A Coisa escrita por Liz03


Capítulo 7
Bom dia Lilo...




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- Bom dia meninas – Marco cumprimentou a irmã e a mãe – Mia, a Lilo...


- Já vem – A moça interrompeu o rapaz, ela já sabia que ele perguntaria pela “coisa”.


 


O agente se serviu e ao seu lado colocou um prato já preenchido com o café da manhã. Lá estava ela descendo pelas escadas como se flutuasse sobre cada degrau, ela tinha um lindo sorriso consigo.


 


- Bom dia – A criatura disse e sorriu com o próprio avanço no vocabulário.


- Bom dia Lilo – responderam todos.


- Senta aqui – Marco chamou – Já fiz seu prato.


- Ah – Ela olhou a montanha de comida sobre o prato, talvez outra garota ficasse constrangida mas a “coisa” devoraria tudo aquilo com prazer – Obrigada


- De nada – Marco sorriu contente – Olha só como ela ta...toda educadinha...


- Eu educadinha – Lilo riu, e todos fizeram o mesmo não era possível ficar infeliz com um sorriso tão sincero por perto.


 


Tomaram o café da manhã, alguém  batia a porta e Mia foi atender. Dona Josi estava em sua cadeira de balanço olhando para a televisão, Lilo e Marco estavam no sofá.


 


- Vai. Ter. Festa! – Mia se jogou no sofá com um envelope prata em uma das mãos – E a gente vai – A moça se levantou e ensaiou uma dancinha.


- Menina...- Dona Josi sorriu


- Festa de quem? – O irmão perguntou.


- Da filha do prefeito, lembra da Paty? – Mia parou de dançar um pouco.


- Lembro...- O agente estreitou os olhos – Acho que lembro sim.


- Ela era apaixonada por você , lembra?! – A irmã falou mas se arrependeu na mesma hora.


- Apaixonada? – Lilo perguntou, seu vocabulário estava melhor mas não reconhecia todas as palavras – O que é?


- Er.. – A moça de cabelos cacheados começou


- Boa Mia, explica essa agora – O irmão provocou.


- Sabe quando você gosta muito, muito de alguém? – A pergunta foi respondida com um balançar de cabeça positivo – Então, se você gosta, ama tanto essa pessoa que – Mia balançava as mãos frenéticas – Que quando você a vê tudo fica melhor, mas mesmo assim bate um nervosismo, um friozinho na barriga, e você não sabe o por quê – As mãos balançavam mais suavemente agora- E quando vocês estão perto seu corpo esquenta e “o perto” já na é o bastante, você quer mais – Mia se sentou ao lado da criatura que assistia a explicação quieta – E quando você o beija?! Nossa! É bom,  mal acaba e você quer mais, pouca distância é uma imensidão – A moça suspirou – Entendeu?


 


Lilo balançou a  cabeça positivamente, mas depois ficou confusa. Olhou de Mia para Marco.


 


Pensando.


 


- Humm – A “coisa” abriu a boca mas não falou nada.


- O quê? – A professora Mia quis saber para tirar a dúvida.


- Eu...- Lilo coçou a cabeça e olhou para Marco por alguns segundos e depois de volta para a moça – Eu...apaixonada?


 


Silêncio.


 


- Você ...- Antes que Mia pudesse responder Marco a interrompeu.


-Lilo! Você não tem roupa para ir a festa – O agente fingiu uma preocupação.


- Lilo tem muita roupa – A criatura apontou a camisa e dela para o próprio quarto, onde se encontrava seu guarda-roupa com as roupas que Mia colocara lá.


- Essas não são de festa – O rapaz falou com um tom forçado – Para ir à festa você precisa de uma roupa especial – Marco meneou com a cabeça – Não é Mia?


- Especial? – Lilo nem teve tempo de perguntar..


- É – Disse a moça de cabelos cacheados se levantando e arrastando a “coisa” consigo.


 


As garotas passaram o dia fora, Marco se sentiu culpado por forçar a Lilo um dia na presença de uma costureira – na falta de um shopping – tirando medidas e escolhendo tecidos, sapatos, acessórios. Arg! Ela devia estar odiando. A festa era à noite do dia seguinte mas dois vestidos não ficavam prontos rápido, era preciso correr.


 


Mia estava empolgada logo cedo, era raro uma festa – decente – na cidade. Já começou com os preparativos de manhã, escovou o próprio cabelo e o prendeu debaixo de uma touca, o mesmo fez com Lilo, que como um poodle rebelde odiou ser penteada. A tarde vou e logo a noite veio.


 


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Mia era legal, mas eu estava com raiva desse papel mole na minha cabeça, queria o meu cabelo livre, solto como sempre. Logo que escureceu ela nem me deixou comer direito e pior, nem me deixou falar com Marco direito, me agarrou a mão e me puxou escada acima. Tive vontade de fugir e não ir para festa boba e feia nenhuma, mas Mia estava tão contente, como eu poderia dizer a ela que aquela touca estava fazendo a minha cabeça coçar. Marco não parecia estar como Mia, estava mais parecido comigo, sem vontade real de ir a essa festa.


 


Quando Mia terminou de me arrumar pensei ser um presunto novinho, porque o vestido me embrulhava quase toda, deixando livre um grande pedaço de minhas costas e das minhas pernas. Mas se o vestido não fosse roxo, eu seria um belo presunto apertado daquele jeito.


 


- Apertado – Eu disse para Mia que se olhava no espelho.


- É assim mesmo – Ela desviou o olhar para mim – Você está tão linda, maravilhosa – Ela sorriu – Venha ver – Acenou com a mão para que eu me aproximasse, assim o fiz obediente – Olhe só – Ela apontou para meu reflexo refletido no espelho.


 


Meu cabelo estava amarrado num pedaço de metal prata, cheio de pontinhos brilhantes, como era mesmo o nome.....presilha! Isso uma presilha. Contudo, alguns fios estavam do lado do meu rosto eu quis ajeitar mas Mia me disse que assim era sexy, eu não conhecia essa palavra, ela tampouco me explicou, quando perguntei recebi risadas estranhas em vez de respostas, sem entender achei que o presunto devia se calar, eu aprendera muito sobre os humanos nas últimas semanas, observando os que moravam comigo mas principalmente, lendo seus livros. Era mágico. Perturbador. Os humanos eram meio estranhos, sem lógica alguma . Eu vi alguns livros de matemática, física, química, mas era tudo tão fácil, bobo. Lembro que Marco uma vez me deu uma questão de física.


 


“ Essa não é fácil,  nem meu professor nos tempos de colégio conseguiu fazer, então não fique chateada se não conseguir, OK?”


 


Lembro também da cara dele quando eu virei a cabeça e disse a resposta sem ao menos uma conta. Foi engraçado a cara dele. Eu gostava mesmo de livro de histórias, mas Marco só me deixa ler com permissão dele, já que, eu não pude parar de chorar um só segundo quando o Romeu morreu e depois a Julieta. O que deu na cabeça de um homem para escrever uma história em que o amor morre? Humanos complicados...


 


Bufei para o meu reflexo. Estava bonita? Não sabia, Mia me diria se eu estivesse feia?


Eu não sabia se estava bonita mas queria estar bonita, queria falar direito, queria que Marco ficasse contente comigo, os humanos tem uma palavra para isso, queria que ele sentisse orgulho de mim. Meus sapatos eram rasteiros e fechados, uma sapatilha, que não era de bailarina, isso era estranho. Mia queria que eu usasse uns sapatos com um troço grande e pontudo embaixo, mas depois do tombo que eu levei tentando andar sobre aquele acessório estranho, ela desistiu. Minha cara estava rabiscada, eu gostava de desenhar e colorir com os lápis de cor que Dona Josi me deu, mas a Mia gostou de colorir meus olhos, bochechas e até minha boca. Não parecia eu o animal refletido ali, mas em algum lugar era.


 


Descemos as escadas, Mia saltitava, eu gemia. Ela me disse para não abrir muito as pernas por causa do vestido. Eu estava apertada e encolhida, não era a única, meu  pé estava mais apertado ainda. Mas valeu apena, Marco gostou.


 


- Li – lo – Ele disse com um sorriso lindo – Você está... -  Apertada? Encolhida? Um presunto embalado? Ele não disse nada disso – Maravilhosa – Ele correu e pegou minha mão, a pele dele era quente, eu adorava  - Você está linda, sempre foi, mas hoje está....diferente


 


Então vamos para a festa.


 


Fomos todos no jipe. Na verdade a festa não era na cidade, e sim numa outra maior na fronteira. Nunca tinha visto nada parecido, uma grande casa, quase um prédio. Luzes jorravam de canhões, homens de preto estava de prontidão na porta, uma mulher de roupas formais nos atendeu ainda na frente do salão.


 


- Convites? – A mulher era bem alta, agora eu sabia como, olhei imediatamente para seus pés, sabia! Aqueles sapatos esquisitos com um troço pontiagudo estavam lá, a mulher usava uma saia preta, com um blazer preto, cabelos bem puxados para trás num coque. Ela não era velha, mas também não era nova...trinta anos...trinta e cinco talvez? Hum...eu estava ficando boa com humanos.


 


- Aqui – Mia entregou o envelope  que recebera mais cedo.


- Aproveitem a noite


- Obrigada – Mia se apressou, mas olhou para nós esperando que chegássemos.


 


Chegamos ao grande salão. Meu estômago revirou, ele tinha total razão. Eu estava enjoada.O salão era todo rosa, não um rosa suave, não, um rosa enérgico, uma cor reluzente que gritava absolutamente em toda parte. Queria eu que fosse só o rosa a me deixar enjoada, o salão estava cheio de pessoas, todas muito bem embaladas. Homens com uma roupa igual a do Marco e as mulheres estavam todas de vestido, roupas vermelhas, azuis, verdes, amarelas e aquele rosa por toda a parte. Minha barriga gemeu contrariada, meu estômago balançou a comida que estava lá dentro querendo botá-la para fora. Eu tremi.


 


- Calma – Marco segurou minha mão,  e com seu polegar alisou a frente dela – Vai dar tudo certo, não ligue pra ninguém, eu confio em você – Ele suspendeu minha mão e a beijou, depois voltou a posição normal ainda acariciando a frente dela. Eu já estava mais segura de mim.


 


A música era alta e agitada, eu estava zonza, a fumaça branca estava em todo lugar. Não sei como Mia estava conseguindo dançar ali, eu estava quieta ao lado de Marco em uma mesa e mal podia esperar para sair dali, meu pé doía espremido.


 


Uma mulher de cabelos loiros e um vestido , para meu desespero, rosa, se aproximou de nós sorridente.


 


-Marco! – Ela ao lado da cadeira de Marco, ele se  levantou – Lembra de mim? – Ela sorriu.


 


Não gostei dela, tinha um cheiro que fazia meu nariz arder.


 


- Paty, claro que eu lembro – Marco encostou o rosto no dela, de um lado e depois de outro.


 


Eu nunca me senti assim, estava com raiva, irritada, queria que Marco saísse já de perto daquela mulher ruim.


 


- Você está ótimo


- Er...você também – Acho que ele também não gostava dela – A minha mãe... – Ele apontou pra Dona Josi  - E essa é a Lilo – Eu não gostei de ser apontada, muito menos daquela fêmea esquisita olhar para mim. Um arrepio correu minha espinha, levantei a cabeça, a mulher estava me encarando com um sorriso no rosto.


- Lilo? – Ela olhou para Marco- Essa eu não conheço.


- É a mais nova integrante da família – Marco olhou para mim e sorriu, eu tentei responder com um sorriso mas não estava feliz.


 


A noite estava passando devagar. Depois de algum tempo todos se reuniram e cantaram uma música para a tal Paty, fiquei impressionada, todos sabiam a música de có, menos eu claro. Voltamos todos  para a mesa, exceto Mia que continuou a dançar no meio da fumaça.


 


- Como está a vida Marquinho? – Paty pegou meu lugar do lado de Marco. Aquele sentimento estranho voltou, eu queria tirar ela dali.


- Bem, tudo certo – Marco olhou para ela de canto de olho e voltou a olhar para mim com um sorriso cansado. O sorriso cansado eu fui capaz de devolver.


- Quer dançar?


- Ah...Paty, eu não sei dançar – Marco se levantou – Mas vou pegar alguma coisa para bebermos, você quer um refrigerante Lilo?


 


Balancei a cabeça. Marco atravessou o enorme salão, eu me  abaixei para ver se meus pés, ainda estavam lá.  Queria arrancar aqueles sapatos bobos. Não demorou muito e a mulher loira se levantou também, cruzando todo o salão como Marco.


 


- Lilo, tudo bem se eu for ao banheiro  e deixar você aqui? – Dona Josi perguntou receosa.


- Tudo bem – Eu acenei com a cabeça – Lilo fica bem aqui.


- Eu volto já – Dona Josi saiu.


 


Marco estava demorando, tinha se perdido? Melhor eu ir ajudá-lo, mas Dona Josi não queria que eu saísse dali. Eu iria esperar.


 


Nada de Marco.


 


Eu poderia ir rápido e voltar, sim, voltar antes que Dona Josi voltasse. Me levantei, andei em meio a fumaça. Onde ele estava...? Onde eu estava? Muita gente se balançando para lá e para cá. Alguém se balançou muito forte pro meu lado e eu caí desajeitada.


 


- Ai..- pisaram no meu dedo com um daqueles sapatos pontiagudos.


 


Gente, gente...Barulho...Aquele rosa. Marco?


 


Lá estava ele próximo a uma mesa cheia de taças, aquela loira estava lá ao lado dele.


 


-...mas quem ela é afinal, porque ela não é da cidade, não é mesmo? – Ela estava muito próximo dele. Um grunhido saiu de dentro de mim, cerrei os dentes.


-Ela é muito especial, é uma grande amiga


- Amiga? – Ela estava cada vez mais perto, eu também tratei de me aproximar – Só isso..?


- Er...- Mas ela não deu tempo para ele responder, se inclinou e encostou a boca nos lábios dele. Eu petrifiquei. Não. Não. Não. Eu fazia isso, não ela. Marco não gostava de mim de verdade? Ele gostava dela? Tudo que eu queria era não estar ali, não ter visto aquilo. Festa boba.


 


Corri, o mais rápido que aqueles sapatos e aquele vestido me permitiam, eu não sabia para onde ir, estava perdida. Mas a música estava diminuindo, segui para esse lado. A porta. Eu corri mais rápido, consegui  passar.


 


Um som fino e uma buzina alta, um carro  parou bem ao meu lado subitamente.


 


- EI! Sua louca! – Buzina, meus ouvidos doeram – Sai do caminho!


 


Eu corri. Saindo da rua e me aproximando da mata que estava a margem. Rasguei o vestido bobo, arranquei os sapatos e deixei os cair, nada mais importava. Eu havia me esforçado, aturado aquele vestido apertado, aquele sapato que machucava meus pés, deixei a Mia  amarrar meu cabelo naquela coisa brilhosa e deixei que rabiscasse minha cara, nada disso importava. Nada. Eu não era boa, Marco disse que gostava de mim, ele disse. Não gosta. Ele a prefere, a loira fedorenta. Segui pela mata mais e mais, eu queria sumir dali, sumir desse mundo. Desaparecer. O vento soprou em meus ouvidos, eu não me importei. Eu queria morrer.


 


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- Mãe, viu a Lilo? – Marco encontrou a mãe no meio da pista de dança.


- Não, eu fui no banheiro, mas ela me prometeu que ia ficar sentada na mesa – Dona Josi estava nervosa.


- Gente, vocês tão fazendo o que aqui – Mia se aproximou – Mãe você está dançando?


- A Lilo correu, Mia – Marco disse alto para que a irmã ouvisse no meio de todo mundo


 


Marco, Dona Josi e Mia procuraram a “coisa” por todo o salão.


 


Nada de Lilo.


 


Acertaram então, que Dona Josi ficaria na festa ainda procurando ou esperando, eles sabiam que em vão, que Lilo voltasse para lá. Mia pegou o jipe para dirigir até a casa deles, e Marco procurou por perto do salão.


 


- LILO! – O agente gritou o mais alto que pode em meio ao matagal que beirava a estrada – LILO!


 


O rapaz segui até encontrar quaisquer indício de que a “coisa” passara por ali. Assim, encontrou um rastro e pedaços de tecido roxo. Alguém poderia ter machucado a “coisa”, seus sapatos estavam na continuidade do rastro junto com mais pedaços de seu vestido. O agente seguiu o rastro o mais rápido que pode, tinha um bom preparamento físico e o nervosismo lhe ajudou a ir mais rápido. Seu corpo seguiu aquelas marcas na areia e plantas arrastadas quase involuntariamente. Suas mãos suavam, a criatura estava magoada e mais uma vez era por sua causa. Ele não queria que a tal Paty fizesse nada daquilo, por isso a repreendeu a afastando imediatamente seu corpo do dela, nada disso interessava agora, a “coisa” havia entendido o que vira. Nenhum humano poderia correr toda uma rodovia, sem cansar se. O rapaz estava ofegante, mas assim que o rastro se dirigiu a cidade em que eles estavam morando, ele entendeu. Correu mais rápido do que seu corpo permitia, e quando finalmente chegou, parou, respirou fundo e abriu a grande porta do velho curral com cuidado.


 


Estava escuro, algumas cigarras cantavam. Soluços. Um choro abafado e pequenos gritos eram ouvidos. A “coisa” estava ali, distraída de mais para perceber que ele havia chegado. Lá estava ela, o buraco no teto iluminava sua perna abraçada pelo braço. Marco se abaixou. A criatura levantou a cabeça assustada.


 


- Lilo...- Ele tentou aproximar sua mão do rosto dela, mas seu braço foi empurrado.


- SAI DAQUI – Sua voz embargada denunciava seu choro ressentido.


- Lilo, eu não...


- SAI – A “coisa’ empurrou o peito do rapaz, sem a força que tinha na verdade, ela não queria machucá-lo, queria apenas distância.


- Ei, me escute...


-SAI. SAI. SAI – A criatura envolveu a cabeça com as mãos.


 


Marco tentou segurar os punhos dela, mas não tinha força suficiente para isso.


 


- Lilo, eu...- Tentou esticar a mão até seu rosto, e foi mais uma vez repelido.


- SAI!


- Eu gosto de você e você sabe disso – Ele falou alto – Lilo, preste atenção...


- Você gosta dela – A coisa olhou para o rapaz, a luz do buraco mostrou o quão molhados estavam seus olhos – Paty boba, feia! EU ODEIO ELA! – Lilo afundou a cabeça nos joelhos de novo.


- Eu também não gosto dela, escute Lilo, eu não queria que ela tivesse me beijado, por isso a empurrei logo que a boca dela encostou em mim – O rapaz acariciou as mechas ruivas, dessa vez não foi repelido.


- Você não gosta dela? – Lilo levantou a cabeça para olhar o rapaz.


- Não mesmo – Ele segurou seu queixo – Eu gosto de você Lilo.


- Hum..- Ela sorriu, mas logo fez uma cara séria – Não deixa ela te beijar de novo.


- Nunca mais – Marco sorriu – Agora eu já sei que não dá pra confiar nela.


- Não dá – Lilo concordou, a “coisa” não confiara nela um só segundo.


- Posso me sentar do seu lado?


-Pode


- Vem cá – Marco trouxe a cabeça da “coisa” para seu peito e acariciou seu cabelo.


- Marco


-Sim?


- Eu apaixonada – Lilo levantou a cabeça para olhar o agente – Eu gostar de você também – Ela inclinou a cabeça pensativa – Muito.


-Eu também gosto muito de você.


 


Como que por uma atração natural, seus corpos se aproximaram. Lilo mantinha suas mãos sobre o peito do agente. Marco deixou uma mão na cintura da criatura e outra em sua nuca. O beijo foi se tornando mais urgente, Marco desviou se um pouco da boca para beijar o pescoço da “coisa”, ela tinha um cheiro bom, nenhum perfume conhecido, talvez fosse apenas o cheiro dela, muito melhor que qualquer fragrância para ele. Lilo passou sua perna sobre o corpo do agente, de modo que, estava sentada em seu colo. Não se pode dizer ao certo o quanto de controle se pode manter nesse tipo de situação. Marco havia sido treinado durante anos para ignorar necessidades básicas de seu corpo. Contudo, nenhum treinamento havia lhe ensinado a reagir àquele cheiro, àquele corpo, àquela “coisa”. Nada ensinou lhe a ter calma ao acabar de rasgar o vestido da criatura. Ela aprendeu rápido e com um só puxão rasgou a camisa dele. A palha fofa servia de colchão, mas isso era realmente importante? Marco percorreu todo o corpo da criatura, ciente de ter beijado todo centímetro. Lilo nunca havia sido ensinada a respeito de como se comportar em momentos assim, mas seu instinto providenciou tudo. Seu corpo envolveu o do rapaz, com tamanha flexibilidade, sua boca mordiscou centenas de vezes o trajeto do pescoço até a boca . Ela amava cada pedaço do corpo dele, ela queria senti-lo quão perto o limite físico permitisse. Ele desejava aquele ser mais que tudo, sentia que devia protegê-la, guardá-la, e acima de tudo amá-la, o que era muito simples, o amor que ele sentia por ela fazia parte de seu corpo.


 


Já era de tarde no dia seguinte, quando ambos acordaram. Estavam tão próximos, tão entrelaçados, pernas, braços e ancas, tudo misturado.


 


- Bom dia Lilo...


 


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Notas finais do capítulo

***Desculpa a demora pessoal =] Coments --> Caps Bjin