A Coisa escrita por Liz03


Capítulo 6
Droga Lilo!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/54087/chapter/6

 


Batidas na porta.


 


- Lilo, posso entrar? – Marco girou a maçaneta e entrou vagarosamente – Lilo... – Ele disse em direção ao banheiro. Ela não estava lá – Lilo! – Vasculhou o quarto, na esperança de achá-la escondida – LILO! – Mas a “coisa” não estava em  canto algum.


 


O agente desceu as escadas afoito, encontrou Mia e Dona Josi conversando no sofá.


 


- Vocês viram a Lilo? – O agente estava preocupado – Ela passou por aqui?


- Não – responderam as duas ao mesmo tempo


- Por que? – Perguntou Mia


- Ela sumiu, não está em lugar nenhum – O rapaz sabia o por quê da criatura não estar ali, a culpa era absolutamente dele. Culpado. Culpado. Culpado. Como pôde magoar um ser puro,tudo o que essa criatura fez foi demonstrar-lhe carinho,ele era o errado, a razão que levara a “coisa” a fugir.


 


Marco sabia o quão difícil era procurar pela criatura, sabia também que mesmo que a encontrasse, ela não voltaria se não fosse essa a vontade dela. Pensou em pedir ajuda a Grael, mas não podia esperar, tinha que fazer algo rápido. Saiu percorrendo a cidade, Mia também foi e Dona Josi ficou em casa caso ela voltasse. Procuraram nas ruas, praças, lojas, entre becos, vasculharam um terreno baldio. E nada.


 


- O velho curral, claro! – Marco teve a idéia quando já não restavam lugares para procurar.


 


Parecia tão obvio, o velho curral. Foram lá hoje, ela sabia onde ficava, e deveria saber que era seguro ali, afinal o agente a levara para lá. Os irmãos correram até a colina, entraram no curral. E lá estava...a palha, as baias para os cavalos, tudo como de manhã, mas a “coisa” não estava ali. O rapaz ainda tentou achar uma pista, um rastro, um fio de cabelo, qualquer coisa que mostrasse que a criatura estivera ali, nada. Haviam vasculhado toda cidade, e já era tarde da noite, chovia.


 


- Vamos voltar Marco – Mia pôs a mão no ombro do irmão – Ela é esperta vai voltar quando estiver pronta, mas agora...agora ela está magoada, vai passar...


- Eu não vou! – Marco estava nervoso – Volte se quiser, eu não paro até encontrá-la.


- Marco...


- Não. Volto – O agente interrompeu a irmã.


- E se ela estiver lá? – Mia tentava animá-lo – E se estivermos aqui à toa?


- Ta bem, eu vou para vê se ela voltou – O rapaz concordou – Mas se ela não estiver lá, eu saio pra procurar de novo.


 


Percorreram o longo caminho até a casa, a porta estava aberta. Dona Josi estava parada na sala de pé.


 


- Ela voltou mãe? – Mia olhou para sala e depois para a escada.


 


Dona Josi disse que não com a cabeça.


- Eu vou voltar – Marco já caminhava para a porta.


- Marco se acalme – Mia o puxou pelo braço – Não a encontramos antes, por que acha que vai encontrá-la agora?


-Por que eu tenho que encontrá-la, por que eu preciso encontrar a Lilo – O agente estava no apogeu da culpa..


- Mas você precisa ser racional,  OK?!  - A moça segurou a mão do irmão – Vai que ela está fugindo da gente, e se ela se perder...Não é melhor esperar que ela volte sozinha...


      - E se ela não voltar – Marco mirou a irmã


- Então, vai ser o que ela escolheu – Mia suspirou e soltou a mão de Marco, que olhou para a porta mas caminhou na direção oposta.


 


Sentado no sofá com a cabeça baixa, o rapaz remoia sua culpa. Pensava que talvez fosse melhor para ela assim, viver livre e não precisar aprender a ser humana. Mas e se a descobrissem? Se aqueles idiotas colocassem suas mãos nela de novo? Então a culpa seria toda dele. Ela estaria perdida e ele causara isso. Culpado. Culpado. Culpado.


 


Mas não havia outra opção, agora era esperar, e torcer para  que Lilo estivesse bem. Marco sabia que um bom banho quente acalmaria sua cabeça, mas ele estava nervoso de mais para se acalmar. Conseguiu tirar a camisa e lançá-la com força em um canto qualquer, os tênis foram arremessados com violência e logo depois lá se foram as meias. Jogou a se próprio na cama e com o travesseiro por cima do rosto, gritou sem ser ouvido. Se ele tinha um inimigo mortal era ele mesmo, teve vontade de bater com a cabeça na parede, somente para saborear o estrago.


 


Estalo.


 


Instintivamente o agente tirou o travesseiro do rosto, para ver o que produzira aquele som, estava ali, um ser meio curvado, a iluminação do quarto não era das melhores, mesmo assim o rapaz reconheceu as mechas ruivas , a Lua também fez sua parte, refletindo sua luz sobre os olhos azuis


 


-Lilo – Marco levantou, ligou a luz para confirmar sua miragem. Era ela. – Ah Lilo – O agente abraçou a criatura com força, ela agüentava – Me desculpe, me desculpe – Ele acariciou as costas da “coisa” – Eu sou um idiota, um grande idiota.


 


Mia e Dona Josi também foram atraídas pelo barulho e adentraram o quarto do rapaz.


 


- Lilo – Mia correu e também abraçou a criatura que continuava imóvel.


- Minha querida, Deus seja louvado – Dona Josi repetiu o gesto, a “coisa” não se mexeu.


- Você me desculpa? – Marco beijou a bochecha da criatura. Ela nada disse. Nada fez. – Por que você está sim, hein?! – Marco acariciou o rosto da “coisa” – Fala, por favor.


 


A criatura olhou para o agente, seus olhos estavam afogados, ela ainda estava magoada.


 


- Droga Lilo! – Ela estava realmente magoada, lembrava do que ele havia dito mais cedo. Uma lágrima desceu, contornando seu rosto.


- Não Lilo – Marco enxugou a lágrima, precisava concertar o estrago que havia feito – Não chore...


- Droga Lilo – A “coisa” puxou o próprio cabelo, estava com raiva de si – Droga Lilo!


- Não, não faz isso...- Marco segurou os pulsos da criatura, embora ela pudesse se soltar com facilidade, não o fez – A culpa é minha Lilo, minha. Eu chateie você porque eu sou um bobo.


- Não verdade – Lilo discordou – Lilo burra, burra. Marco bom e Lilo burra.


- Você não é nada de burra – O rapaz parou a argumentação – Onde você aprendeu a falar assim?


- No livro – A “coisa” mostrou o volume que ela havia deixado na borda da janela. O exemplar de “Aprendendo a ler” estava mais uma vez presente. – Isso não importante – A criatura continuou – Lilo feia, feia. Lilo beijar você e você bravo. Lilo má – Outra lágrima


-Ah – O rapaz estava surpreso com o desenvolvimento do vocabulário da criatura, mas não podia deixar que ela continuasse pensando assim – Não Lilo, não! – A “coisa” calou – Você é a pessoa mais especial que eu já vi, você é maravilhosa, você é esperta e linda. Lilo eu fiquei bravo comigo e não com você. O seu beijo Lilo é...maravilhoso, você não fez nada eu não estou bravo com você to bravo comigo mesmo.Não chore Lilo – O agente passou o dedo do olho até o queixo da criatura – Você me perdoa? – Ele segurou o rosto da “coisa” com as duas mãos para que ela olhasse para ele – Por favor...


- Marco não bravo? – Lilo olhou desconfiada


- Não – O agente respondeu.


- Lilo burra, feia e droga Lilo? – A “coisa” perguntou.


- Não, claro que não – Marco acariciou o rosto da criatura que mostrou um  sorriso contente.


- E...- Lilo olhou para baixo receosa


-Fala – O rapaz apoiou a criatura


- Lilo beijo ruim? – Ela ficou séria.


- Lilo, seu beijo é uma delícia, é maravilhoso  - O agente sorriu.


 


Lilo não esperou mais, deixou uma mão no rosto do rapaz e outra agarrada aos cabelos da nuca do agente, e com sua boca comprimiu o lábio inferior dele. Ela se afastou para ver a reação dele, esperando que não fosse a mesma da manhã, e não foi. O rapaz sorriu e respondeu.Envolveu a cintura da ruiva com um de seus braços e com o outro acariciou a face da criatura. Sorriso, a “coisa” estava gostando, mas ficaria melhor. Marco se aproximou e lentamente beijou a boca de Lilo.


 


- Mamãe vamos descer porque o clima aqui ta esquentando – Mia segurou o braço da mãe.


- Vamos querida, vamos – Dona Josi riu contente.


 


O beijo durou mais do que um beijo humano normalmente dura. Mas nenhum limite existia mais. Nada detinha a felicidade da criatura, como se fosse bombeado o sentimento se espalhou pelo corpo de Lilo. A “coisa” estava feliz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*** E aê? Até eu achei ese cap maio chatinho

Coments--> Prox Cap Bjao