O dia não era animador como costumava ser. Meu aniversario costumava ser celebrado e hoje quase foi esquecido pela aniversariante. Me encolho na cama com medo do que há de fora dela. Com medo que eu levante e tenha que fazer tudo de novo. Encarar o meu pai e Matt. Olhar para Keila e saber o perigo que os coloquei comigo. Talvez devesse levantar e acabar com isso tudo mas não seria simples. Não era caso de eu levantar e mata-lo. Eu tinha que encontrar a pedra. Destruir seus rebeldes. Então após algum tempo me levantei. Ao invés de colocar uma vestido longo coloquei calça e blusa de mangas longas. Escovei os dentes, lavei o rosto e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Caminhei pelos corredores e os empregados me olharam intrigados mas os deixei olhar e fui até meu pai. Subi as escadas passando por aqueles corredores que antes eram tão acomodados que agora me assustavam. Sentia medo cada vez que virava. Ouvi uma voz familiar e não acreditei. Não acreditei que ela estava aqui. Não agora. Não! Abri a porta de supetão e encontrei Larissa ou melhor a minha prima Larissa a queridinha de muitos. A naja que eu conhecia muito bem. Meu pai me olhou com desaprovação e Larissa com nojo.

—O que você ta fazendo aqui? – olhei seria para Larissa.

—Vim comemorar seu aniversario prima, calma – ela sorriu.

Larissa não era uma garota linda mas tinha seus pontos fortes. Tinha um corpo delineado e cabelos um pouco abaixo do ombro castanhos. Possuía pele branca e olhos escuros, um sorriso maliciosamente bonito mas era tão cruel como meu pai.

—Querida isso é modos! – papai me repreendeu.

—Com ela?! Sério! Essa cascavel! Dei-me paciência! – passei a mão pelos cabelos.

—Acho melhor calar a boca priminha – sua voz era tão insuportável que eu apenas queria voar em seu pescoço.

—Cala você sua vagabun..

—Chega Daniele! – o grito do meu pai me interrompeu do xingamento – trate-a com respeito, você é uma princesa!

—Como se o senhor se importasse com algo além de si mesmo!

—Daniele! Cala a boca! – olhei em seus olhos e vi fúria.

Ouvi um riso saindo da boca da Larissa mas quando fui voar em cima dela alguém me segurou. Braços fortes me agarraram.

—Tirem-na daqui, e faça-me o favor Daniele haja como uma princesa ou nunca será uma! – e aquilo soou mais como uma ameaça e senti que Larissa não veio apenas roubar a coroa. A ameaça soou como uma aliança. Havia coisa ali.

Após ser basicamente empurrada que reparei como o braço me segurava.

—Me solta Matt eu vou voltar e mata-la, agora me solta.

—Agora que não solto Princesa – lembrei que havia outras pessoas ao redor.

—Esta bem soldado, não vou mata-la mas me solte.

Ele ainda permaneceu segurando meus braços até me levar a uma mini biblioteca do outro lado do castelo. Entramos e ele fechou a porta atrás de si.

—Você esta louca?! – olhei em seus olhos claros e ansiei por eles mas por instinto acabei indo fechar as cortinas como medo de que se eu os olhasse por muito tempo me perdesse.

—Você não pode me ignorar por muito tempo você sabe disso – ele se aproximou e colocou sua boca próxima ao meu pescoço – você mora aqui e eu também, acho melhor você me dizer logo o que preciso saber princesa.

—Não precisa saber de nada – me desloquei e fui para o outro lado próxima a uma prateleira.

—Ok – ele se aproximou e sorriu maliciosamente. Onh meu Deus! – então talvez devesse persuadi-la – e ficou entre mim e a estante e colocou os dois braços apoiados na estantes do modo que eu não poderia sair – não me insulte princesa.

—Por favor não me comprometa soldado – e por mais que eu não quisesse não consegui e sorri, ele acabou por me pegar em seus braços e quase tocar meus lábios.

—Por favor não me afaste, não faça isso com nós.

—Eu não posso desculpe – me recompus e baixei os olhos pro chão.

Ele delicadamente passou sua mão por meu rosto e me fez encara-lo por um longo tempo.

—Você não me ama?

—Eu te amo mais do que qualquer coisa que eu conheça – senti as lagrimas querendo descer – mas é perigoso.

—É por causa da coroa?

—Não, passa disso.

—Você não confia em mim?

—Eu confio – uma lagrima desceu e ele a limpou.

—Então por que não me conta? Por favor Dany não continue fazendo isso não nos afaste, não permita que isso morra porque se você me deixar eu vou deixa-la pra sempre. Você não me vera novamente e nunca mais ouvira falar de mim. Eu te amo princesa, amo desde o primeiro dia que coloquei os olhos em você. Você é tudo que eu tenho e lhe imploro não me deixe ir porque tenho medo de que doa tanto que...só por favor não me deixe – olhei em seus olhos verdes e vi ali esperança, vi amor – por favor eu imploro – uma lagrima desceu por seu rosto e aquilo doeu em mim.

—Eu te amo.

—Eu também te amo minha pequena – ele se afastou para pegar algo no bolso e depois colocou delicadamente no meu pulso onde continha a raiz – feliz aniversario.

Eu sorri e depois o beijei como nunca. Senti seu hálito fresco de morango. Ele me dizia que vivia a comer pois era um vicio. Ele me puxou pra mais perto passando os braços ao redor da minha cintura me prendendo e vi como nos encaixávamos. Como doía ficar longe dele e como tudo parecia perfeito quando estávamos juntos. Como se eu pudesse fazer tudo que eu quisesse desde que ele estivesse comigo. Desde que ficássemos juntos tudo daria certo. Mas não era tão simples. Mas naquele momento não me importei. Eu apenas queria que aquele momento não se esvaísse ou fosse esquecido. Queria ele por perto. Queria ser dele e queria que ele fosse meu. Nosso beijo foi ficando mais quente e eu passei minha mão por seu cabelo loiro sedoso. Apos algum tempo ficamos apenas nos entreolhando até que ele murmurou algo.

—O que foi?

—Tenho que ir.

—É uma pena soldado, posso não estar sempre a disposição – o beijei novamente e depois me afastei.

—Depois conversamos pode ser? – assenti ainda meio indecisa pela minha decisão.

—Obrigado – disse e sorri.

—Eu te amo.

—Eu também me amo – ele me fez cocegas e eu comecei a rir - eu te amo eu te amo eu te amo agora pare – voltei- a rir.

Ele me beijou rapidamente deixando um gosto de quero mais e saiu. E na hora não sei se havia escolhido certo. Mas sabia que deixa-lo para trás novamente havia sido um erro. E que se eu dissesse adeus eu nunca mais o veria e não me imagino sem ele não consigo. É como tirar tudo que me resta. É avassalador. Eu não podia ficar sem ele disso eu sabia. Mas seria seguro contar-lhe a verdade, deixar que sem sua vontade ele acabasse no meio de uma guerra? Seria justo? Absolutamente não seria.

Keila estava agora em seu quarto. Quando entrei Klaus estava saindo. Ele foi dando as costas.

—Klaus espera – ele se virou e me encarou.

—O que?

—Se você amassa alguém a ponto de saber que sem ela não seria nada, contaria lhe a verdade?

—A que se refere Dany?

—Ao amor.

Ele analisou por um tempo.

—Você sabe como isso é perigoso, mas creio que essa decisão cabe a você não a minha opinião mas se realmente quer saber o amor deve ser buscado e se o ama como parece amar creio que não quer vê-lo morrer. As vezes o certo é deixar que a pessoa se vá.

—É isso que fez com ela?

Ele fez uma cara intrigado.

—Tchau Dany – e saiu.

Entrei no quarto após bater e uma empregada baixinha abrir. Avistei Keila sentada próxima a janela olhando o jardim.

—Oi – ela se virou e olhou para empregada e ela saiu entendendo o recado.

—Oi Dany – me aproximei dela.

—Preciso fazer uma coisa e não sei se terei coragem de faze-la – disse me ajoelhando e depois me sentando ao chão – preciso deixar-lo mas tenho medo que esteja fazendo a coisa errada.

—Klaus me deixou por outras razoes mas se quer saber, se o ama mesmo você deve dar a ele a verdade. A decisão não pode ser só sua Dany. Ele merece saber o que somos e o que esta por vir pela frente e digo sendo sincera e por experiência própria que se o deixar ele pode nunca mais voltar e então vera como sera doloroso acordar todos os dias e não ter nada para sentir. Apenas um vazio, um oco sem fim. E mesmo tentando lembrar dos momentos que se passou com ele, acaba que vão sumindo e você perde tudo. Perde ele e perde o amor. E então você vira um nada. Então não faça isso Dany. Não o deixe partir.