No dia seguinte la estava eu treinando esgrima com Lucas porque aparentemente Taylor tinha negócios a acabar. Apos um tempo deram-me uma pequena pausa.

—Você luta como uma menina – sua voz era insuportavelmente sexy e irritante.

—Talvez eu devesse lutar como um que? Uma fadinha? – brinquei

Ele sorriu e se aproximou de mim.

—Você vai voltar e não pode voltar assim!

—Voltar?

—Sim, você vai voltar Dany vai voltar como a rainha, a líder que todos precisam que você seja, será que ainda não enxergou que tudo isso passa de vestidos pesados e brincar de lutar? – eu o encarei com firmeza – Dany você vai ter com lutar com o chefão, o líder dos rebeldes, você fará uma rebelião contra outra rebelião, você mal sabe usar a raiz que possui, talvez tenhamos errado em colocar as coisas na sua mão! Você não leva as coisas a sério! Não vê! Sua mãe não morreu por isso – ele levantou as mãos pro alto e depois me encarou – e não se atreva a derramar uma lágrima, não se atreva a chorar porque onh Deus, porque você é tão mole, porque a mulheres são tão moles! – segurei a raiva dentro de mim – Daniele você não é apenas uma princesa é uma futura rainha enxergue isso!

—Então me ensina se sou tão despreparada como você diz! – gritei

—Você não chega aos pés do que deveria ser Dany – ele joga a espada de esgrima no chão e passa a mão por detrás da cabeça e vira de costas – você não chega aos pés dela.

—Da minha mãe – disse confirmando para mim mesma – então me ensine! Ensine-me ser o que devo ser, olhe aqui pra mim – fui até ele e olhei em seus olhos castanhos – você é um guardião! Onh Deus! Se não pode me ensinar a ser o que devo ser o que você faz aqui?! Seu grande idiota sei tanto quanto devo saber para alguém que descobriu sobre o que é a menos de uma semana, quer que eu seja boa então me ensine! Ensine-me a lutar! – aproximei meu rosto do seu – eu quero ser uma líder e serei uma líder, porque você não sabe nada sobre mim o quão boa posso me tornar, eu não ligo pra vestidos pesados ou parecer bela eu ligo sabe para o que? – apontei o dedo para sua cara e ele se afastou – eu ligo para ser quem eu realmente sou então se você é fraco o bastante para não conseguir me tornar algo que devo ser então some daqui, porque quem não esta preparado aqui não é eu é você – me afastei e dei lhe as costas.

Quando já caminhava na grama a alguns metros um vulto parou na minha frente. Lucas.

—Então lhe ensinarei – ele disse – lhe ensinarei ser como a sua mãe, melhor ainda que ela lhe vou ensiná-la como lutar e ser uma líder e eu estou preparado Daniele, acho que na verdade sempre estive desde o momento que a vi crescer, como você acha que sei tanto sobre você? Eu vi você na barriga de sua mãe Daniele, eu ajudei a criá-la por trás de espelhos, quem você acha que escolheu seu nome? – agora era em seus olhos que vi uma sentinela de algo brilhante como uma lagrima – vi você crescer e cuidei de você e depois de tudo que fiz por você – ele parou – fiz mais que era meu dever e você não sabe, não quis ser grosso quando disse que você não sabe o que esta ocorrendo a sua volta, eu fui designado a cuidar de você, pois uma mulher havia tido uma visão que a futura rainha era a escolhida então eu fui la e te ajudei, sua mãe me fez prometer cuidar de você, tive que sacrificar muito por você sua fedelha – ele balança as mãos nervoso – vi minha família se esvair e eu ficar ou não lembra-se que vivemos centenas de anos?! Vi você crescer e se você não levar a serio verei a sumir como todo o resto – ele se afastou e eu fui tentando assimilar tudo aquilo sem dar piti ou algo do tipo – Daniele você é importante para mim entendeu? Pronto falei! Eu sei que você ama outro e não se lembra de mim por que...

—Por quê?

—Porque a fiz esquecer-se de mim – ele balança a cabeça – começou a ficar perigoso o que você sentia por mim e eu por você então apaguei tudo o que você se lembrava sobre mim e ai vi gostar daquele rapaz Matt sei la qual o nome dele, você entende isso?! É como uma tortura porque fui designado pela visão ensiná-la e protegê-la como minha vida! – ele se aproxima de mim e brinca com uma mecha de cabelo – não irei perdê-la.

Fiquei ali o encarando sem palavras. Porque era simplesmente demais. Primeiro Taylor havia mentido pra mim sobre não voltar. E uma chama sobre o que eu sentia por Matt se acendeu dentro de mim e começou a me corroer por dentro. Eu o amava e agora eu meio que estava envolvida com Taylor e agora com Lucas, não queria aquilo. Eu amava Matt e poderia tê-lo de volta, poderia sentir seus lábios e contar tudo que estava acontecendo, tudo. Uma lágrima escorreu pela minha face e a deixei cair, pois não conseguia mais segurar. O peso estava cada vez maior e doía. Doía como algo que não se pode apagar nem esquecer. De repente lembranças começaram a surgir. Quando conheci Matt e várias vezes que minha mãe me colocou para dormir. Olhei pro céu e coloquei toda minha frustração para fora. Eu não queria aquilo mas eu precisa suportar, porque não tinha como fugir, não tinha como deixar o que o destino reservou para mim ali escondido entre mentiras. Eu precisava ser o que nasci para ser. Então coloquei tudo para fora e senti todo o sangue percorrer meu corpo em uma intensidade enorme. Senti o vento me rodear e vi o céu escurecer. Olhei meu pulso e a raiz estava ali forte e brilhante. Algo me atingiu por trás como uma faca. E senti a dor lancinante percorrer o meu corpo. Olhei para Lucas e ele me pegou no colo quando cai. O céu estava escuro e chovia bem pouco. Taylor segurava uma espada e com a minha mão forcei o ferimento, mas continuou a escorrer sangue e mais sangue. Seus olhos estavam escuros como os do rapaz que vi no castelo e no momento soube. Soube o que deveria saber. Todo esse tempo eu estava ali sendo usada como um fantoche. Todo o tempo eu estava sendo traída por aqueles quem aprendi a amar. Primeiro meu pai, ele era o chefão. Chorei diante daquela revelação. Ele descobriu sobre minha mãe e ele mesmo a matou e se passou por aquilo que chamei de pai, de amigo. Chorei diante da imprudência que tive todos esses anos. O tempo todo os rebeldes eram aqueles que chamava de amigos, de confiáveis, onde depositei toda a minha confiança, minha vida. O tempo todo eu estava ali sendo manuseada sobre ser alguém que pensei que tivesse que ser. Taylor e toda aquela historia sobre ser os rebeldes maus... e eles eram os rebeldes maus! A minha família eram os rebeldes maus! Minha mãe morreu porque fui burra e não pude fazer nada! O tempo todo com aquele papo meloso querendo me seduzir eram sós para me ganhar.

O sangue jorrava sobre a grama se misturando a água. Agora era uma enorme poça de sangue e a minha consciência ia se esvaindo aos poucos, comecei a pensar sobre tudo, exatamente tudo, como fora manipulada e como eu havia sido idiota acreditando naqueles... Olhei pro céu e fechei os olhos. Senti toda a pouca força e acreditei que aquilo poderia me salvar. Acreditei no sorriso da minha mãe e quando ela cantava para mim dormir e contava historias como ela amava o meu pai. E como eu os amei com toda parte de mim! Como Matt havia enfiado na historia..., agora entendia o porquê minha memória fora apagada. Chorei por tudo isso. Chorei por não conseguir ser o que tanto esperavam que eu fosse. Tirei a mão do lugar onde havia sido esfaqueada e coloquei a mão na terra.

De relva baixa eu surgi, surgi como algo que você não vê de verdade. Como algo que você vê, mas não sabe quem é, como algo que te deixa cego, sou como um reflexo. Uma flor desabrochando na escuridão eterna da noite durante quando estrelas caiem. Como o amor é definido pequeno e como a confiança é depositada no que se vê e no que se toca. Como não posso esvair entre velhas folhas e gotas de chuva. Como não posso ser fraca diante de tal definição de quem sou eu. Porque não posso ser apenas isso. Eu sou um reflexo. E serei até meu ultimo suspiro. Em prova dela. Em prova de quem me amou de verdade. Em prova da pequena definição de amor eu vou matar a pequena esperança nos corações que dizem que sou impotente.

Sinto uma energia fluir em mim e quando abro os olhos a mesma cor das rosas esta em mim e o ferimento já não sai sangue, ele esta se curando. Sinto uma força mágica em meus punhos e pés. Me levanto sentindo o que realmente sou e abrindo as portas para o que deverei ser agora. Encaro o tigre a minha frente que me olha com certo medo. Acaricio sua pele macia.

—Você não vai me perder – digo e me viro para Taylor jogado no chão todo ensangüentado. Vou até ele e olho em seus olhos negros e por ultimo lhe deixo dar o ultimo suspiro e então finalmente enfio sua própria espada contra seu coração. Sua própria força contra si mesmo. Sua arma feita sobe medida para ser morta por sua próprias mãos matá-lo sem dó e nem pena.