Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 28
Capítulo XXVII


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Mais uma vez me desculpem pela demora. Essa semana tentarei postar ao menos um capítulo por dia. É que na verdade eu já tinha escrito esse capítulo, mas tive um probleminha e perdi mais da metade :( . Tentei reescrever, espero que gostem!



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Naquela noite, Karina jantou no Perfeitão com Pedro e voltou bem tarde para casa. Gael a esperava na sala, estava preocupado. Quando a filha entrou foi logo perguntando:

–Posso saber onde a srta. estava que não atendeu minhas ligações?

–No Perfeitão, fiquei sem bateria.

–Custava me ligar para avisar? Eu vi que você limpou a casa.

–Ficou tudo do seu gosto?– perguntou com um tom de ironia que não passou despercebido.

–Não fala assim minha filha. Está chateada comigo?

Karina não respondeu.

–Bom, mas eu tenho uma novidade que vai te animar. Pelo seu desempenho e dedicação no Muay Thai resolvi tomar uma atitude.

–Diga.

–Resolvi autorizar a viagem da sua irmã, desde que você e o Pedro fossem juntos. Já falei com o Marcelo e fiz as reservas para o próximo fim de semana. Não é o máximo? Você vai conhecer Gramado como tanto queria! – contou animado.

–Obrigada.

–Não gostou filha?

–Não é isso. É que ao contrário da Bianca, meus sentimentos não podem ser comprados com presentes. – falou e disparou em direção a escada.

–Karina! Volta aqui. O que é isso?

–Pai, eu só quero dormir. Por favor?

–Tudo bem. Mas amanhã conversaremos.

–Boa noite. - subiu as escadas até seu quarto, caindo no sono tão logo deitou-se na cama.

*****

No dia seguinte a loirinha resolveu não ir treinar. Ainda não tinha animo para conversar com seu pai e estava cheia de dúvidas: Será que ela estava sendo injusta com seu pai? Será que essa diferença no tratamento entre as filhas era porque Karina não era realmente sua filha?

–Só tem uma pessoa que é capaz de me responder isso. –falou para si.

*****

–Ora, ora, quem diria. Karina em minha academia?

–Lobão.

–A que devo a honra? Resolveu pensar melhor e vir treinar na Khan?

–Na verdade eu vim apenas para conversar.

–E o que a princesinha quer conversar?

–Quero saber a verdade. Você vive insinuando coisas sobre minha mãe. Quero ouvir o que tem a dizer, sem meias palavras.

–Tem certeza? Não acho que você dá conta.

–Estou cansada de todo esse conto de fadas. Quero saber a real e você é único que pode me contar.

–Eu te conto o que quer saber.

–Mas?

–Mas para isso você tem que me provar seu potencial. Vamos fazer um jogo então.

–Que tipo de jogo? – perguntou desconfiada.

–Você nocauteia um aluno meu e eu te dou sua verdade.

–Tô dentro.

Uma aluna da Khan que sempre vai ao QG resolveu avisar Cobra que a amiga dele estava lá e podia se machucar. Cobra largou o trabalho e foi correndo até a Khan. Chegou no momento em que Lobão armava a luta entre Karina e um outro aluno considerado pelo mestre como o mais fraco entre os outros.

–Karina? Enlouqueceu? Vamos embora! –pediu o amigo.

–Deixa a menina, Cobra. Se você não tem coragem para fazer o seu melhor, ela tem.

–K isso é sério. Você pode se machucar. Vamos, por favor?

–Me deixa Cobra. Eu preciso fazer isso.

–Se as Marias já terminaram de conversar, temos uma luta para começar.

–Pode seguir – afirmou Karina– Pode me emprestar uma luva?

–Sem luvas.

–Isso não vai prestar– comentou Cobra aflito. Ele não poderia chamar o mestre Gael ou o resultado seria pior ainda. Ficaria por perto e qualquer sinal de perigo para a lutadora, ele esqueceria o risco e interferiria na luta. Devia isso à ela.

Lobão iniciou a luta e Karina estava se saindo bem, bloqueando os ataques do adversário e o acertando com eficiência. Os outros lutadores da academia vibravam em volta. Karina absorveu dois ou três socos, mas nem teve tempo de tontear, derrubou o adversário. Lobão insistiu que ela continuasse.

–Mas ele já está caído.

–Eu disse que eu quero até o final. Levanta Maurício, eu quero até o final, até o nocaute.

–Karina não faz isso! Você já provou o que queria, agora vamos embora!

A lutadora tinha duas alternativas: 1) Ser fiel aos ensinamentos de seu pai e ir embora naquele momento sem a informação que queria; 2) Ignorar sua filosofia e atender ao pedido do único que seria capaz de lhe contar o que precisava saber. Ela estava confusa, nunca tinha nocauteado ninguém e não sabia como sentiria-se depois de fazê-lo. Muay Thai é uma arte e não deve ser utilizado para machucar as pessoas. O que fazer? Será que valeria a pena colocar-se um pouquinho do lado negro só para alcançar o que deseja? Atendendo a exigência não teria nada que a diferenciasse dos demais marginais que frequentavam aquele academia. Entretanto quando decidiu colocar os pés lá, jurou para si mesma não ir embora antes de saber, dane-se, ela iria quebrar as regras!

Olhou para Lobão e então foi para cima do adversário e o nocauteou. Os lutadores vibraram e Lobão abriu seu sorriso perverso para a lutadora.

–Você é boa. Como seu pai.

–Cumpra a sua parte agora.

–Vamos até o meu escritório.

–Karina o que você está fazendo? - perguntou Cobra, aflito.

–Espera sua amiga aqui, Cobreloa. Ela vai precisar de um amigo quando eu terminar.

Karina sentiu um frio na arriga. Finalmente saberia a verdade. A mistura de emoções que sentia pelo que acabara de fazer, o medo e a angústia a estava deixando nauseada. Mas afinal, não é isso que significa crescer? Enfrentar as consequências de suas decisões?

Depois de alguns segundos e uma última olhada para Cobra, ela entrou no escritório de Lobão.

–Sente-se.

–Estou bem assim.

–Durona. Quero ver até que ponto. Eu poderia te fazer uma profissional, sabia?

–Meu pai nunca permitiria isso.

–Você tem 17 não é? Apenas mais um ano para poder tomar as próprias decisões.

–Eu não vim aqui para isso e você sabe muito bem. Desenrola.

–Ok. Você deve saber que seu pai e eu éramos parceiros de treino?

–Sim, eu conheço a história de vocês.

–Eu conheci a Ana primeiro. Eu vendia produtos ilícitos para a turminha dela da Ribalta.

–Minha mãe usava drogas?

–Às vezes, junto com os colegas. Não era viciada, mas gostava. E eu fornecia. Então seu pai a conheceu e passaram a namorar. Casaram-se e por causa dela seu pai desistiu da carreira. Por causa de uma mulher ele jogou todo o trabalho de anos para o alto, sem se preocupar com as consequências para quem estivesse ao redor. Seu pai foi um fraco. E quando eu precisei que ele me apoiasse em retorno ao que eu sempre o apoiei, ele me virou as costas.

–A história que ele me conta é diferente. Disse que você já era um marginal naquela época.

–O quão hipócrita ele é? Paga de homem digno e honrado, mas ele é um verdadeiro egoísta. Só pensa nele!

–Eu não vim aqui para ouvir você falar mal do meu pai!

–Tão cheia de marra. Igual seu pai.

–E esse pai não é o Gael? Por que você sempre diz isso?

–A verdade Karina é que sua mãe dava moral para todos que estivessem ao redor. A princesinha não se contentava apenas com o príncipe Gael. E em uma tarde depois do teatro, ela se entregou para outra pessoa. Coincidentemente dois meses depois, ela apareceu grávida de você.

–Ela traiu meu pai?

–Não só traiu Karina, ela engravidou de outra pessoa.

–De quem?

–Quer mesmo saber? Esse é o tipo de verdade que não tem volta.

–Fala!

–Engravidou de mim, Karina. Eu sou seu pai.

–O que? Você está delirando, isso não pode ser sério!

–É evidente Karina! Sua marra, seu talento para a luta. De onde acha que veio?

–Eu puxei isso do meu pai! Meu pai é o Gael!

–Pode repetir isso quantas vezes quiser, não muda a verdade. - comentou rindo sarcasticamente.

–É mentira! Você está mentindo! Eu herdei isso do meu pai!

–É? E o seu cabelo loiro? Herdou dele também? Como? Sua mãe não era loira e o Gael também não.

Karina respirava e inspirava rapidamente, parecia que o ar não preenchia seus pulmões. Tudo em sua volta passou a girar.

–Garota, senta! Não quero ninguém vomitando no meu chão.

–Você não é meu pai! Você é um monstro!

–Você queria a verdade e eu contei. Não é minha culpa se não gostou. Agora dá linha que eu tenho coisa mais importante para fazer que aguentar mimimi de adolescente. O dia que você quiser ser uma lutadora de verdade, volte aqui. O papai vai te receber com o maior orgulho! – vendo a cara de horror da menina diante desse comentário, ele pôs-se a gargalhar.

Karina saiu correndo da academia e Cobra foi atrás dela. Conseguiu alcançá-la na praça e a segurou pelo braço.

–Karina, olha pra mim! Tá tudo bem agora. a abraçou e deixou que chorasse.

–Não tá tudo bem! Ele disse que é meu pai! MEU PAI, COBRA! AQUELE MONSTRO É MEU PAI.

–Isso não quer dizer nada loirinha, quem te criou foi o mestre. Além disso nem sabemos se essa história é mesmo verdade.

–Quer dizer que eu sou um monstro Cobra! Um monstro como ele!

–Calma, linda. Isso não é verdade.

A lutadora soltou-se do amigo e sentou no banco da praça, colocando a cabeça entre as mãos. Não conseguia impedir as lágrimas de caírem.

–E agora? O que eu vou fazer?

–Você pode fingir que nunca ouviu essa história e seguir sua vida. Nada precisar mudar loirinha.

–Você não entende? Tudo mudou! Eu mudei! Nem mesmo sei quem eu sou mais.

–Eu preciso ir para a academia. Já estou atrasado para o treino e seu pai vai pegar no meu pé. Vamos?

–Não posso. Não consigo olhar para ele agora. Não sei o que fazer.

–Vai para casa então. Qualquer coisa me liga.

–Já vou.

Karina não queria voltar para casa, precisava ir em um local neutro para pensar. Em seu quarto corria o risco de Gael aparecer e ela não saberia o que falar. Pedro! Mas ele estava na Ribalta.

"Preciso de você."–enviou uma sms, mas não obteve resposta.

Provavelmente o Lincoln já estaria no restaurante essa hora e isso lhe deu uma ideia.

–Oi Lincoln, tudo bem?

–Oi Karina! Tudo bem minha filha? O que faz aqui essa hora? O menino Pedro está na tal escola de artes.

–Eu sei, é que ele me pediu para pegar um pedal que ele esqueceu para a aula. Posso subir rapidinho?

–Claro minha filha. Mas vem cá! Você estava chorando?

–Não seu Lincoln, é que eu estou com uma alergia. Tempo muito seco sabe? Meu olho lacrimeja que só!

–Sei...olha eu preciso ir até a venda para comprar uns tomates, mas é só você bater a porta quando sair tá?

–Muito obrigada. Vou até lá então.

Karina subiu ao quarto do namorado, fechou a porta e deitou em sua cama. Ali era um território neutro e poderia tentar colocar os pensamentos no lugar. Entretanto só fez chorar. Acabou adormecendo em meio as lágrimas.

Pedro saiu da aula e viu a mensagem da namorada, entretanto não a encontrou na academia e nem em casa. Começou a se preocupar, mas como tinha aula precisou ir para casa tomar um banho e se trocar. Quando chegou em seu quarto levou o maior susto ao se deparar com a namorada em sua cama. Parecia um anjo dormindo.

Resolveu tomar seu banho e acordá-la somente depois.

O que será que tinha acontecido para fazê-la se refugiar em seu quarto?

Se culpou por deixar seu celular com João, por culpa dele não pode atender o chamado dela.


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Notas finais do capítulo

Gente a cena Perina na roda gigante vai ser a coisa mais linda e perfeita di mundo! Me preparando psicologicamente para assistir.
Por favor continuem comentando, em breve responderei todos! Beijos



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