O Tratador de Leões escrita por Last Rose of Summer


Capítulo 4
Capítulo três — primeira visita, primeiro encontro


Notas iniciais do capítulo

GUESS WHO'S BACK.
Nossa, seis meses desde o último capítulo. MAS ESTOU AQUI. VIVA. POSTANDO. SIM.
Esse foi um capítulo difícil. Não que tenha alguma coisa demais, haha, mas só porque, bem, eu comecei a escrevê-lo no dia 25 de abril e só consegui terminar hoje. O que significa que não está betado, então eu agradeceria se vocês apontassem qualquer coisa. Repetições, vírgulas... enfim.
O próximo capítulo é um capítulo cuja ideia me anima, então talvez eu apareça mais rápido dessa vez ;k

Espero que gostem ^^



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O circo era menor do que esperava. Apesar da lona colorida montada, que ele vira do carro, não havia pessoas vestidas de palhaços, música ou doces, como na imagem que fizera na mente. Na verdade, havia somente uma pequena confusão de trailers em volta da única construção de verdade do terreno, e pessoas normais andando para lá e para cá, conversando entre si e ignorando a figura solitária que os encarava com curiosidade.

Caspian ficou parado por um longo minuto, sem saber o que fazer em seguida. Tentava decidir entre ir até aquelas pessoas e se apresentar, para ver se teriam alguma reação, e ir até a cidade comer alguma e decidir o que fazer depois, quando uma das pessoas que ele antes observava veio em sua direção.

— Você deve ser o Caspian! — ela disse com um sorriso no rosto. — Posso te chamar de Caspian?

— Claro. — Ele deu de ombros, e, quando ela começou a andar, seguiu-a por instinto. Era quase óbvio que não estava acostumada com gente nova, porque não fez o menor esforço para mostrar o lugar ou manter uma conversa decente, mesmo que o silêncio não fosse exatamente desconfortável.

As pessoas o olhavam com um misto de curiosidade e desconfiança, e Caspian podia perceber que elas se encaravam entre si quando passava. Ele encolheu os ombros, desconfortável, e se perguntou se sabiam quem era, qual seria a reação deles quando percebessem que seu novo chefe era tão jovem. Além disso, pelo que o advogado dissera, seu tio fora bem querido, o que tornava possível que aquelas pessoas fossem reticentes quanto a ele.

Não estava exatamente ansioso por isso.

A moça que o escoltava, que descobriu mais tarde se chamar Susan, parou diante da construção — uma casa, percebeu assim que se aproximaram. Era relativamente grande, com dois andares. Havia também uma jaula, o que ele não vira antes, lá de cima, mas de onde estavam não dava para saber o que estava lá dentro. Ao perceber seu olhar de curiosidade, a Susan riu.

— Essa é a jaula de Aslan. Ele é o único animal que temos por aqui. Ainda estamos nos acostumando com ele, na verdade. Não é muito simples lidar com um leão.

— Sério? Vocês têm um leão? — E Susan riu do entusiasmo quase infantil, antes de acenar com a cabeça. — Posso pedir ao meu irmão para mostrá-lo para você depois, mas não dá para saber se ele vai estar de bom humor.

Caspian assumiu que ela estivesse falando sobre o leão, mas por um momento não teve muita certeza.




O primeiro andar era principalmente administrativo, e todos os cômodos eram relacionados ao circo, com exceção da cozinha. Havia um escritório principal — onde, Caspian supôs, ele faria grande parte do trabalho —, um escritório menor, uma enfermaria e um depósito. Ele conseguira um breve tour (que não incluíra nem mesmo entrar nos lugares), mas só depois de pedir. Caspian achou engraçado que não tivesse passado pela cabeça dela mostrar-lhe os arredores.

— O segundo andar é mais confortável — Susan disse, mais tarde, parada aos pés da escada. — Há um quarto grande, um banheiro e uma biblioteca. Vou deixá-lo à vontade para explorá-lo. — Ela sorriu, mas Caspian percebeu que ela estava desconfortável. — Você se considera supersticioso? — perguntou de repente, e foi a vez de Caspian rir.

— Não, nem um pouco.

— Oh, bom. — Ela sorriu mais uma vez, e Caspian teve a impressão de que ela sorria com muita frequência. Por algum motivo, isso o incomodou. — Mas acho que você vai ser o único. Você sabe, nós, do circo, somos bastante.

E, com isso, ela se virou para ir embora.

— Espera! — pediu, mas ela não chegou a escutá-lo. Caspian suspirou antes de decidir que, antes de subir, daria ao seu estômago o que ele queria.

Para a sua sorte, não estava longe da cozinha: só a um corredor de distância.

A cozinha era menor do que esperava. Ele assumira que seria uma daquelas cozinhas grandes, com fogões e panelas enormes, que serviam para alimentar muita gente mas, na verdade, estava mais para uma cozinha particular, e parecia muito com a sua própria, no apartamento de sua mãe — pequena e prática.

Caspian se perguntou como eles faziam para alimentar todo mundo com um lugar daquele tamanho, mas espantou o pensamento da cabeça assim que localizou um dos armários. Torceu para que tivesse alguma coisa comestível que não precisasse ser preparada por ali, e não se desapontou ao abrir a porta.

Pescou um pacote de biscoitos, com fome demais para sentir vergonha de invadir a cozinha de uma casa que mal conhecia, e, ao se virar para sair da cozinha, foi surpreendido pela entrada de uma pessoa.


***


— O sobrinho de Miraz é muito bonito! — Susan comentou assim que entrou no escritório principal, adotado como lugar de trabalho pelos Pevensie desde que seu antigo dono adoecera.

Edmund lançou um olhar mal-humorado na direção dela e resmungou alguma coisa sobre ter uma irmã inútil. Tivera a esperança de que Susan viesse com informações importantes sobre a personalidade do novo chefe ou alguma coisa tangível sobre ele, não que só pudesse dizer que ele era muito bonito. Estava curioso para saber se teriam que se mudar de escritório, se teriam um chefe que nunca aparecia ou se ele seria presente no circo.

Desde que recebera a notícia de que não herdariam o circo — mesmo que já esperasse por isso — vinha se sentindo inquieto. Não era somente porque perdera sua figura paterna ou porque teria que lidar com um chefe novo. Já lidara com Jadis, afinal: tinha experiência em lidar com gente problemática. Talvez fosse porque não sabia qual seria o futuro do circo — mas então por que se sentia particularmente apreensivo, naquele dia?

Sem paciência para lidar com sua irmã descrevendo o recém-chegado, Ed abandonou a papelada que estivera organizando em cima da mesa e saiu do escritório — sem falar nada. Apesar da sua curiosidade querer levá-lo para o segundo andar, para ver o tal Caspian, o lugar ainda era muito Miraz e ele não tinha coragem.

Em vez disso, porque queria um pouco de chá, foi até a cozinha…

… e ele estava lá.

Ed não o reconheceu — nunca o vira antes, afinal —, mas era simples deduzir que aquele homem (bonito, sim, como Susan dissera, e mais bonito do que esperara) era o sobrinho de Miraz. Ele parecia uma criança com a boca estufada de biscoito e os olhos arregalados de surpresa, como se tivesse sido pego fazendo alguma coisa errada. Ed soltou um sorriso, que sumiu tão logo ele percebeu que aparecera.

Ainda estava de mal humor, afinal.

— Eu estava com fome. — Caspian soltou em tom apologético, e Ed achou o pedido de desculpas tão cômico que o sorriso voltou. Ele não sumiu tão rápido dessa vez.

Estranho.

— Não se preocupe. — Ed deu de ombros e seguiu para a bancada; pegou a chaleira e o sachê, e lançou um olhar de esguelha para o Caspian que já saía da cozinha.

Ele se parecia ligeiramente com o tio, reparou, principalmente antes de ficar doente. Ambos tinham a mesma maneira e andar, e o rosto com a mesma estrutura. Ed franziu os lábios ao se voltar para a chaleira e perceber que a sua inquietude fora quase toda embora.

Estranho.


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