Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 75
Eu só queria estar ali, sempre ao lado dela


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui é a Cá. Amiga da Lili :)

Pode ser que alguns de vocês me conheçam das notas da Fic da Mica (O Coração Quer o Que Ele Quer), pode ser que alguns me conheçam da ask da Lili e pode ser que não me conheçam (afinal, quem sou eu na fila do pão?).
Mas isso não importa, estou postando pra ela porque ela não ia conseguir postar hoje, não vai poder postar amanha e disse que não queria que vocês tivessem que esperar até sábado! Fala se não é uma fofa?! Eu acho.

E vou dizer: capítulo está maravilhoso! Vou postar e deixar pra dar os recados nas notas finais porque sei que todo mundo quer ler e ninguém vai ter paciência pra ficar lendo notas iniciais.

Ah, e a Lili pediu desculpas pela demora!

Volto logo!



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A turma da escola seguia animadamente o que faltava das quase três horas de viagem até Arraial do Cabo, na frente o professor de Biologia e sua comparsa que lecionava Geografia faziam planos de como conter os adolescentes no paraíso que os aguardava. Os alunos na maior parte conversavam, ouviam música compartilhando fones de ouvido com o parceiro de banco ou simplesmente dormiam. O que nos traz de volta a um certo grupo de amigos.

Quando Pri e João observaram sobre o banco estranhando o silêncio que se instalara, simplesmente não conseguiram acreditar ao ver Pedro dormindo folgadamente – mas essa não é a parte que impressiona – e Karina dormindo aconchegada ao peito dele – ah agora sim!

Os namorados trocaram um olhar e sabiam exatamente o que fazer: tirar uma foto para a posterioridade. Ou quem sabe para usar dali alguns minutos quando os amigos acordassem, percebessem como estavam e assim iniciassem mais uma briga interminável.

Pri pegou sua câmera, uma Instax rosa que estava pendurada em seu pescoço - afinal ela não queria perder a chance de registrar cada segundo daquela viagem - e guardou aquele momento. Eles não contavam que o flash iria despertar Karina, que olhou em volta meio desorientada, encontrando aqueles dois rostos sorrindo para ela. Ao perceber a situação em que fora flagrada seu rosto expressou uma gama de emoções: primeiramente ficou perplexa, ficando envergonhada em seguida e ao olhar para o namorado - o que ele era seu naquele dia afinal? -, a raiva mais uma vez lhe preencheu.

–Não faz isso Karina! – João falou alto ao perceber a sua intenção e acabou por despertar o primo com um susto.

– O que? O que foi?

–Seu moleque! – A loira resmungou e passou a desferir diversos golpes nele que tentava a todo custo se defender.

–Tá doida? Que isso? Para! Ai!

–Karina! – Pri chamou a amiga, tentando distraí-la da sessão espancamento.

–Que ódio de você Pedro!

–O que eu fiz?

–Não se faz de inocente, se aproveitou de mim enquanto estava dormindo!

–Essa é uma visão querida irmã, mas não creio que expresse inteiramente a verdade. – João interviu mostrando a fotografia para o primo.

–Eu? Há! Só faltava essa Esquentadinha! Você me agarra enquanto EU estou dormindo e a culpa é minha? – Pedro rebatou indignado enquanto a namorada cruzava os braços e fechava a cara.

–Não agarrei ninguém, você me puxou!

–Aceita vai esquentadinha, você que não resiste a minha gostosura!

–Agora eu preciso dizer que pela sua expressão você estava bem gostando irmãzinha.

–João! Não vai ajudar também não atrapalha poxa! Vocês dois! Caramba, eu achei que o combinado era a gente se divertir, mas tudo o que vocês fizeram foi brigar o tempo inteiro! – Pri reclamou prendendo a atenção de todos.

–Era para gente curtir junto. – João ajudou.

–Qual é, vocês dois se beijaram o caminho todo!

–Hello! Era para vocês dois terem feito o mesmo! – A amiga conseguia ser menor que Karina e tinha a fofura de mil pandas, por isso a loirinha não pode evitar sorrir ao ver a amiga tão brava.

–Eu posso te dar uns beijinhos. – Pedro sugeriu e o sorriso da lutadora sumiu na hora.

–Fica na sua, moleque! – Avisou apontando o dedo para ele.

–Fala sério Esquentadinha, hoje você está mais reclamona que a Dona Dalva!

–Perdeu a sua chance de ficar calado!

–Não gostou? Então me cala! – Pedro desafiou.

–Você tá querendo um beijo né guitarrista?

–Se você quiser.

Ela se aproximou lentamente dele e ao estar com os lábios bem próximos sorriu e falou baixinho:

–Pede para a Linda.

–Ah não! Essa história de novo? Você não tá achando que eu?

O ônibus tinha parado, mas com a discussão eles demoraram a perceber. Não querendo discutir sobre aquele assunto no meio de tantas pessoas, Karina apanhou a mochila e foi cortando os colegas até chegar a porta do ônibus, com Pedro tentando segui-la e tendo um pouco de dificuldade por ser maior e não conseguir abrir caminho tão facilmente. Os alunos resmungavam enquanto eles os empurravam para passar.

–Esquentadinha! Espera! K!

Quando finalmente desceram do ônibus ele conseguiu agarrar o braço dela, fazendo-a olhar para ele.

–Sobre o que é isso?

–Eu não quero conversar agora, Pedro! Você teve muitas chances para fazer isso e sabe o que? Você.não.fez! – Pontuou cada uma das últimas palavras entre dentes.

–Você não pode estar achando que eu fiquei com a Ingrid?! – Largou-a, passando a mão no cabelo em frustração.

–Por que não? Quando eu cheguei lá você parecia bem interessado, ela parecia bem interessada! E você fez o que? Me mandou embora! Por que mais você não ia me querer ali? – A namorada ia se alterando conforme falava, por mais que tentasse não.

–Por que eu estava magoado... – Tentou explicar, mas ela o cortou.

–Sem essa cara! E quer saber moleque? Eu não me importo! Você pode beijar todas as garotas que aparecerem nessa viagem que eu não me importo!

Pedro foi pego de surpresa por essa informação, até o momento ele realmente tinha pensando que o problema eram apenas ciúmes, não tinha lhe ocorrido que ela poderia suspeitar dele assim. E naquele momento ele se sentiu a pior pessoa do mundo, por não ter respondido a bendita mensagem e dessa forma ter alimentado as suspeitas dela. O que ele sentia naquele momento era contraditório, por mais que ainda estivesse magoado pelas coisas que ela falou (e acrescente uma suspeita de infidelidade à lista) não suportava ter a consciência de que tinha infligido sofrimento a ela. Queria abraça-la naquele momento e acabar com tudo aquilo. Mas Karina não parecia disposta.

–Esquentadinha, eu não...

–Me esquece! – Saiu em direção à praia, passando direto pela escola de mergulho.

–Karina! Espera! Aonde você vai?

–Parece que ela precisa de um tempo companheiro, deixa ela se acalmar. – O professor falou para o garoto que só ali tomou consciência de que não só ele como todos os colegas presenciaram a discussão e os olhavam, alguns sorrindo, outros com pena e os demais cochichando animadamente.

João chegou e passou o braço pelo ombro do primo, trazendo-o para perto dos outros alunos enquanto eles ouviam as orientações dos professores.

*****

–Boa galera, então é isso! É realmente uma pena que não tenhamos tempo suficiente para explorar todo esse lugar, eu tenho certeza que vocês iriam adorar. Quem sabe se a viagem fosse de uma semana. Mas agora com o vestibular chegando não podemos marcar bobeira e eu quero todo mundo arrasando hein?! – O professor incentivou e a professora continuou.

–Isso aí, então ficamos combinados? Vocês terão até a hora do almoço para aproveitar a praia, depois nós iremos para o curso de mergulho. À noite preparamos uma surpresa para vocês!

A turma comemorou a surpresa e o professor concluiu:

–Vamos tomar o café da manhã que a Turma do mergulho preparou para nós e depois quem quiser usar o vestiário para trocar de roupa antes de irmos, pode. Quanto mais demorar, menos tempo de praia, fiquem ligados.

–Eu vou buscar a Karina. – Pri anunciou e partiu em direção à praia, encontrando a amiga sentada na areia e conversando com um garoto loiro e bronzeado.

–K?

–Oi? Ah! Essa é a Pri, minha amiga e namorada do meu irmão. Da escola também.

–Oi! Sou o Samuel, mas pode me chamar de Samuca.

–Oi Samuca. – Sorriu de volta sem graça, reparando nos belos olhos verdes do garoto.

–E você Karina, tem namorado? – O garoto quis saber, voltando a atenção para ela.

–Direto. – Pri murmurou disfarçadamente e ao perceber a tristeza da amiga, se adiantou –Tem! O primo do meu namorado!

Elas perceberam a confusão na cabeça do menino enquanto processava a informação, se é o primo do namorado da outra garota e o namorado dela é irmão da Karina, então...

–Não seria seu primo também? – Perguntou sorrindo confuso.

–Não. É mais complicado do que parece.

–E que tal vocês me contarem essa confusão enquanto tomamos o café?

–Ah você também vai para lá? – Pri quis saber.

–Sou instrutor na escola.

–Qual é, você deve ter nossa idade!

–Pri! – Karina advertiu.

–Tranquilo, posso não parecer, mas já tenho dezenove.

–Hum. Então vamos. – Conforme foram subindo a duna de volta, Pri segurou a amiga, parando-a por um momento. – O Pedro não vai gostar nada disso.

–Dane-se ele.

–K, até quando vocês vão continuar assim? Ele estava bem triste.

–Um pouco de tristeza não mata. – Declarou voltando a caminhar.

*****

Durante o café sentaram-se todos juntos e conversaram animadamente, Pedro não fazia questão de disfarçar o incomodo pelo novo amigo das meninas e estava sendo um pouco rude em alguns momentos.

–Então, o que tem para fazer de bom por aqui? – Quis saber de Samuel.

–Coisa boa para fazer não falta. Não é porque eu moro aqui, mas o lugar é maravilhoso. – Declarou orgulhoso, sorrindo para as meninas que sorriram de volta.

–Tô sabendo. Essa praia que nós vamos tem onda boa?

–Você curte surfar? Cara aqui nós temos duas praias com as melhores ondas, uma sendo a melhor da América Latina.

–Tô sabendo, mas nós não vamos para essas né?

–Não. Elas são impróprias para banho, onda muito forte. Mas dá para brincar um pouco na que nós vamos e eu garanto para vocês, o lugar é espetacular. Uma pena não podermos ficar para o pôr do sol.

–Eu amo admirar o pôr do sol. – Karina declarou.

–Nós sabemos o que é um pôr do sol bonito cara, somos do Rio. – Pedro cortou o olhar deles.

–Não leve a mal, mas não é tão bonito quanto o daqui. Sério.

–Tem lugar para alugar prancha cara? – João quis saber, preocupado com o primo, não que ele fosse surfar, ele realmente não se dava bem com o mar.

–Tem, vocês trouxeram roupa própria? Porque vou te falar, tem dias que a água tá fria para caramba.

–Trouxe. – Pedro confirmou.

–Eu não trouxe. – Karina assustou-se pensando no mergulho, ela nem imaginou que precisaria e de qualquer forma, nem tinha dessas roupas de neoprene.

–Não se preocupe, a escola aluga todo o equipamento. Antes da aula eu te levo até lá.

–Valeu.

Depois disso as garotas foram se trocar, Karina optou por um shortinho jeans escuro e uma regata soltinha azul clara com um óculos desenhado e escrito “beach please”. Pri optou por uma regata preta e também um shortinho jeans.

Encontraram os colegas do lado de fora da escola e um dos instrutores que iria acompanha-los explicou que eles iriam para uma das praias mais belas e maiores de lá e que tinham duas formas de chegar: de táxi-barco ou através de uma trilha que não era tão extensa, mas um pouco complicadinha.

Karina já foi logo trocando o chinelo por tênis ali mesmo e um aluno perguntou:

–Mas por que não vamos nessa praia aqui? Que está bem de frente para a gente?

Então o instrutor explicou que existem muitas praias em Arraial do Cabo e como a turma ficaria por pouco tempo optaram por leva-los nas mais belas e que proporcionassem diversão para todos. Essa que ficava a escola de mergulho tinha as águas totalmente calmas e era usada mais como saída para barcos.

–Nós vamos de barco né pequena? E você Pedro?

Observando que quem lideraria a turma da trilha seria o Samuel e mesmo não se familiarizando com essa atividade, o garoto não podia imaginar deixar Karina sozinha. Sozinha entre aspas, já que outros dez alunos também animaram de ir caminhando.

–Eu vou na trilha.

Karina olhou surpresa para ele, mas logo disfarçou.

–Tem certeza primo?

–Claro, eu adoro trilha. Natureza. – Falou abrindo os braços.

–Karina. – João brincou baixinho de forma que só eles ouviram e Pedro curvou-se na direção do primo como quem admitia um segredo e confirmou:

–Também.

–Ok. Mas toma cuidado, não vai ser picado por nenhuma cobra.

–Tem cobras aqui?

João riu do primo - sempre medroso - e seguiu os outros alunos até a praia para embarcar.

–Para quem vai de trilha, eu sou o Samuel, mas podem me chamar de Samuca. O percurso que vamos fazer é tranquilo, só tem alguns lugares mais estreitos e pedras, fora isso nenhum perigo relevante. Vamos tentar manter o ritmo e a respiração, todos peguem uma garrafinha de água de precaução. E qualquer problema durante a caminhada é só falar comigo, ok?

Esperou os alunos pegarem água e confirmou se estavam prontos, partindo em seguida.

Samuel e Karina lideravam a turma e Pedro tentava a todo custo manter-se no mesmo passo que eles enquanto desviava das pedras, raízes de árvore ou qualquer outro obstáculo. Karina sabia que ele prestava atenção na conversa, mesmo fingindo não estar.

–Então você é fã de trilhas? – Samuel quis saber da loirinha.

–De quase tudo que envolve natureza.

–Você surfa?

–Não. Nunca tentei para ser sincera.

–Eu posso te ensinar se quiser. – Ao ouvir o convite, Pedro emitiu um grunhido engraçado, como se tivesse engasgado. Percebendo a atenção, disfarçou com uma tosse.

–Acho que engoli um inseto.

Após olha-lo por mais um segundo, Karina voltou a atenção ao instrutor, respondendo:

–Tentador, embora não ache que tenhamos tempo para isso.

–Vocês precisam voltar com mais tempo.

–Quem sabe?!

Caminharam em silêncio por mais alguns minutos e quando por fim avistaram a praia e começaram a descida, Pedro escorregou em uma folha.

–Ah!

–Pedro! – Karina desceu correndo até o local onde o namorado parara com Samuca a seguindo.

–Tudo bem cara?

–Machucou? Você está sangrando! – Agachou-se ao lado dele, preocupada.

–É só um ralado. Estou bem.

–Fica quieto aí enquanto eu limpo isso! – Karina puxou o garoto que tentava levantar-se, envergonhado. Buscou um nécessaire dentro de sua mochila.

Samuca observou onde estavam e a distância da praia que era mínima e perguntou:

–Vocês ficarão bem?

–Claro, pode ir com a galera. Nós já alcançamos vocês.

Ficaram sozinhos enquanto Karina pegava uma gaze e embebia em um antisséptico para limpar o ralado.

–Pensei que você não se importasse mais comigo. – Pedro provocou, ganhando em resposta ela limpando a ferida com um pouco mais de força que o recomendado. – Ai! Devagar!

–Eu ajudaria qualquer um que se machucasse.

–Sei. – Riu.– Só você para ter um kit desse na mochila.

Agora a garota pegava uma pomada cicatrizante e com função bactericida e passava levemente sobre o ralado.

–Vai, admite que você se importa. – O namorado insistiu.

–Você sabe que eu me importo. E que eu não quero falar contigo também. – Guardou a pomada e pegou outra gaze e micropore.

–Uma hora nós dois precisaremos conversar. – Pedro afirmou sério.

–Não agora, não aqui.

–Quando então?

–À noite. Prontinho, não posso cobrir totalmente se não gruda, você não vai querer isso. Agora vê se olha por onde anda! – Falou enquanto guardava o kit novamente na mochila.

–Pode deixar, enfermeira!

Karina levantou-se e voltou a caminhar, sendo alcançada por ele que e a surpreendeu com um abraço. Beijando a bochecha dela, agradeceu:

–Valeu por cuidar de mim.

–Me solta Pedro. – A lutadora ficou tensa com o abraço, em uma luta interna para não abraçar de volta.

–Mas eu sinto sua falta. – Falou manhoso.

–Devia pensar nisso antes de ficar me irritando. Foi de propósito, não foi?

–Você sabe que eu adoro te provocar.

–E eu burra sempre caio! Me solta ou eu te derrubo!

–Esquentadinha! – Resmungou enquanto a soltava.

Percorreram mais alguns passos até a praia, encontrando o restante dos colegas.

O lugar parecia o verdadeiro paraíso, tirando os tênis Karina experimentou a sensação da areia completamente branca e fofa aos seus pés. A praia era imensa, não dava para ver o final de sua extensão e era rodeada por vegetação costeira. A água do mar? Parecia um sonho, diferente do tom verde-água habitual do Rio de Janeiro, essa era de um azul claro e cristalino. Lindo.

Foram até onde Pri e João estavam, sentando com os amigos na areia. Conversavam animadamente e depois de alguns minutos o calor superou a vergonha e Karina se despiu, ficando apenas com um biquíni azul tiedye. O guitarrista a secava, assim como outros garotos que estavam por ali. Irritado resolveu ir alugar logo uma prancha para se distrair.

O garoto vestiu a roupa própria e foi para o mar com os amigos apenas observando.

–Não vai surfar Johny? – Karina perguntou, recebendo um olhar “Você só pode estar brincando” como resposta.

–João e mar não combinam. – Respondeu por fim. –Aliás João e praia não combinam, se eu ficar mais meia hora nesse sol, de lagartixa eu sofro uma mutação e viro camarão.

–Eu estou cuidando de você! – Pri reclamou, passando outra camada de protetor no namorado.

A loirinha resolveu deitar na canga aproveitando o calor e Pri pediu um espaço ao lado dela pouco depois.

–Se você olhar para o bumbum da K, Deus castiga porque vocês são irmãos! – Pri brincou com o namorado que entrou na dança.

–Eu? Que isso! O único bumbum que eu vou admirar nessa praia é o seu, minha pequena.

–Acho bom. – Beijaram-se e Karina resmungou:

–Que grude!

–Agora sim, que vista maravilhosa! – João provocou quando a namorada por fim deitou ao lado da amiga.

*****

A loirinha estava completamente relaxada, deitada observando o balanço do mar quando arrepiou com gotículas de água fria pingando em suas costas.

–Ah moleque! Sai!

–Alguém tá de TPM – cantou provocando enquanto andava até onde tinha fincado a prancha, mas Karina prendeu o pé dele fazendo-o cair na areia. –Ah Esquentadinha, agora você vai ver!

A garota tentou levantar e correr, mas ele foi mais rápido puxando-a para baixo novamente e jogando o peso do corpo sobre o dela. Iniciaram uma luta na areia para ver quem prendia quem, rolando por vários metros. Quando um levantava, o outro tratava de derrubá-lo novamente. Terminaram rindo e com ele por cima dela.

–Você está parecendo um croquete. – Provocou ao reparar que ele estava coberto de areia, já que o corpo estava molhado. – Pedro à milanesa!

–Ah é? Vamos dar um jeito nisso. – Levantou-se puxando-a junto e não percebeu quando a garota perdeu o ar com a dor no ombro. Pegando-a no colo, sob protestos correu para o mar entrando sem cerimônia na água fria.

Assim que ficou livre, a lutadora correu de volta para onde os amigos estavam, com Pedro em seu encalço. Ele pegou a prancha e voltou para o mar.

*****

Pedro abaixou a roupa de neoprene até o quadril e reparou em algumas garotas perto de sua prancha.

–Oi? – Cumprimentou incerto.

–Oi! Pedro né? Estávamos te vendo surfar.

–É, você surfa muito bem!

Engataram um papo, o garoto conversava animadamente com as garotas que não entendiam quase nada dos termos que ele usava, mas o incentivavam com perguntas enquanto o secavam com os olhos. Perto dali Karina espiava a conversa, incomodada. A cada risadinha que elas davam, a lutadora apertava mais as mãos fechadas em punho. Tentou contar até dez, mas não estava aliviando.

–Com ciúmes maninha? – João provocou.

–Vocês estão com fome? – Perguntou com raiva. – Porque hoje teremos piranha à milanesa!

Fechando a mão em um montinho de areia, a loirinha jogou um punhado na direção, acertando Pedro e as garotas que gritaram, reclamando.

Ele olhou surpreso e Karina que falhou em disfarçar, falou:

–Vento forte né? Faz a areia voar.

Pedro não conseguiu evitar rir, incrédulo com a cara de pau da namorada. Sorriu convencido e voltou a conversar com as garotas.

–Quer saber, vou para o mar. Vocês vão ficar sentados aí o dia inteiro com esse paraíso a disposição?

–Estamos bem aqui. – João respondeu, ainda rindo do que a irmã postiça fizera.

Caminhando tranquilamente para o mar, a lutadora começou a cantar baixinho a música Vozes que estava em sua cabeça para mudar o foco de seus pensamentos que estavam no namorado conversando com as garotas.

“Seus olhos vivem no chão, fugindo da multidão

De olhares que procuram se cruzar

Feche os punhos firmes, leve-os rente ao corpo

Teme as incertezas de voar, mas ao ar conectar

De salto em salto a mente voa

Segue os traços tortos do seu irmão

Frases prontas postas à toa

Certeza mudou a sua decisão

Já não há respostas que possam se encaixar

A cada passo que dá se afasta a saída”

Molhou seus pés e foi caminhando para dentro do mar lentamente para a pele acostumar com a água fria. Continuou a cantar:

“Não, não caia não, não perca suas forças

A ignorância não leva a nada

Ser cego já não alivia

A sua mente não se cala

As vozes vão lembrar a agonia”

Com a água próxima ao peito, molhou a cabeça e passou a nadar.

“Seus olhos vivem no chão

Mágoas ditas em vão

Palavras que não pode mais guardar

Ecoam pelo ar, de salto em salto a mente voa

Segue os traços tortos do seu irmão

Frases prontas postas à toa

Certeza mudou a sua decisão

Já não há respostas que possam se encaixar

A cada passo que dá se afasta a saída

Não, não caia não, não perca suas forças

A ignorância não leva a nada

Ser cego já não alivia

A sua mente não se cala

As vozes vão lembrar a agonia.”

Distraiu-se e acabou sendo levada pelo balanço das ondas mais para o fundo, onde não dava mais pé. Virou para a praia e só aí viu o quanto estava longe, assustando-se. Tentava nadar de volta, mas o mar a puxava para o lado oposto à areia. Redobrou o esforço e foi então que com o movimento seu ombro pareceu travar, enviando uma dor lancinante que a fez novamente perder o ar. Engoliu um pouco de água e foi tomada pelo terror, gritando por socorro sabendo que não conseguiria voltar sozinha.

Na areia João e Pri separavam-se de um beijo quando o garoto lembrando da recomendação da mãe para ficar de olho na irmã, a procurou no mar enxergando a movimentação estranha.

–Afogando! A Karina tá se afogando! – Gritou, atraindo a atenção de todos em volta, inclusive de Pedro que ao ouvir o nome da namorada, largou as colegas falando sozinhas e correu desesperadamente para o mar. Chegou pouco antes do professor e de um salva vidas que chegava de bug.


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Notas finais do capítulo

A K se afogando e agora? Lili e sua mania de deixar a gente morrendo esperando o próximo capítulo né? Mas adivinha? Eu já tenho o próximo e já vou postar :)

O que acharam dos nossos bichinhos se provocando? Eu amei, chega daquela sofrência toda né? Quero eles de boa de novo. E a K cuidando do Pê? Amo, não guento!!

Vou postar o próximo e vou pedir pra vocês lerem as notas finais dele depois porque são importantes tá? Não adianta eu falar muito nessas porque sei que vocês vão ir correndo pra lá ler o próximo e vão me ignorar aqui.

Beijos :*

Ah, só um ps: fiquei sem internet em casa hoje (quanta sorte), então estou postando pelo celular. Nunca postei pelo celular antes, então não sei se vai dar certo a configuração do texto do capítulo. Qualquer coisa depois eu edito! Beijos e comentem!!!!