Eles me disseram o oposto, que apenas me deixou no zero. Não, na verdade eles me deixarão no menos um. Dei um tapa na parede frustrada. Fiquei olhando um copo de suco na mesinha e um sanduíche natural e mesmo após tentar descer ele abaixo não consegui e isso só aumentou minha frustração. Após um tempo imaginei como meu pai deveria estar feliz com tudo isso, como as coisas sempre davam certo pra ele. Se eu escolhesse Matt e lhe contasse tudo poderia coloca-lo em perigo e se não contasse o perderia para sempre. Sabe o que significa para sempre para nós puros? Que o veremos morrer e estaremos respirando como crianças saudáveis. Peguei o espelho na minha frente que ainda continuava rachado.

—O que você quer de mim?! – gritei e o empurrei na parede e ele chocou fazendo um estrondo – o que você quer de mim?! – o barulho dos cacos no chão só fizeram minha frustração ficar pior. Comecei a gritar e fechei os olhos – porque você não morre seu desgraçado e me deixa em paz! – abri os olhos e chutei a bandeja de comida para cima e foi quando vi que o cacos no chão agora formavam uma palavra – só o que me faltava! MACUMBA! O que é isso? Mereço! Keeeeeeeeila!! – o grito foi tão alto que ela após alguns minutos quase derrubou a porta no chão com um guarda que logo vi ser Klaus. Levantei a sobrancelha para sua roupa mas ele apenas deu de ombros e murmurou algumas coisas ao pé do ouvido de Keila – da pra vocês me explicarem porque esse espelho ta tentando falar comigo! Ou vão se calar para sempre? – cruzei os braços – vamos estou esperando quando vocês iam me falar – a porta se fechou com um movimento da mão de Klaus – sobre isso e isso – apontei para os cacos no chão.

Keila movimentou-se com seu macacão rapidamente e eu novamente estranhei suas vestimentas. Seu cabelo estava solto reluzindo qualquer tipo de luz. Ela parecia um sol ambulando só que laranja. Já Klaus parecia mais aquele tipo de professor gato ou medico que você pegaria sem pensar muito. Era forte, bonito e com certeza gostoso.

E sobre mim? Sou gostoso também?

Revirei os olhos quando Lucas entrou silenciosamente pela porta e invadiu minha privacidade.

—Eu acho você um idiota – disse baixinho.

Klaus olhou para mim e depois para Lucas e voltou a olhar para os cacos que Keila mexia fazendo outra palavra. Ficamos olhando em silencio. Até que não esperei e disse logo de uma vez.

—Vão me dizer porque nunca me falaram sobre portais, feras horrendas ou como poderes tem graduação ou estão pensando em me fazerem de idiota de novo?

Talvez fazer você de idiota de novo seria legal.

Olhei furioso para Lucas que estava encostado próximo a porta totalmente relaxado com os braços cruzados. Nos olhamos por alguns segundos e ele fez aquele sorriso irônico. Minha frustração só aumentava.

—Estou esperando Keila e Klaus.

E eu? Não esta me esperando? Onh que triste, estou plenamente magoado.

Após esperar não muito paciente todos decidiram abrir a boca.

Cada um olhou para cara do outro conversando silenciosamente.

—Esperando bibibipi – fingi uma catástrofe de buzina que tirou risada de Lucas fazendo sarro com a minha cara.

— A quanto tempo vê essas coisas? – Keila perguntou.

—Alguns dias.

—Palavras e o que mais? – agora foi a vez de Klaus perguntar.

Pensei por um tempo e lembrei de algo.

—Vi uma gota desaparecer e – passei a mão pelo cabelo – talvez tenha visto imagens estranhas em sonhos, agora podem me explicar o que é isso e porque estou vendo?

Keila olhou para Lucas que se aproximou.

—A mesma profeta que me mandou ser seu guardião esta mandando recados e isso é as palavras que você vê – Lucas começou.

—A gota é o poder que há dentro de você. Há água estar em uma gota logicamente é uma parte do seu poder que quer ser manuseada para que você descubra qual é essa parte, para que possa ver como é essa sua outra metade ainda desconhecida – Keila continuou e depois parou e passou para Klaus.

—Os sonhos são visões de coisas reais que aconteceram, todas tem significado e você não as vê por nada e por ultimo da onde você tiro portais mágicos?

Lucas não se conteve e começou a rir e depois Keila e por ultimo pra minha frustração nem Klaus seguro.

—Você as vezes tem uma imaginação fértil Daniele – disse Klaus e depois todos os três caíram na risada.

—Ta tá! – os interrompi – talvez eu tenha exagerado um pouco – eles fizeram um olhar – ai credo de vocês, nunca viram uma garota frustrada não?

— Pensei que isso fosse TPM – disse Lucas baixinho.

Eu o ignorei e voltei-me para os outros dois racionais na sala.

—Da pra vocês pararem de rir!

—O que foi? É que.. – Keila voltou a rir – é que .... – riu de novo e de novo.

Cruzei os braços.

Você também vê fadas? Aquelas que pegam o seu dente e deixam moedas?

Não pois na verdade vejo guardiões sem eles e ai se interessa? Revidei.

—Chega parem de rir! – eles se aprumaram.

—Nunca vi alguém melhor de irritar que você – dessa vez Lucas disse em voz alta e não infiltrando na minha cabeça.

—Isso é verdade – falou Keila.

—Pior que é – até o Klaus!

—Anh por favor! – lembrei do copo de suco mas ai depois lembrei que agora estava era no chão e todo esparramado – esperem um minuto já volto – disse e caminhei ao banheiro e após tampar o fundo da banheira liguei a torneira e quando vi que dava para molhar três a fechei. Deixei uma fresta da porta aberta e voltei – tenho algo a contar a vocês – todos me olharam intrigados – é sobre – com um movimento de pé a água veio do banheiro como uma onda e molhou todos – como molhar um puro de água e ele não conseguir se secar! – e agora foi eu que cai na risada quando encarei três pintinhos molhando a minha frente um pouco frustrados – como é lindo a família unida, estão vendo? Como ficam bonitinhos frustrados – eles por muitas vezes tentaram se secar mais nada aconteceu.

—Ta essa é nova mas como você conseguiu? – perguntou Keila.

—Foram os portais da paz que vocês riram eles ensinam sabe – fingi que estava drogada – tem aquelas ervas da paz e você entra no clima e descobre horizontes do seu poder – todos olharam-me furiosos e foi ai que eu ri. Acho que nunca ri tanto assim na minha vida. Ri até chorar e a barriga doer.

—Você me paga – gritou Keila após eu correr pela porta.

—Eu pego ela – agora foi Klaus.

—Volta aqui sua mamute – e Lucas.

Corri corredores e mais corredores até estar correndo para fora do castelo e foi ai que reparei. Meu Deus! Estava nevando! Escorreguei algumas vezes e continuei correndo.

Senti uma bolinha atravessar todo o espaço entre eu e a porta do castelo. O vestido era longo mas maneiro então não me atrapalhou muito. A bolinha por outro lado me atacou na panturrilha e eu cai de cara.

Keila apareceu mandando umas 10 nos ar. Com um mexer nos dedos eu as fiz se baterem com outras 10. Levantei e corri e la estava Klaus manuseado a neve como uma enorme boca que queria me engolir. Ele fez eu tropeçar varias vezes mais me recompus. Com um movimento rápido fiz a neve o engolir até o pescoço e ele ficou la só com a cabeça para fora. E para o final como sempre é o mais emocionante veio Lucas. Ele derreteu um bom pedaço de gelo me fazendo cair em uma poça de quase um metro. Fingi que estava afogando e ele sem saber se estava ou não foi me ajudar e eu o puxei para dentro. Ele caiu comigo e começou a fazer a água evaporar me queimando. Era golpe baixo eu sabia mais mesmo assim eu o fiz. Me aproximei e fingi que iria beija-lo e de um jeito meio torto sai da poça e o congelei firmemente. Ele esquentou o pouco que pode mais não saiu. Até que após ver que tinha vencido ele pediu misericórdia e quando vi estavam todos de frente a mim.

— UAL ! – falaram os três ao mesmo tempo.

—Como...

—aprendeu...

—isso? – foi Lucas,Keila e terminando Klaus.

Ri novamente quase que, quase nada, eu estava praticamente tendo uma crise de riso. Após eles me olharem com aqueles olhares esquisitões eu disse logo.

—Calma guardiões, é a minha vez agora. Podem me dizer o que a profeta quer e o que estão escondendo de mim.

—E de mim também – quando ouvi aquela voz eu parei com o sorriso e todos pararam junto comigo. Mentira todos não pois foi ai que Lucas achou a maior graça. Me virei e olhei bem pra Matt. Seus olhos me examinaram mas nada indicaram. Usava roupa de frio e seu cabelo parecia ainda mais loiro.

—Pooisee né Lucas – disse tentando me desvencilhar – talvez deva explicar a ele e ai o que acha?

Quando voltei-me a Matt novamente seus olhos estavam fixos no chão e ele tinha parado de respirar. Estava paralisado.

—Serio! Isso! Vocês pararam Matt no tempo! Keila! – gritei e olhei para aquela ruiva incessante.

—O que? Ele não pode saber disso ou pode?

—Você vai contar a ele ou não ? – Klaus se aproximou.

—Eu irei – e foi ai que a graça acabou definitivamente para Lucas pois ele fechou a cara e me olhou com indiferença.