Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 27
Capítulo XXVI




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Na sexta-feira tudo correu bem. Depois de tudo preparado, Marcelo e Delma jantaram. Depois ele mostrou o vídeo para ela e não deu outra, ela se emocionou, principalmente na parte que ele cantou para ela. Ela o abraçou e acabou por perdoá-lo, fazendo-o muito feliz.

No restaurante, Karina estava no caixa, João, Dandara e Pedro faziam o atendimento enquanto Lincoln cozinhava, com a ajuda do filho Jeff. Delma e Marcelo passaram por lá, abraçadinhos e felizes.

Todos sorriram com a cena.

–Viemos ver se está tudo certo, se precisam de ajuda?

–Está tudo certo minha irmã, aproveitem esse tempo para vocês. -incentivou Dandara.

–Pedro, sua mãe e eu não vamos dormir em casa. Você coloca a Tomtom na cama?

–Huum campeão! Pode deixar pai, eu cuido dela.

–Obrigado. Bom trabalho para vocês então.

Quando eles saíram, Karina, João e Pedro se abraçaram e pularam comemorando.

–Tem dedo de vocês aí né? –Dandara desconfiou.

–Tem tia. E deu certo!

–Então tenho que agradecer vocês. Adorei ver minha mãe feliz e sabe que eu adoro esse meu cunhado?! Agora vamos voltar ao trabalho, que estamos lotados!

Quando deu 22 horas, Pedro chamou Tomtom para ir dormir. Estava ajeitando o edredom sobre ela, quando ela perguntou:

–Pê, agora o papai e a mamãe não vão mais brigar todo dia?

–Você sabia que eles estavam brigando?

–Só não via quem não queria né.

–Você sempre me surpreende. Mas não, agora eles estão bem! Tudo voltará ao normal.

–Que bom! Eu amo muito eles!

–Só eles?

–Você também seu bobo!

–Também te amo! – respondeu dando um abraço apertado na irmã.– Boa noite, dorme com Deus e com os anjos.

–Boa noite.

Pedro voltou ao restaurante e roubou um beijo rápido da namorada. Quando o último cliente partiu, ele foi acompanhá-la até em casa. Se demorassem mais Gael reclamaria. Depois voltou para o restaurante.

*****

Bianca fez uma social em sua casa no sábado, somente com o pessoal da Ribalta, de fora só foi o Duca. Gael saiu com Dandara para dar mais privacidade para a filha. Pedro não pode participar, sua banda tocou em um barzinho arranjado por Nando e Karina foi com Pri e João assisti-lo.

O pessoal do local gostou muito da banda, a voz da Sol chamava atenção de todos. Eles tocaram a música que Pedro compôs para Karina, quem cantou foi o baixista. Eles preferiam a voz dele para essas músicas mais lentas, o timbre empregava mais emoção as músicas. Foram muito aplaudidos.

Marcelo os buscou já eram quase 2h30 da manhã.

Quando Karina chegou em casa, a social já tinha acabado, mas a bagunça ficado.

No dia seguinte acordou, pronta para ir treinar quando o pai a abordou na cozinha:

–Bom dia filha. Que bom que você acordou.

–Bom dia pai. Aconteceu alguma coisa?

–Preciso ir na academia receber o encanador para resolver aquele problema nos banheiros. Tá aqui o saco, pode começar a limpar essa bagunça.

–Pai? Eu sequer estava nessa festa, fala sério. Isso é tarefa para a Bianca.

–Sua irmã ainda está dormindo, deixa ela descansar. Já que você está acordada, pode muito bem limpar.

–Ah claro! Eu limpo a bagunça dela e a princesinha continua dormindo?

–Qual o problema em ajudar a sua irmã?

–Ajudar implica que ela estivesse aqui fazendo, ou ocupada com outra coisa. Nesse caso eu estou FAZENDO por ela.

–Vamos parar de mimimi e começar logo. Quanto antes começar, mais rápido termina.

–Mas PAI! Isso não é justo! Eu estou indo treinar.

–Karina não começa! Por que você tem sempre que discordar de tudo? Mas você é difícil menina!

–Esqueci, a culpa é sempre minha né? Você me trata como se ela fosse a Cinderela e eu a gata borralheira.

–KARINA! Perdi a paciência! Ou você limpa essa bagunça AGORA, ou nada de treino essa semana! Decorou?

–Que saco!

–Olha o respeito! Estou indo e não se atreva a acordar sua irmã.

Quando o pai saiu, Karina acabou limpando toda a bagunça, em meio as lágrimas que caiam de seus olhos. Ela já estava cansada dessa diferenciação que o pai fazia, não conseguia entender porque agia assim, era muito mais duro com ela e olha que ela era a filha mais nova. Bianca a filhinha perfeita e ela a ovelha negra.

Quando terminou, pegou seus inseparáveis fones e saiu. Queria treinar, mas estava com raiva demais para encarar seu pai hoje. Deixou um bilhete avisando que iria ao parque correr. Foi até o QG chamar Cobra para treinar com ela, mas ele estava cobrindo Tawik naquele sábado e iria dobrar, não podia ir.

Decidiu ir sozinha e quando chegou no parque começou a correr para liberar a raiva. Estava tocando Demons do Imagine Dragons. A lutadora correu como nunca, recebeu várias ligações de Pedro e de Pri, mas não atendeu. Não queria falar com ninguém, precisava desse momento sozinha para organizar as ideias.

Será que o Lobão falou da última vez era verdade e Karina não era filha biológica de Gael? Será que sua mãe teve coragem de traí-lo assim? Ela sequer conheceu a mãe para poder especular, tudo o que ela sabia era o que contavam-lhe. Que era uma mulher extremamente doce e boa, uma excelente atriz e que seu pai e ela eram muito felizes. Será que era apenas mais um conto de fadas?

Seu pai abriu mão de sua carreira para não preocupá-la com as lutas quando engravidou de Bianca, mesmo assim ela teria coragem de traí-lo? De engravidar de outra pessoa? Se Karina fosse bastarda, isso explicaria muita coisa.

Exausta pela corrida, a garota deixou-se cair na grama debaixo das árvores e ficou observando as nuvens no céu. Ficou um bom tempo ali, ouvindo suas músicas e curtindo sua solidão.

Karina costumava se sentir muito sozinha, apesar de amar sua família e saber que eles também a amavam da forma deles, a lutadora sentia-se de fora do núcleo Gael-Bianca. Era como se ela fosse coadjuvante naquela casa, até Beth já havia percebido e consolado a garota diversas vezes.

Ela sabia que o pai não fazia de propósito e era isso que ela queria descobrir, o por quê. Não queria ser ingrata, tinha saúde e uma boa vida, uma família boa apesar das dificuldades.

Mas a garota aprendeu a ser assim, arredia, sempre na defensiva. Isso porque quando era mais jovem criava expectativas demais e acabava se decepcionando. Por exemplo quando o pai comprava um giz de cera novo para Bianca enquanto Karina ficava com os usados. Ou quando o pai começava a falar de Ana e dizia que Bianca era parecidíssima com ela, listando inúmeros pontos e quando a loira perguntava o que tinha de parecido com a mãe ele respondia apenas: Os olhos.

Amigos então, o máximo de amigos sinceros que teve foi apenas neste último ano, quando deixou Pri se aproximar e quando conheceu Cobra. O jeito de Karina acabava assustando as outras crianças e ela ficava triste porque ninguém queria brincar com ela. Com isso foi erguendo um muro cada vez mais firme em torno de si, afastando qualquer chance de decepção. O plano era se relacionar com todos, mas sem se expor demais. Diziam que ela agia com violência porque não entendia o que sentia, entretanto ela sabia exatamente o que se passava dentro de si. Mas aprendeu que sentimentos em demasia eram uma fraqueza e que demonstrar o que sentia era abrir oportunidades para que as pessoas a ferissem.

Quando ela finalmente deu uma chance para o amor, Duca a rejeitou.

E então apareceu Pedro...apesar de agir dessa mesma forma com Pedro no início, ele conseguiu conquistar sua confiança e ela abaixou um pouco a guarda. O guitarrista a estava fazendo muito bem, mostrando sensações e sentimentos que ela não conhecia.

Era um farol em meio as águas do mar, a guiá-la pela escuridão. Pedro tornava sua vida mais leve e mostrava que mesmo das coisas ruins, sempre poderia tirar algo bom.

Ela deveria tê-lo atendido, ele não tinha culpa de nada. Além disso só ele poderia fazê-la sentir-se melhor nesse momento, pois quando estava com ele era como se todo o vazio que doía dentro de si, se preenchesse.

Começou a tocar Chasing Cars do Snow Patrol.

*****

Pedro tinha ido procurar Karina em sua casa, na academia, ligado em seu telefone e nada. Sentou na praça, estava começando a se preocupar com ela. Será que algo tinha acontecido? Foi quando avistou Cobra no QG e resolveu ver se ele sabia de algo.

–E aí fera.

–Oi, Pedro né?

–É. Cara, você sabe da Karina? Não estou conseguindo falar com ela.

–Ela passou aqui de manhã. Não parecia muito bem, você aprontou com ela moleque?

–Claro que não. Até ontem estava tudo bem, deve ser outra coisa.

–Acho bom ser. Ela veio me chamar para ir ao parque, mas não pude ir.

–Será que ela foi sozinha?

–Provavelmente, quando a loirinha tá assim precisa fazer algum exercício.

–Valeu, vou ver se encontro ela. Se ela passar por aqui novamente pode avisar que estou procurando-a?

–Não sou boy de recado, mas eu sei que ela gosta de ti. Ok.

–Valeu. Falou.

Pedro pegou seu skate e foi procurar Karina no parque. Já estava desistindo, quando a avistou deitada embaixo de uma árvore, aparentemente cantando. Se aproximou, entrando em seu campo de visão.

–Pedro? –disse surpresa.

–Você não me atendia, fiquei preocupado.

–Como me achou?

–Cobra.

–Desculpe, eu precisava ficar sozinha.

–Aconteceu alguma coisa, linda?

–Estou triste. Mas não quero conversar.

–Eu posso ficar calado.

Karina cantarolou a música que estava escutando em inglês:

"If I lay here - Se eu me deitar aqui

If I just lay here - Se eu simplesmente me deitar aqui

Would you lie with me and just forget the world? - Você deitaria comigo e esqueceria do mundo?"

–Isso é um convite?

É.– Karina respondeu. Pedro deitou ao seu lado, roubou um lado de seu fone e segurou sua mão. Ficaram em silêncio, apenas observando o céu e sentindo as músicas.

Depois de alguns minutos, Pedro sentou-se recostado na árvore e puxou Karina para si, aninhando-a em seu peito. Apoiou seu queixo na cabeça da menina. E então ela se permitiu chorar.

–Melhor?

–Você sempre sabe como me deixar melhor. Obrigada.

–O que te deixou assim Esquentadinha?

–Nada para se preocupar. Meu pai, minha irmã. Bobagem minha.

–Pode me contar. Não vou te julgar.

–Desculpa. Mas é difícil para mim falar sobre isso.

Pedro ficou um pouco chateado, achava que ela não queria falar porque não confiava nele, mas resolveu que o melhor por ora era dar o conforto que a garota precisava. Até porque ele adorava ficar juntinho com ela. Trocaram alguns beijos e depois de algumas horas resolveram voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

Tadinha da K., só sofre!



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