Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 41
Princesas do Estresse | Emery e Ferissa


Notas iniciais do capítulo

Oioi, gente!! Hoje é sexta, ontem foi dia de RDC! Eu sei que vocês estavam esperando um especial de Natal ontem, já que dia 24 foi justamente numa quinta, mas eu sou V1D4 L0K4 e não trouxe aquela fofura comigo hoje. Ao invés disso, fiz um capítulo normal (que está voltando para a Dinamarca depois de 2 capítulos) haahah. Mas não se preocupem. Eu estou preparando uma surpresa para vocês, que sairá na próxima quinta :D ♥
Enfim, aproveitem o capítulo de hoje e: FELIZ NATAL!!! Espero que vocês aproveitem esse momento com suas famílias com muita paz e amor!! Fico feliz por estar "vivendo" mais um natal com essa família, a família RDC (sim, já nos considero uma família, porque família quer dizer nunca abandonar ou esquecer ♥)
xoxo ♥ ACE



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A brisa da fria noite de outono entrava pela grande janela do quarto, balançando as caras cortinas de cetim azul-turquesa. As luzes da lua cheia e das estrelas brilhantes iluminavam todo o ambiente timidamente, estando as luzes artificiais dispensadas. Diferente dos quartos ao lado, esse não brilhava, não chamava a atenção de ninguém que passasse do lado de fora. Bem como Emery gostava.

A garota de longos cabelos negros sentava-se na cama, aproveitando o silêncio da noite. Depois de um dia exaustivo de preparações e, principalmente, depois da exaustiva aula com Katarina naquela tarde, tudo o que ela queria era descansar. E a cama do Palácio era perfeita para isso, com seu enchimento de penas de ganso e seus inúmeros travesseiros azulados. Era o móvel de que mais gostava em seu quarto.

—Senhorita Emery — chamou Dorotah, entrando pela porta da frente e finalmente trazendo som para o local. —Desculpe-me por incomodá-la, mas uma das outras Selecionadas enviou isso para você.

A garota observou a recém-chegada, que envolvia uma cópia colorida de uma revista em suas pequenas mãos. Claramente, ela estava cansada, com grandes olheiras roxas abaixo de seus olhos castanhos. Mas, mesmo assim, ela sorria levemente, como sempre fazia. Emy se sentia muito mal por tirá-la de seu período de sono— ela, inclusive, trajava seu pijama surrado amarelo —, mas ela não parecia se importar. Aparentava, até, que aquilo era um acontecimento comum. Mas como a Família Real permitia tanta maldade assim?

— Você não precisava me entregar isso agora — disse a morena, saindo da cama para receber a encomenda. —Já é tarde! Você não dorme?

—Não tem problema, senhorita — respondeu a outra, rindo fraco. — E a garota que enviou não podia esperar, segundo a criada dela, Berta.

—Quem era? —perguntou a menina, indignada com a falta de respeito da concorrente.

—Uma que tem um nome estranho com C — revelou, entregando a revista. — Bom, não é importante.

—Não é mesmo — concordou, com um sorriso. —Agora volte para seus aposentos. Não gosto de dar ordens, mas considero essa uma situação extrema!

A servente riu e faz uma reverência tímida, levantando as bordas do seu traje simples. Logo, seus cabelos loiros brilhavam em sua meia-volta graciosa. Seus pés descalços pisavam com delicadeza. O seu andar tinha uma leveza digna da realeza, era uma pena que todas as circunstâncias a impediam de se tornar a Princesa.

—Ligue a luz, por favor — pediu a Selecionada, quando a outra já estava quase saindo do quarto.

Ela ligou a luz, fazendo com que o local perdesse sua iluminação pálida e natural e ganhasse uma artificial e amarelada. Os olhos verdes de Emery demoraram a se acostumar, ficando alguns minutos espremidos. Não gostava muito daquela iluminação, mas assim, pelo menos, conseguia ver a revista em suas mãos de maneira correta. Podia, finalmente, ler o nome em letras grandes e roxas em sua capa: Gossip Denmatk.

Ao ler as primeiras páginas, a garota não entendeu o porquê de a concorrente ter sacrificado o sono das serventes. Só o que estava nela eram pequenas matérias sobre algumas séries de TV dinamarquesas — inclusive Royals, programa que Kristal O’Mally participava —, sobre filmes que estavam prestes a estrear e sobre os escândalos dos famosos. Coisas que pouco importavam para a pobre design de joias. Ela pensou até em parar de ler todas aquelas bobagens, mas, chegando ao meio da revista, ela viu algo que a afetava diretamente.

O que os dinamarqueses acham das Selecionadas?

Qual é a verdade sobre elas?

(fontes confiáveis)”

Era o que dizia o título, acompanhado pelas miniaturas das fotos de todas as competidoras. Os textos que o seguiam, como o esperado, não eram nada amigáveis, apesar de estarem escritos em letras coloridas com fontes alegres. Eles contavam histórias absurdas, de maneira maldosa e maliciosa. Cada Selecionada tinha seu espaço, sua chance de brilhar negativamente. Emy gostaria que seu nome não estivesse ali. Mas era algo que ela não podia evitar.

Emery Kansas, a antiga altruísta.

(três estrelas)

De origem humilde e órfã, a garota morena dedicava sua vida ao trabalho como design de joias e ao cuidado com seus irmãos. Segundo seus vizinhos, ela sempre ajudou a todos que podia, com o dinheiro que não tinha. Porém, ao chegar ao Palácio, deixou todo o seu jeito supostamente meigo e se tornou arrogante. Foram poucas as vezes que ela cumprimentou os repórteres ou foi vista falando com as concorrentes ou até com o próprio Príncipe. Fontes alegam, inclusive, que ela prefere ficar em seu quarto a participar das atividades propostas pela Família Real. Será que ela se considera boa demais para isso?

Lágrimas brotaram nos olhos da Selecionada antes mesmo da última palavra do texto. Eram tantas mentiras que ela mal conseguia ler o resto da matéria. Não conseguia acreditar que a mídia inventara tantas mentiras sobre ela, sobre coisas que eles mal conheciam! E não só sobre ela, mas sobre todas as outras garotas. Nenhuma delas merecia aquilo. Eles, certamente, faziam tanta maldade apenas para entristecer as competidoras e para ridicularizas a realeza, alegando que nenhuma de suas pretendentes a princesa era suficientemente boa para ser futura Rainha.

Mesmo sabendo disso, Emery não conseguia evitar as gotas que desciam por suas bochechas sem parar. Eram poucas as vezes que ela se permitia fazer isso, pois a tristeza dos irmãos era sempre mais preocupante. Em casa, ela segurava seus soluços. Mas ela nunca fora atingida tão diretamente...

Antes que pudesse se controlar, seus pés já a estavam levando para fora dos seus aposentos, para o corredor coberto por um infinito tapete vermelho. Sua camisola branca voava com o vento de sua corrida lenta. A seu lado, várias portas brancas com diferentes nomes passaram, mas ela apenas parou na penúltima porta do corredor das Selecionadas, a que tinha em sua placa dourada três nomes: Layla Sophie Foester.

Dando duas batidas leves na madeira da porta, Emery entrou, encontrando ali um quarto muito semelhante ao seu, com a mesma palheta de cores azuladas. A única diferença era o piano eletrônico localizado um pouco à esquerda da entrada e, é claro, a moradora. A menina estava na pequena sacada, encostada ao parapeito como se observasse alguém no jardim. Seus cabelos negros, como os de sua visitante, balançavam com a brisa, assim como sua camisola verde de seda. Parada daquele jeito, ela parecia um anjo ou até uma verdadeira princesa — ou melhor, Rainha.

—Layla — chamou Emery, tímida, tentando esconder a mágoa em sua voz.

A outra menina sorriu para sua convidada e se aproximou, sem dizer nada. Em seus olhos azuis, que brilhavam sob a luz do luar, existia uma compaixão inexplicável. Mesmo sem proferir palavras, ela parecia ver que algo não estava certo. Ela sempre fazia isso, na verdade. Emy não era muito de conversar com ela, mas ela percebia apenas pelo jeito que ela falara na entrevista — toda sincera e poética. E era por isso que seu quarto e não o de nenhuma outra era o visitado.

Ela, então, apontou para a cadeira listrada ao lado da cama, sinalizando para que a Emery se sentasse ali. As duas se ficaram frente a frente.

— Você estava chorando — afirmou a anfitriã, sentada de pernas cruzadas na cama. —Aconteceu algo?

—Desculpe-me, eu não queria incomodar sua noite — a outra respondeu, escondendo as lágrimas e tentando mudar de assunto. — Você parecia tão tranquila ali...

— Não foi nada, eu só estava observando a bela noite — confortou a outra, sorrindo. — Isso eu posso fazer todos os dias. Conte-me: o que aconteceu?

Emery suspirou, vencida.

— Alguma Selecionada me enviou uma revista com um conteúdo ofensivo...

— Uma revista de fofocas, suponho — falou Layla, balançando a cabeça. — Você não precisa acreditar nisso.

— Eles praticamente fizeram piadas sobre todas nós. Agora a Dinamarca inteira acredita que somos péssimas candidatas — contou a outra, tentando não aumentar o tom de voz com sua indignação. —Ousaram falar sobre nossa personalidade!

— São apenas mentiras, tenho certeza — ela disse, pegando as mãos da colega. — E mesmo se não fossem, você não pode se abalar. A mídia quer que você seja uma coisa que você não é, mas isso não serve. Se você fingir que é algo que não é, o Príncipe não irá conhecer a verdadeira Emery e se decepcionará. E, aliás, você é uma grande pessoa, não precisa mudar nada para conquistar corações. Toda essa timidez fofa...

As duas riram um pouco.

— Chamaram-me de espalhafatosa e louca por atenção — falou uma nova voz, vinda da porta. — E o melhor: que tentei ir para a cama com Alexander logo na primeira noite.

Quase que de maneira sincronizada, as duas morenas olharam para a porta. Lá, se encontravam duas outras meninas, que, assim como as outras, usavam seus trajes de dormir. Uma tinha seus cabelos castanhos presos em um coque e a outra tinha seus cabelos loiros em uma trança solta. Ambas pareciam bastante acordadas, tendo em vista o horário. Seus sorrisos iluminavam a noite escura, suas auras alegres coloriam o quarto. Emery não conseguiu descobrir a identidade das duas até o momento em que sentaram na cama de Layla.

— Ouvi vozes e resolvi investigar, Ulrika, é claro, já estava fora de seu quarto também — disse Mabelle, a morena, olhando para a amiga intrusa. — Ainda mais porque era sobre a revista...

— Vocês receberam também? — questionou Emy.

— Cassiopeia fez questão de enviar para todas que tinham um comentário ruim — comentou a loira. — Quase todas, na verdade.

— Então foi ela?

— Fui amiga dela nos primeiros dias, só depois percebi como ela era venenosa. Ela só quer ganhar o coração do Príncipe para ter o dinheiro e, para isso, quer deixar todas as suas concorrentes tristes — revelou Belle, olhando diretamente para a garota que se sentava na poltrona. — Exatamente o que aconteceu com você.

— O segredo é não se importar e apenas continuar vivendo — aconselhou Ulrika, sorrindo como sempre fazia. — Não são eles que têm de gostar de você mesmo.

— Viu? —disse Layla, olhando diretamente para Emy. — Ouça essas malucas que invadem quartos!

As quatro Selecionadas riram juntas.

— E mais: ninguém aqui do Palácio vai ler essas baboseiras, estão todos tão ocupados com os assuntos da Guerra... A Seleção nem importa mais. Não me surpreenderia se fossemos todas mandadas para casa, sem uma escolha — falou a de coque, dando de ombros. — O Príncipe nunca se importou muito conosco mesmo.

— Ele se importa, eu percebo isso toda vez que ele está cem nossa companhia, mesmo que essas vezes sejam poucas — afirmou a anfitriã, com muita segurança em sua voz. — Ele apenas não sabe lidar com tudo isso, ele precisa de mais calma.

De uma maneira estranha, Emery o entendia. Ela mesma não sabia como suportar a atenção de todas as câmeras e a pressão da competição. Tentava de todas as maneiras se livrar de todo o receio que tinha, mas não conseguia. Com o herdeiro deveria ser o mesmo. Até meso os xingamentos que ambos recebiam por conta disso eram semelhantes. Apesar de serem tão parecidos nesse quesito, ela nunca pensara por esse lado. Em alguns momentos, chegou até a julgá-lo... Coisa pela qual se arrependeria eternamente a partir daquele momento.

— Não vamos falar sobre coisas muito profundas, por favor. Nossa amiga aqui já teve muitas decepções hoje — falou Ulrika, apontando para Emy.

A loura, então, contou as várias histórias de sua vida. Explicou toda sua ascensão no mundo do teatro e da TV, falou sobre todas as pessoas falsas que a consideraram amiga — que ela expulsou de sua vida de maneira muito engraçada — e até sobre as fofocas sobre ela e como ela aprendeu a ignorar todas as mentiras. A animação dela era contagiante. Com todas as risadas que as quatro deram juntas naquela noite, toda a história da revista foi momentaneamente apagada da memória da garota de cabelos negros.

Apesar de serem concorrentes naquela competição, elas estavam se tornando amigas.

—Meninas, é melhor todas irem para seus quartos agora — aconselhou Layla, percebendo que já era muito tarde. — Temos um longo dia de preparativos amanhã. Vocês não querem fazer feio na festa de Henrik, não é?

***

O relógio no pulso de Ferissa marcava oito horas da manhã. Há meia hora, ela chegara ao jardim, preparada para a tão esperada montagem da festa. Em pouco tempo, o pequeno gramado foi de vazio para totalmente lotado. As nove Selecionadas do Grupo A corriam de um lado para o outro, auxiliando e comandando os mais de vinte serventes, que erguiam toldos, carregavam mesas e traziam enfeites. Aos poucos, a imagem que as organizadoras tinham do local arrumado se tornava real. E, se nada desse errado, ficaria perfeito.

Em um dos cantos do gramado, Rissa postava-se ao lado de um grupo de criadas, que trazia flores para a mesa de doces. Seus olhos azuis percorriam a lista de objetos nervosamente, a fim de verificar se tudo estava ali. Para a infelicidade dela, apenas a metade do pedido estava ali. Suas ajudantes — ou melhor, escravas, pois era quase assim que as serventes eram tratadas na organização do evento — eram muito lentas.

—Vocês estão muito demoradas! —gritou a Selecionada, batendo com a caneta na prancheta. —Desse jeito, nunca vamos terminar!

As pobres mulheres tentaram correr um pouco mais, levantando mais peso do que eram capazes e andando muito rápido. Mesmo com pouco tempo de trabalho, a exaustão já era evidente em seus rostos. Uma delas, uma ruiva de cabelos presos, chegou até a cair no chão, causando alvoroço. Todas as outras pararam em sua volta, tentando ajudá-la, o que fez a chefe gritar novamente. Isso antes de perceber que não eram apenas as criadas.

—Não precisamos ir tão rápido assim, Ferissa. Ainda faltam dois dias para a festa — falou Laryssa, saindo do amontoado e ficando de frente para a outra, sendo acompanhada por Layla. —Além do mais, elas não irão aguentar o trabalho tão duro, não esqueça que elas são humanas!

— Quem sabe vocês não se importam com suas tarefas ao invés de se meterem na minha? —Rissa questionou, não esperando uma resposta ao virara o rosto na direção contrária das concorrentes.

As duas trocaram olhares, se afastando da menina, que, por sua vez, as observou ao irem embora. Os cabelos ruivos de uma e os negros de outra balançavam com o andar, levando seu olhar para onde outra garota de cabelos vermelhos estava. Wanessa.

Diferente de suas colegas, ela comandava tudo com maestria. Suas ajudantes a temiam, mas de maneira respeitosa. Ela gritava, mas de maneira que ninguém julgaria. Sua área era terminada rapidamente, mas aparentava ter sido preparada com a maior calma do mundo. Parecia que ela organizara festas em toda sua vida. Menos uma chance para Ferissa permanecer na competição...

—O grupo B está se saindo muito bem — a Selecionada ouviu a voz de uma das gêmeas, não conseguindo identificar qual, vinda de trás dela. — Creio que a organização delas agradará todos os estrangeiros.

Olhando para a direção de onde vinha a voz, a menina viu as duas Princesas conversando com a Princesa Aline. Ambas trajavam belos vestidos de cores pastéis, que desciam por suas curvas em formação até um pouco antes dos joelhos. Estavam muito elegantes, como sempre, assim como a prima. As três andavam pelo jardim, saindo da grande porta de madeira que separava a grama do chão de madeira do interior do Palácio.

—Provei algumas amostras da comida que será servida na noite e está tudo simplesmente maravilhoso! —contou Isabella, sorrindo. —Espero que seu grupo nos impressione tanto quanto o outro.

—Temos várias meninas promissoras aqui, como Wanessa e Layla — falou a Herdeira do Reino Unido. —Acredito que faremos um bom trabalho.

“Meu nome não foi citado, não posso deixar isso acontecer” pensou Ferissa, voltando a atenção para sua prancheta. “Elas não veem meu potencial.”

Ela teria de impressionar as Princesas. Teria de ser mais exigente. Teria de ser a melhor!


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Voltamos um pouco do foco para as Selecionadas, que estavam meio [muito] sumidas nesses últimos capítulos.
Emery ficou bem abalada, mas também, né? Olha as coisas horríveis que falaram sobre ela! Vocês lembram de já ter visto essa revista: u.u Nosso amiguinho Luther estava lendo também hehehe.
E a Ferissa? Socorro, vou fugir dela. Coitadas das "escravas" dela. Nossas pobres amigas criadas, que têm a vida tão sofrida... Perceberam quem era a criada que caiu? (provavelmente não) Era Beáta! A mãe da Esther!



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