O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, ai está o próximo capítulo.
Gente, estou desanimando. Sério. Não me importo de escrever para poucas pessoas lerem, mas realmente fico triste quando essas poucas pessoas não comentam. Então, por favor, comentem, quero saber se a história está boa ou não e como melhora-la. Deixem opiniões boas ou não!
Agora, após o desabafo, aproveitem a leitura.



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Por fim, Camila ficou boa. Era plena quarta feira quando a garota pôde finalmente ir para escola. Lá a vida continuava normal.

—Camila! Que saudade. - Safira correu meio estabanada e deu-lhe um abraço.

—Saudade? Passei só poucos dias doente, exagerada! - Camila sorriu. Safira era muito dramática.

— Mesmo assim. Para quem eu poderia contar sobre meu mais novo namorado?

—Para todo o facebook? Você trocou seu status... – Safira ficou um tanto irritada com a resposta da amiga, resolveu então ignora-la.

—Bom, você é a primeira a saber por mim, pessoalmente. Estou namorando o Thomas.

Camila revirou os olhos.

—Estava na hora. Esse vai e volta de vocês já estava me enchendo. Faz quase seis meses que saem juntos, pelo amor de Deus!

—Ah você não pode falar nada! Está enrolando com Bruno, já há um mês.

—Tem uma diferença entre “um” mês e “seis” meses. – Safira ia protestar, mas Camila continuou. - Falando nele, me mandou um bilhete, vamos ao cinema na sexta.

—Um bilhete, tipo, papel?

—Claro né Safira.

—Que antiquado... Parecem crianças da terceira série.

—Antiquado é você usar palavras como “antiquado”. – Camila riu.

—Isso não é ser retrógada, querida, é “vintage”.

—Ahã sei. E Bruno é romântico. Qualidade que anda faltando entre os meninos de hoje.

—Ahã, sei. – Provocou Safira e as duas seguiram discutindo sobre outros assuntos sem importância.

Durante a noite a mãe contou a Camila mais um capítulo.

O tempo passou, Mayta agora já estava com seus dezoito anos, começando a se encontrar como mulher e desejando se sentir parte de algo.

Em uma noite qualquer, após as aulas com Aryana, permaneceu na casa da professora. Não queria ir ainda. Estava muito triste, pois mais cedo Almira a tinha distratado quando sugeriu que a tia a autorizasse a aprender a lutar (pelo menos oficialmente, já que Vougan ensinava a garota em segredo). No fundo, Mayta só queria ser “normal” e aquela atividade era parte da rotina de qualquer adolescente da Vila. A rainha disse que aquilo estava fora de cogitação e durante o resto do dia a ignorou.

Agora a garota só queria entender o “por que”. Estava sentada no parapeito da janela de Aryana admirando a lua cheia que naquela noite possuía um brilho levemente amarelado, o brilho que Mayta mais amava. Aliás a menina adorava tudo que vinha da lua, sentia-se extremamente mais ligada ao satélite que ao sol. Apenas outro traço que a diferenciava dos de sua espécie.

Ela suspirou.

—O que foi menina? Por que suspira assim tão tristemente?

—Porque sou uma aberração.

—Já lhe disse para parar com isso! Você não é nada disso...

—Ah não? Vou lhe contar um segredo dona Aryana, – a mais velha sentou em uma cadeira próxima abrindo um pequeno sorriso- acho que só contei isso a Vougan... nem a minha mãe tive coragem.

—E o que foi, criança? Sou toda ouvidos.

—Além de todas as óbvias diferenças que tenho com relação a vocês, o fato de congelar não queimar, curar sentimentos, mentes, com minhas lágrimas, não o corpo físico, e ter aquele dom praticamente extinto de encantar os animais com minha voz...

—Um dom extraordinário! Não deixe que muitos saibam sobre isso Mayta.

—Eu sei. Bom. Tem mais uma coisa...

—O quê?

— Eu não me sinto ligada ao sol. Não é ele que me faz sentir viva.

Aryanna franziu as sobrancelhas.

—E o que é que faz?

— A lua. – a menina fitou o céu escuro. - Sou ou não uma aberração? Não consigo me ligar a nossa maior crença!

A senhora respirou lentamente e sorriu.

—Criança, deixe-me lhe contar algo. Acho que poucas criaturas sabem, acredito que nem os humanos tenham descoberto ainda, não sei ao certo. Mas tem algo que nós, fênix, já sabemos a muito tempo, os humanos vão descobrir uma hora ou outra se já não sabem...

—O quê?

— A lua, meu bem, não tem luz própria: ela reflete a luz do sol.

—Eu já sei, você me deu uma aula sobre isso. Mas aonde quer chegar...?

—Está é sua ligação com o sol meu bem. A lua funciona como um intermediário. Você é ligada a um tipo de “luz” diferente, você é conectado a esse satélite que é completamente ligado ao sol. Ou seja, você ainda assim, indiretamente, é ligada ao sol.

A menina a fitou pensativa.

—Nunca tinha pensado dessa forma.

—Então é hora de começar a pensar, não acha? - A professora parecia estar se divertindo em dar a explicação.

— Queria que os outros me aceitassem como a senhora, dona Aryana. Não entendo por que não podem.

Aryana ficou em silêncio por um longo tempo. Depois do que pareceram horas para Mayta, mas não passaram de minutos, a idosa voltou a falar.

—Você é ligada a lua criança, mesmo que tenha uma ligação forte com o sol, a lua ainda existe sem o astro. – A menina a fitou curiosa- O sol pode aparecer mais quente, mais claro, dependendo da hora do dia, do lugar. Porém, no fim, ele é sempre o mesmo. Está lá, constante. A lua, depende do sol para brilhar e de acordo com determinados ângulos apenas algumas partes dela ficam visíveis. Temos a lua cheia, crescente, minguante... e a nova.

—Não consigo entender aonde a senhora quer chegar dona Aryane

—Assim como a lua, meu bem, você segue esse padrão. Todos nós temos todos os sentimentos e conflitos comuns a um ser vivo racional. Porém, Mayta, você é um extremo e um mistério. Pode tanto estar cheia de brilho, ser a lua cheia, como pode ser a lua nova. Sombria, reclusa, assustadora e até vingativa.

—Eu não sou assim!- Empertigou-se revoltada. Nunca sentira raiva de ninguém. Bom, ao menos nunca por tanto tempo.

—Nós seguimos o padrão da luz do sol, podemos brilhar mais ou menos. Mas somos constantes em nossa inconstância. Mayta, você é um furacão controlado. A lua nova não precisa ser ruim. Ela representa apenas um momento de reclusão, reflexão. Mas também pode representar seus momentos maus, meu bem. Seu lado vingativo. Seu brilho é definido de acordo com sua fase e você não encontra meios termos.

—Eu não sou assim, Aryana!

—É a lua nova que eles temem, Mayta.

—Já disse que não sou assim...

—Eu sei, querida, você é boa. Melhor do que a maioria- A mulher sorriu- A lua não é má. Ela interfere nos mares e em nós também. Precisamos dela. Sem a lua teríamos maus momentos. Contudo, em dias de chuva, durante a lua nova, se não existirem estrelas, o céu fica completamente apagado. A lua sem o brilho do sol e nada que possa alegrar o céu visto daqui deixa tudo tenebroso e triste. Esse fenômeno é perigoso. Eu rezo, Mayta, todos os dias para que você sempre tenha suas “estrelas”, para que mesmo durante a lua nova e a chuva, o seu céu possa ter luz.

—Eu não vou ser má. Nunca faria mal a ninguém, você sabe disso!

—Eu acredito meu bem, eu acredito.

Mayta nada disse, apenas deu um abraço de despedida na mais velha, transformou-se e saiu voando. Em seu caminho para casa começou a pensar se a professora não estava velha demais e e inventando coisas.

 Um pequeno momento de reflexão passou pela mente de Aryana.

—Mãe, eu não entendi essa parte. Como assim Mayta é má ou “incontrolável”?-perguntou Camila, meio confusa.

—Nenhum dos dois. Veja, uma pessoa normal está sempre tendo sentimentos, bons, ruins enfim... Mas são coisas inconstantes, acontecem a qualquer hora e tudo o mais. Mayta tem fases. Se ela está feliz, ela tende a ficar um período inteiro feliz. Como a lua cheia. Ela pode se sentir calma, simples, como a lua minguante e extremamente mais introspectiva como a lua nova. Porém ela tem essa constância e esse extremismo. Ela sente demais a emoção, o período que está atravessando. Suas fases são bem definidas. Poucos são os fatos que abalam essa constância. As pessoas normais não, são inconstantes, podem estar bem em um dia e mal no outro. Mayta é uma ótima pessoa. Mas dependendo do rumo de sua vida, ela pode sim ser má. E se ela decidir ser ruim, ela vai ser muito ruim. Lembra de quando ela se vingou do paquera naquele ritual?

—Sim, lembro.Entendi. Voltemos a história.

—Agora você pode aparecer, Senhora.

Almira surgiu de um dos cômodos da casa.

—Olá, Aryana.

A mais velha cumprimentou a rainha com um aceno de cabeça respeitoso.

—Por que está aqui, se me permite perguntar, Senhora? Por que escondeu-se em meu quarto?

—Eu... sei que isso não foi correto Aryana, me perdoe. Mas eu passava e comecei a escutar sua conversa com minha sobrinha. Fiquei curiosa e entrei pela janela do quarto. Precisava escutar o resto. Sei que agi errado, me perdoe.

—Não precisa pedir perdão, majestade. Sinta-se à vontade para invadir minha casa. - A mais velha sorriu brincalhona. Almira sorriu de volta.

—Será que estou sendo errada, Aryana? Será que trato Mayta de forma incorreta? – A Rainha sentou-se. Aryana permaneceu calada.

—Às vezes me pego pensando... Essa menina deveria ser a Rainha. Nasceu para isso e nunca apresentou provas de que não seria uma boa governante.

—Elvira também será uma boa rainha.

—Eu sei. Mas o direito era de Mayta.- Almira suspirou.

—Ainda está em tempo de consertar as coisas.

—As Damas e a Vila me matariam. Elvira morreria de desgosto...

—Certas lutas devem ser travadas, mesmo que as chances de vitoria sejam mínimas, Senhora.

A rainha levantou-se e calmamente fitou a lua cheia.

—É, talvez, talvez...

Horas depois, em uma Vila no norte, um menino entrou nos aposentos da Dama.

—Madame...

—Desembuche meu jovem.

—A Rainha teve uma conversa estranha.

—Como assim?

—Ela...

—Ela o quê?- Esbravejou a mulher.

—Acho que está começando a pensar em passar o trono para a, “praga”.

A velha entendeu, mas não quis admitir.

—Que “praga”? Do que está falando?

—Daquela a quem chamam de “fênix negra”.

Um momento de silêncio foi estabelecido no ambiente.

—Obrigada, pode ir.

O menino saiu. A Dama caminhou até a cama e sentou-se. Batidas na porta.

—Quem deseja?

—Sou eu, mãe.

—Entre.

A menina ruiva de cabelos muito curtos, quase assemelhados ao corte de cabelo de rapazes, entrou no quarto.

—Não pude deixar de ouvir...

—Atrás da porta de novo.

—Desculpe por isso. O que vai fazer mãe?

—Eu estava certa em deixar um espião. Sabia que aquela rainha não teria fibra suficiente para nos governar.

—Mãe...

— Aceite, é verdade. Mas não tem problema, meu bem, eu consertarei as coisas.

—Tenha cuidado.

—Sempre tive. Já vivi muito...

—Tudo bem, dona Chad, só espero que saiba o que está fazendo...

A menina ficou em silêncio e saiu do quarto deixando Chad sozinha com seus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

E então? Confuso? Comentem! Até sábado!

Bjs



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