Conto I - Unforgettable Wars escrita por Contos da Grécia Antiga, RC2099


Capítulo 36
Flechas Malditas: Chamas Negras!


Notas iniciais do capítulo

Fala, galera! Como vão?

Como prometido, aqui está o capítulo 36, a luta na casa de Sagitário! Não esqueçam de comentar :3


P.S.: Resolvi manter um forte elemento da saga clássica neste capítulo. Espero que gostem.
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[Ficha(s) atualizada(s):]

Icarus Kinoshita

Divindade: Atena
Classificação: Cavaleiro de Ouro
Constelação: Sagitário
Particularidades da Armadura: Arco e flecha, asas
Gênero: Masculino
Idade: 19 anos
Significado do nome: “O seguidor, aquele que segue”
Aniversário: 21 de Dezembro
Signo zoadical: Sagitário
Altura: 1.85
Peso: 74kg
Tipo sanguíneo: B+
Local de nascimento: Japão
Local de treinamento: Atenas, Grécia
Mestre: Nenhum
Discípulo(s): Aristhon de Cães de Caça, Kibou de Grou, Irineu de Flecha
Cor, textura e tamanho dos cabelos: Castanho escuro, espetados, curtos
Cor dos olhos: Lilás
Parentesco: Irmão mais novo de Kibou de Grou
Personalidade: Brincalhão, fiel, teimoso, amigável
Habilidades especiais: Telecinese básica
Objeto de valor sentimental: Nenhum



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Soranin estava tentando processar todas as informações. Não sabia o motivo de continuar pensando em seus companheiros se nem ao menos conseguia vê-los.

Ela realmente nem sabia se era a última, a primeira ou se até mesmo já haviam ganhado o torneio, pois se recusava a olhar para o Relógio de Fogo desde que saíra da casa de Libra.

– Sagitário... – comentou consigo mesma enquanto olhava para a grande casa bem a sua frente. – O guardião é o irmão de Kibou... Espero que ele me deixe passar.

– Alto lá! – uma voz vinda de dentro advertiu.

– É... Acho que não... – sussurrou.

– Boa madrugada. – o dourado se apresentou, caminhando em sua direção. – Eu sou Icarus de Sagitário.

– Eu sou Soranin de Fênix. É um prazer.

– Imagina, o prazer é todo meu. Venha, vamos entrar... – disse enquanto a levava para o interior de sua casa.

Soranin pensou se perguntava ou não sobre a amazona de Grou, mas hesitou alguns instantes. Quando percebeu que haviam parado, ela não demorou muito para questionar:

– Então... Você é o irmão de Kibou?

– Ah, você a conhece?

– Sim, mas não há muito tempo... – concordou. – Você não se parece muito com ela, se me permite dizer...

– Hahaha, é verdade... Ela é muito mais bonita, não acha?

– N-não foi o que eu quis dizer!

– Haha, eu sei que não, só estou brincando! Enfim, eu posso não ter aqueles cabelos cor-de-coral, mas creio que ela não tenha os mesmos olhos que eu, certo? – caçoou enquanto aproximava seu rosto na direção de Soranin, olhando no fundo de seus olhos e puxando a pele inferior de um deles para baixo.

Ela ficou envergonhada mas entendeu o recado, correspondendo o olhar, admirando as íris do cavaleiro.

– A-ah... Eles são lilázes... Parecem ametistas...

– Nada mal, não é mesmo? É uma cor rara, até mesmo entre os Santos de Atena... mas isso não vem ao caso, estamos aqui para combater... Então, obviamente, preciso conhecer seus motivos antes de começarmos. – disse enquanto se afastava.

Soranin hesitou momentaneamente, pensando em uma resposta que o pudesse convencer por completo. Se ela evitasse a batalha, chegaria mais rápido até Meanlife e encontraria sua irmã novamente – isso é, se ninguém já estivesse lá.

– B-bem... E-eu...

– Deixe-me adivinhar... – ele a interrompeu. – Você não pode me dizer, certo?

– É-é... Mais ou menos isso...

Sagitário a fitou com um ar de desconfiança, como se analisasse seu caráter minuciosamente, pouco a pouco.

– Hum... – comentou enquanto dava voltas ao redor da amazona. – Você me parece honesta... Kibou me falou de você e sua irmã, mas mesmo assim não posso deixá-la ir sem uma luta justa. Sinto muito.

Soranin deu de ombros

– Mas, – acrescentou. – para lhe dar mais motivação, lhe adianto que ninguém passou por aqui ainda. Você é a primeira.

Fênix se surpreendeu. Aquela era uma ótima notícia. Embora mais animada, não deixou de pensar em sua irmã e em seus amigos, que não via há tantos anos.

Lembrou-se do pouco tempo que passara no Santuário, vivendo com Sui. Foi difícil, mas ela conheceu muitas pessoas boas. Era engraçado todos se reencontrarem depois de tantos anos, agora, trajando armaduras. Eram simples aspirantes, sem um destino fixo. Um a um, todos foram partindo, tanto para missões quanto para lutarem por sua armadura... Ela e a irmã saíram de lá antes que pudessem se despedir deles.

Era estranho, pois não pensou no assunto durante muito tempo. Tudo parecia um sonho. O Santuário os havia separado e agora os unia novamente.

Involuntariamente sorriu, ao recordar-se de como Aristides e Relinde nunca concordavam em nada. Meiying, sempre calma, tentava ajudá-los a chegar em um acordo, mas na maioria das vezes acabava agravando a discussão, que não durava muito... Athos e Jhesebel sempre brigavam, e haviam acabado de conhecer Ulysses, o que gerou uma desconfiança entre eles... Heitor, Kirsi e Yerik eram verdadeiros amigos. Sempre riam uns dos outros e viviam cada dia como se fosse o último... Ela só não conhecera Linus, ou melhor, achava que não. Não se lembrava dela, mas ela era muito familiar... Bem, quando se mora em um lugar como esse, é normal que coisas como essa aconteçam.

– O que está esperando? – perguntou Icarus, interrompendo seus pensamentos.

– Ah... N-nada... Só estava me lembrando de algumas coisas...

– Certo, certo, sem problemas... – disse enquanto pegava um objeto dourado em uma mesa próxima.

– Opa, espera aí! O que você está fazendo? – perguntou Soranin, assustada.

– Pegando meu arco e flecha... O que parece que estou fazendo?

– Mas isso é uma arma!

– E...?

– Cavaleiros de Atena não usam armas!

– Hahaha, é verdade... Bem, em partes.

– Como assim, “em partes”?

O dourado fez uma pausa, soltou um longo suspiro e recomeçou:

– Atena odeia armas, isso é um fato, por isso seus Santos não as utilizam. Porém, há exceções, como você pode ver em Libra... Eu também possuo uma arma, mas só posso usá-la quando necessário... E não somos apenas nós, como você pode perceber. A questão é que são raros os cavaleiros que são encarregados desses artefatos, e os que os possuem, devem agir com sabedoria.

– Então... Você não vai usá-lo?

– Claro que não, você veio em paz! – ele fez uma pausa, fazendo cara de desconfiança mais uma vez. – Não veio?

– É óbvio! Eu nem sabia que teria que subir até aqui!

– Então não é necessário. Não é um combate pra valer, e eu não posso usar todo o meu poder, esqueceu?

– É mesmo. Desculpe... Mas mesmo assim, o que vai fazer com isso?

Ele ficou pensativo durante um instante, imaginando se aquela garota realmente merecia sua atenção. Olhou para ela e concluiu que sim. Sua irmã sabia o que estava fazendo, e acima de tudo, ele também sabia.

– Venha comigo.

Fênix obedeceu. Seguiu Icarus até uma sala que antes passara despercebida por ela. Ele acendeu as luzes, mas não havia nada lá dentro. Ela ficou em silêncio, apenas observando o que ele faria a seguir.

O gentil cavaleiro de olhos roxos pegou seu arco e flecha e começou a mirar em uma das paredes, o que despertou o interesse de Soranin.

– Não faço isso com muita frequência, mas hoje é um dia especial. – ele riu. – Proteja seus olhos da luz ou ficará cega, entendeu?

Sem dizer uma palavra, ela assentiu.

Um clarão tomou conta da sala e os olhos de Soranin, mesmo fechados, puderam perceber a luminosidade. Seus ouvidos zumbiram levemente e ela percebeu que poeira havia se espalhado pelo lugar. Começou a tossir e então abriu os olhos. Icarus não havia se movido nem um centímetro e estava de olhos fixos em algo mais adiante. Ele já havia soltado a flecha, mas sua posição ainda era a mesma.

Suas belas íris cor-de-ametista estavam distantes e pareciam sem vida, como se aquilo doesse em sua alma. Não demorou muito e ele baixou o arco, ainda fitando o vazio.

A amazona então decidiu se aproximar um pouco mais e verificar por conta própria, mas o cavaleiro estendeu o braço, impedindo sua passagem. Ela o fitou, desconfiada, e ele enfim disse:

– O que você verá adiante foi feito pelo antigo cavaleiro de Sagitário, Euro. Ele deixou isso como recordação para todos do Santuário antes de partir para a última Guerra Santa. Desde que ele morreu, mais nenhum cavaleiro de Sagitário foi escolhido, por isso tenho um carinho muito especial por este lugar. Ele foi em missão e nunca voltou, e eu, como seu sucessor, tenho o dever de protegê-la. Todo ano, nesta data, eu venho aqui e olho para o que ele escreveu para me lembrar de que nunca devemos desistir de nossos objetivos, por mais difícil que seja o caminho... Não importa quantas gerações passem, essa mensagem ficará aqui para sempre, escondida ou não.

Soranin compreendeu e olhou para a mensagem. Lembrou-se que seu pai já comentara sobre Euro algumas vezes. Ele era o mais nobre entre os Santos e possuía apenas vinte e nove anos quando morreu. Antes de ser um dourado, foi um dos lendários cavaleiros de Pégaso, que sempre possuíam um enorme poder e ajudam Atena nas horas mais difíceis.

Icarus a leu em voz alta:

– “Se você luta, deve saber pelo quê. Seja livre para escolher seu lado. Você possui o livre-arbítrio, então use-o com sabedoria. Jamais desista de seus sonhos, tenha fé até o fim e nunca duvide de si mesmo, você é o reflexo de suas ações, e elas afetam todos ao seu redor. Nunca percam a esperança. Nós somos humanos, mas fazemos milagres com ela. Atena, eu protejo a você e sei que você também protege a mim. Aos que passarem por aqui e lerem esta mensagem, confio Atena e o Santuários aos seus cuidados. Que as asas dos meus sucessores protejam a vida e a juventude da próxima geração... Euro de Pégaso/Sagitário.

A amazona estava admirada e seu coração acelerado. Aquelas singelas palavras carregavam um significado muito intenso.

– Bonito, não? – o cavaleiro sorriu.

– S-sim...

– Então, está mais motivada agora?

– Com certeza. Vamos lutar!

– Hum, espere um pouco. Têm certeza de que quer lutar comigo? Se quiser pode esperar que um de seus amigos o faça.

– Não. Se antes de ver as palavras de Euro eu já estava decidida a fazer isso, agora estou mais certa do que nunca.

– Ótimo. Vamos lá então. – ele assumiu uma postura defensiva. – Pode vir.

– Como quiser... Pássaro Mitológico! (1)

O dourado nem piscou. O ataque foi interceptado por suas asas, que se fecharam a sua frente.

– Só? – questionou. – Coloque mais poder nisso!

– Aff... – arfou.

– Você não pensou que minhas asas eram apenas uma decoração, pensou? Hah!... Esse não é nem o começo!

Fênix já estava cansada por causa de suas lutas contra Abati, Kanophe, e as ilusões de Lien. Suas forças estavam indo embora, e ela não conseguia recuperá-las. Um descanso não cairia mal.

– Já vai desistir? – perguntou Icarus. – Eu esperava mais de você, amazona... Mas se é assim, sente e descanse enquanto espera que algum de seus amigos assuma a batalha pra você.

Por uma fração de segundos Soranin ponderou a respeito, mas se deteve assim que percebeu o que estava querendo fazer. No quê ela estava pensando? Iria mesmo deixar que um de seus companheiros tomasse o seu lugar só por que a mesma não estava com vontade de lutar? Não. Ela não era assim. Não ia ceder mesmo cansada.

Concentrou-se e usou as Chamas Incandescentes (2), que agora conseguia controlar melhor. Elevando gradativamente o seu cosmo, conseguiria um bom resultado de seus esforços e provaria a Euro que ela sabia muito bem pelo quê lutava. Enquanto houvesse esperança, ela continuaria trilhando o seu caminho.

– Melhor assim?

– Bem melhor. – Icarus concordou. – Mas por quanto tempo sua determinação te manterá de pé? Trovão Atômico!! (3)

Icarus concentrou seu cosmo na mão esquerda e disparou na direção da Santa, criando reluzentes rajadas de energia, semelhantes a trovões em sua forma, cor e som. O golpe foi certeiro, atingindo inúmeras vezes a adversária, que foi empurrada para uma coluna grega.

Uma descarga elétrica percorreu seu corpo e ela se sentiu mais viva do que nunca, embora a dor fosse imensurável.

– Pode mandar mais! – pediu enquanto pensava o quão forte aquele cavaleiro era.

– Já que é assim, tudo bem... Trovão Atômico!!

Pássaro Mitológico!!

Os ataques colidiram, mas Sagitário foi mais forte. Seu brilho envolveu Soranin e ele deu as costas, pensando que dessa vez tudo estava acabado.

– Você lutou bem, Fênix...

Não demorou muito e a energia se dissipou, revelando uma cena inacreditável: ela havia conseguido bloquear parte do ataque, reduzindo o estrago pela metade.

– O quê?! Bloqueou o Trovão Atômico?

Pema mal restaurara a armadura de Fênix e ela já havia rachado em vários pontos novamente. As roupas de Soranin também estavam um poucos rasgadas e chamuscadas, mas isso não a incomodou. Sua pele estava toda cortada, e alguns hematomas eram evidentes, mas mesmo assim ela se manteve no lugar, com as mãos na frente do rosto, formando um “X”, e os olhos transbordando adrenalina.

Tomou fôlego e lentamente se aproximou do Santo de Ouro, que estava um pouco perdido em seus pensamentos.

Ave Fênix! (4)

Suas chamas estavam maiores e mais fortes, porém Icarus sabia muito bem como detê-las.

Impulso da Luz de Quíron! (5)

Um turbilhão dourado emergiu das mãos do cavaleiro, concentrando-se em Soranin na esperança de extinguir suas chamas e impedi-la de contra atacar. Ela gritou enquanto era erguida no ar, batendo as costas no teto e caindo de volta ao chão.

Enquanto isso, Ulysses adentrava nos domínios de Icarus, deparando-se com a queda da amiga.

– O que diabos...? – disse enquanto o barulho ecoava pelo recinto.

– Ah, vejo que um cavaleiro chegou... – disse Icarus, arrumando os belos cabelos castanhos. – Eu sou Icarus de Sagitário, bem vindo.

– E-eu sou Ulysses... de Unicórnio. – respondeu, assustado.

Ulysses pensou que, se aquele cara conseguia fazer Soranin ficar no estado em que se encontrava, deveria ser realmente poderoso. Nem queria pensar no que poderia fazer caso ele fosse o real adversário, e não ela.

– Ulys...ses... – sussurrou a amazona.

– S-Soranin!

– Por... favor... – ela começou a dizer, fazendo algumas pausas.

Não que estivesse com medo de Icarus, mas ele realmente não podia continuar ali – Fênix nunca pediria também. Mesmo assim, se sentiu na obrigação de dizer alguma coisa.

– Poupe seus esforços. Eu não pretendia ficar, de qualquer maneira... Boa sorte, Soranin!

Virou-se para a saída, mas o Santo o chamou:

– Unicórnio.

– S-sim?

– Se encontrar com Kyros, diga que mandei lembranças.

– Q-quem é esse?

– Logo você saberá.

Ulysses se questionava se devia ter dito algo a mais para Soranin. Bem, agora já era tarde. Assentiu e partiu na direção de Capricórnio, conferindo o Relógio de Fogo uma última vez.

Ficou com raiva na mesma hora. Que droga era aquela? Ele não sabia ler fogo! Tudo o que via eram chamas acendendo e apagando. Cada uma era equivalente a uma hora, mas ele não conseguia identificar quanto tempo restava. Apenas a de Peixes estava completamente acesa, pois a de Aquário começava a diminuir.

Concluiu que teria pouco mais de uma hora e meia e se foi, ignorando os gritos vindos da casa que aos poucos deixava para trás.

***

Um pouco mais afastado, Yerik pensava que nunca correra tanto assim em sua vida. Parecia um condenado, e nem mesmo seu frio natural dava conta de refrescar sua mente. Parou um pouco e olhou para trás. Nenhum sinal de vida, apenas escuridão.

***

De volta a Sagitário, os dois oponentes já estavam exaustos, cambaleando e caindo a cada ataque.

O coração de Soranin ardia por causa das Chamas Incandescentes, e ela beirava a loucura, sentindo um calor descomunal. Moveu uma de suas pernas e percebeu que estava sentada de costas na parede, enquanto Icarus tremia, de cara no chão, poucos metros adiante.

– Você até... que está aguentando bem... – disse, levantando-se. – Agora que tal... subir uma marcha?

– Você diz... Aumentar o ritmo? – ela perguntou, equilibrando-se com dificuldade.

– Sim. Aceita o desafio?

– Com certeza! Ave Fênix!

– Pois bem. Agora vou lhe mostrar o porquê de meu nome ser Icarus! Prepare-se amazona, Tempestade de Quíron!! (6) – brandiu enquanto tomava impulso, encolhendo os joelhos e pulando no ar para contra atacar o golpe da amazona.

Outra tempestade de vento surgiu, mas desta vez não de um turbilhão, mas sim da própria armadura de Sagitário. Icarus bateu suas formosas asas de ouro, elevando Soranin e a si mesmo no ar.

O combate agora era aéreo.

– Zeus! Isso... não é normal!

– É muito normal. Icarus e seu pai, Dédalo, construíram asas para conseguirem sair do labirinto em que se encontravam.

Em meio ao vendaval, Soranin tentava pensar. Seus pés não tocavam o chão e ela estava sendo atirada contra um pilar em altíssima velocidade. O que poderia fazer?

Antes de responder a si mesma, Icarus atacou:

Trovão Atômico!!

Não desta vez!, pensou enquanto atingia uma coluna com as pernas, encolhendo e esticando-as novamente, investindo contra o ataque do dourado. É agora ou nunca!

Ave Fênix!!

– Quê?! Vai encarar o golpe de frente? Não vai funcionar! O vento ganha do fogo!

– Acho que você esqueceu um pequeno detalhe sobre o seu xará, Icarus! Ele voou perto demais do sol e a cera das suas asas acabaram derretendo... O resultado foi que ele caiu no Egeu! (7)

Ela conseguiu desviar do ataque, atingindo-o na barriga e o derrubando com seu soco potente, seguindo a mesma trajetória em direção ao chão.

***

Um estrondo monstruoso chegou aos ouvidos de Yerik e ele apertou o passo. Vinha da casa de Sagitário, logo a frente.

Passou pela porta mas não via nada. Havia poeira por todo lugar, o que tornava até mesmo respirar complicado. Apenas escutava gemidos de dor, tossidas e arquejos por toda parte.

Colocou um braço acima dos olhos e levou a mão cerrada à boca, na esperança de conseguir pelo menos se nortear. Andou alguns segundos até notar uma nivelação no piso de mármore. Uma cratera se estendia a sua frente, com algo reluzente e dourado estendido em seu centro – junto a um outro vulto alaranjado e azul. Pensou estar vendo coisas, mas assim que sua visão voltou ao normal reconheceu a amiga ruiva e o cavaleiro de Ouro.

– Er... Vocês estão bem?

– Y-Yerik... s-saia d-daqui... Agora...

– T-tem certeza?

– C-confie... em sua... amiga... – Icarus respondeu por ela, sem ar e tossindo. – Não... perca... seu tempo... aqui...

– Certo. Até mais, vocês dois... Boa sorte!

– I-idem... – ambos arquejaram.

Ele se foi, pensando em como tudo isso acabaria e quais eram realmente os objetivos dessa subida pelas doze casas. Começava a duvidar de algumas coisas, mas pensou que no momento eram irrelevantes.

***

Icarus piscava sem parar, tentando afastar a dor que sentia em seu abdomem. A amazona estava caída em seu corpo, mas não era o seu peso que o incomodava. Ele desconfiava ter trincado – ou pior, fraturado – algumas costelas.

– V-você poderia... sair de cima de mim... por.. favor? – pediu.

– A-ah... d-desculpe! – ela se levantou num instante, zonza. – Eu te machuquei?

O cavaleiro conteve um riso. Se ela havia o machucado? Mas é claro. Assim como ele também havia machucado a ela.

– Não... tem problema...

Apoiou seu joelho no piso mais elevado e tentou se reerguer, mas a dor era maior. Levou uma das mãos à barriga e fez uma careta. Respirou fundo logo em seguida, e finalmente conseguiu.

Soranin se esforçou o quanto pode para conseguir andar. Exaustão definia o momento: sua cabeça girava, seu corpo não a obedecia e ela sentia que ia desmaiar. Lutas, ilusões, cansaço mental e desgaste físico. Tudo isso e muito mais se acumulara sobre seus ombros, e ela não resistiu. Tentou ir até Icarus – que se apoiava em um pilar – mas caiu no meio do caminho.

Ficou ali, caída, sem fazer nada.

O Santo de Ouro soltou um suspiro e escorregou pela estrutura, sentando-se e apoiando as costas na mesma, aliviado por ter mais um tempo para repor as energias. Simplesmente fechou os olhos e descansou a mente.

***

Um cosmo familiar se aproximava. Soranin podia sentí-lo chegando mais perto a casa. Dentro de poucos minutos, estaria ali.

Tentou se levantar novamente, mas não foi possível. Olhou adiante e viu Icarus, ainda sentado. Quanto tempo já havia se passado?

***

Vindo escadaria acima, Sui finalmente chegava a casa de Sagitário. Quem estaria lutando? Quantos já teriam saído dali? Já tinham chego até Meanlife? Muitas perguntas rondavam seus pensamentos, mas tudo o que ela continuava fazendo era correr. Não havia lutado sozinha nenhuma vez, mas estava suando frio. Se sentia fraca, mas não podia desistir.

Entrou e deu de cara com sua irmã estirada no chão e um Cavaleiro de Ouro mais a frente.

– Soranin! Você está bem?

– Acho que sim... – respondeu.

– Vamos, levante! Você precisa continuar!

– Eu... não consigo...

– Consegue sim! Você prometeu a mim!

– Sui...

– Droga, nós chegamos até aqui e você quer voltar atrás justo agora? Que história é essa? Onde está aquela Soranin que lutava pelo que achava certo, independente das consequências? Onde está a minha irmã, que sempre terminava o que começava?

– T-tem razão... E-eu não vou parar... Não agora.

– Sim, é isso mesmo! Eu preciso ir agora... Espero que continue para que nós possamos nos ver de novo! Vamos chegar até ela e acabar com isso! – ela se virou para Icarus. – E quanto a você, eu esperava mais do irmão de Kibou.

– Heh, sim, você está certa... Parece que... minhas asas se quebraram – notou. –, então creio que não possa... usar este ataque novamente... Mas também não irei... fraquejar! Vamos, Soranin, me enfrente! – disse ao mesmo tempo em que tomara uma postura ofensiva.

Andrômeda passou pelo dourado e sorriu levemente, desaparecendo na escuridão.
O cosmo de Soranin agora estava muito maior. Algo dentro de si havia mudado.

Ela estava lutando com Sagitário, um dos – se não o – mais nobres Santos de Atena. O nome de sua irmã, “Kibou”, significava “esperança” em japonês, e bastou se lembrar disso para sua coragem retornar.

Do outro lado, seu oponente se preparava para dar tudo de si. Suas esperanças não seriam esmagadas nem pelo mais poderoso dos cosmos.

Fênix começou a chorar, mas suas lágrimas não eram curativas. Ela chorava pois havia se desviado de seu caminho, e precisou que alguém a lembrasse do que viera buscando esse tempo todo. As palavras de Euro agora tinham mais significado, e ela não admitiria sua derrota. Secou os olhos e partiu pra cima, num último e desesperado ataque.

– Isso é... o Sétimo Sentido? – Icarus se surpreendeu. – As coisas ficam cada vez mais interessantes por aqui... – falou enquanto sorria. – Prometo devolver à altura! Trovão Atômico!!

Ave Fênix!!

Ambos voaram, caindo de cabeça, e tudo escureceu.



Casa de Áries.

– Pema? – a irmã a chamou por telecinese.

– N-Niyati? O que foi?

– Eu acabei de sentir dois cosmos sendo repelidos um pelo outro na casa de Sagitário... Isso não é bom! Não podem haver mortes, Pema, e aquele cosmo era dos grandes!

– Vou mandar Rimo ir até lá agora mesmo. Ele já retornou de Rozan.

– Telecinese não vai adiantar, ele vai ter que caminhar, e isso pode demorar.

– Eu tenho um modo mais rápido, não se preocupe.

– Tudo bem então. Me mande notícias depois.

– Certo.

A amazona dourada de Áries chamou pelo discípulo e ele prontamente apareceu.

– Sim, mestra?

– Rimo, vá até a casa de Sagitário. Verifique se as coisas estão bem. Utilize as passagens secretas (8). Rápido, por favor.

– Agora mesmo!

Rimo conhecia muito bem aquelas passagens. Brincara nelas durante muito tempo, e conhecia cada caminho como a palma de sua mão. Uma delas dava direto na casa de Sagitário, e foi esta que ele escolheu.

Chegando lá, se deparou com Soranin e Icarus – a amazona jogada contra uma parede e sangrando muito, e o cavaleiro deitado de costas para cima, na extremidade oposta da casa.

– Essa não, vocês dois estão bem?

Silêncio.

– Icarus?! Soranin?!

Mais silêncio.

– Droga! – disse enquanto corria na direção da Santa – Soranin, você tá legal?

Ela não respondeu. Estava inconsciente, mas respirava.

– Senhor Icarus! Está acordado? – perguntou quando chegou perto do mesmo, que estava no mesmo estado da adversária.

– Mestra! – tentou comunicar-se com ela por telecinese.

– Sim. – ela respondeu. – Qual a situação?

– Ambos desmaiados, com pulso. Fênix está sangrando muito e Sagitário parece ter quebrado alguns ossos... Tem muita poeira aqui, o que eu faço?

– Leve Soranin para fora. Se ficar aí ela pode demorar a acordar por conta do pó.

– Tem certeza? E quanto a Icarus?

– Quando retornar, faça alguns curativos nele e o sente, para que respire. Ele é forte, ficará bem.

– Certo. Estou indo então. Até logo!

Pema se aliviou e voltou para sua casa. Estava quase amanhecendo e ela precisava dormir um pouco – não que fosse conseguir, claro.

***

Rimo levou Soranin até a base da próxima escadaria e a deixou ali, recostada nos degraus para que não perdesse mais sangue. Queria poder ficar com ela ali e ajudar, mas não podia fazer mais do que isso.

Retornou tão rápido quanto fora e cuidou de Icarus. Fechou os olhos e pensou que logo mais ambos acordariam – ou ao menos era o que ele esperava.

Seu coração pesava cada vez mais, mas se todos eles não se submetessem a essas provações jamais poderiam enfrentar o que estava por vir. Uma guerra sempre antecede a outra, e somente os mais aptos conseguem romper barreiras e superar seus limites.



Casa de Capricórnio.

Ulysses chegou meio atordoado à casa seguinte. Mal entrou e apoiou um dos braços em um pilar, tentando afastar a náusea que vinha sentindo. Seu estômago revirava a cada passo.

Não demorou muito e logo o guardião notou sua presença, pousando seu braço reluzente em seu ombro:

– Você está bem, cavaleiro? – perguntou, preocupado.

– Estou sim, obrigado... – disse, e olhou para trás e apontando com o polegar para Sagitário. – O cara da outra casa mandou um olá para voc-... – ao se virar novamente, sua voz falhou e ele arregalou os olhos, recuando e tremendo.

– O que foi? Viu um fantasma?

Ulysses recuou mais um passo e levou uma das mãos à boca. Não conseguia esconder seu espanto. Em sua frente prostrava-se um homem alto, de cabelos negros espetados e olhos verdes-escuro: seu tutor.


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Notas finais do capítulo

[Legenda:]

(1) Pássaro Mitológico ("Mythological Bird" em inglês): É um golpe criado por mim. Soranin cria uma fênix feita de fogo e unindo suas mãos a direciona ao adversário. É o mesmo conceito do Ave Fênix usado por Ikki (Clássico), porém menos concentrado e preciso, atingindo uma área maior mas não causando tanto dano.

(2) Chamas Incandescentes ("Incandescent Flames" em inglês): É um golpe criado por mim. Com ele Soranin é capaz de aumentar gradativamente o seu cosmo e tornar suas demais técnicas ainda mais poderosas.

(3) Trovão Atômico ("Atomic Thunderbolt" no original do anime): É um golpe retirado do anime Saint Seiya (Clássico).

(4) Ave Fênix ("Hoyoko Tensho" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya (Clássico).

(5) Impulso da Luz de Quíron ("Kairan no Hikari Inparusu" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya - The Lost Canvas.

(6) Tempestade de Quíron ("Chiron's Thyllad" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya - The Lost Canvas.

(7) Referência ao mito de Dédalo e Ícaro. Caso você não o conheça, recomendo dar uma rápida pesquisada no Google. É uma das histórias mais clássicas e conhecidas da mitologia grega, tendo inspirado poemas, canções, jogos, personagens e muito mais.

(8) As passagens secretas aqui citadas são fruto de teorias do fandom de Saint Seiya. Elas explicam, por exemplo, como Ikki conseguiu chegar na casa de Virgem antes dos outros e sem passar pelas demais casas (já que telecinese não funciona nas doze casas)... Embora não sejam oficialmente confirmadas por Kurumada, aqui na fanfic elas se tornam reais, tendo muitas conexões diferentes e objetivos, que serão contados mais para frente.
—----

Ulysses entra na casa de Capricórnio e a primeira pessoa que encontra é... seu tutor?!
Será isso apenas mais uma ilusão ou ele realmente é quem aparenta ser?... Como a batalha se seguirá, isso é, se ela de fato acontecer?

Não percam, na sexta feira, o capítulo 37!

P.S.: Só lembrando que a ficha do Icarus está nas notas inicias pois já havia sido apresentada anteriormente, portanto foi apenas atualizada. A ficha de Kyros de Capricórnio aparecerá só no próximo capítulo.


[Por favor, se você está gostando da história, não esqueça de favoritar, comentar, deixar sua opinião, acompanhar para receber as atualizações sobre a fanfic, e recomendar, para que mais fãs de CDZ encontrem a história. Estou aguardando seu review ;)]



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