Capitulo III – Alternativas

Surgiram alternativas para a minha situação que eu relutaria em aceitar ou admitir. Esquecer os dois anos mais belos da minha vida seria como retirar o ar que eu respirava, era como cortar as asas de um pássaro que tinha grande anseio em voar, literalmente, esquecer Jamie Sullivan era impossível.

“Podemos recomeçar juntos” aquilo soou em meus ouvidos de um jeito estranho, não entendi naquele momento, como um senhor de seus sessenta anos de idade que não pudera recomeçar na juventude iria recomeçar agora? Não pude compreender a incansável lógica humana.

O Sr.Grey me pediu para que fosse ate sua casa pela manha, disse ele que iríamos caminhar pelas estradas da vida. Sempre pensei que eu era louco, mas encontrei alguém pior do que eu. Mesmo assim eu fui, cheguei a casa dele e toquei a Campânia, ele prontamente atendeu e apertou a minha mão, depois me convidou a sentar.

-diga-me Landon – disse ele sentando-se em sua poltrona – como foi ver-la morrer?

-pra que quer saber? – indaguei irritado – não tenho motivos para trazer isso à tona.

Ele tomou um gole do seu café e novamente disse – diga-me Landon Carter... Como foi?

Viajei alguns anos atrás ate o momento da morte de Jamie.

“Ela estava deitada na cama, o Dr. Smith não tinha noticias animadoras, ela estava morrendo e eu não poderia fazer nada. Ele me abraçou e depois foi embora, me aproximando dela devagar, ela sorria para mim, mesmo que seu sorriso estivesse sido afetado pelos sedativos”.

“Ela me abraçou e chorou junto a mim – passar estes anos contigo foi a melhor coisa que aconteceu comigo, viver ao seu lado e aprender que amar foi algo que me marcou eternamente, isso foi... Foi o melhor presente que você me deu Landon”. Senti naquele momento sua mão escorregando devagar e sua pele ficando esbranquiçada, suas pálpebras estavam fechando-se, não poderia suportar a morte dela.

A chuva caia do céu devagar, por que quando anjos choram ou deixam a terra, o céu chora junto conosco? Agarrei Jamie e a segurei, ela não respirava mais, senti um vazio dentro de mim que me machucava. A Minha Jamie estava morta e eu não pude fazer nada, nada para evitar.

Lembro-me que sai correndo, quebrei a porta com um soco, minha mão estava cortada e sangrando muito, corri ate o meio do campo e comecei a chorar alto, minha vida era inútil naquele momento, torci cada segundo para que um raio me atingisse ou pedras caíssem sobre minha cabeça e me esmagassem como um inseto, mas. Deus não quis que fosse assim.

Aqueles momentos vinham a minha cabeça, eu os contei ao Sr.Grey, ele sabia bem o que era sofrer, naquele momento Ashley entra na sala trazendo um remédio para seu pai, o Sr.Grey era cardíaco e precisava tomar aqueles remédios diariamente, Grey deixou Ashley sozinha comigo e foi ao banheiro.

-quer dizer que você é Landon Carter – disse Ashley – meu pai fala muito de você...

-ele fala?

-bastante, como se vocês estivessem apaixonados – disse ela olhando em meus olhos – não se preocupe, ele já volta.

-sem problemas – murmurei afinal, os olhos dela reluziam os de Jamie, mas não sabia se seu coração era tão puro quanto ao da minha amada. Suspeitei que Grey queria conseguir que sua filha se casasse comigo, uma idéia louca e talvez absurda de um debio intelecto masculino – sei que não é da minha conta, mas... Quantos anos você tem?

-tenho dezenove anos – disse ela mexendo com seus cabelos – e você Carter?

-vinte e três – respondi antes de me recostar no sofá.

-fiquei sabendo da minha prima, éramos muito amigas...

-éramos apaixonados – sussurrei para mim mesmo.

Ela notou o que eu havia dito, mas eu não notei que ela tinha escutado. O Sr.Grey estava descendo as escadas e nos viu conversando, quando vi que ele retornara, decidi despedir-me de ambos e ir para casa – tem mesmo que ir? – indagou Ashley – fique mais... – porem eu não pôde evitar olhar para Ashley era como olhar para a minha Jamie.

Desta forma, decidi voltar para casa, fui embora de certa forma ligeira que fui tropicando em tudo que havia na minha frente. Entrei em minha casa e vi o retrato de Jamie na parede, depois alguns retratos em que estávamos juntos. Aproximei-me da sala e ali estava encostado na parede o mais importante retrato, o retrato do nosso beijo de casamento.

Nunca me esqueci daquele dia, o Reverendo entregou a mim a sua amada filha para que eu cuidasse e amasse em seus últimos anos de vida, suas lembranças começavam a me tirar o fôlego. Quando me aproximei, deixei lagrimas caírem no retrato. O Reverendo Sullivan aproxima-se de mim devagar, ele estava na casa já fazia poucos minutos.

“O que esta acontecendo Landon?” perguntou o reverendo preocupado. “Não posso começar de novo, não sei como explicar Reverendo, apenas sei que Jamie não sai da minha cabeça! Já não é mais como antes. Os dias passam devagar, as horas não querem mais andar, o relógio para estar travado e o tempo parou na minha frente, estou louco para estar novamente com Jamie”.

O reverendo se aproxima e pede para que eu sente. Sentei-me no sofá e ele ao meu lado – filho, eu amava minha filha assim como você, e sei que é difícil aceitar a sua morte, mas você é jovem, você tem vinte três anos. Não quero que você esqueça, mas que não deixe de viver, Jamie iria querer isso. Pensei comigo mesmo, será que ela desejaria isso mesmo? O problema talvez não fosse o que ela queria, mas sim se meu coração estava preparado, se eu estava preparado para tirar aquela aliança de casamento.

“Ate que a morte os separe” essa frase fala bastante comigo todas as noites, ela morreu, mas eu ainda vivo por ela e com ela. O reverendo tinha uma menção interessante sobre um recomeço ele achou viável que eu tentasse encontrar uma alternativa, ele temia que eu pudesse entrar em depressão.

Mas não era a depressão que me atingia. Ele achou que algo deveria me ajudar. Aconselhou-me a sair mais, evitar ficar preso em casa, encontrar uma boa mulher para que eu pudesse casar e tentar recuperar um pouco da felicidade que eu perdi. Aquela situação ainda me deixava confuso, por que o Reverendo Sullivan queria tanto que eu encontrasse alguém? Por que o Sr.Grey tentava tanto aproximar-me da filha dele?

Temi, pois, talvez houvesse algo por trás disso, alguém não estava bem e eu sabia bem disso, mas... Quem? – e quanto a Ashley – indagou Sullivan – por que você não se aproxima dela?

-reverendo – resmunguei – não posso... Não quero... Enquanto Jamie ainda estiver aqui dentro do meu coração, não posso tentar e nem dizer nada.

Despedi-me do reverendo e subi ao meu quarto, quando cheguei, notei que ele estava desarrumado e vazio. Enquanto olhava para as paredes, me lembrava de Jamie com sua camisola branca próxima a janela que dava frente ao matagal, em certo momento pude a ver atravessando o quarto e jogando almofadas em mim, pude ver ela me abraçando e beijando a minha boca enquanto desaparecíamos no ar.

“A mágica acabou” sussurrei para o vazio do meu quarto. “Jamie, minha Jamie... Me de uma luz neste momento” pensando comigo mesmo, me perdi naquele momento de lembranças maravilhosas, não pude conter o choro, eu ri, chorei e me emocionei ao lembrar de todos os nossos momentos juntos. A cada vez que olhava a aliança de casamento, meus olhos ficavam vermelhos de tanto chorar.

“Esqueça e vá dormir Landon” pensei comigo mesmo, me virei de bruços e acabei por pegar no sono.

Continua...