O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 33
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

E esse chegou rápido!! O capítulo de novembro já está disponível!! Espero que gostem.



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Capítulo 31

Camila estava apaixonada pelo novo casal. No dia seguinte contaria tudo a Safira, cada detalhe. Olhou o relógio preocupada com a hora, mas, apesar de já estar ficando tarde, decidiu que leria, ao menos, um capítulo a mais. E ficou ainda mais decidida quando deu uma espiada e percebeu que Elvira estava de volta, o romance dela com Vougan continuava ameaçado e Camila queria muito saber se eles se acertariam ou não. Virou a página.

 (...)

Elvira estava entediada, olhando para o teto, deitada em uma rede que fora trançada pela avó, a Rainha só conseguia pensar que a vida ficara incrivelmente sem graça sem a presença de Vougan. Não que os dias não fossem agitados: eles eram até demais! Como Rainha precisava estar o tempo todo resolvendo as crises, que iam desde a escassez de comida na floresta (o inverno acabara de começar), até problemas políticos. As Damas, tinha sempre uma reclamação nova:

“Aqui na Vila precisamos de mais casas”

“Senhora, a última instrutora das crianças quer se aposentar, o que eu faço? ”

“ Minha Vila está com problemas por causa da última chuva...”

E por aí vai.

No final do dia sentia falta de Vougan dizendo que tudo daria certo.

Suspirou. Já não podia mais contar com ele. Ela escolhera assim e não se arrependia, como poderia? Ele não a amava, e ela não queria casar com alguém que não correspondesse aquele sentimento tão doloroso, mas bonito, que ainda habitava seu peito.

O sol começava a se pôr.

Andara saindo com aquele rapaz da outra Vila, o Artur, porém não demorou a chegar em uma conclusão simples: não rolava. É claro que ele lhe lembrava a infância e sim, com certeza, ela o achava charmoso e bonito desde a época em que o conhecera, ainda moça, mas ele não tinha algo. Faltava... não sabia dizer ao certo.

Um sorriso sarcástico talvez. Bem branco. ”  Os dentes do novo namorado eram amarelados, bonitos também, bem feitos. Mas a forma como os lábios se abriam em uma risada incomodavam a Rainha. Faltava alguma coisa! Os beijos também deixavam a desejar.

Começou a lembrar das últimas vezes em que saíram: as conversas despreocupadas, os risos fáceis, tudo agradável.... mas nada daquele encantamento que ansiava tão arduamente.

Durante o último encontro que tiveram e ele a beijou publicamente, Vougan apareceu no momento exato, presenciando a cena.

(...)

— O que pensa que está fazendo? - Ele dissera e ela o encarou confusa, mas sem remorso algum.

—Beijando, não está vendo?

Vougan ameaçou atacar Artur, os punhos estavam perigosamente fechados, mas a Rainha não permitiria que o ex-noivo encostasse em um fio de cabelo do novo companheiro.

—Pode se acalmar, Vougan. Eu não lhe devo mais nada.

—Não precisa me defender, querida! Eu posso lidar com esse principezinho metido. - Artur abriu um sorriso em desafio.

“Homens.”  Ela revirou os olhos.

—Não será preciso. – Olhou de um para o outro.- E isso é uma ordem.

Artur a encarava chateado, parecia desejar ardentemente dar um soco no rosto de Vougan que também indicava estar lutando contra seu autocontrole.

—Muito bem, eu não a desobedeceria, minha Rainha- O namorado a enlaçou pela cintura de forma provocativa -  ainda pretendo passar muitos anos a seu serviço. - Beijou-lhe de leve nos lábios.  Por instinto, Elvira procurou Vougan e percebeu uma mudança no semblante do rapaz.

Perigo.

O príncipe sorriu.

—Que pena para você: desobedecer a Elvira nunca foi um problema para mim.

A próxima coisa que a Rainha viu foi o companheiro atual estatelado no chão recebendo murros de Vougan.

“Ai meu Sol.” Pensou.

Logo três guardas que passavam próximo a ajudaram a separar os dois.  Vougan foi forçado a se afastar.

—Você não ficará com Elvira! - Gritou para o homem jogado no chão.

A resposta veio sem remorso.

—Eu estou com ele sim! Não estou mais com você, entenda isso, Vougan, e me deixe em paz!-   Elvira esperou ter deixado clara a sua posição.

As palavras pareciam ter marcado com fogo o rapaz que foi embora de cabeça baixa, resignado. Ele não falara com ela desde então, respeitando seu espaço. Outra coisa não, mas Vougan sempre a respeitara, as vontades dela, e Elvira ficara surpresa com seu descontrole. O príncipe parecia estar realmente envergonhado enquanto seguia para casa.

E foi nesse momento que a Rainha percebeu que queria ter ido com ele, mesmo achando a ação imatura e sinceramente, deselegante.

(...)

Então, ontem mesmo, após notar que não tinha sentimento nenhum por Artur ela terminou o que quer que tenham começado. Ele bem tentou insistir, mas Elvira disse, o mais gentil que pôde, que não aconteceria. Agora, deitada em um momento raro de ócio, pensava se não fora uma decisão precipitada. Talvez devesse ter tentado mais, talvez devesse ter se permitido...

Suspirou, fechando os olhos. A sensação era boa, o mundo parecia bem mais simples escondidos por trás das pálpebras. Queria ficar sem ver nada por um bom tempo.

Infelizmente, sabia que não podia.

 Logo o descanso deveria acabar e ela precisava falar com Aryana sobre uma nova professora para uma das Vilas do Leste. Chateada, espreguiçou-se e começou a se preparar para “acordar”.

 Quão grande foi o seu susto quando, ao abrir os olhos novamente, deu de cara com aquele sorriso perfeito: o meio sorriso de lado, o sorriso que a assombrava e que Artur não tinha. O sorriso que fazia Elvira pensar que ele sabia todos os pensamentos de todo mundo e ria deles internamente. O sorriso de Vougan.

—Olá, majestade, dormiu bem?

—Que susto! – Elvira levantou-se da rede apressada. - O que faz aqui, Vougan?

—Vim vê-la. O que mais?

A Rainha respirou fundo.

—Ah, sinto muito, mas tenho de sair tenho um compromisso com...- Ela já estava de costas arrumando os cabelos quando ele a interrompeu.

—Artur?

Elvira piscou.

—Não, na verdade eu tenho umas reuniões e...

— Preciso conversar com você.

—Mais tarde, Vougan, está bem? Mais tarde...- Ela virou para se transformar em pássaro, porém o rapaz segurou seu braço impedindo-a de continuar.

—Fique, por favor. - Seu toque foi gentil, era um pedido, sem exigências, e foi justamente esse cuidado que a fez dar meia volta e dar de cara com os olhos vermelhos.

—Por que eu deveria? Não já dissemos tudo um para o outro?

—Não, não dissemos.

—E o que falta, Vougan? O que falta? - Ele se aproximou dela, segurando-a pela cintura e encostou suas testas. Elvira fechou os olhos. Queria tanto ser beijada por ele que doía. Um lado seu gritava para se afastar, gritava para manter a distância segura, mas seus membros pareciam ter esquecido como era que se fazia para mover-se. Seu corpo sentia falta do dele.

Então ela fechou os olhos.

Vougan aproximou os lábios do dela, mas não os uniu, apenas os encostou de leve. Depois desceu para passear pelo seu pescoço, o beijando tentadoramente, o que a fez estremecer.

—Você disse tudo, mas eu não.

—Saia de perto de mim, Vougan- o pedido foi quase uma suplica.

—Não até eu dizer o que falta.

—E o que falta? O que falta? - Elvira estava se segurando para não explodir. Sua cabeça entrava em combustão. Ela não podia ceder a ele, não iria, não queria..., mas tudo era tão bom. Por que era tão bom? Por que?

Ele deslizou os lábios até o ouvido dela, com toque suaves, sentindo a pele contra a pele.

—Eu te amo.- Sussurrou.

Elvira abriu os olhos abruptamente.

—O-o- quê?

—Eu te amo. Muito. A amo como mulher, Elvira, é a única a quem amo assim.

Ela se afastou e colocou as mãos na cabeça em confusão.

—E por que está me dizendo isso agora? Por que, Vougan?

—Por que só agora pude escolher. Só agora consegui admitir o que eu sinto. - Tentou explicar ao vê-la sair de seus braços, deixando uma sensação de vazio na pele do príncipe.

— Não estou entendendo.- Elvira o fitava confusa. Ele tentou se aproximar, mas dessa vez a Rainha deu dois paços para trás- Me explique.

Vougan suspirou. Era agora ou nunca.

—Eu a amo. Desde que éramos pequenos, eu a amo muito. Sempre amei. Mas eu fui informado de que casaria com você. Você não era uma escolha, eu nunca pude dizer “ eu a amo e é por isso que casarei com ela. ” Não, sempre foi uma obrigação e isso me irritava. Muito. Por isso nunca disse que a amava: um lado meus queria ter essa escolha. A opção de escolher quem amo.

Elvira estava chocada.

—Mas a gente não escolhe quem ama.  

—Eu sei. Talvez por imaturidade, não pude ver que ele não era imposto. Que eu tive muita sorte...- Se aproximou e Elvira fechou os olhos- Muita, muita...- Mais um paço.- Muita sorte.

—De que? - Ela perguntou sem abrir os olhos.

Mãos puxaram sua cintura.

—De amar a mulher com quem vou casar.

O beijo aconteceu.

E os corpos puderam matar as saudades, entrelaçando-se na rede.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me digam o que acharam, preciso continuar me sentindo motivada a escrever e se uma pessoa ainda acompanha essa história, vale a pena continuar postando.



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