Conto I - Unforgettable Wars escrita por Contos da Grécia Antiga, RC2099


Capítulo 22
A Primeira Batalha: Pema de Áries!


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, pessoal!

Hoje finalmente temos o começo da subida das doze casas! Confiram agora a continuação dessa emocionante história! O primeiro adversário é...!


P.S.: As fichas dos novos personagens serão movidas para as notas finais (para evitar spoilers), mas as atualizações continuarão aqui, nas iniciais.



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Alceu e Kibou levantaram-se instintivamente de seus lugares, não acreditando na decisão que fora tomada.

— Isso é suicídio! – o ex cavaleiro de Ofiúco gritou.

— Deuses! Eles são só crianças! – a amazona demonstrou estar inconformada

Ao ver que um tumulto estava prestes a começar, Atena tomou a palavra novamente.

— Por favor, não me julguem mal. Deixem-me explicar as precauções que foram tomadas... – ao dizer essa frase, todos voltaram a se sentar, ainda atônitos. – Primeiramente, os cavaleiros de Ouro estão cientes de que não podem usar todo o seu poder contra os vencedores da segunda etapa. Além do mais, a violência não será necessária para seguir adiante pelas casas do zodíaco. Vocês podem optar por uma batalha, um sacrifício, ou até mesmo ficar para trás e deixar os outros passarem, assim nem tudo se resumirá a lutar. Essas atitudes são essenciais, logo entenderão o por quê... Não deixem o sentimento encobrir a razão neste primeiro momento. É tudo o que eu peço... Bem, meus queridos, vocês partirão em alguns minutos... às sete horas, para ser mais exata. Terão doze horas para cumprir seu objetivo, e se ninguém chegar até a amazona de Sextante nesse tempo, o campeonato será cancelado. Boa sorte em sua jornada!

Atena se afastou novamente e se foi. Cada palavra pesava em sua consciência, mas era algo imprescindível de se fazer. Talvez nunca mais a perdoassem ou lutassem por ela, mas eles entenderiam mais cedo ou mais tarde que aquilo era para a proteção de todos, embora não aparentasse.

Ninguém se manifestou, todos estavam chocados. Cavaleiros de Bronze contra cavaleiros de Ouro? Isso era ridículo.

O clima ficava mais tenso a cada segundo, mas por sorte Relinde trouxe todos de volta:

— Ah, que injusto! Só por que eu queria bater em alguém hoje?

Aristides e Meiying o teriam xingado, mas elas também não conseguiam assimilar as informações.

Pouco a pouco todos retomavam à consciência, e quando isso aconteceu com Kirsi, ela correu na direção de Sui, que já vinha ao seu encontro.

— Kirsi, não foi assim que você disse que seria!

— Eu também não estou entendendo! Isso não faz sentido!

Nesse momento, Athos chegou até elas.

— Vocês ouviram o mesmo que eu, ou fiquei surdo?

— Ouvimos!! – as duas gritaram ao mesmo tempo, fazendo o Santo levar as mãos aos ouvidos.

— Argh!... Agora que eu fiquei surdo mesmo.

— Desculpe... Mas sério, tem algo errado nessa história! – a Santa de Lobo se questionava. – Há poucos minutos eu descobri que na verdade são três oponentes, e não um! Não me perguntem como, mais tarde vocês entenderão.

— Então estamos ferrados! Será que não sabem sobre eles? – o cavaleiro perguntou.

— Se sabem de algo estão disfarçando muito bem. – Andrômeda respondeu.

— Impossível não saberem. A menos que... – Lobo pensou por um momento. – Não... Não, não, não! Droga Sui, o alvo não éramos nós, mas sim os perdedores!

— O quê?!

— Ei, eu não sou um perdedor! – Athos interveio.

— Maldição! Eu deveria ter previsto isso! As doze casas não passam de um contra-tempo para que eles venham e lutem contra os desclassificados!

— Não fale como se fossemos inferiores, estamos no mesmo nível! Acha mesmo que não damos conta? – ele se gabou.

— Mesmo em vantagem numérica. vocês não serão páreos pra esses caras! – Sui o interrompeu.

— Os dois estão certos. Mas eu tenho uma ideia... Se algum de nós chegar até Efilnaem antes das doze horas se esvaírem, teremos uma vantagem. Athos e os demais ganhariam tempo por nós e quando voltássemos os ajudaríamos na batalha!

— Ainda é arriscado. – a amazona concordou.

— Concordo.

— Me desculpem... Eu... deveria ter contado a todos... Me perdoem... – a amazona de Lobo sentou-se e enterrou as mãos no rosto.

— Você não tinha como saber, Kirsi... Esse lance das doze casas nem mesmo passou pela sua cabeça... Nem pela de ninguém.

— Ela está certa, a culpa não é sua!

— Mas eu podia ter evitado tudo isso... Sou responsável por tudo o que virá a seguir!

— Não, você não é. Se contasse de uma vez, só causaria pânico... E as autoridades daqui iriam te questionar por um bom tempo, fazendo com que você corresse perigo!

— Sui tem razão. Estamos com você até o fim!

— Obrigada, pessoal.

— Disponha... Bem, ainda devo entregar aquela carta?

— Certamente. Meiying avisará a todos vocês sobre o perigo e terão tempo para se preparar.

— Assim espero...

— Então... Temos tantas chances de voltar quanto eles? – perguntou a amazona de Andrômeda.

— Basicamente? Sim. – Kirsi respondeu, apreensiva.

— O fluxo do tempo está voltando ao normal, temos que ir rápido, não quero causar mais danos a vocês. – o Santo disse, preocupado. – Então boa sorte às duas, e tentem sair vivas, ok?

Ambas trocaram olhares nervosos e pensaram seriamente no assunto, mas por fim concordaram. O sorriso de um amigo vale mais do que tudo. Os três se abraçaram e se despediram, caminhando na direção de seus grupos.

A Santa de Lobo estava indo até seus companheiros, quando de repente foi abordada pela amazona de Lince.

— Kirsi! Eu sinto tanto! – ela a abraçou. – Eu não devia ter desistido... Me desculpe!

— A escolha foi de nós duas. Mas não fique assim, eu irei ficar bem.

— Ah, Kirsi... Por quê está dizendo isso justo agora? – Linus começou a chorar.

— "Assim é que se chega aos astros." (1)— ela riu, embora na verdade estivesse com receio, pensando no real significado que estava depositando nessa expressão.

Linus sabia que era uma frase de Virgílio, mas não compreendeu o que aquilo significava. Conversou um pouco mais com ela e desejou boa sorte, indo ao encontro de Sui e Soranin, que agora discutiam sobre a subida às doze casas.

***

Do outro lado da arena, Ulysses olhava para o céu que começava a escurecer. Ele parecia solitário, então Jhesebel se aproximou.

— Ei... Você tá legal?

— Eu deveria? Vou para um lugar do qual não tenho certeza se posso voltar.

— Não fale assim, Ulysses... Sei que no fundo está contente.

— Bem, estou feliz que vocês não tenham passado pra essa etapa... Não me leve a mal, mas é verdade.

— Compreendo... Sabe, o Athos deve estar com uma certa inveja de você neste momento. – ela caçoou. - Há três amazonas nessa etapa.

— Estão falando de mim? – Golfinho apareceu do nada, abraçando o pescoço dos dois.

— Sim. Não que eu goste disso.

— Aff, Ulysses, para de ser assim! Você vai ficar bem, fique calmo!

— Será que vou? Eu não sei.

— Pra mim já chega! Estou tentando ser legal com você, mas parece que o senhor "deixa que eu me viro sozinho" não precisa da minha companhia... Quer saber? Pra mim já deu!

Ela se afastou, ainda nervosa, e se recostou em uma parede distante.

— Uau... – Athos arregalou os olhos. – O que foi isso?

— Sei lá. Ela anda muito estressada ultimamente.

— Eu não estava falando dela, chifrudinho. Estava falando de você.

— Ah, por favor! Eu mereço viu... Mais um pegando no meu pé!

— Você pode até enganar a chatonilda com essa personalidade carrancuda, mas não a mim... Hahahaha, nem em um milhão de anos, amigo chifrudo!

— Nada a ver! Eu não estou fingindo!

— Pra cima de mim? Sério? Haha, vem com essa! Você está triste por que está num grupo cheio de gente que não é muito próxima... Duas irmãs, três amigos inseparáveis, e você aí, sozinho, sem ninguém.

As vezes Ulysses não entendia como Athos conseguia compreender tudo que ele passava. Teria ele vivido algo parecido?... Independentemente da resposta, ele não se pronunciou.

— Para de demonstrar fraqueza, você é uma pessoa forte. Sabe disso. E não precisa machucar quem ama pra provar a todos. – ele acenou a cabeça na direção da amazona. - Prove isso voltando de lá. Você pode!

Ele levantou o olhar e o encarou. Nunca havia reparado em como o sorriso sarcástico do amigo era sincero. No fundo ele tinha uma história triste também. Praticamente todo Santo tinha.

***

Alguns metros adiante, Aristides e Relinde discutiam sobre a decisão de Atena enquanto Meiying meditava.

— Isso é um absurdo... Eles não tem que passar por isso! – Aristides estava inquieta.

— Mas foi a decisão tomada... E eu até curti a ideia...

A amazona de Dragão de repente se levantou e foi até eles.

— Não captei nada... Que estranho.

— Hum que pena... E falando em coisas estranhas, por que é que você está sempre meditando?

— Relinde! Não seja indiscreto! – pediu Aristides.

— Tudo bem, Ari... É apenas um pequeno preço que eu pago por ter esse controle "anormal" sobre o cosmo... Esse é o meu dom, como vocês viram na minha luta... Mas a armadura consome muita energia de mim e frequentemente preciso ficar fazendo isso. Mas já me acostumei.

— Blá, blá, blá, blá, blá... Que coisa chata!

— Pode até ser, mas eu preciso me concentrar.

— Pra quê?

— Pra não dar um tapa nessa sua cara!! Você não sente pena deles, Relinde?! Não sabe o que eles irão enfrentar?!

Pela primeira vez em muito tempo, Relinde se calou.

Aristides interveio, dizendo que não era tempo para isso e eles deveriam manter a calma – o que fez com que Relinde fizesse uma careta e cedesse – mas pouco depois eles voltaram a brigar. Era apenas mais um dia normal para os três.

***

Ali por perto, Fênix e Andrômeda trocavam argumentos sobre o que poderia acontecer. Sui não mencionou o plano de Kirsi, obviamente, mas estavam relativamente calmas se comparadas aos outros.

— Nós vamos chegar até Meanlife a tempo, Soranin... Sei que vamos.

— Prometo que farei o que estiver ao meu alcance!

Ao ouvir essas palavras vindo de sua irmã mais nova, ela instintivamente se virou para a amazona de Lobo. Ela conversava com os amigos, mas evitava olhares diretos. Algo tinha mudado drasticamente nos últimos minutos, e isso não era nada bom.

***

— Bem, ao menos estamos juntos nessa... – Cisne fez uma pausa. - Não é?

— Vai dar tudo certo. Vamos conseguir!... Eu acho. – ela riu.

— Claro! Nossa missão é só surrar uns dourados, o que pode dar errado? –  Heitor caçoou.

Os três riram e aguardaram a autorização final.

 

 

 

 

— Cavaleiros e amazonas – o Grande Mestre se dirigiu pela última vez a eles. – se preparem, sua jornada começa... agora!

Um barulho ecoou pelo Santuário. O Relógio de Fogo havia sido aceso.

Os seis saíram correndo sem olhar para trás. Agora eles tinham apenas doze horas para atravessar as doze casas e chegar até Efilnaem. Eles eram amigos e adversários, não podiam esquecer disso, e enquanto corriam pelas escadas até a primeira casa pensavam naqueles que ficaram para trás e tudo que enfrentariam a seguir.

 

 

 

 

 

Pareceu uma eternidade, mas logo já era possível avistar a casa de Áries. Eles diminuíram a velocidade e, ao ficar frente a frente com ela, hesitaram.

— Devemos entrar? – questionou Soranin.

— Não temos outra opção. – respondeu Heitor.

— Bem, vamos logo com isso então. – Andrômeda disse

Todos entraram juntos, mas não avistaram ninguém.

— Me parece vazia... – comentou a amazona de Lobo.

— Olhem, há várias armaduras espalhadas pela casa. – Yerik disse.

— Curioso... – Ulysses estendeu a mão para tocar a mais próxima de si. – O que será que elas... – ele se deteve.

Antes mesmo de atingir a superfície, algo agarrou seu braço com firmeza e uma voz feminina ressoou por toda a atmosfera:

— Não toque nisso!

Todos entraram em posição de defesa imediatamente. Unicórnio olhou para o próprio pulso e viu longos e reluzentes fios prateados o puxando na direção oposta.

— Isso é... cabelo?! – ele exclamou, surpreso.

Os Santos recuaram um passo e ficaram quietos, até que Leão Menor sussurrou:

— Ninguém se mexe. Ela pode detectar movimentos.

— Heitor, isso não é hora para piadinhas! – Kirsi sussurrou de volta.

— Creio que eu não seja um dinossauro, caro cavaleiro. – a voz voltou a falar.

Pode-se ouvir o barulho dos passos vindo até eles, aumentando gradativamente. Pouco a pouco, uma mulher ia saindo das sombras. Ela tinha longos cabelos prateados, dos quais pendiam algumas tranças, e olhos cinzentos. A pele clara a fazia parecer ainda mais bonita, tirando duas manchas roxas em sua testa – ou seriam marcas? – e o fato de que uma armadura dourada era trajada por ela. Com certeza era a guardiã daquele lugar, pois no canto superior esquerdo do peitoral da armadura estava um pequeno círculo com o símbolo de Áries dentro dele.

— Sejam bem-vindos à minha casa. Eu sou Pema de Áries.

Misteriosamente, os cabelos que seguravam Ulysses regrediram.

— C-como... C-como fez isso?!

— Prehensilia... (2)— sussurrou Kirsi.

— Hã? – todos questionaram.

— Isso mesmo, amazona. Dentre todos os Santos de Ouro, eu sou a que tem a telecinese (3) mais avançada. Posso mover qualquer coisa, mesmo que seja inanimada, e ainda possuo prehensilia, que é o poder de mover meu cabelo da forma que eu quiser.

— Certo, mas... e quanto a essas armaduras? Esses cavaleiros estão...? – Ulysses continuou.

— Ah, não, não, não... Eu sou uma sobrevivente da raça dos Lemurianos. Somos os únicos que podem restaurar as armaduras de Atena, mas apenas se formos devidamente treinados. Estou trabalhando nessas aqui por enquanto... Bem, já me apresentei. Agora é a vez de vocês.

Um a um, todos disseram seus nomes e constelações. Pouco depois de terminarem, risadas ecoaram pelo lugar.

— O-o que foi isso? – perguntou Soranin, agarrando-se à sua irmã.

Elas continuaram, vindo de vários lugares ao mesmo tempo. Uma sombra passou rapidamente pelas paredes e o barulho cessou. A capa de Pema se moveu. Pareceu haver algo ali atrás, mas se tinha ela não se importou, apenas se virou e sussurrou algo.

Todos começaram a caminhar em sua direção, cautelosamente, até que uma voz vinda de trás deles gritou:

— Bu!!

Todos – com exceção de Pema – pularam ou gritaram de susto. O espanto foi tamanho que Heitor chegou a pular nos braços de Kirsi – que por pouco não o deixou cair.

— Oi! Eu sou Rimo de Cinzel! Desculpe assustar vocês, mas eu não resisti... São os ganhadores da segunda fase, não são? – ele os analisava com um sorriso no rosto. – Puxa que legal! Prazer em conhecê-los! – dizia rapidamente enquanto os cumprimentava, apertando suas mãos. – Já disse que me chamo Rimo?

Era um garotinho. Devia ter uns dez anos e não parecia ser uma ameaça. Vestia a armadura de Cinzel – como dizia – e tinha cabelos cor de areia que pareciam destacar ainda mais os seus olhos azuis celeste. Ele era lemuriano com certeza, pois tinha as mesmas marcas que Pema, e em uma de suas orelhas carregava um pequeno brinco de ouro em formato de argola.

— Rimo, – Pema interveio – acho que já chega. Você vai assustá-los mais ainda.

— Ah, me desculpem, não foi minha intenção! – riu.

Os cavaleiros de Bronze se apresentaram novamente e então Soranin perguntou:

— Então... Você também é um Santo?

— Tecnicamente, sim... Só que meu foco não é o combate, é a restauração de armaduras!

— Você... restaura essas armaduras? Assim como Pema? – Ulysses indagou.

— Sim. – ela confirmou. – Rimo é meu discípulo há algum tempo. Ele aprende muito rápido.

— E eu também tenho telecinese! Quer ver?

Ulysses olhou ao seu redor, mas não viu nada de diferente.

— E então? – questionou.

— Olhe para baixo! Hehehe!

Ele obedeceu e viu que estava acima de todos, levitando.

Ah, o que é isso?! Me põe no chão, me põe no chão!!

Na verdade, ele havia parado bem em cima do escudo de uma armadura, e este sim estava sendo erguido por Rimo. Ele não pareceu perceber de imediato.

— Rimo, o que eu lhe disse sobre levantar pessoas? – Pema advertiu. – Controle melhor a sua hiperatividade.

— Ah, certo. Havia me esquecido... Desculpe.

Ele baixou o escudo, mas as pernas do cavaleiro ainda tremiam.

Todos riram, mas logo a amazona os interrompeu, chamando seu discípulo e sussurrando-lhe algumas coisas.

— Certo, pode deixar! – ele respondeu e virou-se para os Santos. – E então, quem vai me enfrentar?

— O quê?! – todos protestaram.

— Ué... Para passar vão ter que me derrotar!

— Não vamos lutar contra uma criança! Isso é errado! – disse Yerik.

— Mas é o único jeito de seguirem adiante. Podem vir! – ele sorriu.

Eles apenas se entreolharam e, como não obteve uma resposta, Rimo olhou para Pema, que fez um sinal para que ele seguisse adiante.

— Tudo bem então... Se não querem começar a batalha, eu começo!

Naquele instante ele se ergueu no ar e dezenas de pedras de variados tamanhos voaram na direção deles.

— E agora, o que faremos, Soranin? – perguntou Sui enquanto se desviava dos objetos.

— Fique calma... Acharemos uma maneira de derrotá-lo sem feri-lo.

Ah! – Ulysses gritou quando percebeu que uma rocha ia acertá-lo em cheio.

Um barulho de algo de partindo soou e ele abriu os olhos. A amazona de Lobo estava parada em sua frente e aparentemente havia destruído a pedra para ajudá-lo.

— Você está bem? – ela perguntou.

— E-estou... Obrigado.

— Não há de quê. – ela riu e se virou para o Santo de Cisne. – Yerik! Opções!

— Se minha memória não falha, ele disse que não era focado em combate, mas sim em restauração, o que nos dá uma vantagem.

— Ouviu isso, Heitor?

— Alto e claro! Vou criar uma distração e vocês tentam atingi-lo. As pedras estão acabando!

— Vamos nessa! – os dois concordaram.

Heitor esquivou-se de tudo que vinha em seu caminho, tomando a dianteira e prostrando-se quase que cara a cara com o adversário. Ele então fez algo que ninguém imaginou que fosse fazer: perguntou se Rimo gostaria de tomar um sorvete depois que tudo acabasse.

Embora confuso, ele aceitou e voltou a focar-se nas pedras, porém só restava uma.

— Vou me afastar e aí você joga essa rocha que sobrou em mim, pode ser? Se me acertar eu pago o seu sorvete, mas, se errar, você paga o meu!

— Combinado! – seus olhos brilharam.

Enquanto ele se concentrava, mirando no oponente, Kirsi e Yerik cautelosamente davam a volta, quase colados na parede.

— E aí, algum ponto fraco? – ela perguntou.

— Nenhum ainda. Mas ao que me parece ele não está suspenso no ar, e sim sob alguma coisa.

— Igual Ulysses?

— Exatamente. Se derrubarmos a plataforma o derrotaremos em instantes.

— Certo, fique aí que eu vou comunicar o reforço.

— Que reforço?

— Enquanto atacamos aquilo que o está mantendo fora de alcance, alguém deve estar preparado para imobilizá-lo.

— Ah, certo... Volte logo.

Ela silenciosamente voltou para perto dos outros e começou a falar sobre o plano. Heitor vinha correndo na direção deles ao mesmo tempo. Era a oportunidade perfeita.

O cavaleiro de Leão Menor foi atingido de raspão no ombro. Por sorte a pedra não causou danos, já que não era nem muito grande e nem muito pesada.

— Acertei! Eu ganhei o sorvete! Hahaha! – Rimo fez uma careta.

Após voltar para perto de Yerik, Kirsi se posicionou bem abaixo de Cinzel e juntos eles atacaram:

Pó de Diamante!! (4)

Uivo Mortal!! (5)

A estrutura que o sustentava se congelou e cedeu, fazendo Rimo despencar em direção ao chão, mas, graças a amazona de Lobo, Sui estava lá para segurá-lo. Infelizmente, ela errou o alvo e Rimo caiu em cima dela.

— Ei! Isso não foi legal! – ele disse.

— Desculpe. Te machucamos? – perguntou Kirsi.

— Não estou falando da queda. Estou falando de mentir sobre o sorvete!

— Quem disse que eu menti? Promessa é dívida! – Heitor estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar.

— Sui! Você está bem? – Soranin a puxou.

— Estou... Eu acho...

Aplausos ecoaram no recinto. Pema observou o combate em um silêncio tão profundo que eles esqueceram completamente de sua presença.

— Parabéns! Vocês conseguiram derrotá-lo com astúcia... Mas agora vem o verdadeiro desafio. Se quiserem seguir adiante, terão de me enfrentar!

— Rimo! Você disse que tínhamos que derrotar a você! – Unicórnio protestou.

— Sim, mas eu não sou o guardião! Ela quem é.

— Se não há outra maneira, então é inevitável... Mas Pema, achei que você fosse uma pessoa pacífica.

— Eu sou... E por este motivo poderão passar assim que conseguirem me acertar.

— Então, quem vai lutar com você? – Heitor indagou.

— Todos vocês. Não seria justo apenas um me enfrentar... Rimo, pode descansar agora – ela o pegou nos braços e sentou-lhe num canto.

— Mas Pema, eu...

— Sem "mas". Já conversamos sobre isso... Vejamos se eles são dignos de continuarem – sussurrou, piscando.

Ele assentiu e a batalha começou. Os Santos tinham pouco mais de onze horas e meia, mas o tempo não para nem mesmo pelos mais nobres motivos.

Um a um, todos os cavaleiros e amazonas atacaram, mas Pema não se moveu.

— Pff. – riu, de olhos fechados.

O quê?! – todos exclamaram.

— Francamente, achei que fossem melhores do que isso. Nenhum golpe me atingiu... Creio que agora seja minha vez.

— Pema, não! – Rimo gritou.

— Se acalme, não irei usar toda a minha força assim como me foi pedido... Preparem-se! Extinção Estelar!! (6)

Centenas de choques voaram na direção dos Santos de Bronze, erguendo-os e depois os derrubando no frio piso de mármore com agressividade.

Argh! – Yerik arquejou. – Então... então esse é o poder de um cavaleiro de Ouro?

— É terrível! – Soranin concordou.

A amazona de Áries deu um passo para frente.

— E então? O que estão esperando? Levantem-se e lutem como verdadeiros guerreiros!

Ela começou a se concentrar e elevar seu cosmo, o que causou um pânico momentâneo.

— Que cosmo incrível!

— Heitor tem razão... – Kirsi se levantou. – É imenso!

— Precisamos de um plano urgente! Alguma ideia, Sui?

— Não, irmã. Nada... Minhas correntes estão praticamente quebradas por causa da batalha com Athos. Se eu atacar ou me defender uma vez, não poderei fazer de novo.

— Tive uma ideia. – revelou Kirsi. – Vamos criar uma distração novamente.

— Como por exemplo...? – perguntou Ulysses.

— Apenas prestem atenção. – ela se virou para Pema. – Uivo Mortal!!

A dourada estava concentrada, mas conseguiu perceber o ataque da amazona e se defendeu.

Rede de Cristal!! (7)

Por um breve instante nada pareceu acontecer, mas quando todos se voltaram para as duas, Kirsi estava suspensa bem acima da cabeça de Pema, sem conseguir se mover.

— Ei, telecinese não vale! – ela protestou.

— Isso não é telecinese. A Rede de Cristal permite que eu crie fios quase invisíveis a olho nu, que são capazes de prender qualquer coisa e deixá-la sem ação ofensiva ou defensiva. Não pode se libertar a menos que eu o faça, sinto muito.

Enquanto Pema falava, os olhos de Heitor encontraram os de Kirsi. Ela piscou com um dos olhos e ele entendeu o que deveria ser feito.

— Pessoal... – ele sussurrou. – É agora.

— "É agora" o quê? – Sui demonstrou confusão.

— Se atacar separados não funcionou, vamos tentar juntos.

— Mas temos um a menos... – observou Soranin.

— Pema está distraída, nem vai notar... – lembrou Yerik. – E além do mais, ela disse que só passaremos depois que alguém conseguir tocá-la, ou seja, não precisamos derrotá-la.

— Ok, senhor sabe-tudo, mas deixou um detalhe escapar... – Ulysses interveio. – Nós somos Santos de Bronze e nos movemos, no máximo, na velocidade do som, enquanto ela é uma amazona de Ouro e se move na velocidade da luz!

— Não custa tentar, certo?

— Pff, certo... – ele revirou os olhos.

— Vamos no três. Um. Dois... Três! – Heitor deu o sinal.

Juntos eles a atacaram, mas Pema pareceu prever seus movimentos.

Muralha de Cristal. (8)

Todos os ataques bateram numa cosmo-energia invisível, voltando para seus respectivos emissores e fazendo com que eles caíssem novamente no chão.

Sangue pingava dos Santos e se espalhava pela casa de Áries. Pema não gostava disso, mas não podia desobedecer ordens de cima.

— Que diabos? – questionou Yerik, batendo com os punhos na proteção.

— Essa é a Muralha de Cristal, uma defesa invisível para olhos humanos. Ela me defende de qualquer ataque e varia de resistência de acordo com meu cosmo... É praticamente impossível transpassá-la. – a amazona dourada explicou.

Pema voltou a elevar seu cosmo e Kirsi olhou para Heitor – que já havia se levantado novamente – com um olhar que dizia "Valeu à pena tentar". Em seguida, fitou Ulysses, que disse:

— Tenho um plano.

— Qual? – todos perguntaram.

— Andrômeda, crie uma tempestade fraca. Essa será a distração... Leão Menor, Cisne e Fênix, usem seus ataques primários e tentem acertá-la. Depois de um tempo, ataquem juntos novamente, sem exceção... Esse plano vai funcionar!

— E quanto a você?

— Também irei atacar, Cisne. Mas só depois... Ah, e não se esqueça de criar flocos de neve enquanto a ataca... Vamos lá! – ele disse. – Um. Dois. Três!

Sui hesitou, mas tomou cuidado para controlar seu cosmo e não oferecer riscos a ninguém enquanto fazia o que ele pediu. A neve criada pelo cosmo de Yerik começou a voar em direções aleatórias por causa do vento da amazona, gerando um frio que aparentemente foi sentido por todos, pois Pema se arrepiou.

Os ataques de Heitor, Soranin e Yerik foram parados pelo cabelo de Pema, que segurou seus pés e os ergueu no ar.

— Um golpe não funciona duas vezes contra o mesmo cavaleiro, se lembram? – Áries riu. – Isso é algo ensinado em todo treinamento básico... Certo, vejamos, já foram quatro. Faltam apenas dois.

Ela se preparou para golpear Ulysses e Sui, mas hesitou. Um "crec, crec" soou, como se fios de seda se rasgassem, formando uma melodia calma e agradável. O barulho vinha de cima da Santa de Ouro, que olhou para cima bem a tempo de ver Kirsi se libertando da Rede de Cristal, que agora estava congelada e se partia por causa do frio de Yerik.

Ulysses chamou a atenção dos outros e então os três que estavam presos conseguiram se libertar, e todos atacaram Pema juntos. A amazona tentou se defender, mas já era tarde demais.

Dessa vez eles finalmente conseguiram tocá-la.


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Notas finais do capítulo

Legenda:

(1) "É assim que se chega aos astros.": Frase de Virgílio (autor de "Eneida", que conta a história da fundação da cidade de Roma por Rômulo e Remo - pelo ponto de vista mitológico, ao contrário de Tito Lívio, que a conta de forma histórica). A interpretação dessa frase da perspectiva de Linus é uma espécie de almejo a um objetivo, mas a perspectiva de Kirsi vai ficar em aberto por enquanto. Daqui alguns capítulos vocês mesmos a farão.

(2) "Prehensilia": É a habilidade de animar e alongar seu próprio cabelo, movendo-o da forma como quiser. Alguns exemplos de personagens que possuem Prehensilia são: Medusa (Marvel), Sindel (Mortal Kombat), Flare Corona (Fairy Tail) e Vidaldus Taka (Fairy Tail).

(3) "Telecinese": É a habilidade de manipular e controlar quaisquer objetos com a mente, podendo ou não precisar de um movimento físico.

(4) "Pó de Diamante" ("Diamond Dust" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya (Clássico).

(5) "Uivo Mortal" ("Dead Howling" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya (Clássico).

(6) "Extinção Estelar" ("Starlight Extinction" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya (Clássico).

(7) "Rede de Cristal" ("Crystal Net" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya (Clássico).

(8) "Muralha de Cristal" ("Crystal Wall" no original): É um golpe retirado da obra Saint Seiya (Clássico).
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Fichas:

Pema Yarlung

Divindade: Atena
Classificação: Amazona de Ouro
Constelação: Áries
Gênero: Feminino
Idade: 21 anos
Significado do nome: “Lótus”
Aniversário: 04 de Abril
Signo zoadical: Áries
Altura: 1.73
Peso: 67kg
Tipo sanguíneo: A+
Local de nascimento: Tibete
Local de treinamento: Jamiel
Mestre: **** de Áries
Discípulo(s): Rimo de Cinzel
Cor, textura e tamanho dos cabelos: Prateados, lisos com algumas tranças, muito longos
Cor dos olhos: Cinza
Máscara: Não
Parentesco: Meia-irmã de ****** de ******
Personalidade: Calma, pacífica, responsável, bondosa
Habilidades especiais: Telecinese, Teletransporte, Prehensilia, Restauração de Armaduras
Objeto de valor sentimental: Nenhum


Rimo Khang

Divindade: Atena
Classificação: Cavaleiro de Bronze
Constelação: Cinzel
Gênero: Masculino
Idade: 10 anos
Significado do nome: “Pintura”
Aniversário: 31 de Março
Signo zoadical: Áries
Altura: 1.50
Peso: 38kg
Tipo sanguíneo: B-
Local de nascimento: Tibete
Local de treinamento: Jamiel
Mestre: Pema de Áries
Discípulo(s): Nenhum
Cor, textura e tamanho dos cabelos: Cor-de-areia, lisos, curtos
Cor dos olhos: Azul-celeste
Parentesco: Filho de ****
Personalidade: Hiperativo, animado, alegre, dedicado
Habilidades especiais: Telecinese, Teletransporte, Restauração de Armaduras
Objeto de valor sentimental: Brinco dourado (família)
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Eles conseguiram tocar Pema! O quê virá a seguir? Qual era a teoria de Kirsi, e por quê ela acabou não sendo verdadeira (por enquanto)? Seis Santos, doze casas, muitos desafios! Não percam o próximo capítulo e a conclusão da batalha na casa de Áries!

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P.S.: Só pra esclarecer, as casas do zodíaco (por fora) são iguais ao anime/mangá clássico em questão de aparência, a diferença é o interior. Por dentro elas realmente parecem uma casa. O local das lutas seria uma espécie de "salão principal", que é vazio e contém apenas algumas colunas de sustentação e uma escada que leva ao andar de cima, onde ficam os demais cômodos. Podemos tomar como exemplo o interior das casas do filme Legend of Sanctuary, porém feitas com os materiais das clássicas (mármore, por exemplo)... Essa informação vai ajudar nos próximos capítulos. Se eu disser "O cavaleiro pulou a escada, assustando quem estava abaixo de si" vocês logo farão a ligação de que o dourado estava no andar de cima, mas saltou para chegar mais rápido ao andar de baixo e acabou surpreendendo o Santo que estava entrando em sua casa.

Bem, não sei se ficou clara a intenção, mas sintam-se livres para perguntar sobre isso ou qualquer outra coisa (:



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