— Vinho? — Perguntei segurando uma garrafa de vinho.

— Não é qualquer vinho! É o vinho. É o melhor vinho, é um “Cune Rioja imperial”!

— Me acompanha em um copo?

— Não! — Ela praticamente gritou comigo — Não agora. Mais tarde eu venho, lá para as seis... E faça o favor de usar isso...

Ela me jogou uma outra sacola, dentro dela havia um vestido muito bonito por sinal. Acho que a Lilith finalmente ficou doida e eu poderia interná-la no manicômio que havia na cidade.

— Ta bom... Obrigada? — Sorri

— De nada... Você vai me agradecer ainda.

Revirei os olhos fingindo que entendi o que ela disse, peguei o vinho e guardei no armário da cozinha tentando não deixá-lo se espatifar no chão. Lilith ainda estava lá olhando suas compras, aposto que ela iria a alguma festa e depois iria se embebedar como sempre fez em festas.

— Lembra do Mark? — Ela falou detraída enquanto levantava algumas peças de roupa.

— Aquele que você estava se pegando na boate?

— É. Ele mesmo.

— Lembro. Você era apaixonada por ele.

— Ainda sou. Estamos namorando, sabe? — Ela praticamente sussurrou aquilo.

— Isso é ótimo! — Dei um abraço nela.

— Não sabia se deveria te falar já que teve o incidente com o Joseph. — Ela falou e eu a soltei percebendo um sorrisinho no rosto dela.

— Claro que deveria. Não é porque eu não estou no meu momento mais feliz que minha melhor amiga mereça ficar sozinha. — Andei até a cozinha e peguei um copo de água.

— Enfim... Depois da balada e do nosso amasso fomos para a casa dele. Ele foi tão gentil e depois de dois dias saímos de novo.

Enquanto eu bebia a água ela não parava de falar em como foi bom o seu encontro com o Mark. Obviamente ele era um cara e tanto, porem eu estava mais interessada na minha cama macia e quente do que na super historia de amor da minha amiga.

Claro, eu fui um pouco “bruxa” ao fingir estar ouvindo a grande historia, mais é que eu estava tão pra baixo que eu estava boiando automaticamente.

—...E aí ele me pediu em namoro no parque. — Ela suspirou e foi o bastante para me acordar do meu transe.

— Parece emocionante. Achei lindo esse historia toda Lili. — Sorri bebendo a água e colocando o copo na lavadora de pratos.

— Sam já vou indo. Lembre-se de quando for seis horas de você se arrumar e tomar um vinho.

— Porque? — Sorri

— Surpresa. — Ela pegou as milhares de sacolas e deu um tchau andando até a porta. Fui obrigada a ajudá-la a sair.

Depois que a Lilith saiu eu decidi que dormi seria uma boa opção, porem se eu não arrumasse a cozinha e limpasse a bancada era provável que eu me arrependeria, já que as surpresas da Lilith se resumem em homens na minha casa.

Esfreguei tanto aquela bancada que meus dedos ficaram doloridos, mais pelo menos a bancada ficou igual quando nova. Sentei-me no sofá e liguei a televisão. A noticia era as mesmas em todos os canais, “Nevasca diminui e aviões são liberados novamente”. Que bom, agora as pessoas poderiam voltar a viajar novamente.

Acabei adormecendo no sofá e quando eu acordei já era 16:47. Eu decidi então tomar um bom banho para relaxar mais um pouco.

Enchi a banheira e coloquei sais de banhos, eles eram cheirosos e me fazia me lembrar do Joseph. Ele havia me dado àqueles sais antes da nossa viajem e eu nunca havia os usado. Sai do banho e vesti o vestido que a Lilith me deu, ele era um azul escuro e bonito coloquei um cintinho de couro por cima e já que estava frio coloquei um suéter aberto branco, que combinou bastante com o vestido.

Andei ate a cozinha e peguei uma taça e enchi de vinho. “Vamos lá Samantha” uma voz na minha cabeça me dizia para confiar em mim mesma, que tudo daria certo. Em parte eu queria acreditar que isso era um sonho, e que iria acordar e que a Lilith iria me dizer que eu havia dormido muito e que estava preocupada. Mais era real.

Andei ate a sacada e me escorei na cerca de segurança de vidro. O vento batia no meu cabelo, estava frio, mas era um frio suportável e também era aconchegante. O som da sala ligou sozinho, estava tocando “Never Say Never — The Fray”, aquilo não me preocupou, afinal era um som velho e provavelmente era Lilith entrando com Mark para o jantarzinho, levei o vinho ate minha boca e tomei um gole. Senti um cheiro familiar, parecia um perfume, familiar.

— Joseph? — Sussurrei para mim mesma ainda olhando para o horizonte.

— Samantha... — Ouvi a voz atrás de mim e me virei.

— Joseph? — Foi o que eu consegui dizer antes de respirar fundo.

— Eu não queria te magoar... — A musica que tocava na sala se misturava a sua voz.

— Você não... Magoou-me...

— Eu não queria acreditar no que estava bem na minha frente, não queria acreditar que você era a mulher certa. Eu tentei ate o ultimo momento fingir que você era apenas a minha melhor amiga de infância, mais você não é Samantha. Você não é mais minha amiga de infância desde quando fomos para Long Island. Não suportei a idéia de que poderia te perder e nunca mais vê-la...

— Joseph... — Sussurrei.

— Eu amo você Samantha Mahoney. — Aquela voz, aquilo que ele me disse me fez estremecer.

Aquela altura eu poderia ter pulado nele, eu estava tremendo, meu corpo não respondia aos meus comandos e eu só queria beijá-lo. Meus olhos estavam cheios de água e por um momento eu travei, ate ver Bacon.

Ele trazia com ele uma cestinha, eu fiquei tão surpresa que dei um passo a frente como se dando o comando para Joseph. Ao ver o que tinha na cestinha não pude acreditar. Joseph segurou em sua mão.

— Samantha Mahoney casa comigo. De verdade. — Ele sorriu e eu entreguei minha mão a ele, eu estava tremendo, a musica ainda tocava no fundo da sala e eu não me importava com mais nada.

Quando dei por mim estava envolvida nos braços do Joseph, nossos lábios encostados, um beijo suave e — finalmente — apaixonado.

Fiquei pensando em como aquilo parecia um sonho, mais não era. Percebi que Lilith sabia de tudo desde aquela manha quando me deu o vinho e o vestido. Ela realmente era uma ótima amiga. As mãos de Joseph seguravam minha cintura enquanto eu segurava seu pescoço, quando a falta de ar nos veio tivemos que dar uma pausa.

Ele me olhou nos olhos, tão profundamente que eu quase conseguia ver através deles e ler sua mente. Ele sorriu, um sorriso bobo como de um universitário.

— Você treinou o Bacon? — Eu soltei uma risadinha boba, assim como ele.

— Ele é inteligente. Não demorou muito.

— Estou tão feliz em ver vocês...

Abaixei-me e acariciei os pelos longos do Bacon, fazendo ele se deitar enquanto recebia o carinho.

oOo

Olhei para minha mão, quase não acreditava em ver o anel da tia do Joseph no meu dedo. Eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo, e com toda certeza aquele fora o dia mais feliz da minha vida. Depois do carinho no Bacon e dos nossos amassos na sacada acabamos jantando e tomando um vinho e tempo depois estávamos na cama — nus — combinando onde seria a lua de mel.