Pov Katniss

Argh! Que ódio! Ainda não acredito que vou conviver com... com.... com... aquilo! Eu me recuso a chamá-lo pelo nome! Não basta ser chato, ainda tem que me deixa confusa! Por que ele foi falar comigo ontem? Por que me chamou de gostosa? Por que não quis assumir o que disse? Por que não sabia o por que de ter ido até mim ontem? Por que ouvir ele dizer isso me chateou? Por que ele pareceu ofendido quando falei sobre suas farras? Por que pareceu surpreso quando se deu conta de que havia me chamado de gostosa?

Em meio a tantos “por ques” eu chego ao estacionamento e constato que todo mundo já foi embora, o estacionamento estava deserto, exceto por Marvel e Thresh que deviam estar esperando o babaca, que ainda estava no auditório, fazendo sei-lá-o-que, não sei e não quero saber.

Os ensaios nem começaram e já não vejo a hora dessa bizarrice acaba. Por que eu? Por que em meio a mais de sete bilhões de pessoas existentes no mundo tinha que ser logo eu? Por que essa coisas só acontecem comigo? Devo ter feito uma coisa muito ruim na vida passada pra estar pagando até hoje, única justificativa pra eu merecer isso.

Resolvo deixar esses pensamentos de lado e ir para casa preciso falar com o pessoal, preciso desabafar com a Mad, preciso colocar os problemas para fora e Mad é a melhor pessoa para me ouvir, desde crianças nós temos essa relação, somos meio que a “psicóloga” uma da outra.

Entro no meu carro, jogo minha mochila no banco de trás e dou partida no carro rumo a minha casa.

Durante todo o caminho eu fiquei pensando em tudo o que aconteceu, àquilo estava muito estranho, nunca vi Peeta daquele jeito, comigo ele sempre foi indiferente, ele nunca me “elogiará” e agora me chama de gostosa? Está tudo muito estranho

Fico tão perdida em pensamentos que quase passo da minha casa. Coloco o carro na garagem, pego minha mochila e entro pelas porta dos fundos, que dá na cozinha. Eu não esperava encontrar alguém, mas Cato estava lá.

–Eai, como foi? – ele pergunta assim que me vê.

–Reunião de emergência, em meia hora, manda uma mensagem para todos. – ignoro sua pergunta e antes que ele possa dizer alguma coisa subo correndo para o meu quarto.

Ao chegar em meu quarto, jogo a mochila em qualquer lugar e me jogo na cama. Minha cabeça já está doendo de tantos “por ques”. Peeta Mellark você vai me deixar louca!

Após uns dez minutos deitada, me levanto para tomar um banho, espero que a água leve consigo todos os meus problemas.

Saio do banho um pouco mais relaxada, pego um vestido leve e faço um coque bagunçado no meu cabelo e opto por ficar descalça, afinal estou em casa.

Quando termino de me arrumar ouço a campainha. O pessoal chegou. Pego meu celular, só por costume mesmo, e desço.

Ao chegar na sala vejo que quem havia chegado era Ann e Finn, e estes estavam sozinhos na sala se beijando. Onde será que Cato... Volta a fita! Eu disse que eles estavam se beijando?! É isso mesmo produção? Ainda em estado de choque, olha para a porta que ligava a sala e a cozinha e vejo um Cato com a mesma expressão de choque que a minha. Nos encaramos por alguns minutos antes dele começar a pigarrear e eu a tossir chamando a atenção dos “pombinhos”.

Quando eles se separam e olham para a gente, a Annie estava muito vermelha, mais do que seu próprio cabelo, com certeza os tomates sentiriam inveja dela, e Finnick estava sem graça e um pouco corado, mas nada comparado ao pimentão do seu lado.

–Quando pretendiam contar? – pergunto, quebrando o silêncio constrangedor que havia se instaurado na sala.

Eu estava feliz por eles, mas resolvi bancar a amiga ofendida por ter sido excluída das novidades só para ver a reação deles. Cato pareceu perceber o que eu estava fazendo, já que segurava a risada.

–Hoje...? – respondeu Finn como se estivesse com medo da minha reação, isso fez Cato soltar uma risada abafada, eu só percebi pois prestava atenção nele, creio que o casal não tenha notado.

–Desde quando? – continuei com o teatro, lançando um olhar mortal para Cato, que cada vez ficava mais vermelho, tentando segura a risada.

–A mais ou menos dois meses... – sussurrou Finnick, para entender tive que prestar muita atenção em suas palavras.

Annie estava estática, como se não estivesse ali, acho que não caiu a ficha de que foi flagrada ainda...

Essa constatação e o medo do Finn me fez ter que segurar uma risada. Eu sempre soube que eles gostavam um do outro e tinham medo de assumir, todas as vezes que eu dizia isso a eles os mesmos negavam, não entendo o porquê do medo, eles sempre souberam que eu apoiava a relação, mas não posso negar que a situação estava muito engraçada.

–NÃO ACREDITO QUE VOCÊS NÃO ME CONTARAM ANTES! – grito e isso faz Annie acordar do “transe” e se encolher nos braços de Finnick que me olhava assustado, isso foi suficiente para que Cato caísse na gargalhada e eu sai correndo e me joguei em cima da Annie e do Finn em um abraço de urso, o que os deixou confusos – Eu falei que vocês iam ficar juntos! Quero ser madrinha! – ele ainda assustados começam a retribuir o abraço – Estou tão feliz por vocês! – digo me soltando.

–Ok... O que aconteceu aqui? – pergunta Finn e eu começo a rir.

–Vocês acham mesmo que eu ficaria com raiva por vocês estarem juntos, sendo que eu sempre apoiei o relacionamento? – pergunto

–Olhando assim não faz muito sentido, - responde Finn – mas você me assustou! – eu e Cato, que só observava a cena, começamos a rir de novo.

–KATNISS, SUA DESGRAÇADA VOCÊ ME ASSUSTOU! – gritou Annie, saindo do seu choque e assustando a todos – A gente começou a namora e você já tá pensando em ser madrinha do casamento? – ela falou me abraçando, o qual rapidamente retribui.

–Mas então, como aconteceu isso? – eu pergunto me soltando do abraço.

–Iiihhh... começou. Finnick quer sair da sala e ir pra qualquer outro lugar? – pergunta Cato, e eu e Annie damos língua pra ele, que revira os olhos diante da nossa “maturidade”.

–Claro! Tava louco pra ir emqualquer-outro-lugar! – responde Finn com um sorriso brincalhão no rosto, o que denuncia que ele só estava querendo perturbar a mim e a Ann. Logo os dois saem da sala indo pra “qualquer-outro-lugar”, como diz o Finn, que eu não prestei atenção.

–Então... – Ann começa, mas é interrompida pelo interfone.

–Qualquer um daqueles inconvenientes vão se ver comigo! Tinha que chega logo agora? – choramingo e Ann começa a rir da minha cara.

Fui atender a porta ainda emburrada, e quando abri vi Clove e atrás dela, Madge e Gale.

–Inconvenientes! – digo quase gritando, fazendo eles se assustarem. Hoje tô assustando todo mundo neh?!

–Oi pra você também! – diz Gale, com uma super ironia.

–Continuam sendo inconvenientes. – respondo.

–Posso saber porque somos inconvenientes? – pergunta Clove.

–Porque vocês chegaram quando estava na melhor parte. – digo com bico.

–Melhor parte do que? – pergunta Mad, curiosa.

–Do relato da Ann

–Sobre...

–Como o Finn e ela começam a namorar.

–ELES ESTÃO NAMORANDO?! – perguntam/gritam os três juntos.

–Sim! – digo com um sorriso.

–E essa vaca não conta nada! – diz Mad.

–Eles iam contar hoje, só que eu e o Cato os flagramos se beijando. – digo, explicando o porquê de ninguém saber sobre o relacionamento – Mudando de assunto, vieram juntos ou foi coincidência?

–Coincidência – falam juntos mais uma vez.

–Certo – dou uma pausa – Vamos entra que a gente faz a reunião e depois a Ann conta. – falo a última parte para as meninas.

–Vamos.

Entramos em casa e vejo que Cato e Finn ainda estão perdidos por ai. No quarto do meu irmão jogando penso.

–CAAAAAAAAAATTTTTOOOOO!!! – grito por ele que rapidamente aparece no topo da escada com Finnick atrás. Acertei penso de novo – Desce vocês dois que eu vou falar o porquê da reunião.

Rapidamente eles desceram e todos nos sentamos na sala, Cato, Gale e Madge um do lado do outro e de frente para mim. Facilitou meu trabalho.

–Bom antes de tudo... – começo – EU VOU MATAR VOCÊS! – grito olhando com raiva para Mad, Gale e meu irmão.

Isso deixou todos assustados, mas os três além de assustados ficaram com medo.

–Por... Po-r Por quê? – perguntou Mas gaguejando muito.

–Porque vocês me inscreveram na merda daquela musical!

–Mas a gente já tinha conversado, e você tinha entendido. – diz Gale.

–Você não passou? – pergunta Cato.

–Pelo contrário, Catiito. – falo sarcástica – Adoraria não ter passado. Daria qualquer coisa por isso. – choramingo a última parte.

–Por quê? – perguntam todos juntos.

–Você até estava empolgada com a ideia de ser selecionada. – diz Mad.

–Eu gostaria de passar se isso não significasse eu ter que cantar com Peeta Mellark. – quando eu termino de falar todos me encaram perplexos.

O silêncio que se instaura nos próximos minutos é incomodo, ninguém sabe o que dizer diante da minha revelação. Pelo silencio, acho que ninguém ousa respirar.

–O quê? – perguntam todos juntos após se recuperarem do choque.

–Isso mesmo que vocês ouviram. O professor Cinna resolveu juntar os dois melhores para cantarem uma música juntos, então ele resolveu que eu era a melhor cantora, e o Mellark o melhor cantor, o que resultou em uma convivência de uma hora por dia, quatro dias por semana, entre duas pessoas que se odeiam. – despejo tudo em cima deles.

–Kat, me desculpa, por favor, se soubesse que isso aconteceria nunca teria te inscrito. O quê que eu fiz? – diz Mad, mas a última parte ela falou mais para se mesma do que para mim.

Me levanto vou até ela e a abraço.

–A culpa não é sua, você não sabia que isso aconteceria. Você só queria o melhor para mim. – sussurro em seu ouvido.

Me solto do seu abraço e me sento no colo de Cato.

–Eu não sei o que fazer! – desabafo.

Cato me aperta em seus braços, me dando apoio e todos se levantam e vem me abraçar, assim fazendo um grande abraço em grupo.

Quando a gente se separa eu continuo no colo de Cato, os demais meninos se abaixam na minha frente, exceto Finnick que se seta no chão com Annie entre suas pernas, esta segura uma de minhas mãos. Mad e Clove se sentam uma de cada lado meu, Madge segurando minha outra mão.

–Eu sei que não tem como a gente mudar isso, mas nós vamos estar sempre aqui para qualquer coisa que você precisar. – diz Cato mais seus braços em torno da minha cintura.

–Eu sei vocês são os melhores amigos do mundo. – aperto a mão das meninas, que devolvem o aperto – Mas agora eu preciso ter uma conversa em particular com a Mad. Tudo bem? – eu pergunto e todos assentem.

Me levanto e Mad me segue, vamos para o meu quarto e entro, espero Mad entra e fecho a porta.

–Então, o que aconteceu? – pergunta.

–Eu não sei Mad! Estou tão confusa! – digo me jogando em minha cama – Eu não falei pra ninguém, mas ontem, quando ainda estava chateada com vocês, eu fui a um lugar especial para mim, que me acalma, e Peeta me encontrou lá. Ele me deu conselhos e foi gentil comigo, mas hoje ele voltou a ser o arrogante de sempre. Quando eu disse a ele que preferia o outro Peeta, ele disse não saber o porquê de ter ido falar comigo e isso me deixou chateada, e eu não sei o motivo.

“Hoje nós discutimos de novo, e sem que percebesse ele me chamou de gostosa, mas não quis assumir o que disse. Teve uma hora que eu falei sobre suas farras no fim de semana e ele pareceu ofendido. Ele me pareceu surpreso ao ver que me chamara de gostosa. Por que isso tudo Mad? Por que eu não consigo parar de penar nisso?”

Quando eu termino solto um longo suspiro. Era muita coisa para minha cabeça, dividir isso com alguém me fez bem. Mad me ouviu o tempo todo calada e agora parecia refletir sobre minhas palavras.

Depois de um tempo em silencio, ela respira fundo e começa a falar.

–Kat, aconteceu muita coisa em muito pouco tempo, essas reações do Peeta e o que ele disse é muito estranho, não sei o que está acontecendo. Você deve ter ficado chateada, porque nunca tinha visto Peeta desse jeito, então uma parte de você acreditou que ele que estava mudando. Ao perceber que estava enganada se sentiu chateada.

Reflito sobre suas palavras. Ela pode estar certa, tem sentido o seu raciocínio.

–Você deve estar certa Mad. – digo e ela me abraça.

Espero que realmente Mad esteja certa, que não haja nada com que me preocupar sobre o Mellark, quero esquecer esses pensamentos, e eu vou conseguir! Espero que esses três meses passem voando, quanto antes minha convivência com o Mellark acabar melhor, mas até lá... Que a sorte esteja sempre ao meu favor!