Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 33
Uma história que se repete | Ophelia


Notas iniciais do capítulo

Oioi, gente! Hhoje é quinta, hoje é dia de RDC!!!! Uhuuul!!! Bom, este capítulo foi programado às 23:30 minutos do dia 24/06, porque, quando vocês estiverem lendo isso eu, provavelmente, estarei em um avião em direção aos meus sonhos. hahah Poética, eu. Mas é brincadeira... Estarei saindo do país para um período de 30 dias de intercâmbio. então já vou me desculpando por não postar e por não responder os comentários u.u Mas vou fazer o possível para dar uma passadinha aqui!
Agradecimentos desse capítulo cheio de emoção: Ravena, por ter ajudado em grande parte do "encorpamento". Eternamente grata. Sem você, esse capítulo não sairia hoje!
Agora vou parar de tagarelar! xoxo



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Ophelia quase não conseguia aguentar o peso em seus ombros, tanto emocional quanto físico. De fato, a posição que adotara para carregar a Selecionada não era das melhores. Os braços finos dela envolviam o pescoço da criada, pendendo todo o corpo para o lado esquerdo. Seus cabelos cor de fogo cobriam o rosto praticamente desacordado, impedindo Lia de saber qual era a real situação de saúde. Ela só percebia o tamanho do mal-estar por meio das pernas bambas, que se encostavam as suas com suavidade. Os dois vestidos praticamente se fundiam. O azul escuro simples de uma com o lilás luxuoso da outra. Uma fusão de mundos e cores, o azul cor da tranquilidade e o lilás, a cor do mistério.

Assim como o ambiente em sua volta.

Nos primeiros momentos da caminhada, as paredes cheias de quadros e os pilares enfeitados foram o cenário. Típico da Família Real e a única parte do Palácio que as Selecionadas deveriam conhecer. Laryssa, porém, não tinha opção. Seu estranho mal-estar a obrigava a seguir uma única jornada, que a levara para uma porta camuflada, quase invisível para quem não conhecia o local, que mudaria completamente o cenário.

Agora, as paredes eram simples, desprovida de adornos e luxo, apenas coberta por uma camada de tinta verde opaca. Os tapetes vermelhos fofos cobrindo o chão de mármore foram trocados por longas escadarias de madeira simples, que levavam aos porões. Coisa que, sem dúvidas, era perigosa para Ophelia e sua companheira semiacordada. Qualquer passo em falso poderia levá-las a uma queda fatal.

Com muita calma, os pés da criada trocavam de degrau. Um de cada vez, tomando cuidado para não enroscar as pernas no vestido. Aos poucos, a distância que as separava do destino diminuía e com ela também a tensão, pois a tarefa mais difícil estava para terminar.

Ao chegarem ao pé da escada, apenas desejou que aquele fosse o horário em que toda a criadagem se encontrava longe dali, em suas devidas funções. Ninguém poderia ver a Selecionada. Caso acontecesse, sem dúvidas, as perguntas começariam; O que ela estava fazendo ali? Por que estava semiacordada? Era ela uma das eliminadas? O príncipe era tão mau a ponto de deixar uma de suas pretendentes daquele jeito?

Ela sentia nojo só de pensar. Todos os pelos de seu corpo, sem exceção, se arrepiavam ao imaginar palavras de mau gosto serem dirigidas a uma menina tão doce e delicada. Laryssa não merecia aquilo.

Assim, ela seguiu pelo corredor mal iluminado olhando para todos os lados. Seu denunciante poderia sair de qualquer porta, de qualquer esquina. Poderia ser qualquer um, desde as magras crianças até a mais velha das cozinheiras. Poderia estar vestida de qualquer maneira, desde o uniforme das faxineiras até o nas jardineiras. E se fosse um dos médicos perambulando pelas salas sempre cheias de doença? Seria, então, um desastre.

Após alguns metros, enfim, pararam a frente de uma porta. Apesar de ser exatamente como as outras, de madeira escura simples e com uma pequena maçaneta de ferro à esquerda, o ato de empurrá-la fez com que Lia soltasse um suspiro de alívio. Estavam, por fim, livres do perigo.

Aquele era o quarto de Ophelia, havia duas camas simples, porém confortáveis e cobertas por um tecido verde, o outro espaço era ocupado por uma pequena mesa de fundo e um armário à esquerda. Um adulto de aproximadamente vinte anos e uma criança pequena, Mateo e Esmeralda, dormiam abraçados, pelo sorriso da garotinha, a pequena parecia estar vagando em seu inocente mundo de sonhos infantis, todavia o ranger da porta ao ser fechada mais os passos de Ophelia sobre o piso de madeira, fizeram a criança despertar. Esmie quando abre seus olhos e vê sua progenitora colocando Lary na cama, quase grita “mamãe”.

— Silêncio, meu anjo — sussurra Ophelia com o dedo na boca. — Você sabe como seu tio fica mal-humorado quando o assustamos.

Os pés miúdos cobertos por surradas meias cor de rosa, com desenhos alegres de borboletas e corações, tocaram no chão ao lado da cama. Antes que a criada pudesse notar, os grandes e inocentes olhos azuis escuros encaravam a Selecionadas. Os cabelos castanhos claros na altura das orelhas roçavam com leveza nos ombros da mais velha, assim como o vestido de lã creme que outrora fora roupa de dormir da Princesa Isabella. Após alguns instantes de observação, a menininha finalmente tomou fôlego para falar.

— Quem é ela, mamãe? — questionou ela, com sua típica curiosidade. — É bonita! Papai gosta dela?

— Não sei, querida. — respondeu a mãe, tentando esconder a preocupação extrema. — Mas ela precisa de nossa ajuda agora.

— Ela vai morrer? — perguntou a menina, agora encarando a mais velha.

— É claro que não. — a mulher tranquilizou, passando a mão pelas finas madeixas da outra.

Inesperadamente, então, a criança aproximou seu rosto magro, que lembrava muito o do pai, aos cachos cor de fogo da camada. A ponta de seu nariz arrebitado roçou os fios com a suavidade de uma borboleta, quase como se não estivesse tocando. O mais encantador era seu sorriso, bobo como o de um admirador ao olhar para sua musa. Parecia que ela sabia que existia algo em especial em Laryssa. Mas o quê?

— Eu sabia que não. — afirmou a garotinha, quase que em um sussurro.

Na mesma velocidade que aparecera ao lado da cama, ela saiu, sentando-se na ponta da cama à Por alguns instantes, Ophelia esqueceu do que realmente estava fazendo para examinar os atos da filha. O carinho com a Selecionada, a certeza de que ela não iria morrer e autenticidade das suas palavras. Diziam sempre que crianças tinham algum tipo de poder sobre isso, descobrindo a identidade de uma pessoa apenas olhando-a. Mas Esmeralda nunca tratara um estranha daquele jeito. Nunca mesmo.

Deveria ser apenas mais umas das ações que Esmie fazia sem pensar.

Ignorando seus pensamentos controversos, a jovem criada termina de arrumar Laryssa na cama, como se ela fosse um bebê. Primeiro colocou as pernas, que pareciam seda ao toque, totalmente em cima da manta verde. Depois, a cabeça repleta de fios ruivos, que pareciam engolir sua face pálida e desacordada, foi colocada cuidadosamente sobre o travesseiro duro. Então ali estava ela, deitada, como uma criança que precisa de uma mãe. Ophelia apenas a observou por um tempo, a vontade de protegê-la de todos os males da corte só aumentava. Mas, para isso, ela deveria cumprir mais uma etapa: acordar o irmão.

Em silêncio, ela dá os dois passos que separavam as duas camas, ficando em frente a Mateo, que ainda se encontrava no mais profundo dos sonhos. Era compreensível, visto que ele passara as doze últimas trabalhando no Hospital Comunitário, onde era voluntário. Sem contar, ainda, as quatro horas anteriores em serviço do pequeno hospital do Palácio. Ophelia tinha até pena de despertá-lo. Mas, infelizmente, ela precisava dele acordado.

Com os joelhos apenas cobertos pelo fino tecido do vestido, ela se ajoelha no chão frio de madeira. Com cuidado, ela levanta seu braço magro em direção ao ombro do rapaz, tocando-o. Após um leve beliscão, ele resmunga algo incompreensível, sem abrir os olhos. Preguiça, um mal de família.

— Mateo, acorde — sussurrou ela ao ouvido dele. — Precisamos de sua ajuda.

— O pé bambo da cama pode esperar pelo meu sono de beleza. — respondeu ele, ainda de olhos fechados, com a voz embriagada de sono.

— Não é isso! — retrucou ela, rindo de leve. — A menina da inspeção de saúde que lhe falei está aqui.

Subitamente, ele abre os olhos. O azul-esverdeado deles que era objeto de admiração de tantas garotas, agora estava transbordando de preocupação. Ophelia contara ele todo o caso da Selecionada "mareada", apelido atribuído pelas outras competidoras, por isso sabia de tudo. Sabia que o caso dela poderia ser a repetição do caso da irmã mais nova.

— Aconteceu novamente? — questionou ele, erguendo-se.

A jovem criada balançou a cabeça afirmativamente. Além desse pequeno gesto, nada mais foi necessário para a situação ser compreendida. A não ser, talvez, pela troca de olhares cúmplice e preocupada. Era a hora de evitar que mais uma vida fosse corrompida por um acidente. Ou a hora de descobrir que tudo fora um mal entendido e que tudo estava mais que normal.

Mateo, enfim, levantou, encostando protetoramente no ombro da irmã. Os dois encaram Laryssa simultaneamente. O irmão, então, vai até o pequeno armário no fundo do quarto, tirando algo que Ophelia tinha visto apenas uma vez de cima dele. Um frasco de exames.

— Preciso que ela urine. — exigiu ele, parando ao lado da ponta da cama, enquanto afagava os cabelos da sobrinha, que dali observava toda a cena, um tanto confusa.

— Pensei que esses testes não funcionassem… — disse ela.

— É a melhor opção que temos. Além do mais, funcionou para você... — afirmou, olhando firme para a irmã, aproximando-se dela. — Precisamos ir rápido com isso, para não levantarmos suspeitas. Acorde-a. E mande Esmeralda para fora.

— Esmeralda, acho que ouvi a voz de Esther lhe chamando. — disse a jovem criada, sorrindo para a filha, como se nada estivesse acontecendo.

— Verdade, mamãe? — perguntou, a menor, já se levantando com animação.

— Sim, querida, pode ir. — dizendo isso, a mãe deu um beijo na testa pálida da garotinha, que já se preparava para sair do quarto.

Quando ouviu o estrondo da porta batendo, Ophelia se dirigiu para perto da Selecionada, ainda desacordada. Ao sentar ao lado do corpo dela, levemente, ela acariciou os belos cabelos. A cada toque, o agradável cheiro de jasmin preenchia mais o ar em sua volta, envolvendo a jovem criada em um pedacinho da alegre primavera em pelo outono. Era mais prazeroso que sentar em meio às flores no jardim do palácio, mais reconfortante que um jantar em volta da lareira e mais gentil que o toque de um amante. Laryssa irradiava tranquilidade. Talvez fosse esse o porquê das ações de Esmie.

— Querida, precisamos de você despertada.— indagou a morena, com uma voz doce, enquanto sacudia um pouco a mão da outra garota. — Consegue?

Em um primeiro momento, a ruiva não responde. Os olhos dela não se abrem. Ela continua na inconsciência do mal-estar. O quarto fica em um silêncio absoluto, apenas os dois irmãos espanhóis encarando cada movimento da garota. E nada acontecia. Alguns segundo depois, o que pareceram horas para os presentes, devido à ausência de som, os olhos extremamente azuis se abrem. Primeiramente, expressam confusão e cansaço. Certamente, ela não sabia onde estava, o que estava fazendo ali e o que acontecera depois do incidente na Prova de Eliminação. Seus pensamentos, já abalados pela tontura, deveriam estar dando nós em sua cabeça.

Porém eles não tinham tempo para explicar. Precisavam agir antes que alguém do andar de cima viesse buscar a garota.

A jovem criada, então, a ajudou a ficar sentada, puxando suas costas para cima, erguendo-as com um pouco de dificuldade. Agora, a garota podia vistumbrar por completo o pequeno quarto da parte do Palácio que jamais vira, que jamais deveria ver. E Ophelia, novamente, sustentava todo o peso, físico e psicológico, em seu corpo.

— Preciso que você urine naquele frasco. — questionou a morena, virando a cabeça para encarar a outra garota nos olhos. — Acha que consegue?

Ela afirma com a cabeça, um tanto desconfiada. Após isso, encara Mateo brevemente, como se quisesse expulsá-lo dali apenas com o olhar. Além do mais, a menina já deveria estar farta de expor seu corpo para pessoas que não conhecia, como aconteceu no Exame de Saúde. E Ophelia, entendendo isso, faz um breve sinal para o irmão.

— Mateo não irá olhar. — ela afirmou, enquanto ele vira, ficando cara a cara com a parede cinza. — Não somos malucos como os organizadores da Seleção, não se preocupe.

Lary dá uma risada discreta e quase cúmplice para Lia. Porém, logo depois, a alegria cessa, retomando a timidez anterior. Sem comentar nada, a criada ajudou a outra garota a levantar o vestido sofisticado roxo, enquanto ela deposita uma pequena quantidade de líquido amarelo no frasco de vidro. Obviamente, a morena preferiu não olhar, desviando levemente seu ponto de visão para um ponto qualquer.

Terminado o processo, tudo aconteceu como uma coreografia muito bem ensaiada. Ophelia fecha o frasco com agilidade, entregando-o para Mateo, enquanto o mesmo já corria para a porta, que, alguns segundos depois, se fecha em um estrondo.

As duas garotas, então, estavam sozinhas. Apenas aproveitaram o silêncio uma da outras, sentadas na cama. A espanhola queria dizer algo, queria compartilhar suas experiências para que a garota, que ainda parecia tão inocente, nunca cometesse os mesmos erros, mas ela simplesmente não sabia como começar uma frase. Parecia que suas capacidades intrapessoais tinham a deixado.

— O que vocês acham que eu tenho? — perguntou a Selecionadas, com receio, alguns minutos depois.

Ophelia, ervosa, começou a ensaiar uma resposta. Como ela poderia começar a contar todo o período de observação? A partir do Exame de Saúde? Mas era tanto tempo. Além do mais, acreditava que a outra garota ficaria assustada ao saber que fora praticamente espionada. Mas, afinal, não era a verdade?

—Bom, com base… — ela começou a dizer, vacilante.

No mesmo momento, porém, Mateo chegou correndo, a camisa branca levemente suada. E sua expressão não era das melhores. Apenas ao ver o jeito triste com que ele a olhava, na maneira como sua boca se inclinava para baixo, a criada já sabia. Era o que eles imaginavam, o destino não fora bom com nenhum deles..

— Queria, não sei como contar isso. Não faço ideia, na verdade. — disse a espanhola, tocando os joelhos da outra garota. — Primeiramente, preciso lhe perguntar: você teve alguma relação recentemente?

Por alguns instantes, Laryssa não falou nada, apenas encarou o nada. Seus hipnotizantes transbordavam em nostalgia, como se lembrasse de algo que não deveria recordar, de alguma parte de sua vida que ficara marcada para sempre. Ela balançou, então, a cabeça, como se quisesse afastar tudo, e olha pra baixo, triste.

— Não quero falar sobre isso, desculpe. — afirmou ela, sem olhar para os outros presentes.

Ophelia encarou o irmão brevemente, buscando auxílio. Ele então, se levantou e ficou ajoelhado na frente da ruiva, como fazia com a irmã mais nova quando ambos ainda eram crianças. A ternura era evidente.

— Bom. Não temos cem por cento de certeza, mas, com base nos fatos e nesse pequeno teste que acabamos de fazer, cheguei a uma conclusão, bom, pouco agradável. — ele fez uma pausa, tentando escolher as melhores palavras, mas o problema era que elas não existiam, a verdade não poderia ser mudada. — Você está grávida.

Lentamente, lágrimas começam a brotar nos olhos da jovem Selecionada. Elas desciam por suas bochechas rosadas uma por uma, suaves. Era evidente o seu medo e Ophelia não conseguiu resistir em consolar aquela pobre moça que já carregava uma vida em tão tenra idade. Passou os braços pelos ombros da ruiva, lhe abraçando e tentando lhe passar, mesmo que inutilmente, algum conforto.

Alastrou-se pelo coração da bela selecionada, um sentimento indescritível. Uma mistura de medo e tristeza que no momento pareciam ser inconsoláveis. Não sabia o que fazer, estava sem chão e a vontade de desmaiar outra vez turbou-se pelo seu corpo, todavia Laryssa foi contida por Ophelia que mostrava o quão disposta estava em lhe distribuir um apoio emocional, afinal à espanhola já havia passado por aquilo e imaginava que assim como fora para ela, também não estava sendo fácil para Laryssa.

— Não posso ficar aqui! — disse a moça com os olhos marejados em lágrimas que aos poucos desciam sobre o seu lindo rosto. — O príncipe com certeza vai me eliminar assim que souber! — o nervosismo e pânico em sua voz eram notáveis — Que vergonha ter uma selecionada maculada na competição, imagine a vergonha isso trará para minha família, eu estou arruinada.

— Fique calma minha querida, ele não vai lhe eliminar — disse Ophelia com doçura — Vai ficar tudo bem, fique tranquila — a jovem depositou um leve beijo na testa de Lary e a sensação de que deveria proteger aquela linda moça só aumentava. — Eu prometo, nada vai te acontecer.


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Notas finais do capítulo

BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOMBA AHSUAHSUAHSUAHSUAHUSAHUSAHSUAHSUAHS
O que acharam? E agora, Laryssa, qual será o seu destino?
Treta, apenas, treta!
Até a próxima!
Com muito amor!
xoxo



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