O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Pois é... 24:07 e estou postando o capítulo da sexta! kkkkkkk
Então, eu disse que iria postar aos sábados também e essa é a minha meta. Mas talvez amanhã eu fique sem internet... Portanto o capítulo chega entre domingo e segunda.
De resto, aproveitem!



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Capítulo 8

Camila continuava doente, mesmo assim, procurou estudar um pouco. Pegou o caderno de forma displicente e, enquanto o abria, notou um bilhete caindo.

“Saudades das nossas conversas... Cinema sexta?”

Típico de Bruno. Ele sempre escondia os bilhetes em seu caderno.

“Muito melhor do que mandar whatsapp, mais romântico!” Afirmava.

Bom, Camila é mais moderna e  enviou uma mensagem para o paquera, dizendo que iria caso melhorasse da gripe. A garota suspirou. Era quase certo que estava apaixonada. Silenciosamente torcia para ficar boa até sexta.

Durante a noite sua mãe continuou a história.

Elvira passou os próximos dias evitando Vougan. O garoto não gostou de ser ignorado, e resolveu tirar a limpo a razão de sua noiva andar fugindo dele tão avidamente. Saiu voando da casa da tia em direção a morada dos pais. No caminho observou o sol se pondo e sentiu uma certa angustia. Algo estava errado com Elvira e ele iria descobrir exatamente o quê.

Assim que chegou entrou na grande casa apressado. Era enorme, talvez a maior da Vila, perdendo apenas para o grande salão: tinha três andares e ficava um pouco mais abaixo do que as outras residências. Sua árvore apesar de menor, era mais forte que as demais.

Vougan varreu com os olhos a sala a procura de Elvira, porém nada viu além dos sofás vermelhos e do tapete dourado. Resolveu seguir em direção ao corredor onde, finalmente, encontrou a garota. Estava apoiada no batente da janela e parecia distraída.

—Ai está você.

—Vougan? O que faz aqui?

—Vim ver minha noiva.

—Ah bem, perdeu viagem, eu já estava saindo para encontrar com...

—Chega Elvira!- ele se irritou visivelmente e a garota deu um passo para trás- Pare de fugir.

— Fugir? Fugir de que? De onde tirou isso Vougan? – A menina, sempre tão rude e agressiva, parecia estar na defensiva.

—Você está me evitando a semana inteira, não sou idiota, a conheço muito bem! O que está errado El? – Ele sempre a chamava de El quando queria algo dela. A cada palavra Vougan aproximava-se um passo, a garota por sua vez se afastava na mesma medida. Só não foi além porque a longa parede escura do corredor não a deixou passar. Suas mãos se fecharam em punho, o nervosismo era claro por todo o corpo, e a raiva controlada foi revelada em sua voz.

—Pare de me chamar assim. Você perdeu esse direito.

—Perdi? Por quê El? - Ele levantou a sobrancelha em expressão de curiosidade, utilizando o apelido apenas para provocar.

Uma pessoa normal estaria com medo da menina. Os olhos de fogo de Elvira pareciam querer consumir tudo que tocavam, seus longos cabelos vermelhos ondulados acompanhavam os olhos, cercados por uma áurea de fogo e raiva. O corpo assumia uma posição defensiva.

Qualquer um temeria Elvira. Todos sabiam de suas habilidades como guerreira, principalmente se levava uma lança, coisa que, por sorte, ela não tinha naquele momento. Mas não Vougan. Ele não notava a ira da menina, nem o perigo iminente. Não, as únicas coisas que o rapaz notava eram os traços que poucos paravam para admirar: olhos vermelhos vivos, um corpo dourado invejável, o cabelo mais macio que ele já tivera o prazer de tocar, com mechas que lhe emolduravam a face. Sardas bem pequenas e delicadas que cobriam partes das maçãs do rosto e os ombros, e uma falha charmosa em seu sorriso. Uma garota sexy, com um temperamento forte, porém, ainda assim, frágil. Uma menina que tentava ser mulher e ocultar o fato de que, no fim, era apenas uma menina.

E por alguma razão, nesse momento, tentava esconder-se dele.

Ela abriu a boca para falar, porém não sabia o que dizer. Não queria falar em voz alta o que estava sentindo.

—Elvira?

O rapaz estava próximo. Perigosamente próximo. Sua respiração já podia ser sentida pela garota, que agora começava a trocar a raiva pelo nervosismo.

—Me deixe em paz.

—De jeito nenhum até você me dizer o que está acontecendo.

—Já disse para me deixar em paz!- Ela tentou afasta-lo com um golpe, esse foi rapidamente anulado por Vougan que a imobilizou contra a parede. As costas quentes sentiram a madeira fria.

—Vougan, estou avisando...

—O quê Elvira? Você só sai dessa parede quando me disser o que está errado. Tenho todo o tempo do mundo. – riu debochado, estava se divertindo, de certo modo, com a situação- Vamos casar daqui há alguns anos, não quero estar brigado com a minha noiva até lá.

—Você não quer brigar com a sua noiva, mas beija a “garota do cabelo de carvão”? - Elvira provocou em tom de desprezo e o rosto divertido do rapaz endureceu.

Silêncio.

— O que você viu?

—O que você acha? – o garoto distraiu-se, perturbado por um instante, foi o suficiente para Elvira virar o jogo. Ela conseguiu sair da posição em que estava o imobilizando com o corpo contra a parede. Seu braço pairava perigosamente perto do pescoço do rapaz.

—E então, noivo, o que tem a me dizer agora? – os olhos de Vougan voltaram a brilhar, tanto de divertimento quanto... Seria desejo?

—Que você entendeu tudo errado.

—Ah é? Então é normal primos beijarem primas de forma tão íntima?

Ele respirou.

—El, eu a beijei, mas não pela razão que pensa. - Ela pressionou com mais raiva o braço.

—E por que então?

—Ela precisava.

—Como assim?

—El, eu me recuso a falar sobre isso. - não queria expor Mayta.

—Se recusa a dizer que está apaixonado? Está amando outra? A famosa “pássaro do gelo” como você a chama tão carinhosamente? Você a ama, Vougan?

—Profundamente Elvira. – o rapaz respondeu sério. Toda a raiva sumiu do rosto da mulher dos cabelos de fogo. Era como se água fria tivesse sido jogada na fogueira. Ela o soltou. Andou para trás encostando na parede. Segurava as lágrimas e fitava o chão como se esse capturasse todo o seu interesse, fosse a coisa mais importante de seu mundo.

— Eu amo Mayta, Elvira, muito. Ela é uma das pessoas mais importantes da minha vida! Mas eu não a amo do jeito que você pensa.

—Como assim? – Ela perguntou ainda evitando o olhar do rapaz.

—Elvira, chega, pare com isso. Eu vou casar com você, isso já está decidido desde que nasceu. Não há saída se quisermos que seus filhos tenham o sangue da família real, não adianta ter ataques de ciúmes!

—É só por isso que vamos casar, Vougan? Por obrigação? Você... Você não me ama? - Agora ela o olhava no olhos. Tristeza e dúvidas consumindo sua expressão.

A dele respondeu na mesma medida, com um misto de dor e desapontamento.

Após um breve silêncio Vougan avançou até ela e a beijou. Um beijo possessivo, mas ao mesmo tempo cuidadoso. O rapaz acariciava seus cabelos e Elvira se entregava. Após se separarem, ele a abraçou forte como se quisesse apaziguá-la e a futuro rainha permitiu-se chorar em seu ombro, mostrar fraqueza e as dúvidas acumuladas durante toda a semana.

—Eu não admito, majestade, que me pergunte algo tão imbecil. – Ele disse. - Essa pergunta não merece ser respondida por ser tão ridícula!

—Não é ridícula. Você sempre detestou ser forçado a fazer as coisas, quanto mais algo tão grande quanto casar!

Ele a afastou um pouco para fita-la nos olhos.

—Eu realmente detesto ser forçado a isso. Mas só porq...- parou antes de terminar.

—Por que o quê Vougan?

O garoto parecia chateado.

— Por que eu gostaria de escolher com quem quero fazer isso. Poder afirmar que eu escolhi!

—E eu não seria essa escolha?

—Vocês são tão bobas...- ele falou mais para si mesmo e ela não entendeu o que quis dizer. Ia questiona-lo mais uma vez, porém o rapaz de cabelos negros a puxou antes e deu-lhe outro beijo, um mais delicado e simples. Tentava passar com isso uma mensagem.

—Vamos parar com dúvidas imbecis, está bem? Você é minha noiva Elvira, não existe outra. Juro.

Ela o fitou por mais um momento.

—Está bem.

Conversaram mais um pouco, por fim o rapaz teve de ir e Elvira voltou a olhar a janela. Ela o perdoara, mas não fugiu à sua atenção o fato de Vougan não ter dito que a amava. Também não podia se livrar da dúvida. Ele a queria por estar apaixonado ou só cumpria ordens? Será que amava a prima? Aquela que se não fosse tão estranha seria a rainha e não Elvira? Não tinha certeza de nada. A única coisa que sabia era que ela, a sempre forte, decidida e confiante princesa, estava completamente confusa e amava um príncipe. Como nunca iria amar qualquer outro.

"Que clichê". Sorriu.


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Notas finais do capítulo

E ai? Estou ficando desanimada sem comentários. Gostaram de Elvira e Vougan?
bjs



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