O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Então, estive pensando e cheguei a conclusão de que devo estabelecer dias para as postagens. Sendo assim, vou postar as sextas e sábados a noite, desse modo organizando a frequência dos capítulos para não enlouquecer. kkkkkk
Posso atrasar de vez em quando por razões maiores. Se isso ocorrer eu postarei no dia seguinte.
Bom, é isso.
Quero comentários, me digam o que estão achando!

Bjs



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Capítulo 7

Camila estava doente. Acordou ardendo em febre em um dia chuvoso. O corpo, mais do que dolorido, praticamente implorava para que não abandonasse o colchão confortável nem por um minuto.

Ainda pensou em ir ao colégio, porém, assim que tentou levantar ficou zonza, caindo de volta na cama.

—Não, você não vai à escola. - Disse a mãe.

—Eu poderia protestar, mas realmente não sinto que estou em condições de sair.

—Para sua sorte, hoje não vou à faculdade. Entraram em greve.

—De novo?

—De novo.

—Então vai ficar o dia todo em casa?

—O dia todo.

A menina sorriu satisfeita e a mãe foi preparar o café da manhã.

Camila dormiu quase o dia inteiro, acordando apenas nas horas das refeições. Não demorou muito para a noite chegar.

—Mãe?

—O quê?

—Você sabe...

A mulher suspirou e sentou ao pé da cama para contar a história.

(...)

Mayta cresceu com aquele clima hostil a cercando. Poucos tinham interesse em tentar conhecê-la de verdade, e um dos poucos indivíduos que tentou uma aproximação real foi o rapaz Cearbht. Um garoto alto e bem bonito. Não o mais bonito, mas bem bonito.

Aos quinze anos Mayta chamava bastante atenção da juventude masculina, seus longos cabelos negros, seu olhar mais do que misterioso ( de um tom completamente diferente dos demais) e sua pele tão branca quanto as nuvens, conferiam a ela um ar exótico na Vila. Contudo, nenhum deles tinha a coragem necessária ou era desprovido suficientemente de preconceitos para realmente se interessar pela garota. Nutriam três sentimentos por ela: desejo, curiosidade e ódio.

Desejo por sua aparência. Sua beleza tão discrepante das outras fênix ruivas despertava curiosidade, pois nada sabiam de concreto sobre aquela garota, e o desconhecido pode ser muito sedutor.

Ódio pelo que ela podia vir a ser e pelo que representava. Era diferente demais, estranha demais, e sua antepassada os havia amaldiçoado.

Mesmo assim Cearbht aproximou-se da garota. Mayta primeiramente não baixou a guarda. Esperava que fosse um truque, algo para magoá-la. Não era nenhum pouco normal um garoto aproximar-se dela daquela forma.

Primeiro ele a chamou para sair. Mesmo desconfiada, ela aceitou. Em seu íntimo almejava que Cearbht fosse diferente dos outros. Além disso, sempre quisera saber como seria um encontro. Juntos passaram horas em cima de uma árvore admirando a floresta. A experiência foi tão agradável que se repetiu durante a semana inteira.

Em um desses encontros o seguinte diálogo ocorreu:

—Mayta, amanhã é o ritual de passagem. Você vai?

—Claro, eu meio que tenho de passar por ele também.

—Você sabe como é o ritual, certo?

—Sei. – Ela fitou as mãos preocupada.

—E você consegue...?

—Não quero falar sobre isso. - Ela fechou os olhos. Já sabia que não conseguiria. Há muito descobrira, com certo pesar, que não era imune ao fogo.

— Vougan disse que você não participaria.

— Vougan acredita ser o dono da verdade...- Mayta riu com um pouco de sarcasmo em sua voz. O primo achava que sabia tudo sobre a “Fênix do Gelo”, como ele insistia em chama-la. E isso até tinha um fundo de verdade, já que apenas Vougan tinha conhecimento sobre a falta de resistência da garota ao fogo.

Dissera, inclusive, para Mayta parar de sair com Cearbht, afirmando conhecer o amigo. Alegou que o garoto nunca ficaria com Mayta, afinal não era “homem suficiente para assumir um compromisso com ela na frente de todos. ”

Isso irritava muito a jovem que não queria ser controlada mais do que já era. Todos estavam sempre a olhando de lado, sussurrando, esperando que fizesse qualquer coisa ruim para escorraça-la. Portanto, por pura teimosia (ou não, talvez uma parte dela apenas quisesse um pouco mais de atenção como toda garota adolescente), Mayta continuou a sair com o rapaz.

—Então, vamos juntos?

Ela o fitou por um pequeno instante.

—Claro, por que não?

O ritual de passagem ocorria a cada três anos e os adolescentes entre 15 e 19 anos tinham obrigatoriamente de passar por ele. Durava um dia inteiro: as fênix transformavam-se em pássaros e enquanto o sol estava no céu permaneciam espalhados pela floresta em sua forma animal. Sentiam o calor, a magia, que o sol proporcionava em todos os momentos do dia, cada luz com uma intensidade diferente a medida que as horas seguiam. Passar pelo ritual representava que suas almas foram abençoadas.

Quando a noite finalmente caia, uma grande fogueira (na verdade gigantesca) era acesa no meio da Vila. Um por um, os jovens tinham de entrar nela e lá ficar por dez minutos. Era uma forma de simbolizar a passagem da criança para a forma adulta, como se o fogo queimasse a infância e amadurecesse o espirito.

Uma tarefa fácil, já que as fênix nunca queimavam. O problema é que nada para Mayta era fácil.

—Você não pode ir!

—Por que não Vougan?

—Você vai morrer queimada se entrar naquela fogueira, não é óbvio? —O garoto com os seus dezesseis anos se tornara um rapaz bonito. Seus olhos vermelhos traziam um brilho sagaz e o cabelo negro relativamente longo, na altura do ombro, delineavam o rosto forte, assim como o do pai.

—Mas eu... eu quero tentar.

—Mayta?

—Olhe eu não vou entrar na fogueira, certo? Só vou passar o dia como ave. Só isso.

O primo a olhou desconfiado. Respirou fundo.

—Está bem, não protestarei mais.

O dia seguiu como planejado. Cearbht a acompanhou até a clareira onde aconteceria o início do ritual. Todos os adolescentes transformaram-se em pássaros e voaram individualmente, pois tinham de passar o dia sozinhos.

Quando pôr fim a noite chegou, a lua não se encontrava visível, era época de lua nova e somente nesses períodos o ritual poderia ocorrer. Vendo que já era tempo de acabar aquela parte dos ritos, Mayta retornou a Vila e transformou-se em humana. Estava meio decepcionada, os adultos sempre disseram que o dia do sol era um dia de magia e aprendizados, mas, para ela, não passou de uma experiência vazia, não se sentia diferente. Na verdade, estava mais confortável agora com a escuridão. Deu de ombros, não era uma fênix convencional afinal, e seguiu seu caminho.

Quando já estava vendo a entrada da clareira, no entanto, escutou vozes vindas da sua esquerda e por alguma razão que não soube identificar, instinto talvez, escondeu-se atrás de uma grande árvore.

Quando as vozes se tornaram também imagens Mayta percebeu que eram dois rapazes, um deles Cearbht. Pensou em sair para chama-lo, mas parou ao escutar uma frase do garoto que acompanhava o quase namorado.

—Então, andei percebendo que você está o tempo todo com aquela bruxa.

—Não fale assim dela.

—Por que Cearbht? Está apaixonado pela aberração? — O amigo inquiriu, com ar de desafio, queria ver até onde o outro iria para defender a diferentona.

O garoto parecia constrangido demais para responder. Mayta segurou a respiração.

—Claro que não. Nunca me apaixonaria por uma anormal. Mas devemos admitir que é bonita... — debochou meio hesitante.

Os dois riram.

—Então por que não posso falar mal da bruxa?

—Você pode, só não vejo uma real necessidade...

—Pois eu acho que você se apaixonou.

— A poupe-me! Sabe muito bem que não. Ninguém se apaixonaria por uma praga. É verdade que tenho saído com ela, mas com uma intenção apenas.

Os dois trocaram um olhar de cumplicidade.

—Ah, seu moleque safado... e aí? Já conseguiu alguma coisa?

—Nada, mas estou perto.

—Nem um beijinho?

Cearbht negou.

—Safado e lento...

Os dois ficaram discutindo, mas a menina saiu correndo dali.

Vougan estava certo. Seus olhos encheram-se de lágrimas, contudo ela tratou de enxuga-las assim que adentrou na clareira.  Respirou fundo, aquilo não iria ficar assim.

Olhou os jovens que dançavam ao som de tambores e flautas tocadas animadamente. A rainha, em geral séria, sorria dançando com Breno. Vougan discutia algo com Elvira que... bom, Mayta não saberia dizer se flertavam ou se queriam matar um ao outro. A discussão pareceu chegar ao fim e Vougan foi arrastado pela futura rainha para o meio dos casais, o forçando a guia-la em uma dança.

Aos poucos Mayta aproximou-se iniciando ela própria movimentos leves e solitários. Seus braços pareciam movidos pelo vento, seu corpo dava a impressão de flutuar. Várias foram as pessoas que pararam para olhar. Quando enfim a música cessou a respiração dela estava acelerada.

—Está na hora. – Almira elevou a voz, fazendo com que a multidão se virasse para Rainha e todos ficassem parados em seus lugares prestando atenção. – Como Rainha e também sua representante religiosa declaro que esses jovens, por terem passado o dia sozinhos, isolados e conectados com todas as fases do sol e, portanto, da vida, estão prontos para ultrapassar mais uma etapa. Que a cerimonia inicie-se.

Breno alimentou a fogueira que agora já tinha as chamas do tamanho de uma pessoa adulta. Uma por uma as fênix entravam e esperavam dez minutos dentro do fogo. Cearbht foi um dos últimos. Quando entrou na fogueira Mayta o seguiu. Seus olhos verdes azulados pareciam congelados, imóveis e frios.

Alana e Marlon viram que a filha ia em direção a fogueira e preocuparam-se. Haviam dito a ela para não participar do ritual. Não tinham certeza se seria capaz de aguentar o fogo, mas sabiam que a menina congelava as coisas com um toque. Isso já era razão suficiente para mantê-la afastada das festividades. Mas ela os convenceu dizendo que só passaria por uma parte do ritual e ao fim do dia apenas observaria.

—Mayta, saia de perto dessa fogueira! — Marlon gritou, porém foi ignorado pela garota. Cearbht, que já estava dentro das chamas, não percebia a presença da fênix do gelo. Ela chegou bem perto, sentindo o calor e a fumaça vindo em sua direção. Entretanto, antes de encostar nas labaredas, abaixou-se e tocou o chão. O Fogo foi apagado por completo. O garoto olhou confuso ao redor e encontrou os olhos frios de Mayta.

A garota não quebrou o toque com o chão (o poder das fênix de queimar, no caso de Mayta congelar, só poderiam funcionar em contato direto com alguma coisa. Eles precisavam tocar para queimar) e o solo começou a congelar. De repente estalagmites de gelo começaram a surgir e cercaram o rapaz, que se desesperou. Tentou evita-las, mas toda vez que girava para um lado procurando uma saída outra estalagmite de gelo surgia o envolvendo em um círculo onde antes estiveram as chamas. As estalagmites atingiram exatamente o tamanho do fogo já inexistente. Quando se sentiu satisfeita a fênix negra levantou-se.

Toda a Vila a olhava com um misto de desprezo e medo. Almira e Breno aproximaram-se.

—Por que fez isso? —Almira inquiriu.

—Ele estava me usando.

—Você não pode fazer isso. Tire-o de lá agora menina! —Breno bradou

—Não. — Respondeu sem emoção alguma. Parecia uma estátua, tinha os olhos vidrados no gelo. – Eu poderia congela-lo também...

O garoto preso na “fogueira de gelo” apavorou-se.

—Não deixem que ela faça isso. Não deixem! — Gritou.

—Menina... — Breno a encarava.

—Calma. — Almira pediu. Em seguida falou em um tom controlado. — Mayta, é uma ordem. Liberte-o.

—Não, tia.

—Não me chame de tia. Já lhe disse isso antes. Sou sua Rainha.

— É, eu lembro. — A mais velha nunca deixara Mayta a tratar como tia. Era uma regra entre as duas. Uma regra que Mayta nunca havia quebrado até agora. —Mas você é minha tia querendo ou não. Tire-o vocês. Eu congelo as coisas, vocês queimam. Derretam o gelo. Não me impor... — Foi quando enxergou o rosto de Alana. A mãe estava quase chorando com a decepção estampada em cada linha de expressão do rosto. Seu olhar foi impossível de suportar.

Mayta desviou o foco, então viu-se refletida no gelo. Uma mulher a fitava de volta. Seu reflexo mostrava uma pessoa crescida, fria até mesmo... perigosa.

Não se reconheceu.

De repente, como saindo de um transe, assustou-se com tudo.

—D-desculpem, e-eu não... ai meu Sol... e-eu...

—Mayta... — Alana chamou. Mas a menina transformou-se em pássaro, na fênix negra, e voou para longe.

(...)

Mais tarde Vougan descobriu o que Cearbht tramava para enrolar Mayta. Na verdade, Elvira encurralara Cearbht e o fizera confessar tudo de forma rápida e simples. Bastou ameaça-lo com a lança e o garoto falou logo.

Vougan já sabia que a prima estava em maus lençóis com aquele rapaz. Tentou avisa-la, mas ela não lhe deu ouvidos. Para variar...

Tudo havia sido resolvido. O gelo fora derretido e a cerimônia finalizada. Mayta ficaria de “castigo”, proibida de sair de casa durante uma semana. Apesar da punição vários habitantes da Vila exigiram mais rigidez da Rainha, dizendo que a garota era perigosa e instável. A maioria ficou furiosa quando a soberana deu seu veredicto, porém Almira e Elvira argumentaram que ninguém se machucou na confusão, portanto, não parecia caso para uma grande punição. Foi apenas uma crise adolescente.

Ainda na mesma noite o primo transformou-se em pássaro e seguiu até a casa do ex- amigo. Quando Cearbht abriu a porta teve uma surpresa: um soco bem no meio do seu rosto.

—Mas... o quê...?

—Nunca mais, está me ouvindo Cearbht? Nunca mais encoste um dedo sequer na minha prima. Aliás, nunca mais se envolva com a minha família.

—Vougan, eu jamais me envolveria com a bruxa do gelo! — Esse comentário rendeu a ele uma surra completa. O “ex-quase-namorado” tentou revidar, mas o príncipe era de longe o melhor guerreiro entre os jovens da Vila, empatando apenas com Elvira, Cearbht não conseguiu tocar em um fio de seu cabelo.

Sentindo-se satisfeito (apenas quando o outro estava jogado no chão gemendo em um misto de medo e dor) o rapaz sorriu.

—Minha prima não o congelou, agradeça por eu não ter o mesmo poder que Mayta ou juro pelo sol que você estaria puro gelo agora! E não quero reclamações sobre isso, — apontou para o rapaz com os lábios sangrando — sabe que fui bonzinho. Posso ser bem pior. — Sorriu — Além do mais sou seu príncipe.

Dito isso transformou-se e saiu.

Precisava achar o “Pássaro do Gelo”. Ela estava desaparecida desde do momento em que fugira.

Encontrou-a escondida em uma árvore, sentada em um galho mediano. Pousou ao seu lado ainda na forma de pássaro e a observou.

—Oi, Vougan. —  Fungou.

Ele transformou-se e sentou ao seu lado.

—Olá, Pássaro do Gelo.

—Não me chame assim.

—Desista, é seu eterno apelido.

Ambos riram.

—Não está me odiando?

—Achei muito bem feito o que você fez. Na verdade, foi incrível!

Ela sorriu entre as lágrimas.

— Eles devem me achar um monstro...

Ele deu de ombros.

—Sempre acharam, que diferença faz?

A menina revirou os olhos, em seguida o fitou de forma triste.

— Sempre quis provar que estavam errados. Que não sou uma maldição. Em vez disso, acho que aos poucos só comprovo suas crenças.

—Não sei por que se importa... achei que você foi até boazinha. Eu teria feito coisa pior com o Cearbht. — Ele riu lembrando do jeito que deixara o rapaz alguns minutos atrás.

—Não estou falando disso Vougan.

—Eu sei, só estou tentando lhe animar.

— Obrigada por tentar. — Ela sorriu. — Tem outra coisa que está me incomodando...

—O quê? Sabe que pode me contar. Sei guardar segredos. – Tentou parecer alguém confiável, contudo, acabou fazendo uma cara ridícula e Mayta não segurou o riso.

—O quê?

—Você sempre soube ser engraçado Vougan...

—Mas eu não estava...

Porém foi interrompido por Mayta.

—Tenho medo de nunca beijar!

O garoto parou, surpreso.

—Nunca beijar...?

Mayta corou. A pele muito branca corava com muita facilidade. Seus olhos pousaram nas próprias mãos ansiosas.

— Nenhum rapaz se aproxima. Nenhum deles tem coragem ou vontade. Sou esquisita, um monstro, Vougan! Nenhum deles se interessa de verdade por mim. Eu poderia beijar. Poderia, Cearbht é uma prova. — Vougan achou melhor não dizer a menina que o canalha queria fazer mais do que beijá-la — Entretanto, nenhum deles iria me beijar por gostar de mim. Por realmente se importar, sem querer me humilhar depois ou me largar. Nenhum deles é capaz de me amar, Vougan. — Ela fechou os olhos, uma pequena lágrima começou a escorrer. — Portanto acho que vou ser sozinha para sempre e nunca vou saber o que é um beijo... ah não me olhe assim Vougan!

O garoto estava gargalhando, na verdade tentara se conter, mas o discurso da prima foi demais. Seu corpo balançava em convulsões por causa das risadas altas. Mayta era tão boba!

— Vougan pare com isso! Por favor. — Ela pedia e suas lágrimas aumentavam. Aos poucos o garoto foi parando e então a olhou nos olhos.

—Isso realmente a incomoda? – Perguntou sério e ela assentiu — Mayta você tem noção do quão linda, engraçada e inteligente é? — Ele agora parecia assombrado. Como a prima não notava que era incrível?

—Não sei se sou realmente todas essas coisas Vougan. Mas a questão é: ninguém irá me beijar com afeto de verdade, sem segundas intenções maldosas, mesmo eu sendo metade do que você falou. Porque eu sou essa... praga.

—Pare de falar besteiras Mayta. Falo sério. Chega. Você é melhor do que isso e NÃO admito que pense ser uma praga. — Ele suspirou. — Ainda acho tudo isso uma grande besteira. Mas se tem tanto medo de nunca ser beijada por alguém que te ame de verdade, vou resolver isso.

Mayta ia perguntar o que ele faria, mas foi calada, antes mesmo de começar, pelos lábios macios de Vougan. Ele segurou-a pela cintura a aproximando de si. Ela ficou inicialmente estática, mas aos poucos deixou-se levar pelo momento. O beijo foi simples, porém carinhoso e quando enfim acabou Mayta estava muda.

—Pronto? Viu como é beijar? — Ele sorriu, aquele sorriso brilhante e debochado que o deixava mais bonito.

—P-p-por que você fez isso? — Mayta conseguiu sussurrar.

—Você estava com medo de nunca ser beijada por alguém que a ame  sem "segundas intenções maléficas". Pois bem, eu lhe amo e não tenho segundas intenções.

Ela o olhou aflita. Ele revirou os olhos.

—Não, não precisa se preocupar, eu não estou apaixonado por você, mas tenho certeza que um dia alguém vai ama-la Mayta. —  Riu vendo o desespero da prima. A conhecia bem demais — Isso foi apenas para que você parasse com o drama de “nunca vou ser beijada por alguém que se importa”.

Ela respirou fundo aliviada. Depois o fitou e deu um sorriso tímido.

—Obrigada, Vougan. Você é mesmo meu melhor amigo.

—Sou o único!

Os dois caíram na risada. A conversa durou o resto da noite. Os primos estavam tão animados que não notaram uma pessoa que se escondia entre os galhos mais baixos. Alguém que via, mas não conseguia ouvir. Alguém que presenciara toda a cena e logo após o beijo alçou voo chorando. Elvira teve seu coração partido naquela noite.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que achou? O capítulo está muito grande? Desculpem se tiver erros de português, esses errinhos ocorrem principalmente pela pressa em digitar. Mas prometo revisar todos os capítulos.
Tadinha da Elvira... Ou não.

Bjs



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