HAZEL POV

– Hazel, o que foi? Está me deixando preocupado me olhando com essa cara e não me dizendo nada!

– Eu... eu falo depois, Leo. Tenho que resolver uma coisa antes. Desculpa ter te atrapalhado.

Pelos diamantes de Plutão! Eu estava aflita. Por que eu tinha ido falar com Leo? Por que raios pensei em contar aquilo logo pra ele? E ainda mais sem ter certeza! Que tonta que eu tinha sido. Precisava de Frank. Fui procurá-lo e o encontrei em sua cabine, quase saindo para o jantar.

–Frank!

Abracei Frank como se fosse o último abraço. Precisava muito me sentir nos braços dele. A sensação disso era maravilhosa, ainda mais depois que ele tinha ficado cheio daqueles músculos bem definidos. Deuses! O que eu fiz pra merecer um namorado tão lindo assim? Só de abraçá-lo fiquei melhor e consegui tirar aqueles pensamentos que estavam me deixando tão aflita da minha mente.

– Hãn, tá tudo bem Haz?

– Sim, está. Só precisava te abraçar. Te amo, e nunca deixe eu esquecer disso, ok?

– Pode deixar. Eu também te amo.

Dei a mão pra Frank e seguimos juntos para o refeitório do navio. Chegando lá vi que quase todos estavam já comendo. Menos Leo. Nem no refeitório ele estava. Ainda devia estar na proa, falando com Festus.

Jantei sem falar muito, mais envolvida nos meus pensamentos, que haviam voltado a me atormentar pouco depois de eu me sentar para comer. Quando eu estava me retirando do refeitório, acompanhada novamente por Frank, para ir para a cabine aproveitar a que talvez seria a última noite de sono tranquila até o fim da missão, Leo entrava no refeitório. Como todos já haviam saído ou estavam se preparando pra sair, Leo ia jantar sozinho. Talvez agora conseguisse falar com ele. Mas não sei se eu queria falar pra ele. E não sei se ele iria querer me ouvir também. Ele não parecia estar de muito bom humor. Mas na verdade ele nunca parecia de bom humor quando Frank estava por perto. E parecia que era recíproco.

Frank ia me levando para minha cabine que era depois da dele quando eu disse:

– Só vim te acompanhar, Frank. Tenho que fazer uma coisa antes de me deitar.

– Ah, certo. Boa noite então.

– Boa noite.

Nos despedimos com um beijo e um abraço e corri para o refeitório.

Agora estava vazio, exceto por Leo que ainda fazia sua refeição. Seu rosto se iluminou quando viu que eu estava lá.

– Hazel?

– Oi Leo.

– Está tudo bem? Você já está melhor?

– Nem um pouco, Leo... Mas... Eu não sei...- E num sussurro pra mim mesma eu disse- Que é que eu faço?

LEO POV

Hazel parecia muito aflita. Com um conflito interno muito grande mesmo. Quando a vi entrando no refeitório pensei que ela iria me contar o que ficou pra contar na proa mas ela não parecia decidida a fazer isso. Parecia mais lutando pra decidir se contava ou não.

E tenho que admitir, uma parte de mim ia ficar feliz se ela se abrisse comigo, confiasse em mim para ajudar com seus problemas. Mas por outro lado eu ficava triste só de pensar que talvez, quando ela me deixou na proa, tivesse ido falar com Frank. Decidira que ele era bem melhor do que eu. Ok que ele é o namorado dela, mas eu seria um ótimo namorado também. Calypso podia servir de testemunha se Hazel quisesse. Me sentia tão mal de estar pensando em Hazel como namorada e não em Calypso... Mas não podia fazer nada.

– Ei, Hazel. Pode confiar em mim. Nem Festus vai saber o que você me contar aqui.

– É um pouco mais complicado que isso, Leo. Ninguém sabe. Frank não pode nem imaginar o que se passa pela minha cabeça. E você seria o segundo depois de Frank. Mas ao mesmo tempo deveria ser o primeiro a saber.

Frank não sabia? Um peso saiu do meu ombro aquela hora.

– Não vou insistir, mas se alguma hora quiser falar, fique à vontade.

– Eu vou contar. Vou contar agora. Mas tem que jurar que ninguém mais, nem Festus, ficará sabendo.

– Juro pelo Estige.

– Hoje, quando entrei no navio, lembrei da primeira vez que a gente se viu. Por mais que eu tente, não consigo não sentir nada quando olho pra você Leo. Eu gosto de Frank mas...Também gosto de você. Talvez.. Talvez mais de você do que de Frank. Me sinto horrível por dizer isso! Me sinto horrível por Frank e por Calypso, que também é minha amiga, mas é verdade.

Fiquei em estado de choque. Pensava em dizer algo bem sedutor e convincente mas tudo o que saiu da minha boca foi:

– Sério?

– Sério. Me desculpe por te contar isso, eu realmente não devia e...

– Sinto o mesmo por você, Hazel. Quando a vi entrar no navio hoje... Pelos parafusos de Hefesto!

– Sente mesmo?

– Sim, falo sério!

Me levantei e fui até ela. A levantei e dei um abraço nela, o que ela retribuiu com força. Ficamos assim um tempo. Depois nos soltamos. Nem terminei o jantar. Só a acompanhei até a cabine dela e me despedi.

–Boa noite, Hazel - Disse dando mais um abraço depois de me certificar que não havia ninguém no corredor - Durma bem.

– Depois desse abraço? Pode ter certeza.

Ela sorriu timidamente e fechou a porta. Segui para minha cabine.

PAMELA POV

Era o ultimo dia de viagem antes de começarmos a missão propriamente dita. E eu sabia que semideuses em missão passavam a maioria das vezes muitos dias sem dormir. E eu gostava de dormir. Amava dormir. Mas logo nesse dia papai não tinha me dado um pingo de sono.

Depois do jantar fui para o deck descoberto, onde eu adorava ficar sentindo a brisa e observando a lua e horizonte. Senti alguém me abraçando pela cintura.

– Oi, linda.

– Oi.

Nico me deu um beijinho na nuca e me encheu de arrepios com aquele toque gelado.

– Não faça assim, Di Ângelo! Me deixa arrepiada!

– A intenção é exatamente essa, Gomes!

– Desde quando você é assim?

– Desde que me apaixonei por você.

Dei risada e me virei para beijá-lo.

Ele retribuiu o beijo carinhosamente, e seus lábios frios e a brisa do mar tornavam tudo melhor.

Ele parou o beijo com vários selinhos e disse:

– É melhor ir dormir. Não vai querer levar a fama de Jason por dormir no meio das missões.

– Não estou com sono. Nem um pouquinho.

– Mas você precisa dormir, Pam. É sério. Ainda mais porque a gente vai direto pro mundo inferior, esqueceu? E você sempre fica cansada depois.

– Depois, não antes.

– Já vi que está difícil de te convencer hoje, né?

Olhei pra ele o desafiando, então ele soltou uma risada breve e subitamente me pegou pelas pernas, me pendurando em seu ombro, se dirigindo pra dentro do navio me levando.

– Me solta, Di Ângelo!- Falava, enquanto não conseguia parar de rir e ele ria também - Nico!

– Você que pediu, Gomes! Hahahaha! Aguenta aí, agora!

Chegando em frente da minha cabine, ele me colocou no chão, ainda me segurando pra o caso de eu fugir - Qual é, ele não confia em mim?- Abriu a porta e me puxou pra dentro.

– Pronto, já estou na cabine, conseguiu o que queria. Feliz?

– Quase. Mas não estou confiando muito em você hoje. e só para garantir que você não vai fugir, vou passar a noite aqui.

– Rá! Engraçadíssimo. Pode ir- Disse indicando a porta - É sério, Nico, não vou fugir. Prometo.

Só agora havia percebido que ele usava um pijama cheio de caveirinhas e que ele estava falando sério. Ele não ia sair da minha cabine.

Revirei os olhos, peguei meu pijama e fui pra o banheiro, jogar uma água no corpo antes de me deitar.

Quando saí do banheiro, Nico me abraçou por trás pela cintura novamente e assim me conduziu até a cama, grande o bastante pra que nós dois deitássemos confortavelmente.

Assim mesmo nos deitamos e , ouvindo a respiração calma e profunda de Nico que adormeceu extremamente rápido, e estando de conchinha com ele, não foi difícil pegar no sono.