O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 34
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Dia um e novo capítulo!!! Espero que gostem, fui até rápida dessa vez. kkkk
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539097/chapter/34

Camila foi a escola ansiosa para contar tudo que tinha rolado nos últimos capítulos a Safira. Em sua animação, até conseguiu esquecer os problemas que a assombravam algumas horas atrás, como o novo emprego da mãe.  

Assim que entrou na sala percebeu que a professora ainda não tinha chegado. Então procurou a melhor amiga e fez questão de sentar na cadeira do lado.

—Oi

Safira sorriu.

—Apareceu a fantasminha!

—Menos Safira...

—Menos? Você anda muito distante.

—Muitas coisas aconteceram, você sabe...

Após um silêncio constrangedor, Safira apenas revirou os olhos e deu um abraço em Camila.

—Mas você está de volta! É o que importa.

Sorriram.

—Sim, estou de volta e tenho muitas coisas para lhe contar!

Ela passou a manhã inteira (nos intervalos entre as aulas) atualizando Safira sobre o que acontecera na história de sua mãe, e a amiga parecia entretidíssima. Na saída ainda discutiam o assunto.

—Eu preciso ler esses capítulos!

—Sim, mas não acho que ela vá deixar. Não quer que a história seja divulgada.

—Poxa...

 Camila respirou fundo.

—E tem mais um negócio...

—Hum? O quê?

Silêncio.

—O quê, Camila?

—Eu vou me mudar para outro estado. - Soltou de uma vez.

—O quê????

(...)

Eles estavam arfantes e satisfeitos.

Se olharam.

Mayta deitou a cabeça no peito de Ícaro.

—Podemos descansar um pouco antes de irmos? - Perguntou.

O rapaz pensou um pouco.

—Já está tudo pronto... acho que umas horinhas de descanso não nos farão mal, mas não podemos esperar o dia amanhecer. – Sorriu e beijou levemente os lábios da garota.

Ela assentiu e ambos fecharam os olhos.  Uma paz acolhedora tomava o peito do caçador que estreitou a moça ainda mais. Nunca sentira aquilo antes, mas estava convencido de que não deixaria o sentimento ir embora nunca mais.

Uma hora depois, no entanto, a tranquilidade foi brutalmente interrompida pelos tremores de Mayta. A lua cheia, passando pela janela gradeada perto do teto, parecia exigir que a garota assumisse sua forma de pássaro. O corpo lutava em convulsão, seus ossos estavam, novamente, queimando.

Ícaro observou os olhos da garota nublarem e ela se perder em agonia enquanto se debatia em seus braços. A boca se escancarou, como se não conseguisse respirar. De alguma forma o caçador soube que ela não sairia daquilo. Dessa vez morreria se não cedesse.

— Mayta!

Mais convulsões.

— Se transforme. Por favor, por favor, se transforme. - Ele tentava amenizar as convulsões, mas nada do que fazia parecia adiantar- por favor, por favor... eu a deixarei voltar a sua forma humana, por favor, só se transforme.

Ele não tinha certeza se ela o escutava, mas a garota não parecia querer realizar aquilo que seu corpo pedia. Ele ajoelhou-se e, segurando o rosto da garota por quem se apaixonara, pediu:

—Confie em mim, Mayta. Eu sei que é difícil confiar em qualquer um, principalmente em quem a colocou aqui, mas, por favor, confie em mim.

Ícaro estava lutando consigo mesmo para não deixar o desespero assumir. A luz que entrava pela janela pareceu ficar mais forte e, enquanto o rapaz encarava os olhos perdidos da mulher, percebeu que algo acontecia: eles já não eram humanos.

Se afastou e observou a transformação acontecer. A medida que o brilho que vinha da janela ficava mais forte a transformação se intensificava: os braços dela não eram mais braços, dando lugar a belas asas negras, escuras como nenhuma noite jamais conseguiria ser.

Estava ali uma fênix como ele jamais vira antes, talvez o pássaro mais lindo que já tivesse encontrado na vida ou viria a ver. Era grande, do tamanho de uma águia, e o encarava como se perguntasse algo.

Ícaro, lentamente se aproximou e a ave permitiu que acarinhasse suas costas.

—Você é linda. – Declarou. A cabecinha do pássaro negro virou para ele e piscou. – Quer voltar a ser humana, não é?

Ela assentiu.

—Tem minha permissão.

E, num piscar de olhos, Mayta estava lá novamente, nua. Ele a abraçou.

—Você é linda em suas duas formas.

Ela sorriu, o fitando.

—Me sinto... viva de novo. -  Ícaro a beijou- Nunca mais deixará de sentir isso, Mayta.

Resolveram que era hora de partir. Ìcaro entregou a ela um vestido de um branco meio amarelado com um espartilho preto velho e surrado.

—Vista isso.

O pássaro do gelo fez uma careta.

—Mais roupas?

Ícaro riu.

—Sei que seu povo não gosta de cobrir suas vergonhas, mas se quiser passar por uma mulher normal, precisa se vestir.

Mayta fez outra careta.

—Não há nada vergonhoso em não se prender dentro de panos desnecessariamente. Aliás, não a nada vergonhoso em ter orgulho do seu próprio corpo.

Ele revirou os olhos.

—Tá, mas vista-se. Se não vamos chamar a atenção e o meu povo não respeita quem anda nu por aí.

Em 10 minutos estavam prontos para sair.

Quando iam passar pela porta que os levaria para o jardim e enfim fugirem, o patrão de Ícaro irrompeu dentro do aposento. Eles não tiveram nem chance de encostar na maçaneta.

—O quê...? -  O homem observou os dois, sem entender a situação. Demorou apenas um instante para perceber o que o braço do rapaz na cintura de sua caça significava. –O que é isso? Leve-a de volta para a cela!

Mas Ícaro apenas respirou fundo, soltou Mayta e se pôs na frente dela de forma protetora.

—Nós vamos embora. Não há nada que possa fazer para impedir isso. - Ah, ele podia fazer muitas coisas. Na frente da casa estavam acampados pelo menos 3 outros capangas de seu chefe, que viriam correndo assim que ele gritasse, e o rapaz sabia disso, mas também sabia que não poderia se dar ao luxo de demonstrar fraqueza. Se o fizesse, estaria perdido. Ele não contava que o velho fosse aparecer antes das primeiras horas do dia.

—Chega de brincadeiras, rapaz, se não quiser pagar por sua língua atrevida, devolva a menina para o confinamento.

—Não. – Foi a resposta curta - Chega dessa crueldade absurda! Eu a cacei, eu vou levá-la.

—Você trabalha para mim!

Os dois estavam prestes a decidir entre duas possibilidades: 1- passarem o resto da noite discutindo até começarem a se matar ou 2- simplesmente se matarem. Porém, Mayta perdeu a paciência e antes que pudessem chegar a uma conclusão, abaixou e encostou seus dedos no chão.

Já fazia um tempo desde que Ícaro passara a dar comida a ela sem a maldita substância que a deixava fraca. Então, no lugar em que tocara, um caminho de gelo se formou até os sapatos do velho caçador que tomou um susto ao ver seus dois pés congelados. Estavam firmemente grudados ao solo.

—Vamos. - Declarou para Ícaro que, boquiaberto, começou a andar. Contudo, antes de saírem, virou para o velho caçador uma última vez. -Ah, e se o senhor gritar, congelarei sua boca. – Os olhos dela estavam incrivelmente cinzas. “Macabros”, pensou Ícaro. - Não desejava saber o que sei fazer? Reze ao seu Deus para que seus pés voltem ao normal e não tenham de ser amputados. Não esqueça: se vier atrás de mim, não terei pena de sua alma. Só está vivo porque respeito o que Ícaro sente por você.

O rapaz observou os olhos do chefe entrarem em pânico e encarou assustado a moça a sua frente. Mayta apenas sorriu.

—Vamos?

Finalmente cruzaram a porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Pássaro do Gelo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.