Mayume precisou fazer algumas coisas em casa antes de poder descansar. Assim que tomou banho, caiu na cama e adormeceu rapidamente. Acordou com o despertador, ainda cansada, desligou o alarme e foi se arrumar, tomou um breve café da manhã e saiu em direção a faculdade. 

Estava na Alemanha há pouco tempo, ainda precisava se adaptar com algumas coisas, como por exemplo a alimentação, a maneira como os alemães se portavam era bem diferente para ela. Cada um tinha sua peculiaridade, mas no geral, achava que as pessoas eram bem animadas, e um pouco barulhentas. Como ela conseguiu sair de casa sem estar atrasada, andava mais devagar, a fim de aproveitar um pouco a paisagem. Também olhava as vitrines de lojas, haviam muitas coisas interessantes. Sem perceber chegou a faculdade, e logo encontrou seus amigos de sala. 

— Que milagre você não estar atrasada! Caiu da cama? - perguntou  Chun Zhang, uma garota chinesa, de feições delicadas. 

— Quase isso. - Mayume disse pensativa. - Na verdade estou um pouco ansiosa. 

— Por causa da competição, né? - perguntou Ricardo de Oliveira, um brasileiro alto de pele bronzeada. 

— Eu tenho virado noites tentando pensar em alguma coisa, mas não me vem nada de bom na cabeça! - Mayume se afundou na cadeira. 

— Vai aparecer alguma coisa, se quiser podemos ajudar! - Ricardo não gostava de ver seus amigos desanimados. - Até porque não queremos que você vá embora! 

— Você não tem como ficar aqui na Alemanha se não ficar entre os três primeiros? - a chinesa perguntou, tentando pensar em um plano b. 

— Ah, eu posso ficar, mesmo se eu ficar em último lugar, só que eu perco a bolsa que a faculdade me dá. Eu não tenho como me manter aqui só com o salário de estágio que eu ganho. 

Os três ficaram conversando até Charles Becker chegar, o professor lecionava sobre chocolate, suas variedades e utilizações. E era uma das aulas preferidas de Mayume. 

Chun Zhang também era intercambista, iria fazer toda sua graduação na Alemanha, a única coisa que precisava cumprir para não perder a bolsa de estudos era tirar notas acima de sete em todas as matérias. 

Ricardo de Oliveira também havia chegado há pouco tempo, possuía bolsa integral, na verdade, ele fora convidado para estudar na Alemanha pelo seu professor do Brasil. 

Mayume era a única de sua sala que estava na corda bamba, ela havia tentado passar pela bolsa integral, porém não conseguiu a vaga. Participar daquele concurso na faculdade  foi sua única maneira de conseguir um intercâmbio. E ficar com a corda no pescoço constantemente era o que a deixava tensa. Porque se ela conseguisse passar no concurso atual, ainda sim, precisaria se qualificar em pelo menos em terceiro lugar em mais cinco competições. 

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Karl estava em seu treino, seria o último antes do primeiro jogo, então naquele dia seria um treino mais leve, assim o time não estaria cansado para a partida. O Sol estava realmente quente, o céu sem uma única nuvem, aquele tempo quente e abafado, castigava os rapazes um pouco mais. 

— Pausa de quinze minutos! - Klaus gritou. - Logo, o time se dispersou, e cada um foi para um canto, bem longe do Sol. 

— Vou morrer assado! - Henrique enfiou a cabeça debaixo da torneira, precisava se refrescar. Não demorou muito, e outros jogadores fizeram o mesmo. 

— Vocês são muito moles. - Genzo também estava cansado, porém nunca se entregou a nenhuma adversidade.

Genzo apenas bebeu um pouco de água, e já ia voltar para campo, queria treinar um pouco sozinho, entretanto, Karl chamou ele de canto.

— Ontem chamei a Mayume para conversar… - Karl viu a expressão confusa de Genzo, e logo foi interrompido por ele. 

— De novo? Tá a fim dela, é? 

— Sobre seu caso com a Sayuri. - Karl continuou seu raciocínio, ignorando o que Genzo havia dito. - E sinceramente, a gente acha que você devia parar de ser teimoso e ligar para ela, e acertar as coisas de uma vez. 

Genzo ficou em silêncio por alguns segundos, a solução parecia rápida e fácil, mas na hora de executar não era assim tão simples. 

— Não adianta nada você ficar postergando isso. 

— Mas e se eu ligar e ela disser que já está com outra pessoa, ou falar que me odeia pelo o que eu fiz? 

— Só vai saber, se falar com ela. Você está há mais de cinco anos remoendo isso. E pelo o que a Mayume me falou, o que a Sayuri mais quer é poder falar com você. 

— Ela quer falar comigo? - Genzo disse um pouco ansioso. 

— Pelo o que a Mayume me falou, ela só não veio para a Alemanha te ver ainda, porque está achando que você foi embora sem dizer nada porque a odeia. 

Antes que Genzo tivesse a chance de responder, ouviu o apito, era hora de voltar ao treino. 

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Mayume saiu da faculdade e foi direto para a doceria trabalhar, ainda tinha um longo dia e várias coisas para fazer. Enquanto terminava de se arrumar no vestuário da loja, ouviu seu celular emitir sons de notificação de mensagem, eram de Karl. 

“Acho que o Genzo vai ligar pra Sayuri” 

Mayume logo respondeu.

“Sério? Como conseguiu isso?” 

Antes que pudesse ler a resposta, viu Anny entrar, e logo a garota começou a falar. 

— Hoje tá um calor insuportável! Ainda bem que tem ar condicionado! 

— Ótimo dia para tomar um sorvete! - Mayume disse sorrindo, adorava o calor. 

— Odeio calor, por mim seria inverno o ano todo! - Anny ficava mal humorada nos dias quentes. 

— Ah, mas dá pra tomar bastante sorvete, sucos bem gelados, ir aos parques, piscinas...

— Também dá pra ficar suado o dia todo, levar picadas de insetos, baratas aparecem por todo lugar! Além de um pessoal que não passa nem um desodorante durante o dia! 

— Eu trouxe um mousse que fiz na faculdade, quer provar? - ela pegou uma pequena caixa onde estava o mousse, e entregou para Anny.

Mayume mudou o foco da conversa, o que ela menos queria, era a amiga de mau humor. 

— Sempre quero provar! Anny logou alargou um sorriso. 

Anny comeu o mousse todo, até raspou o potinho.

— Eu preciso entrar numa academia! Só estou comendo doce e porcaria! Daqui a pouco não vou caber nas minhas calças! Como você consegue ser magra? Você deve comer doces o dia inteiro, e sempre que te vejo, você tá comendo alguma coisa! 

— Deve ser mal de família. - Mayume disse pensativa, porque sua mãe também não engordava, podia comer o quanto quisesse que a balança não saía do lugar. - Peso quarenta e oito quilos desde os quinze anos. Posso comer um pote de sorvete sozinha, que não muda nada! 

— Mal de família? É uma benção! O super poder que toda mulher gostaria de ter! - Anny disse rindo. - Espera eu falar isso pra chefe! Ela vai morrer de inveja! 

Mayume e Anny saíram do vestuário e ficaram conversando no balcão até aparecer um cliente, e logo a japonesa foi até a mesa para atendê-lo. 

   Continua....