Conto I - Unforgettable Wars escrita por Contos da Grécia Antiga, RC2099


Capítulo 51
Frutos do Desespero: Coragem!


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo saindo, jovens!

Hoje teremos o desenrolar do combate entre a amazona Linus de Lince e o Anjo Édipo de Urano. Enquanto isso, Jhesebel e Ulysses conversam com os cavaleiros de Ouro, o Grande Mestre, Efilnaem e Atena, obtendo mais informações sobre os misteriosos impactos que atingiram o Santuário. Acompanhem e descubram o emocionante desfecho!

Boa leitura, e não deixem de favoritar a história! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539223/chapter/51

 

— A-Apolo te mandou? – perguntou Linus.

— Eu vim por conta própria. – Édipo fez uma pausa. – Agora, você prefere morrer lutando ou me levar até a sala do Grande Mestre? Afinal, você é só uma garotinha, não é mesmo? – ele colocou a mão no queixo de Linus. – Se me levar até lá, prometo poupá-la de uma morte cruel.

— Tire as mãos de mim! – ela esbravejou, afastando o braço do Anjo com um tapa. – É claro que eu irei lutar, mesmo que minhas chances de sucesso sejam mínimas!

— Mínimas? Hah! – Édipo riu. – Elas nem mesmo existem!

— É o que veremos! Flechas de Lince! (1)

Ele apenas abriu a palma da mão, segurando o punho da amazona e detendo se ataque antes de o mesmo ser disparado.

— Muito devagar.

Ela franziu o cenho.

— O-o quê? Impossível!

— Nada é impossível.

Linus rosnou, insatisfeita.

— Sabe, o problema de vocês, cavaleiros de Bronze, é que nunca utilizam seu golpe mais forte na primeira vez. – o Anjo continuou. – Mesmo com um inimigo mais forte, se recusam a fazê-lo, e é isso o que os tornam tão fracos.

— Nós não somos fracos!

— Mas é claro que são. Se não utilizarem o seu melhor golpe logo de cara, a luta já está acabada antes mesmo de começar. Você acabou de selar o desfecho desse combate, e agora irá enfrentar as consequências! Asas do Inferno!! (2)

Édipo deu um grande impulso com as pernas e bateu suas asas brancas, criando uma rajada de vento que o elevou um pouco mais para cima. Em seguida, dobrou-as e mergulhou na direção da amazona em alta velocidade, de braços abertos, segurando sua espada com uma das mãos. Quando se aproximou o suficiente, começou a atacá-la freneticamente, usando os lados planos da espada ao invés da ponta.

Seus movimentos eram tão rápidos que com apenas um piscar de olhos ela já estava estirada no chão, sem poder fazer nada. Inicialmente não sentiu a dor, mas alguns segundos depois ela apareceu, extremamente intensa. Linus conseguiu sentir seu diafragma se contrair por causa do impacto. A dor em seu tórax era absurda, o que a fez pensar que talvez suas costelas poderiam ter sido fraturadas.

— Percebe a diferença? – perguntou Édipo. – Ao contrário de você, eu não alivei nem um pouco.

Ele não deu tempo dela contra-atacar. Usou as Asas do Inferno mais uma vez, demonstrando sua superioridade e falta de piedade.

Linus gritou com o estrago que a queda causou em seus ombros e virou a cara para o lado, arfando, tossindo sangue. O fluido vermelho que escorria de suas bochechas e testa grudou o cabelo no rosto, e ela calmamente os afastou. Ela logo se pôs de pé, ignorando a dor.

— A-acha que isso v-vai me deter? – questionou. – E-eu n-não irei desistir, p-protegerei Atena até o-o fim! D-daqui você n-não passa, Édipo! Unhas do Lynx!! (3)

Ela cruzou os braços em forma de X, sem reparar nos hematomas dos mesmos, e os descruzou no mesmo formato, fazendo com que todo o seu cosmo concentrado fosse expelido das garras de sua armadura, avançando na direção do Anjo.

— Sabe, inicialmente eu achei que você estava brincando comigo. – ele disse. – Mas, aparentemente, você não tem mesmo o Sétimo Sentido, por isso seus golpes são tão lentos... Hah, que inconveniente pra você!

Ele pacientemente esperou que o ataque se aproximasse e o reverteu, – uma técnica básica de todos os Anjos de Apolo – duplicando a capacidade de destruição, que jogou a garota no ar com sua força.

Depois, usou as Asas do Inferno, porém concentrando um pouco mais de sua energia vital. A glória de Urano brilhou intensamente, aumentando o poder do golpe e seu dano, que foram equivalentes a três ataques simultâneos.

— Vou te ensinar uma valiosa lição. – disse enquanto a observava dar de cara no chão. – Mesmo quando você sabe que o seu oponente é mais fraco, como é o caso, nunca demonstre piedade. Lute com todas as suas forças e esmague-o!

— H-heh... – a amazona riu, ainda no chão. – A-acho que v-você s-se enganou. N-não s-sou tão f-fraca assim.

— O que quer dizer com...!

Édipo interrompeu sua frase, arregalando os olhos. Um filete de sangue escorreu de sua boca e logo ele arquejou, tossindo o fluído e ajoelhando-se no chão.

— O-o que d-diabos foi isso? – perguntou surpreso, olhando para sua barriga que agora estava manchada de sangue, com a marca de um poderoso soco nela. Até mesmo sua glória havia sido deformada. – Q-quando você...?

— V-você f-ficou tão convencido que t-tinha acabado comigo... – ela disse, se levantando com dificuldade. – … q-que nem percebeu quando e-eu diminuí a distância entre nós, no m-meio do meu ataque, disferindo aquilo q-que eu chamo de Cauda Metálica (4). É um golpe s-secreto, que pelo v-visto você nem reparou ter r-recebido.

— A-amazona maldita! – ele se enfureceu. – Acha que um mero soco desses irá me impedir de conseguir a cabeça de Atena?

— T-talvez não, – ela se recompôs. – mas como você viu, eu sou uma garota fraca fisicamente... E-então eu deixei que você acertasse aqueles golpes em mim para conseguir achar o tempo certo, e assim atacar sabendo que não erraria o alvo... E, sabe, eu admito que escolhi um ponto precisamente vital.

— Dane-se! – ele brandiu. – Eu sou muito mais forte do que você! Um mero soco no estômago não mudará isso, e agora provarei que estou certo de uma vez por todas!

— V-vá em frente! – retrucou, segurando o ombro, que havia deslocado. – Eu não irei desistir, meus sentimentos por Atena são o que me fazem continuar me levantando!

O Dominante soltou uma leve risada.

— Sentimentos? Hah, desculpe, mas Anjos não possuem isso. Não somos humanos, lembra? – ele sorriu torto, tentando disfarçar a dor que sentia. – Mas acho que entendo o que quer dizer. O seu coração é puro, e sua alma é de criança, embora conheça tanto o ódio como o amor... – ele fez uma pausa, cuspindo sangue. – Bem, se é assim, vejamos até onde vão os seus sentimentos! Demônio da Fantasia!! (5)

Ele correu em sua direção e com a ponta do dedo tocou seu coração, sem muita força. Linus sentiu um frio na barriga e se arrepiou, mas não notou grandes mudanças. Olhou para trás, mas Édipo havia sumido.

Subitamente, ouviu passos vindo em sua direção. Virou-se, pensando que era ele, mas na verdade era alguém que ela jamais imaginou que veria novamente: seu irmão Bianor.

 

 

Simultaneamente, no salão do Grande Mestre...

 

Um minuto inteiro se passou sem que ninguém nada dissesse. Ao notar a aflição no ar, Jhesebel perguntou:

— E então? Vocês podem nos dar uma luz?

Calydio ergueu seu olhar, que estava focado no nada, por alguns instantes. Em seguida, disse aos dois amigos, apontando para o assento vazio na mesa:

— Por favor, sentem-se.

Eles se entreolharam e o fizeram, dividindo a cadeira de Lien meio a meio.

— Vocês disseram que Golfinho e Lince foram ver do que se tratavam aqueles estrondos, certo?

— Isso mesmo. – disse a garota. – Por quê?

Ele ficou em silêncio novamente, escolhendo as próximas palavras que diria.

— Agradeço a vinda de vocês, mas nós já sabíamos desse acontecimento. Porém, não que esses dois Santos haviam partido... – ele fez uma pausa. – Bem, vou explicar desde o começo... Nós também sentimos esse abalo, e eu imediatamente convoquei uma reunião dourada, por isso estamos aqui. Estivemos conversando desde então, e, em determinado momento, Pema pediu que seu discípulo viesse aqui... Ele saiu agora a pouco, creio que encontraram com ele.

— Sim, encontramos. – confirmou a menina.

— Mas o que Rimo tem a ver com tudo isso? – Ulysses questionou.

Calydio adquiriu uma expressão ainda mais séria e olhou fundo nos olhos dos dois.

— Profecias. – disse.

Os dois sentiram um calafrio percorrer a espinha. Já tinham presenciado profecias e sabiam muito bem que as coisas quase nunca acabavam da forma esperada. Elas sempre eram terríveis.

— Vocês querem ouví-la? – perguntou o receptáculo de Atena.

Ambos assentiram, receosos pelo que viria.

— Tudo bem... Mas por favor, mantenham a calma.

E então ele calmamente recitou palavra por palavra, com a maior paciência do mundo.

Quando terminou, os olhos dos dois já estavam marejados, e ambos tremiam, assustados.

— E-então... E-então eles vão... – Jhesebel não completou sua frase.

— Nós não sabemos. – Calydio disse, tentando acalmá-los. – A questão é que os Anjos são subordinados de Apolo, e nós já tivemos muitos problemas com eles há alguns anos. O Grande Mestre e um dos Serafins de Apolo propuseram um acordo, uma espécie de trégua, que impedia nossos exércitos de terem contato... Mas parece que Apolo não cumpriu a parte dele... A parte sobre “abrir o caminho” ainda está subjetiva, mas logo descobriremos o que significa.

— O-o que devemos fazer então, Atena? – Ulysses perguntou.

— Vão atrás deles e tentem impedir que o pior aconteça. Infelizmente, terão que descer todas as doze casas. Pedi que Rimo bloqueasse as passagens secretas para que, no pior dos casos, os Anjos não cheguem até aqui. Eu continuarei com a reunião mais alguns minutos, depois os dourados descerão e guardarão suas casas. Lien também já está ciente e nos auxiliará se necessário... Por favor, Santos, façam o possível para impedir os Anjos. Vocês sabem como eles são poderosos.

— Nós com certeza o faremos! Não se preocupe Atena, daremos nossas vidas se preciso.

— É isso mesmo. Jamais desistiremos de nossos amigos ou da causa pela qual lutamos!

Todos na sala assentiram – menos a amazona de Aquário, que continuava com a cara emburrada – e eles se foram, aflitos, encarregados de uma difícil missão.

 

 

Oeste do Santuário...

 

Ali, parada diante de Bianor, seu já falecido irmão, Linus começou a duvidar de si mesma. Será que seus olhos estavam pregando-lhe uma peça?

Estava tão feliz por vê-lo que descartou a ideia. Se esqueceu completamente de sua luta, já que Édipo havia sumido. Quando ele voltasse, ela certamente continuaria batalhando, mas por enquanto queria apenas passar mais alguns momentos ao lado do irmão.

— Bianor! – ela o abraçou fortemente, ignorando os machucados. – Que bom que está aqui!

Ele nada disse, apenas correspondeu o abraço.

— O que aconteceu? Por onde andou? Pensei que estivesse morto!

Bianor acariciou seus cabelos gentilmente, acalmando-a.

— Por que você não diz nada? – perguntou, ainda o abraçando. – Não está feliz em me ver?

O garoto sorriu de lado e a amazona sentiu uma série de pontadas pelo corpo, que doíam como ferroadas, rasgando sua pele. Ela gritou e se inclinou para trás, incapacitada de se mover, acumulando cada vez mais dano físico. Olhou de relance para o irmão e viu que ele nem mesmo se movia, apenas sorria. Seus olhos não estavam visíveis pois uma sombra os encobria.

— I-irmão... – ela se interrompeu para arquejar. Feixes de luz atravessavam seu corpo com uma velocidade absurda, fazendo sangue ser expelido de vários pontos de seu corpo. – O-o que está a-acontecendo? M-me ajude!

Sem resposta novamente. Ele começou lentamente a erguer o braço e, conforme o fazia, a velocidade dos ataques aumentava. Começou a brincar com a mão, erguendo e abaixando-a aleatoriamente.

Não era possível, Bianor estava causando tudo aquilo... Mas por quê? Que motivos ele tinha para ferir a própria irmã? E o que ela poderia fazer? Contra-atacar?... Não. Ela definitivamente não faria isso. Não iria perder o irmão, não de novo. Aguentaria a dor se preciso, mas não encostaria um dedo nele.

De repente, ele elevou o outro braço também, aumentando o dano. Linus não conseguia nem pensar direito, apenas franzia o cenho e chorava. Sua armadura estava com pedaços faltando e rachada, claramente sofrendo junto com ela.

Pensou que iria morrer ali, mas então compreendeu que aquilo só podia ser uma ilusão.

Mas que droga ela estava fazendo? Prometera proteger Calydio a todo custo, e não importava se tivesse que lutar com o próprio irmão para isso, ela o faria. Édipo estava claramente brincando com seus sentimentos, e aquilo não iria sair impune.

— É-Édipo s-seu desgraçado! – gritou com uma expressão raivosa, cerrando os punhos. – V-você vai ver só!

Canalizou toda sua energia e raiva restantes e fez seu cosmo explodir, podendo enfim desviar de alguns dos feixes e se preparar para atacar o irmão.

— E-esse pode ser apenas um lampejo do S-Sétimo Sentido, m-mas eu o farei valer à pena! M-me perdoem, meus companheiros, por não estar à altura de vocês, m-mas estou dando o meu melhor, e juro derrotar esse Anjo com todas as minhas f-forças! Garras Cortantes de Ventania!! (6)

Suas garras cortaram o ar rapidamente, criando poderosas rajadas de cosmo na forma de linhas, que atacaram o alvo, até então sem reação. Ao ser atingido, o sorriso de Bianor aumentou ainda mais, como se já esperasse por isso. Um brilho ofuscante tomou conta do cenário e a Santa foi obrigada a fechar os olhos por alguns instantes.

 

 

Sala do Grande Mestre...

 

— Calydio, não há mesmo nada que possamos fazer? – perguntou Efilnaem.

— Infelizmente, não. Evitar que uma profecia se cumpra pode acabar sendo pior do que se a mesma se concretizasse.

— Está certo disso?

— Sim. Além do mais, essa profecia não diz respeito a nós. Por mais que queiramos ajudar, são os amigos deles que estão correndo perigo. Essas crianças, não muito mais novas que eu, tem coragem. Eu gostaria de acabar com isso agora, mas o acordo me impede. Mesmo Apolo tendo quebrado a trégua, eu não posso fazer o mesmo.

— Desculpe reviver águas passadas, mas a nossa última luta contra Apolo só aconteceu por causa de Ares, não é mesmo?

— Na verdade, Ares e Ártemis se uniram para colocar Apolo e eu um contra o outro. Como eles eram “nossos irmãos”, tinham nossa confiança, e nós não percebemos quando eles começaram a inventar mentiras. Ártemis roubou a lira de ouro de Apolo, afirmando ao irmão que fora eu, e enquanto isso, desse lado, Ares roubou meu báculo e disse que fora Apolo. Quando vimos, já estávamos nos enfrentando em uma sangrenta guerra. Por sorte, descobrimos o complô dos dois, que na verdade só queriam se livrar de mais dois supostos inimigos que estariam atrapalhando seu caminho. Depois de descoberta a farsa, cada um de nós guerreou contra o próprio irmão, e enfim os derrotamos, recuperando a lira e o báculo. Assim, no final, propusemos uma trégua: nós não nos meteríamos com Apolo e ele não se meteria com a gente.

— Essa família é bem complicada, não é mesmo? – ela tentou amenizar o clima.

— Digamos que eles apenas não se suportam por muito tempo. Tudo sempre vira uma disputa por poder. – ele fez uma pausa e sorriu. – Me sinto honrado por ser humano, assim posso decidir quem é a minha família, que no caso são todos vocês, os quais eu protejo.

 

 

Doze Casas, escadaria entre o Salão do Grande Mestre e a casa de Peixes...

 

Já dispensados, os cavaleiros de Ouro agora desciam as escadas, voltando para suas casas.

— E então, passarinho, sabe de algo que eu não sei? – perguntou Kyros, caçoando sobre os poderes do amigo.

— Bem que eu gostaria, amigo chifrudo, mas tudo o que eu sei é o que se passa dentro do Santuário. – Icarus riu. – Desculpe.

— Não se preocupe, eu só estava brincando.

Ele devolveu um sorriso e ambos continuaram seguindo em frente.

Um pouco mais atrás, Pema e Niyati conversavam:

— Será que ela sabe algo sobre isso?

— Tenho minhas dúvidas, irmã. Essa guerra definitivamente não é algo que Lien deva se preocupar.

— Sim, você tem razão.

Dante se aproximou de ambas:

— Niyati, pode me fazer um favor?

— Claro, o que foi?

— Esse cara não para de falar desde que saímos da sala do Grande Mestre. – ele fez um gesto na direção de Lélio, que alegremente tagarelava sobre a reunião. – Tire meu sentido da audição por favor, sim?

— Ei, não seja tão maldoso! – o outro tentou se defender. – Se você ficar falando desse jeito de mim, eu vou contar a todos que você dorme com um bichinho de pelúcia!

— Eu não durmo com um ursinho!

Lélio abriu um sorriso malicioso.

— Eu nunca disse que era um urso.

— Mas o quê?! – Dante protestou, percebendo que caíra numa armadilha.

— Gente, o Dante dorme abraçado com um ursinho!! – Escorpião gritou.

— Cale a boca, idiota! Se você der mais um pio eu direi sobre aquele seu pijama de carros de bombeiro!

— Mas isso não é segredo pra ninguém, eu sempre uso ele!

As duas amazonas começaram a rir, vendo os dois se estapearem, brigando como crianças.

Ao lado, Fieke bufou, inquieta e nervosa.

— Parece que você está ainda mais ranzinza hoje. – Calisto comentou, dando um leve riso. – O que houve?

— Isso não te diz respeito, peixinho dourado. – ela retrucou.

— Ok, ok, foi mal.

— Não se incomode, Calisto. – disse Kanophe, sussurrando. – Perto dela até o Dante vira um anjinho.

— Eu ouvi isso viu! – Câncer rebateu, aplicando propositalmente um mata-leão em Lélio. – Se a alma de um de vocês acabar presa no Yomotsu qualquer dia, não me peçam ajuda!

— Ih, olhem lá, um avião! – Gêmeos apontou para o céu.

— Veja só como está voando baixo! – Abati o acompanhou.

— A-a-avião? – Dante sentiu a espinha se arrepiar e se voltou para o céu, tentando não tremer. – O-onde?!

Não viu nada e, quando se virou, todos estavam correndo escada abaixo ainda mais rapidamente, deixando-o sozinho. Percebendo que fora uma brincadeira, gritou:

— Desgraçados! Eu podia ter morrido de um ataque, sabiam?! Eu vou pessoalmente me assegurar de mandar cada um de vocês para o inferno!!

 

 

De volta ao combate...

 

Um barulho de palmas trouxe Linus de volta à realidade, pouco depois de tudo desaparecer. Édipo estava em sua frente e a aplaudia.

— Parabéns, amazona. – ele disse. – Parece que você conseguiu driblar a ilusão e atacar seu querido e estimado irmão.

— I-irmão? – ela respondeu, arfando, com as mãos nos joelhos. – Que... irmão? E-eu não... tenho um irmão.

— Huhuhuhuhu, era isso mesmo... que eu queria ouvir... – ele sussurrou, se interrompendo para arfar.

Linus abriu um sorriso malicioso no rosto.

— Q-qual é... a graça, garota?

— V-você está da mesma cor da sua armadura.

— O-o quê?! Como... assim?

— S-seu rosto... E-ele está azul.

— P-pare de... dizer bobagens! P-provavelmente está... alucinando!

— A-ah, é mesmo?... E-então por quê você está com dificuldade pra respirar?

— E-eu só... estou um pouco cansado. – rosnou.

— E-eu não teria tanta certeza se fosse você.

Édipo arfou mais uma vez, se enfurecendo.

— T-tanto... faz... A-agora lhe darei o... golpe de misericórdia... Asas do Inferno!!

Linus sabia que não ia conseguir se esquivar daquilo. Pelo brilho que a glória emitia, era praticamente impossível. Édipo estava, literalmente, se alimentando de sua própria fúria.

Sangue jorrava de seu corpo, e ela sentia cada uma de suas veias pulsando. O coração estava batendo de forma irregular, hora devagar, hora acelerada. Sentiu que já não tinha forças para nada.

Mas estava feliz. O rosto azul de Édipo indicava cianose (7), e isso provava que pelo menos um de seus ataques havia sido completamente efetivo. Com a Cauda Metálica ela conseguira romper seu baço, criando uma hemorragia descomunal e uma dor insuportável. A barriga do Anjo deveria estar beirando o azul-esverdeado ou o roxo a esse ponto.

Ela chorava e estava com medo do que viria, mas todo o sofrimento tinha valido a pena. Agora era só encarar as consequências.

E, realmente, não houve escapatória. Quando o Dominante se lançou sobre ela, sua espada perfurou sua barriga, demonstrando o tamanho da raiva que fervia dentro dele. Ela firmemente aguentou o ataque, com sangue escorrendo por todo o corpo. Suas pernas não respondiam e ela caiu de costas no chão, tentando não demonstrar que sabia que Édipo havia vencido.

Lentamente ele se aproximou e abaixou-se, observando-a de perto. Girou a espada e colocou a lâmina em posição horizontal, encostando levemente na bochecha da amazona.

— T-talvez um... Anjo comum não te... mataria nessa condição deplorável... – ele fez uma pausa, olhando para o alto e respirando fundo. – Mas você esgotou a minha paciência... Agora sofrerá por ter brincado comigo... dessa forma!

Colocou as duas mãos na espada e ergueu os braços, preparando-se para a execução. A ponta da lâmina parecia perfurar o sol, que brilhava intensamente, refletindo seus raios sobre a ônix. Uma gota de suor percorreu a testa da amazona e ela apertou os olhos, esperando a morte. O Anjo começou a baixar a lâmina, cerrando os dentes de ódio, mas quando estava prestes a atingir o corpo da garota, algo interrompeu seu movimento. Duas mãos haviam parado a espada no meio de sua trajetória, enfurecendo-o.

— Mas o quê?! Quem ousa...?! – ele parou, surpreendendo-se com a figura a sua frente.

— Já chega. – disse um homem mediano, com a pele branca e cabelos com a mesma variação de tons que o fogo. Ele havia usado as duas mãos para segurar a lâmina da espada, mas as mesmas não sangravam.

— M-mestre?! – ele recolheu a espada imediatamente. – O-o que... faz aqui?

Ele riu, se recompondo.

— Sabe, meu caro, você foi muito imprudente tomando essa atitude. – o deus começou a andar calmamente ao redor de seu subordinado, sem encará-lo olho no olho. – Nunca pensei que me desapontaria dessa forma.

— M-mas s-senhor... eu só quis adiantar o seu lado!

— Adiantar o meu lado? – ele o fitou de uma maneira torta. – Hah! Sinto lhe informar, mas eu não tenho “um lado”.

— M-mas e-eu-...!

— Silêncio. – disse em tom normal, e o outro o fez. – Você acha mesmo que eu perderia o meu precioso tempo dessa forma? – ele fez um gesto na direção de Linus. – Acho que você está enganado. – uma pausa foi feita. – Agora, me responda: em algum momento eu ordenei que você viesse até aqui?

Ele hesitou, fitando o chão, mas o olhar de Apolo podia ser sentido até mesmo de olhos fechados.

— Não. – murmurou.

— Pois bem... E, por acaso, pedi que fizesse essa bagunça?

— Não, senhor.

— Exatamente. – disse por fim. – Se eu realmente quisesse acabar com Atena, o faria eu mesmo, indo diretamente até ela, e não perdendo o meu tempo com obstáculos mínimos como esse. – ele respirou um pouco mais fundo. – Na próxima vez... isso é, se houver uma, tenha certeza dos fatos antes de tomar alguma decisão, entendido?

— S-sim, mestre... Me perdoe.

— Perdoar? – Apolo franziu o cenho, como se não tivesse entendido. Olhou para o estado do Anjo e logo compreendeu. – Ah, sim, entendo. Suas asas estão consideravelmente manchadas. Pelo visto essa garota despertou algumas emoções humanas em você... Lamentável, Édipo, lamentável. Você era um dos meus melhores e mais confiáveis guerreiros, mas ao que me parece está seguindo o mesmo caminho que Dmitri trilhou anteriormente... – ele suspirou. – Perdoar é uma característica humana, coisa que você não tem. Lembre-se disso.

— Sim.

— Nunca mais cometa esse erro novamente. Purifique-se e vá para o meu Santuário assim que possível. – ele deu as costas, caminhando na direção das doze casas. – Ah, e se eu souber que você voltou a fazer essas tolices, arrancarei o seu outro olho também. Ou, talvez, marquemos uma execução. Como você sabe, um Anjo pode matar outro se eu permitir e, se isso tornar a ocorrer, minha aprovação será imediata... Isso também vale para Aquiles, e qualquer um outro que ousar ir contra minhas ordens.

Ele voltou-se novamente e andou mais alguns passos antes de ser interrompido.

— O-o que o senhor... vai fazer?

— Falar com Atena, é claro. Vocês quebraram a trégua, e a menos que você queira uma nova chacina entre nossos exércitos, uma guerra é desnecessária.

— E-e o que eu... faço com a garota?

— Ora essa, deixe-a aí. Seu estado está tão ruim quanto o dela. Não sei se você notou, mas ela estourou o seu baço. Você tem muita sorte por ser imortal... Agora, se não for interromper meus passos mais uma vez, estou indo. Espero que um dia se redima comigo. Adeus, Édipo.

Ele deu as costas e acenou levemente a mão, partindo e deixando-o na companhia de seus arquejos e suspiros, que se misturavam com os da garota, gravemente ferida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[Legenda:]

(1) Flechas de Lince (“Lynx Arrow”, no original): é um golpe retirado da obra Saint Seiya Omega.

(2) Asas do Inferno ("Garuda Hell Wing" no original): é um golpe retirado do filme Os Guerreiros do Armageddon.

(3) Unhas do Lynx ("Nails of Lynx" em inglês): é um golpe criado por mim. Linus cruza os braços em forma de X com as palmas viradas para frente e os abaixa em diagonais opostas, disferindo linhas de cosmo no mesmo formato, que avançam gradativamente na direção do adversário e o atingem.

(4) Cauda Metálica ("Metal Tail" em inglês): é um golpe criado por mim. Linus utiliza uma brecha de seu oponente para encurtar a distância entre os dois rapidamente, disferindo um soco extremamente poderoso e veloz, que se aplicado no tempo certo e com perfeição, mal pode ser notado pelo alvo. Tal soco tem impacto maior ainda nos órgãos internos da vítima, que são seriamente prejudicados.

(5) Demônio da Fantasia ("Demon Fantasia" no original): é um golpe retirado do filme Os Guerreiros do Armageddon.

(6) Garras Cortantes de Ventania ("Ressou Shippou", no original): é um golpe retirado da obra Saint Seiya - Episódio G.

(7) "Cianose" é a coloração azul-arroxeada que o corpo apresenta quando não há a circulação normal de oxigênio na região afetada, podendo ser provocada por diversos motivos, que variam de lesões, falta de oxigênio, e até intoxicações de medicamentos.
—----

A luta entre Linus e Édipo termina, ainda sem resultados definitivos. Ulysses e Jhesebel correm contra o tempo, buscando salvar seus amigos do perigo, e os dourados se mostram apreensivos pela quebra da trégua, assim como Atena. Apolo decidiu se encaminhar pessoalmente até o Santuário, demonstrando desaprovação com a atitude de seus Anjos. Ele então ruma até as Doze Casas para conversar com Atena! O que acontecerá a seguir? Descubram no próximo capítulo!





[Por favor, se você está gostando da história, não esqueça de favoritar, comentar, deixar sua opinião, acompanhar para receber as atualizações sobre a fanfic, e recomendar, para que mais fãs de CDZ encontrem a história. Estou aguardando seu review ;)]



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Conto I - Unforgettable Wars" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.