Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 77
Certo ou errado, eu quero ter você


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores! Como vocês estão?

Primeiramente agradecer a Cá por ter postado os últimos capítulos pra gente e agradecer vocês por todos os comentários. Amanhã eu irei responder todos! Faz um tempo que estou adiando, mas amanhã farei.

Bom, acabou que acrescentei algumas coisas no capítulo e esse não é o que eu já tinha escrito. Ficou sendo o próximo. Espero que vocês gostem desse mesmo assim, é a continuação da viagem.

Boa leitura!



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O domingo começou cedo sem perdoar os estudantes terem dormido pouco por conta do luau. Após um café da manhã reforçado concluíram o curso de mergulho com alguns exercícios na água. Apesar do Sol brilhando forte e gloriosamente, a manhã permanecia quase fria e houve quem reclamasse de precisar entrar na água. Mas se tratando de adolescentes, o estranho seria se não reclamassem, não é mesmo?

Pedro e Karina não conseguiam disfarçar a felicidade pela noite anterior, sem conseguir desviar a atenção ou os pensamentos um do outro.

Pelo pouco tempo que tinham à disposição fizeram o curso de prática de snorkeling, por ser mais simples e necessitar apenas de uma aula. Os cursos com demais equipamentos de mergulho levam geralmente dois dias e como só ficariam no final de semana, perderiam muito.

A prática trata-se de nadar na superfície com o auxílio do equipamento e observar o fundo, respirando com o auxílio do snorkel, tubo que permite a respiração na superfície sem tirar a cabeça da água. Ao longo do mergulho os alunos poderiam experimentar pequenas descidas ao fundo de acordo com o fôlego de cada um. Como as águas cristalinas eram característica daquela região não perderiam muito do espetáculo subaquático, além de existirem pontos específicos para a prática do snorkeling na região, com menor profundidade.

Os alunos foram apresentados ao equipamento que usariam para o mergulho durante o curso, que no caso seriam as nadadeiras– para melhorar o desempenho e diminuir o impacto na água e assim não assustarem os peixes, a máscara para melhorar a nitidez com que enxergariam embaixo d’água, o snorkel utilizado para respirar enquanto estivem submersos – nesse caso para pouca profundidade, e a roupa de neoprene que era necessária nessa região pelas águas serem muito frias.

Durante o curso aprenderam a melhor forma de utilizar o equipamento, como controlar a respiração para melhorar o fôlego e várias outras coisas interessantes. Sobretudo aprenderam que deveriam respeitar a vida marinha e que não deveriam tocar em nada, os corais por exemplo são muito frágeis e qualquer pedaço arrancado pode levar anos para se recompor, além de que no mar sempre existem muitos perigos desconhecidos como peixes venenosos.

Após equiparem-se a turma reuniu-se na areia para embarcar. Fariam um passeio já que a praia na qual mergulhariam só era acessível de barco. A beleza da região era interminável, fizeram uma parada na Gruta Azul, lugar de extrema beleza onde a luz batia nas rochas refletindo na água aquele azul fascinante.

Pri não parava um instante de fotografar, querendo levar consigo toda a magia daquele lugar. Quando não, colocava João de seu fotógrafo para se divertir fazendo poses com Karina e Pedro. Ficou radiante ao serem informados que em algumas épocas do ano era possível verem golfinhos por ali. Mas naquele dia o que marcava presença mesmo eram as tartarugas marinhas que fizeram questão de se mostrar durante o passeio de barco. Karina estava encantada por elas.

Pedro estava muito quieto, embora com um sorriso sempre presente nos lábios. Enquanto observava aquela imensidão azul, pensava em seu sonho daquela noite e se sentia um bobo por isso. Ele sabia que a maioria dos garotos da idade dele sequer pensavam em algo assim, eles queriam se divertir, aproveitar a vida ao máximo antes de se prender a alguém. Mas Pedro? Ali estava ele sonhando em poder estar todos os dias com sua Esquentadinha, sem pais regulando, sem precisar tomar cuidado para não serem descobertos. Sem precisar se controlar. Embora ainda fosse cedo para isso, não conseguia se impedir de querer. Ou de sentir uma pontinha de frustração por saber que se sequer mencionasse algo assim para Karina, ela sairia correndo.

Foi tirado de seus devaneios pelo anúncio de que tinham chegado ao destino, a praia do Farol, uma das mais belas (Se não a mais bela) da América Latina. Ficava em Cabo Frio, uma ilha ao lado de Arraial, um paraíso isolado.

Desembarcaram para ouvirem mais algumas instruções e colocar o equipamento. Teriam instrutores os acompanhando de perto e esses respeitariam o tempo de adaptação de cada um. A turma estava muito empolgada, os instrutores eram muito atenciosos e divertidos e os alunos estavam ansiosos e animados para o mergulho.

Karina teve uma leve discussão com os professores naquela manhã por se recusar a usar a tipoia. Batia o pé de que já se sentia bem e não precisava dela e o professor embora não convencido já estava familiarizado com a teimosia da menina. E disposto a impedir que ela mergulhasse temendo que algo de grave acontecesse. Por isso, a lutadora afundou na areia emburrada, enquanto todos se preparavam para se divertir.

–Ei K, você não vai mergulhar?

–Oi Samuca. Bem que eu queria, mas o professor acha que não devo por causa do ombro.

–Posso conversar com ele, você não precisa usar muito os braços. Só com os pés já consegue o impulso. Eu te acompanho.

–Sério?

–Claro. Quer tentar?

–Até quero, mas confesso que estou com um pouco insegura depois do que aconteceu ontem.

–Onde vamos não é tão profundo, mas se algo der errado eu estarei ali te acompanhando. Pode confiar em mim, eu cuido de você.

A lutadora olhou para o mar e para os amigos saindo com o barco e refletiu sobre suas opções. Tinha acabado de dispensar Pedro que queria desistir do mergulho para fazer companhia a ela, certamente ele ficaria incomodado ao vê-la mergulhando com Samuca, mas se ela pedisse outro instrutor estaria sendo grosseira com um amigo que só fez ajudar desde que chegaram. Ela poderia ficar na areia, mas estava tentada a aceitar a proposta do instrutor, afinal, a viagem não era para isso?

–K preciso de uma resposta agora, senão precisarei acompanhar outra pessoa.

–Ok.

Foram correndo de encontro aos colegas e Karina prontamente explicou ao Pedro como mergulharia, ele aceitou bem melhor do que ela imaginava, feliz por estarem juntos. O músico até passou a maior parte do tempo mergulhando com ela, só depois se afastou para encontrar o primo. Ficou brincando com João de ir o mais fundo que conseguiam antes de precisar voltar a superfície para respirar.

Brincadeira a parte estavam todos fascinados com a vida escondida dentro das águas frias daquele mar. Era tudo de uma beleza tão extraordinária que era fácil sentir-se em outro mundo e fazia valer cada segundo de seus fôlegos.

Karina estava muito feliz e cada momento mais apaixonada pelo mar. Mas não conseguia sufocar uma pontinha de tristeza vendo os amigos tão livres e ela tão limitada. Como um bebê que os pais não permitem ir ao fundo da piscina por medo de se afogar.

–Ombro estúpido. – Tirou a máscara e o snorkel e afundou para molhar os cabelos.

Pedro estava dando uma pausa e resolveu ir conversar com a namorada, ao vê-la surgindo com olhos tão cristalinos quanto às águas daquele mar, não pode evitar perder um pouco o ar.

–Pê?

–Oi. – O garoto recuperou-se.

–Cansou?

–Um pouco. E você está se divertindo?

–Digamos que eu poderia me divertir mais.

–Você queria ir mais fundo né?

Ela confirmou com a cabeça fazendo um bico.

–É para o seu próprio bem, Esquentadinha.

–K tive uma ideia! – Samuel prestava atenção e interrompeu a conversa dos namorados– Se você se segurar em mim posso afundar contigo um pouco. Já é alguma coisa.

–Ótima ideia. Mas pode deixar que eu faço. – Pedro declarou com um sorriso falso não gostando da ideia de ver sua namorada abraçada a outro garoto.

–Tem certeza? – Karina olhou incerta.

–Claro, eu fazia isso com a Tomtom o tempo todo!

–Não é como se eu tivesse o mesmo peso que ela né Pê.

–Nem como se você fosse muito mais pesada. – O namorado provocou com um meio sorriso e levou um tapa.

–Ei!

–Olha cara, seria mais seguro se eu fizesse. – O instrutor interrompeu, preocupado com Karina. – Tenho mais prática.

–Eu dou conta, pode ficar sossegado. E observando.

Os garotos se encararam e Samuel foi chamado precisando interromper e se afastar por alguns minutos.

–Isso foi grosseiro. Ele só quer ajudar. – Karina repreendeu.

–Ele só quer te agarrar, conheço esse tipo. – Falou virando-se de costas para ela.

–Ciumento. – Deu um beijo estalado na bochecha do namorado e o abraçou.

–Estou só cuidando do que é meu. Ninguém mais vai ficar de corpo colado com minha Esquentadinha.

–Já falei que você fica sexy assim? – Cochichou no ouvido dele.

–Assim como? De pé de pato? – Perguntou virando-se de frente para ela.

–Não, bravinho. – Mostrou a língua para ele que a abraçou pela cintura.

–Eu diria que você fica sexy com essa roupa, mas você sabe. Eu prefiro sem!

–Pedro! – Karina repreendeu olhando para baixo enquanto as bochechas coravam.

–Eu nunca vou entender essa sua vergonha. Coloca esses óculos.

–Tá cheio de marra hein? Te coloco no lugar em dois tempos.

–Você sabe que estou só brincando. Se começar a te faltar ar você me aperta, me bate, faz algo para chamar a atenção tá?

–Será que isso vai dar certo?

–Não tema que com Pedro não há problema.

–Prefiro não lembrar o que aconteceu da última vez que você disse isso.

–Assim você me magoa. Confia em mim?

–Com meu próprio coração.

–Ok, agora eu não quero mergulhar, quero te beijar!

Trocaram um beijo rápido embora intenso colocando em seguida os snorkels e Karina abraçou Pedro pelas costas, segurando firmemente para que mergulhassem juntinhos.

*****

Ao anoitecer já estavam na pista a caminho de casa. A maior parte dos adolescentes cochilava, exaustos pelo dia de muita diversão. Mas não Pedro e Karina, estes estavam abraçados enquanto a garota jogava um jogo qualquer no celular.

–Pê não leve a mal, mas você tá me esmagando. – Reclamou tentando tirar o namorado de cima dela.

–A culpa é toda sua que ficou brigando comigo a ida inteira e agora eu tenho que compensar.

–Você é tonto. – Riu baixinho.

–Tonto? Ok. – Soltou a namorada e endireitou-se no banco, procurando algo em sua mochila.

–Ei não magoa, eu quis dizer de um jeito fofo.

–Uhum. – Falou encontrando seu caderninho e começando a rabiscar algo.

–Que foi? – Desistiu do joguinho, voltando sua atenção para o namorado.

–Nada. Só tava te dando carinho e você me chamou de grudento. Fica aí que eu fico aqui, valeu?

– Ah nem, vai ficar de doce agora?

–Aproveite todo o seu espaço.

–Às vezes eu me pergunto quem é o homem dessa relação. – Karina bufou, jogando a cabeça contra o encosto do banco e fechando os olhos.

Pedro se aproximou com um sorrisinho convencido e cochichou em seu ouvido:

–Quando estamos na cama eu tenho certeza que você não tem dúvidas.

A lutadora congelou, arregalando os olhos e sentindo suas bochechas queimarem. Sem conseguir revidar com alguma resposta espertinha, tomou-lhe o caderninho para desviar o foco.

–O que você está escrevendo?

–Ei! Devolve!

Iniciaram uma luta pelo objeto e Pedro resmungava pedindo-o de volta.

–Isso é invasão de privacidade! - Conseguiu tirar o caderninho das mãos dela e voltou ao seu lugar inicial no banco, segurando o objeto longe de seu alcance, estendendo o braço na direção contrária de Karina. Ela não desistiu e se lançou em direção ao braço dele, porém se desequilibrou com o movimento do ônibus e mergulhou entre as pernas abertas do namorado, ficando com as pernas para cima enquanto a cabeça quase atingiu o chão. Na mão esquerda o fruto de seu desejo estava aberto e a escrita lhe chamou a atenção de uma forma que não desgrudou os olhos nem mesmo quando Pedro puxou-lhe de volta para cima.

“Amar me lembra você

Te olhar me lembra nós

Nós

Eu – você

Você

Minha maior conquista

Meu melhor presente

Que quero transformar em futuro

Futuro

Só o vejo se for com você

Só o desejo se eu tiver você

Se tiver nós

Enfim sós...”

Futuro. Está aí uma palavra a qual Karina vinha fugindo nos últimos dias, aliás no que ela menos queria pensar nessa viagem era no futuro.

Se sentia tão pressionada pelo pai a escolher uma faculdade, pelos professores a conseguir passar em um vestibular e fazer valer todo o conhecimento adquirido. E tinha uma outra pressão interna que ela não tinha revelado a ninguém, andou pensando muito sobre isso nos últimos dias, pensando sobre a mãe. Bianca sempre destacou como a mãe defendia lutar pelos sonhos e mesmo que ela tenha optado deixar o próprio de lado pelas filhas, Karina estava disposta a levar isso da mãe consigo. Ela não ia abandonar seu sonho de ser uma lutadora profissional, não importava quais obstáculos precisaria enfrentar. Ou quantas coisas em paralelo precisaria fazer. E foi numa noite daquela semana de provas a qual ela estava completamente exausta que decidiu que não iria se preocupar tanto. Iria se dedicar e dar o melhor de si.

Karina queria viver um dia de cada vez, já tinha se frustrado demais na vida para fazer mil planos a longo prazo. Sabia onde queria chegar e isso era o suficiente, sabia que conquistaria em seu tempo e tampouco esperava que fosse um caminho fácil. Deixava essa coisa de planejar cada passo para sua irmã Bianca, ela faria a seu modo, dando o seu máximo.

Mas naquele momento tinha que confessar estar preocupada, aquele poema do namorado...ela não sabia exatamente o que ele queria dizer.

–Pê... – Começou com os olhos ardendo. Era um misto de alegria por saber que ele a amava tanto e ao mesmo tempo dúvida.

–Eu pedi para você não ler. – Ele pegou o caderninho de volta e apertou os lábios.

–Desculpe. Eu não deveria ter lido. Mas então, você sempre escreve sobre mim? – Karina perguntou tentando aliviar o clima ou os próprios pensamentos.

–O amor é minha maior inspiração. E eu amo você, então. – Deu de ombros, ainda sério. – O que você achou?

–Sobre o quê?

–Não era para você ter visto, mas já que leu, o que achou?

–É lindo. Por que a gente não joga alguma coisa para essa viagem passar mais rápido?

–Eu tenho uma ideia melhor. – Pedro declarou puxando-a para seu colo e descendo sua boca na dela com firmeza.

E assim qualquer chateação ou qualquer pensamento foi deixado de lado.

*****

Karina se despediu de todos e desceu do carro de René com sua mochila, sozinha, já que João tinha decidido ir dormir na casa do pai.

Estranhou a porta de casa trancada e xingando mentalmente por não ter pensado em levar sua chave tocou a campainha uma, duas, três vezes. Esperou e não obteve resposta.

–Será que não tem ninguém? Impossível, meu pai não esqueceria de mim. – Sacou o celular da mochila e ligou para ele que atendeu no terceiro toque.

–Minha filha!

–Pai onde vocês estão?

–Você já chegou? Viemos em uma churrascaria.

–Obrigada por me esperar. Você sabe que adoro churrasco! – Reclamou.

–Meu amor, não sabíamos que hora chegariam. Pega um táxi e vem para cá, estamos naquela que vamos desde que você era pequenina.

–Assim? – Respondeu olhando para baixo, como se ele pudesse ver o que ela estava vestindo. -Não, muito obrigada. Mas pai, estou sem a chave para entrar.

–Você não levou sua chave?

–Achei que não iria precisar! – Bufou, irritada enquanto o pai tapava o bocal do telefone para falar com a esposa.

Dandara pegou o telefone e falou:

–Oi K, foi bem de viagem?

–Sim.

–Faz o seguinte, fica lá no Pedrinho até voltarmos. Você não quer mesmo vir para cá?

–Não, só quero tomar um banho e dormir.

–Quando voltarmos passamos lá para te resgatar.

–Posso dormir lá? – Arriscou pedir ganhando alguns segundos de silêncio.

–Pode. – Dandara aceitou por fim.

–Não vai perguntar ao meu pai?

–Não preciso, sou sua mãe e te autorizo. Deixa que com ele me entendo.

Mãe. Karina sentiu seu peito aquecer ao ouvir a palavra, estava começando a se acostumar e cá entre nós, estava gostando muito.

–Obrigada...mãe. – Respondeu timidamente com um sorriso nos lábios e os olhos marejados.

Para pessoas com famílias comuns isso poderia parecer tão irrelevante, mas não para Karina. Ter alguém para chamar de mãe significava explorar um universo totalmente desconhecido por ela em anos. Sempre sentira falta de sua mãe mesmo nunca a tendo conhecido e só agora conseguia ver o quanto realmente fazia diferença em sua vida.

Enxugando os olhos, seguiu para a casa de Pedro.


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Notas finais do capítulo

Sem muita conversa, vamos para o próximo capítulo que está divo!



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