coisa” estava feliz.
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*** E aê? Até eu achei ese cap maio chatinho
Coments--> Prox Cap Bjao