Posso dizer que o meu mundo mudou em mais de uma semana. Em 12 dias tudo se revelou. Eu tive que me tornar o que fui destinada a ser. Tive que matar o medo ou a impotência em mim porque não admirava a ideia de dizer que sempre era fraca... pelo contrario sempre achei ridículo pessoas que são assim. Todos temos defeitos e qualidades e podemos colocar em porcentagem, todos são bonitos de alguma forma... por algum fio invisível somos ligados então não entendo como certas pessoas são assim.

Fiquei praticando alguns golpes no saco a frente. O suor escorria por toda a extensão das minhas costas. Treinei por volta de 2 horas golpes e chutes e depois tomei um bom banho e fui me alimentar. Alguns já estavam no refeitório que até agora não tinha visitado. Acho que era a segunda maior sala da escola. A primeira ficaria para o auditório. Peguei meu prato e bandeja e fui me servir. Coloquei purê de batata, arroz, feijão preto e algumas folhas de alface, depois peguei um copo de suco de maracujá e me sentei em uma mesa vazia próxima a porta. Mastiguei tudo lentamente e reparei todos os guardiões ali, pelo visto em meninas e meninos tinham praticamente a mesma quantidade e vestiam diferentes vestimentas. A maioria falava a minha língua, também com tantos anos de vida quantas línguas não podem aprender! Senti o gosto do suco descer pela minha garganta e agradeci por estar gelado. Estava muito bom e eu precisava de algo para me acalmar, pois sendo sincera nunca fui o tipo de garota que possui paciência.

–Pensando bastante né? – Keila sentou se a minha frente com sua bandeja.

–Sim – ri e dei um gole no suco – e você anda pensando muito também?

–Na verdade sim – disse ela olhando para os lados e de repente seu olho se fixou em um homem que entrou de farda e tudo pelo refeitório e pegou a fila.

–Quem é ele? – perguntei.

–É o líder daqui – disse ela mexendo com o garfo em seu prato.

–Você e ele?

Ela negou com a cabeça e depois balançou no sentido contrario.

–É complicado, mas como você supôs isso?

–O olhar – disse fazendo um circulo com o garfo no ar – o olhar muitas vezes diz muitas coisas e o seu supôs algum sentimento forte – ela me deu um soco de leve no ombro e começamos a rir – ele esta vindo pra ca – disse baixinho.

O homem aparentava uns 25 anos e era forte e um pouco alto. Tinha cabelo negros ondulados e olhos castanhos perfeitos. Sua postura era rígida. Ele se aproximou da mesa e olhou para mim.

–Bem-vinda Dany – disse ele e nos cumprimentamos – sou Klaus o líder daqui ,como anda suas acomodações?

–Boa obrigado.

Ele sorriu e percebi que aquele homem podia ter toda uma postura, mas como o leve sorriso aparecia no canto de sua boca o nervosismo, o sentimento em ambos eram fortes e insanos conclui. Sorri diante daquilo e por um motivo comecei a achar que eles combinavam juntos.

–Senhor – disse uma menina de cabelo longos escuros se referindo a Klaus.

–Até mais novata – disse ele e saiu mais a garota.

Me virei para Keila que agora fincava com força o garfo no bolinho de arroz.

–Ouu – disse rindo – o bolinho não tem culpa não - mas ela continuou a finca-lo até ficar despedaçado, depois olhou para mim e sorriu.

–É isso que farei com aquela piranha – disse ela me olhando com raiva.

Dei um leve sorriso e vi quando Lucas entrou acompanhado de Amanda pela porta. Ela segurava suas mãos e ele as delas e tive que segurar a boca para ela não abrir. Agora sim eu queria fazer o mesmo que Keila. Um sentimento estranho surgiu em meu coração e a pulsação aumentou. Então como algo que você não controla fiz com que um espelho horizontal da porta se quebrasse. Estilhaços voaram para todo o refeitório e todos se calaram.

–Era melhor ter feito com o bolinho de arroz- disse Keila rindo.

Abaixei a cabeça e deixei acreditarem que foi outra pessoa. Encarei as alfaces e comecei a come-las. Depois de 1 minuto atrevi a levantar o olhar e vi Lucas e Amanda terminando de colocar a comida e se sentarem em uma mesa longe de nós.

–Podemos comer em outro lugar ?- me virei para Keila

–Com toda certeza – disse ela pegando a bandeja e me guiando para fora daquele lugar.

Havia não muito longe uma abertura de um rio. Então sentamos em um banco de frente pro pequeno espaço onde continha água. Acima de nossas cabeças estava uma arvore que produzia flores vermelhas e senti que aquele lugar não fosse de alguém seria o meu a partir de agora.

–Me conte – disse.

–Então vai me contar também – disse ela apontando o garfo para a escola ao longe.

–Sim, então comece e fale todos os detalhes.

– Meus pais me abandonaram quando era pequena pois achavam que eu era louca ou endemoniada e Klaus me acolheu na rua e me ensinou tudo que eu deveria saber e nos aproximamos, ele me ensinou por horas a fio e de repente já estava começando a me formar no que chamamos de piloto e eu já tinha 22 anos e ele 101 minha experiência não tinha comparação com a dele, minha beleza não chegava ao pés da dele e de uma forma estranha começamos uma amizade e daí surgiu algo mais e quando achei que tudo estava se encaixando – seus olhos mostrando uma dor – chegou uma mulher aqui, era sua ex esposa que ele achava que tinha morrido em uma guerra no Afeganistão. Eu me lembro quando perguntei sobre ela uma vez, ele não disse muito mais vi o amor que ele sentia por ela e quando ela voltou nos terminamos, ele disse que não dava que não era o suficiente. Talvez porque apenas 22 anos tenha me dado pouca experiência, então ele me evita sempre que pode, sinto que ele de alguma forma me ama mas não tem coragem para dizer, isso nem a mim nem a si próprio e sua ex esposa que agora é sua namorada era legal até quando a conheci frente a frente, ela é o tipo de pessoa manipuladora que fazem todos acreditarem que ela é uma ótima pessoa e depois usa tudo que sabe contra você – vi uma sentinela surgir em seus olhos e uma lagrima desceu – me apeguei a ele mais que me apeguei a qualquer pessoa na vida e então estamos assim, eu de um lado e ele do outro com aquela piranha – ela sorriu e eu sorri pra ela.

–Como ela se chama? A piranha me refiro – disse rindo

–Miranda blé – rimos – agora conte você.

–Na verdade não sei o que sinto por ele, é meio que algo que ta escondido e algo que eu sei o que é, e só posso entender isso se ele trazer minhas memórias de volta, você é o que dele mesmo?

–Amiga –ela sorriu – de muito tempo, mas vai continue.

–Eu amo outra pessoa e não acredito que posso parar de ama-la mas acredito que talvez o amor que senti por Lucas seja maior que isso, eu só queria saber, entende? O que realmente sinto, é injusto ele ter algo sobre mim e eu não ter nada sobre ele e esse amor que sinto por Matt não é algo que posso alimentar pois não posso ficar com ele então é complicado. Eu não sei se estou pronta para uma nova relação porque não sei nem o que sinto. Esse é o problema – disse e quando levantei a cabeça atrás de Keila estava ele, Lucas estava me olhando serio. Keila se virou e voltou-se pra mim.

–Bom vou indo, até mais tarde Dany – ela deu um tchau e se foi.

Lucas usava um calça jeans e blusa gola v que mostrava um pouco do seu peitoral. Ele se sentou onde a pouco estava Keila e me encarou com seus olhos castanhos firmes.

–Você realmente acha que se tiver as memória pode resolver sua vida amorosa? – ele riu e eu não gostei – viu como disse que tem hora que você é patética – segurei para não gritar com ele – quer as memórias então prove que elas não atrapalharão tudo que você tem aprendido e que ira aprender, mas porque quer saber sobre algo que não fará diferença? – ele passou a mão pelo cabelo – porque eu não quero nada com você Dany não entendo porque quer ter essas memórias.

–Então o que foi todo aquele discurso da minha vida e da sua, era o que encenação? – perguntei furiosa por dentro, ele balançou a cabeça e murmurou algumas coisas e quando vi era tarde demais, ele estava fazendo o feitiço estava fazendo alguma coisa, eu tentei me mover ou fazer com que aquilo não funcionasse. Mas ai algumas coisas que me lembrava foram sendo apagadas e aquilo era horrível. Ele não podia ta fazendo aquilo comigo de novo! Não é val! Ele não pode....Meus olhos ficaram negros e acredito que eu desmaiei e senti que as memoria já tinham sido arrancadas de mim. Eu estava sem nada novamente. Pelo menos era isso que eu achava.