O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 35
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Atrasei um mês, mas tenho uma ótima desculpa: adoeci. Foi gripe atrás de gripe, depois quebrei o dedo do pé, e etc. Sério, foi um inicio de ano conturbado. Porém, sem mais delongas, o capítulo! Espero que gostem.
P.s: O que acharam da capa nova? Créditos para a Alíce Prince que fez a capa com muito carinho ♥



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Camila voltou da escola feliz (apesar de ter chorado com Safira o caminho quase inteiro) porque estava com a amiga. As duas mal entraram na casa e foram direto para a cozinha pois seus estômagos reclamavam que já era hora do almoço e ainda não tinham comido nada.

—Temos de tentar impedir a sua ida. Deve existir um jeito.

—Seria egoísmo com a minha mãe, Safira.

Elas almoçaram e seguiram para o quarto de Camila.

—Aqui, os capítulos. Vai encarar?

—Oh sim, achou mesmo que eu viria aqui por você? - Fez uma careta e revirou os olhos- É óbvio que vim apenas pela história.

Camila riu enquanto os entregava a Safira, que sentou na cama e começou a ler.

—Vai fazer isso agora?

—Você disse que não posso levar para casa, que a senhora sua mãe iria ficar irritada.

De fato, Camila dissera isso e, de fato, a mãe ficaria.

—Ah tudo bem. – Deitou ao lado da amiga e também retomou a leitura.

(...)

Os dois saíram apressados. Mayta sabia que apesar de suas ameaças o velho e o caçador iriam mandar os outros capangas atrás deles assim que conseguissem.

Ícaro segurou a mão dela e a arrastou para dentro de uma mata próxima. Ele conhecia os caminhos e sabia o que precisava fazer. Assim que alcançaram uma altura que julgou suficientemente segura, pediu para pararem por um instante.

—O que foi Ícaro? Eles devem estar se organizando para vir atrás de nós, não podemos ficar parando!

—Você precisa seguir a partir daqui sozinha.

—O quê? De onde tirou essa ideia? - Mayta o olhou assustada. Não sabia nada sobre o mundo humano, muito menos quais caminhos percorrer e aonde seria seguro, Ícaro não podia estar a abandonando agora.

— Eu vou encontrá-la mais tarde, mas preciso despistar os homens que vão estar em nosso encalço. E eles são caçadores: são bons no que fazem.

Ela o fitou, seus olhos pareciam desesperados.

—Mas para onde eu vou?

Ìcaro mexeu na sacola que carregava no ombro.

—Preparei um mapa, - a entregou um papel todo amassado - você vai seguir para onde esse x aponta.

—Um x, que clichê...- ela sorriu.

Ícaro revirou os olhos. - Preste atenção Mayta. Esse x marca a cabana que construí para mim, ela fica próxima a...

—Floresta das fênix.

Ele respirou.

—Sim, fica próxima a esse local, mas eu não posso vê-lo, tudo que vejo é uma planície, não sei se você consegue...

—Consigo sim

— Ótimo. Mesmo assim, ela fica no meio de uma clareira, próxima a um vilarejo humano. Meu chefe não sabe que existe. - Uma expressão melancólica tomou seu rosto- Foi uma casa construída pelo meu pai de verdade, para que um dia eu a usasse.

Mayta queria afastar aquelas sombras dos olhos dele, mas estava preocupada demais com o plano para se concentrar em consolá-lo. Contorceu os próprios lábios, aquilo tudo não parecia muito bem planejado.

—Não acha que ao lado de minha antiga casa é um local óbvio não?

Ele sorriu.

—  Penso ao contrário, pássaro. Como eu disse, ela fica dentro de uma clareira, que fica dentro de uma floresta que vem antes da planície. Como se fosse a sua floresta, uma parte dela que não foi encantada. Ele não vai a achar porque não vai pensar que estamos na floresta ao lado da sua antiga casa. - Ela o encarou nenhum pouco convencida- Eu vou fazê-lo tomar o caminho oposto ao nosso, e, se for até a planície, achará que estou tentando lhe devolver ao seu povo. Ele não faz ideia de que você foi banida.

—E se eles nos acharem, Ícaro?

O olhar do rapaz pareceu ficar mais escuro por um segundo.

—Meu ex-chefe não tem misericórdia com traidores. Morte rápida será sinal de clemência.- Mayta sentiu a garganta seca. –Então, se ele entrar lá, só há uma alternativa: ou nós o matamos ou ele nos mata.

Ela engoliu em seco e assentiu. Ícaro respirou fundo antes de enlaçá-la pela cintura e encostar suas testas.

—Vá voando, serão apenas dois dias de viagem e tente ser discreta: voe o mais alto que puder quando estiver sobre lugares abitados, para que fique difícil distinguirem a sua espécie, e baixo quando estiver em locai desabitados, para evitar que ao longe a enxerguem. Siga a rota que marquei no mapa, pois não há caçadores como nós nesse caminho, apenas dois vilarejos.

Mayta concordou, e pensou que precisaria parar em algum lugar para analisar aquele mapa direito e com calma.

— Como estará voando será mais rápido, quando a trouxemos demorou uma semana.

—Passei uma semana desmaiada? - Nunca imaginara que era capaz de dormir tanto.

Ele assentiu.   

— Nós a dopamos por todo o caminho, sempre que chegava perto de despertar, meu chefe lhe dava a droga. Mas isso é irrelevante, vá direto para lá e tente sobreviver sem chamar atenção. Você é um pássaro grande, pode carregar essa sacola? Tem mantimentos aqui.

—E você?

—Eu devo chegar daqui há um mês. Se quiser despistar de verdade os outros caçadores e sair com vida.

—Um mês? E como vai comer?

—Eu me viro- deu de ombros- estou mais preocupado com você.

Mayta revirou os olhos.

—Eu sei caçar e se a floresta é parecida com a que eu vivi conheço sua flora, pode deixar que sei me cuidar.

Ele assentiu, estava mais calmo agora que sabia que ela poderia ficar escondida em segurança, e começou a passar a mão pela face de Mayta.

—Isso é muito importante, minha querida, se eu não conseguir, você precisa aprender a se misturar aos humanos. A cabana é isolada, mas em algum momento precisará interagir com pessoas e tem de estar vestida. Não os deixem saber que é uma fênix, por mais gentis que pareçam.

Ela o encarou.

—Como assim não voltar?- Sentiu uma pressão no peito e um frio percorrer sua espinha. - Ícaro, isso não está certo. Me deixe ir com você, está arriscando seu pescoço por mim!

Ele deu um meio sorriso.

—Fui eu quem a capturei, fui eu a pessoa que a condenou a passar por tudo que tem passado, a culpa é minha. Minha vida é o mínimo para que eu possa compensar isso.

O coração de Mayta começou a bater descompassado, que tolice!

—Você não é como eles!

—Eu era exatamente como eles.

—Ícaro...

—Eu preciso fazer isso, Mayta, do contrário não vou me perdoar nunca.

Ela o abraçou, derrotada. Sabia que não poderia impedi-lo (a menos que o congelasse e daria muito trabalho carrega-lo pelo caminho inteiro sozinha).

—Está bem. Mas me encontre. Não se atreva a morrer.

Ele a beijou.

—Vá.

Ela ainda o agarrou pelo pescoço entrelaçando seus lábios mais uma vez antes de tirar as roupas, guarda-las na sacola e se transformar em fênix. Ícaro assistiu à transformação maravilhado. Ainda se espantava com o quão bonita era a ave negra.

A fênix do gelo o fitou uma última vez, fazendo uma prece a lua para que o encontrasse logo, abriu as asas e voou.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Estou me sentindo desestimulada ultimamente, então, se puderem comentar suas opiniões, ficarei grata. :)



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