Retorno a Konoha escrita por BastetAzazis


Capítulo 2
Saudades


Notas iniciais do capítulo

O Chefe da AMBU retorna a Konoha depois de mais uma missão bem-sucedida. Mas voltar para casa sempre lhe traz melancolia.



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Retorno a Konoha

Escrita por BastetAzazis

DISCLAIMER: Os personagens, lugares e muitos dos fatos desta história pertencem a Masashi Kishimoto.

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Capítulo 2: Saudades

Os primeiros raios de sol começavam a iluminar os portões de Konoha quando uma equipe da AMBU retornava de sua missão. Os ninjas chegaram visivelmente cansados e abatidos, embora a missão tivesse sido um sucesso, e seu líder os dispensou para seguirem para suas casas antes mesmo de se reportarem à Hokage. Enquanto seus companheiros voltavam para suas famílias, Uchiha Sasuke seguiu pelas ruas ainda desertas até o memorial dedicado aos heróis que morreram pela Vila Oculta da Folha.

O nome dela estava lá... Haruno Sakura. Já fazia cinco anos, mas a dor que ele sentia no peito cada vez que lembrava da jovem de cabelos rosados não diminuía. Era essa dor que o fazia aceitar as missões mais difíceis e que por mais tempo o afastariam de Konoha. Viver na Vila da Folha depois de tudo o que acontecera era uma tortura; cruzar todos os dias com seus antigos colegas de academia na rua, que ele sabia que silenciosamente o culpavam pela morte dela, era um martírio que ele impunha a si mesmo como punição por sua decisão estúpida de procurar Orochimaru em busca de poder. Ele havia desprezado a força de Konoha, deixara sua equipe em busca de uma vingança que, no fim, não lhe trouxera nem paz, nem conforto. Sakura o alertara sobre isso; ela chorou e implorou para que ele ficasse, mas ele a ignorou. Pensando que a protegeria, ele a abandonou em Konoha e, quando ela foi atrás dele, quando ele finalmente entendeu que precisava dela, ele apenas a levou para a morte.

Quando ela fora até ele pedir ajuda para salvar o Naruto da Akatsuki ele não suportou a idéia de abandoná-la mais uma vez depois de tantos anos longe. Ela estava mais forte e tão determinada em derrotar Itachi que, mesmo sabendo que era uma armadilha, eles partiram sozinhos, sem nenhuma equipe de apoio exceto o time Hebi, atrás do homem que ele jurara matar por vingança. Sim, Itachi estava morto, mas levara Sakura consigo. Depois de matar toda sua família, seu irmão ainda lhe tirara seu único amor.

- Sasuke!

A voz dela ainda ressoava em sua mente, e ele quase podia sentir a mão dela escorregando da sua quando Itachi a puxou pelo abismo criado pela Kyuubi. Colocou as mãos nos ouvidos para tentar inutilmente abafar aquele som da sua mente e deixou que um grito rouco se soltasse de sua garganta, tentando apaziguar a dor em seu peito. Há alguns anos que ele não chorava mais por ela, mas aqueles gritos ainda o assombravam, a voz dela gritando seu nome invadia sua mente diariamente, e parecia que estava ficando cada vez mais difícil não ouvi-la.

- Sasuke!

- ...

- Anou, Sasuke!

O grito ensurdecedor de Naruto o despertou de seus pesadelos. Virando-se para trás, ele foi pego de surpresa pelo abraço do amigo.

- Sasuke! – Naruto berrou em seu ouvido enquanto ainda o abraçava. – Você conseguiu voltar a tempo para a nomeação!

Tentando se desvencilhar do amigo, Sasuke o empurrou com toda força para trás e, levando as mãos aos ouvidos para tentar diminuir o zunido causado pelos gritos, respondeu:

- Chikusho, Naruto! Pare de gritar. Eu não sou surdo!

 Naruto não deixou que a repreensão do amigo desfizesse seu sorriso e continuou:

- A Vovó Tsunade já sabe que você chegou? Ela estava preocupada com sua missão.

- Não – Sasuke respondeu. – Nós acabamos de chegar. Eu dispensei os outros para que pudessem descansar. Como você soube que eu estava aqui?

O sorriso de Naruto desapareceu completamente do rosto.

- Eu não sabia – respondeu. – Eu vim aqui porque... porque hoje faz cinco anos que... que ela...

Ele não completou a frase. Sakura ainda era um tabu entre os dois. Sasuke assentiu com a cabeça, indicando que entendera o que o amigo queria dizer e começou a se afastar do memorial, caminhando em direção à vila.

- Ei, Sasuke! – Naruto correu até o amigo. – Você está bem?

- Eu estou cansado da viagem, Naruto – ele respondeu enquanto caminhava.

- Ah... Eu acompanho você até o escritório da Vovó Tsunade. Ela vai gostar de saber que você voltou a tempo para a nomeação.

- Você deveria parar de chamar a Hokage de vovó, Naruto – Sasuke acrescentou com um pequeno sorriso no canto da boca. – Ou ela vai escolher outro para seu sucessor.

Naruto parou de repente e estreitou os olhos para as costas de Sasuke, levantando uma mão para coçar a cabeça.

- Você acha mesmo? – perguntou.

Sasuke deu de ombros, ainda andando em direção à vila. Naruto resmungou alguma coisa como “invejoso” e apressou o passo para andar novamente ao lado do amigo.

Ele sabia que Sasuke faria de tudo para cumprir sua missão e voltar a Konoha naquele dia. Embora eles nunca conversassem sobre Sakura, Naruto tinha uma leve impressão que os dois sempre estiveram unidos por laços muito mais fortes que apenas amizade. Nas raras vezes que estava em Konoha, Sasuke passava mais tempo naquele memorial que na própria casa, e em todos esses anos, ele nunca se ausentara da vila no aniversário da morte dela.

Para ele, era estranho pensar que o time 7 jamais se reuniria de novo; ao contrário do que acontecera quando Sasuke deixara Konoha, agora não havia mais esperanças de buscar um companheiro perdido. Sakura se fora para sempre, e isso afetava os dois de maneiras diferentes. Enquanto ele voltara a Konoha decidido a treinar e ficar cada vez mais forte para defender a vila e impedir outros sofrimentos como o que a morte da companheira lhe trouxera, Sasuke se isolou cada vez mais. Alegando desejar que o Clã Uchiha voltasse a ter seu papel na segurança da vila, ele prestou os exames chuunin e jounin em tempo recorde, e logo ingressou na AMBU. Sua preferência pelas missões arriscadas e mais afastadas da vila fizeram com que ele facilmente ocupasse uma posição de chefia, trilhando o caminho que seu irmão mais velho havia trilhado quando ainda era um shinobi da Vila da Folha.

Entretanto, o que Naruto não ousava admitir nem para si mesmo, era que seu desejo de treinar cada vez mais, de controlar ao máximo seu chakra e o chakra da Kyuubi que ainda permanecia selada dentro dele, vinha na verdade do medo de que ela se libertasse outra vez. Por mais que Sasuke acusasse Itachi pela morte de Sakura, Naruto sentia-se o verdadeiro culpado. Em primeiro lugar porque deixara se enganar pelo Uchiha mais velho e fora aprisionado por ele, fazendo Sasuke e Sakura correrem para socorrê-lo. Depois, ignorando os conselhos do Kakashi-sensei, quando Itachi estava lutando com o Sasuke, mais uma vez ele usou o chakra da Kyuubi pensando ser a única maneira de salvar seu amigo. Mas a raposa o traiu e conseguiu se libertar, fazendo com que ele perdesse o controle sobre ela e causasse toda a destruição que causou, levando Sakura consigo...

Foi a imagem de Sakura sendo puxada pelo Itachi abismo abaixo que o fizera despertar. O grito dela, mesmo que chamando pelo Sasuke, o trouxe de volta à consciência, mas era tarde demais. Depois daquele dia, ele jamais se permitiu recorrer à força da Kyuubi novamente. Ele não conseguiu salvar a pessoa que ele mais considerava, e isso não poderia acontecer novamente se ele se tornasse o Sexto Hokage.

Os dois amigos continuaram em silêncio seu caminho. Absortos nas suas próprias lembranças, não notaram o grupo de três ninjas da areia que atravessavam os portões de Konoha. Um deles estava gravemente ferido na perna, e o grupo seguiu direto para o hospital.

Continua...


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