Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 59
Doce Família | Christian e Alicia


Notas iniciais do capítulo

Hoje é quinta, hoje é dia de RDC. E, pela primeira vez em muito tempo, fiz o que prometi: demorei só uma semana para postar! Bom, na verdade terminei esse capítulo no dia 5 (e inclusive programei a postagem), mas decidi guardá-lo para mim por um tempo. Aqui na praia estou tentando fazer isso, já que tenho bastante tempo e ideias (a brisa marítima sempre me traz inspiração). Espero que vocês não se importem com isso, já que o que escrevo não vai mais ser fresquinho hahaha
Não tenho muito o que falar, já que faz pouco tempo que postei, diferente das outras vezes, em que a diferença entre as datas de postagem era de mais de dois meses. Vou deixar aqui, então, o link do mais novo vídeo do canal da fanfic (o qual postei com muito esforço com a internet aqui da praia): https://www.youtube.com/watch?v=hFJCGbjc0ok É sobre o título da fanfic, não percam! (E o próximo vídeo vai ser beeem interessante, fiquem ligados)
Nesse capítulo temos uma Juliane bastante irritada com os acontecimentos anteriores. Espero que vocês gostem da nossa diva explodindo com seus filhinhos amados nessa família (nada) doce.
Até as notas finais!
Xoxo ♥ ACE



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Logo depois do almoço, Juliane convocou uma reunião com toda a Família Real em um de seus aposentos, utilizando uma voz de uma raiva que nem seu próprio marido já tinha visto nela. Desde aquele momento, ele sabia que a conversa que teriam em alguns minutos seria tensa. Mais tensa do que todas que já haviam acontecido em seus vinte anos de casados. Por isso, ele caminhava com aflição pelos corredores, pensando em tudo que deveria enfrentar, em como teria de proteger os filhos da ira da esposa.

Quando ele chegou, a Rainha já estava já, sentada na cadeira mais à ponta do local. Seus cabelos loiros encaracolados cobriam seu rosto enquanto ela massageava as têmporas. As mangas compridas de seu vestido azul tiffany caiam sobre a mesa, com um desenho que lembrava as ondas. Naquela posição, ela parecia até pacífica, como se a qualquer momento pudesse levantar os olhos e abrir um sorriso sincero e calmo. Seu marido, entretanto, sabia que isso não aconteceria. Logo, todos os sentimentos que ela escondia sob a casca mansa seriam derramados pela mesa. A não ser que ele a acalmasse.

 — Juliane... — ele chamou ainda apoiado na batente da porta, a fim de não aparentar estar pressionando a esposa. — Posso entrar?

Ela levantou a cabeça, encarando-o com seus belos olhos azuis,  os quais o haviam conquistado tão profundamente vários anos antes. Com um movimento de pescoço, ela sinalizou que ele se aproximasse. Ele deu passos lentos até a mesa com cuidado, logo se sentando na cadeira ao lado da mulher. Por costume, era o Rei quem deveria sentar na ponta, pois era ele o chefe de Estado e da família. Naquela situação, porém, ele tinha de deixar sua consorte nessa posição, pois o assunto tratado seria seus próprios filhos — os quais eram, segundo as escrituras antigas da Família Real Dinamarquesa, responsabilidade dela.

— Tenha calma com eles — pediu o homem, pegando a mão de Juliane com o carinho que sempre tinha com ela. — Não esqueça que eles são apenas crianças, apesar de tudo.

Antes que ela pudesse responder, porém, a porta da sala foi aberta mais uma vez. Cinco figuras surgiram na frente do casal, entrando com muita cautela e sentando em seus respectivos lugares na mesa. Alexander, o mais velho, colocou a irmã caçula em seu colo, acomodando confortavelmente suas pernas finas — envolvidas por uma calça jeans simples e confortável — em suas próprias pernas.  As gêmeas tinham expressões aflitas em seus belos rostos enquanto trocavam olhares cúmplices e de desespero, temendo o que a mãe poderia fazer com elas. O único que parecia completamente tranquilo com aquilo tudo era Henrik, que apenas se sentou na cadeira mais distante, como se a conversa que teriam não tivesse nada relacionado a ele. O que Christian mais queria era estar assim também.

— Bom, como vocês já devem saber, estamos aqui hoje a pedido da mãe de vocês — o Rei anunciou quando todos já estavam devidamente posicionados — a fim de...

— Você está sempre querendo me contrariar, não é mesmo, Isabella? — interrompeu-o Juliane, praticamente gritando ao olhar na direção de suas duas filhas de 16 anos. — Até mesmo quando se trata de sua irmã, que você diz amar tanto. Achava que você não fosse chegar a esse ponto.

— Não era minha intenção, mãe. Eu nunca faria nada contra Ingrid. Nunca. Não foi algo planejado — retrucou a Princesa tentando não encarar a mãe pela primeira vez em uma discussão. — O ato de Arthur foi uma surpresa para mim também.

— Ingrid, arrume suas malas, você irá hoje mesmo para a Noruega — a mulher disse ríspida ainda no mesmo tom de voz. — Sem despedias, sem choro, muito menos de sua parte, Isabella. 

— Mãe! Você não pode fazer isso! — gritou a outra com a voz finíssima. — E os reis da Noruega, vão aceitar? Vão trocar Ingrid por mim? Como você pode ter certeza.

— Isabella Frederika Adelina Rose, você não está no direito de reclamar — respondeu a Rainha, se levantando um pouco e apontando o dedo indicador com raiva para a filha. — Você mesma colocou sua irmã nessa situação. Colocou vocês duas, na verdade. Então fique quieta.

— Juliane, querida, acho que não devemos ser tão radicais com nossos filhos. Eles são adolescentes, coisas desse tipo acontecem — pediu Christian, puxando a mulher de volta para a cadeira, tentando terminar com a briga das duas. — Deixe que as coisas se acalmem e que você se acalme. Esfrie a cabeça e vamos conversar depois.

— Christian. Você sempre apoia nossos filhos, até em suas maiores idiotices. Eu cresci com outras cinco meninas, todas criadas de forma muito rígida, mas que se tornaram mulheres muito educadas e com potencial para crescer na vida — alegou a Rainha, respirando fundo e abaixando o tom de voz ao falar diretamente com o marido. — Acho que nós não estamos criando nossas crianças para o mesmo caminho, estamos sendo muito liberais. Dessa forma, eles nunca verão como é a vida real.

— Lembre-se de quem é o Rei aqui — disse ele. — Você não pode tomar decisões drásticas assim sem o meu consenso.

— Você tem poder sobre toda a Dinamarca e eu, como sua consorte, não tenho poder nenhum — ela apelou, mas o marido notou que ela estava fingindo o desapontamento. — As únicas decisões que posso tomar oficialmente são sobre nossos filhos, e agora você quer me tirar até esse direito.

— Mãe, pai. Por favor. Não é preciso causar mais discussões — repreendeu Alexander, que até o momento se manterá calado brincando com as pequenas mãos de Saphira. — Talvez possamos, em uma decisão só, unir os interesses de vocês dois.

Do outro lado da mesa, Ingrid e Isabella olharam com raiva para o irmão. Seus olhos, respectivamente castanhos e azuis, pareciam pegar fogo, como se as chamas fossem chegar ao mais velho, queimando todas as palavras que ele dissera. Christian odiava quando seus filhos brigavam ou desejavam mal uns aos outros — ainda mais depois de sentir na pele a dor de perder sua irmã, Agnes — mas naquela situação tinha de defender as gêmeas. Nem mesmo ele queria que aquelas mãos, entrelaçadas com força em cima da mesa, se separassem.

— Acho que ambos concordamos que algo precisa ser feito — esclareceu Juliane, já muito mais calma, provavelmente tentando com todas as suas forças controlar sua ira. — Não podemos deixar isso passar.

— Você acha que mandar uma de nossas filhas embora irá resolver? — questionou o marido.

— Acho que vai ensinar a eles que nem sempre o que queremos é o que podemos ter e que há consequências para todas as nossas ações — respondeu a mulher, olhando diretamente para a filha gêmea mais rebelde.

— É necessário me mandar para outro país para isso? — perguntou a outra irmã, chamando a atenção da mãe para si mesma. — Não poderiam enviar Isabella e eu para um colégio interno no interior? Seria bastante educativo também.

— Ora, Ingrid. Você deveria agradecer por eu querer esse destino para você. Logo a Dinamarca não será mais segura para nenhum de nós, pois as tropas germânicas se aproximam — a Rainha assegurou, desenhando com traços invisíveis o mapa da Europa na mesa, traçando flechas da imaginária Germânia até as terras dinamarquesas. — A Noruega, por enquanto, só servirá como apoio indireto no conflito, ninguém quer invadir aquelas terras.

— Isso é verdade, minha querida — concordou Christian, olhando para as filhas, tentando passar uma mensagem de calma para as duas com sua expressão facial. —  Você, de fato, estará mais segura lá. Mas, falando nisso, Juliane, poderíamos enviar todos os cinco para outros lugares.

— Eu ficarei aqui. Tenho uma competição ocorrendo e ela ajudará em muito o povo a se distrair da guerra — afirmou Alexander, passando as mãos pelos cabelos da caçula, ainda em seu colo, de forma muito séria. — Precisamos continua-la, pelo menos por enquanto.

— Está certo. Saphira também não pode se afastar muito de nós, pois não sabemos como pessoas do outro país vão lidar com a doença — a Rainha falou, dando um pequeno suspiro ao tocar no assunto da condição de sua filha mais nova. — Sobre Isabella podemos pensar depois, mas tenho uma ideia para Henrik.

— Ah, não, mãe. Não comece nem a falar, não vou aceitar de jeito nenhum — o menino de 15 anos que até então não tinha proferido uma sequer palavra ou demonstrado qualquer reação, se jogou para trás de sua cadeira, indignado. — Não vou para o Império Latino-Americano.

Christian, pela primeira vez em muito tempo — talvez a última vez fora quando negara um doce aos filhos nos Jardins de Tivoli sete anos antes — via Henrik com aquela expressão. Suas sobrancelhas, sempre soltas e leves, sem preocupações, agora estavam franzidas. Sua boca, conhecida por não estar sorrindo nem inclinada para baixo na tristeza, agora tinha os lábios colados uns aos outros formando uma linha reta. Todo o seu rosto sereno se contraía não de raiva, mas de medo. Medo da possibilidade de ser mandado para longe de seu país, de sua família e mais longe ainda de sua querida Lara.

— Não entendo o porquê de toda a sua implicância. Acho que Luísa será uma boa influência para você — afirmou a mãe, parecendo não perceber a reação totalmente negativa do filho. — Ela é uma ótima menina, humilde, inteligente, grandiosa como uma futura imperatriz. Espero que um tempo de novos ares lhe fará bem.

— Estou muito bem aqui, não fiz nada de errado. Vocês não deveriam me colocar em um castigo como esse — retrucou o garoto, cruzando os braços em frente ao corpo. — Seria melhor eu ir com a Tia Thyra para a Suécia, não? Muito mais prático e perto.

— Você agora vai imitar sua irmã nessa ousadia agora, Henrik? — a mulher perguntou em tom provocativo, entrelaçando seus dedos com força em frente a seu tronco. — Nós só queremos o seu melhor e, além do mais, Luísa é sua noiva, uma hora ou outra vocês terão de conviver em harmonia e, provavelmente, nos próprios territórios latinos.

— Filho, realmente seria muito bom para você, concordo com sua mãe nesse quesito — disse o Rei, percebendo que sua esposa logo perderia o controle mais uma vez. — Entretanto, primeiro teremos de conversar com o Imperador Juan Carlos, explicar toda a situação para que ele aceite sua visita.

— Ele irá aceitar, com certeza, pois sua preciosa herdeira corre risco aqui na Dinamarca — assegurou, sorrindo.

— Bom, essa reunião já parece estar encerrada, não é mesmo? — questionou Isabella quase que em uma afirmação. — Vocês podem conversar sobre a situação de Henrik em outro momento.

Ela, então, pegou o braço da irmã e se levantou, puxando-a junto. Os vestidos das duas quase se fundiam de tão próximos que estavam enquanto se aproximavam da porta. Elas andavam sem medo até a saída até que a voz da mãe as interrompeu.

— Não vá embora, muito menos levando sua irmã. Ela vai comigo, pois vamos falar com o Rei e a Rainha da Noruega agora mesmo, e vou ajudá-la a arrumar as malas logo depois — disse ela, também se levantando e depois apontando mais uma vez para Bella. — E você nem pense em sair de seu quarto até eu mandar.

♕♕♕

Tudo estava escuro do lado de fora do Palácio, a não ser pelas fracas luzes penduradas nas paredes. O vento frio balançava as árvores que cobriam as pequenas portas dos fundos, fazendo com que mais e mais folhas caíssem pelo chão, sendo arrastada até os pés de uma figura.  O homem que ali estava, praticamente camuflado por conta de suas vestes negras, não se encaixava no cotexto simples com toda a sua pompa de um Rei. Por todos os lados, passavam criados — os quais sempre estavam em locais diferentes dele — com suas roupas de segunda mão, todos prontos para a rotina noturna. Em suas costas, ainda dentro das dependências da Família Real, ele conseguia ouvir o choro e as vozes finas de crianças, os quais tiravam a noite de toda sua calmaria.

Entretanto, mesmo estando fora de sua zona de conforto, Christian não se importava com tudo aquilo. Ele mesmo decidira — sem nem pedir a opinião da esposa — estar ali naquele momento. E logo, depois de alguns minutos esperando, a razão daquilo apareceu na porta de entrada da residência dos criados.

Auxiliada por vários serventes para levar suas malas, estava vestida com roupas de viagem. Uma calça jeans — a qual a mãe sempre a proibia de usar—, um tênis branco liso, uma blusa branca simples e um casaco de um tom de bege rosado, completando tudo com uma bolsa marrom. Em seu rosto, emoldurado pelos fios de seu cabelo castanho que escapavam do rabo de cavalo, via-se uma expressão triste, com os olhos castanhos totalmente vermelhos, indicando que ela chorara muito antes de sair de seus aposentos. Sua postura, sempre digna de uma princesa, agora estava curvada, como se ela se encolhesse para o futuro.

— Eu tenho mesmo de ir? — perguntou ela com a voz baixa, chegando perto do pai.

— Infelizmente, sim, minha querida. Mas é tudo para o seu bem, certo? — disse ele, passando as mãos pelo rosto da filha. — Lá você vai estudar em uma escola internacional, aprenderá norueguês, conhecerá pessoas de todas as partes do mundo e ainda não terá de se preocupar com a Guerra em sua porta. Não fique triste, quando você menos esperar, estaremos nesse Palácio juntos mais uma vez.

— Não sei se quero isso, pai — confessou ela, olhando para baixo, com medo de ser repreendida pelo progenitor. — Não quero deixar vocês.

Lágrimas brotaram em seus belos olhos castanhos, molhando aos poucos suas bochechas perfeitas, assim como a chuva que escorria suave pelo céu da Dinamarca no verão. Vendo a menina naquele estado, Christian não resistiu e a abraçou, envolvendo-a com seus braços assim como fazia quando ela era apenas um bebê. Era bom sentir o cheiro gostoso de seus cabelos, que, mesmo que presos, exalavam um perfume muito característico. Ela encostou sua testa no ombro dele e, assim, sua respiração ficava muito próxima de seu corpo e a água das lágrimas molhava sua camisa. Mesmo estando em uma situação difícil, o Rei ficava feliz por estar assim com uma de suas crianças.

— Só me prometa que você irá tomar cuidado, não deixar nada a abalar, ser a boa menina que você sempre foi, mas agora com a Família Real Norueguesa — ele pediu, dando um beijo na testa da Princesa, que levantou a cabeça um pouco para ouvir o pai. — E, principalmente, que irá mandar notícias todos os dias.

— Prometo — ela disse, afastando-se um pouco e pegando a mão do Rei. —E você me prometa que não vai deixar que mamãe faça algum mal a Isabella. Não vou aguentar deixá-la aqui sofrendo.

— Ela nunca faria nada a sua irmã... — ele afirmou, recebendo um olhar repreensivo da garota, que levantou uma das sobrancelhas. — Ela pode ser um pouco explosiva às vezes, mas ela ama todos vocês, acredite. Bella tem o poder de tirá-la do sério mais que o normal, principalmente por ela querer se opor à etiqueta que sempre quis que vocês tivessem. Mas mesmo assim vou cuidar para que nada aconteça, por mais que eu duvide que Juliane tenha coragem.

— Obrigada, pai — ela falou, olhando profundamente nos olhos do pai. —Eu te amo.

— Alteza, o carro já está pronto — anunciou uma criada, surgindo ao lado de Ingrid antes que o Rei pudesse responder à declaração de carinho da filha, — A senhorita deve sair logo, porque seu barco até Kristiansand parte daqui uma hora.

A Princesa afirmou com a cabeça, já ajeitando a bolsa novamente em seu ombro. Mais uma vez, ela se aproximou do homem e o abraçou, ficando mais alguns segundos em seus braços. Pela última vez em alguns meses, ele sentiu a pele e ouviu a voz de sua menina. E, assim, ele a viu seguir seu caminho até o carro, instalando-se lá dentro como uma perfeita dama. Seus olhos azuis seguiram o automóvel pela pequena rua nos fundos do Palácio até que ele estivesse tão pequeno que não poderia mais ser visto.

♕♕♕

Muitas horas já haviam se passado depois do toque de recolher do Palácio e Alicia ainda estava vagando pelos corredores. Tudo estava escuro, sem nem um pequeno sinal de luz surgindo por baixo das portas dos mais rebeldes. Era uma sensação horrível estar em um ambiente assim, mas a moça nunca conseguia se acostumar com os horários daquele local. Quando pequena — nas vezes que Alexander a convidara para passar a noite em sua casa —, ela sempre acabava perdida em uma sala desconhecida. Com o passar do tempo, ela aprendeu a lidar com isso e a apreciar a solidão noturna, um momento de reflexão.

O que ela não esperava naquele dia, porém, era esbarrar com alguém. Muito menos com quem sempre apagava assim que as luzes eram desligadas.

Alexander estava sentado em uma das várias  esquinas dos corredores em um dos bancos que os dois, ainda crianças, adoravam se esconder para assustar os visitantes. Quando passou por ele, em um primeiro momento, não notou sua presença, por conta do pijama azul escuro que ele vestia. Mas, olhando um pouco melhor, ela o viu e também pôde perceber que sua expressão não era nada feliz. Ela, então, sentou ao seu lado, ficando em silêncio. O Príncipe dinamarquês era tímido, e ela, com tantos anos de amizade, já aprendera que não era nada bom pressioná-lo a falar sobre seus sentimentos.

— Essa Guerra é horrível, não é? —falou ele, olhando diretamente nos olhos da amiga. — Depois da conversa que minha família teve hoje, a qual terminou no desagradável assunto de fugir dessa coisa toda, percebi o quanto sou pequeno frente a tudo isso. Não posso fazer nada para impedir, não tenho força para parar a situação.

— Ah, Alexei, nenhum de nós tem. Nem mesmo seu pai, que controla um país inteiro, ou o meu, que tem todas aquelas medalhas por ser um ótimo combatente. Momentos como esse dependem de muitas outras pessoas, com mentalidades diferentes, com concepções de vida diferentes — explicou ela, tentando passar toda a sua calma em sua voz, pois sabia que o rapaz estava realmente nervoso. — Sei que nos ensinaram que tudo depende de nós, mas nesse caso isso não é verdade. Você não pode parar a guerra.

— Eu sei que não, mas gostaria de poder fazer algo para tirar minha família dela. Também não queria que as Selecionadas estivessem aqui nesse momento — admitiu ele, encolhendo os ombros. — Pode não parecer, mas eu realmente me preocupo com elas, com o bem-estar delas.

— Eu nunca duvidei disso — ela levantou as sobrancelhas para ele. —Por mais que temo que elas tomem o meu lugar em seu coraçãozinho. Já que um amor geralmente sobrepõe todas as amizades.

— Isso nunca aconteceria, não seria capaz de deixar você — ele sorriu para a loira, mas logo depois fechou a cara novamente. — Mas acontece que elas se tornaram, mesmo que em pouco tempo, parte da família. Tenho medo de não poder protegê-las, de não ser capaz de dar a segurança que é prometida a elas desde o primeiro dia.

— Você pode fazer bem a elas de sua maneira, não precisa ser perfeito — ela disse. — E, qualquer coisa, ainda há tempo de enviar todas elas comigo para o Reino Ibérico, minha partida é amanhã.

— Espero não ter de chegar a esse ponto. Mas obrigado — ele falou, encontrando seus olhos castanhos com os dela mais uma vez. — Obrigado por estar aqui.

Ela, então, estendeu a mão na direção dele, entre as pernas dos dois. Sem nem mesmo olhar, ele entrelaçou seus dedos aos dela, apertando-os como se nunca fosse soltar. Aquela sensação da pele áspera do seu amigo colada a sua a fazia se lembrar dos tempos de infância, quando os dois corriam daquela forma por todos os lados da Academia — já que, de tão pequenos e inocentes, nem os monitores se incomodassem pelo fato de estarem tão próximos, visto que a relação amorosa era proibida na instituição.  Ali, naquele corredor vazio e escuro, ela sentia, pela primeira vez em muito tempo, uma sensação de calma em meio à tempestade em que vivia.


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Notas finais do capítulo

MEU DEUS! O QUE FOI A JULIANE PIRANDO NO INÍCIO DO CAPÍTULO? SÓ EU QUE PENSEI QUE ELA IA MATAR A ISABELLA? Pois é, pode não ter matado fisicamente, mas psicologicamente ela matou, com certeza. Mandar a irmã gêmea tão amada — tão confidente e amiga de nossa Bellinha — para a Noruega? Sei não, em... Sinceramente, até eu vou sentir falta da nossa irmã certinha 
E o Henrik, será que ele também vai para longe lá com a Luísa? Como fica #Larink assim? O que vocês acham? Ele vai conseguir convencer a Juliane a deixá-lo na Dinamarca?
E, depois de tensão na Família Real, terminamos com duas cenas muito amorzinho, uma entre pai e filha (aaaaah, quase chorei ♥) e outra com um par de melhores amigos de longa data (que eu amo muuuuuuuito ♥)
Espero que vocês tenham gostado do capítulo!
Até a próxima,
Xoxo ♥ ACE
PS: FINALMENTE RESPONDI AOS COMENTÁRIOS UHUUUUU



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