O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 31
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Então, eu tenho passado por um péssimo momento dentro da escrita e estou atolada de trabalho. Não os culpo se quiserem abandonar a leitura da fic, mas realmente não tenho estado muito bem e nem com tempo. A minha promessa de que vou terminar continua. Agora e sempre eu termino minhas histórias, mas quando isso vai acontecer é imprevisível. Acho que até o fim do ano que vem. Desculpem mesmo.



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Camila não queria parar de ler. Era tão mais fácil do que encarar a realidade. Porém, uma hora ou outra, ela precisaria interromper a fuga. Suspirou. Guardou os capítulos no guarda-roupa e foi tomar um banho. Quando saiu, seu celular piscava anunciando uma nova mensagem. Pensou duas vezes antes de conferir, não estava muito bem-humorada para conversar com ninguém, mas a luzinha piscando era tentação demais para a garota que estendeu a mão para agarrar o celular, descobrindo que a mensagem era de Bruno. O namorado queria encontra-la na praça perto da casa dele. 

Ela ia dizer que não. 

Porém, duas horas depois estavam sentados de mãos dadas em um banquinho. 

—O que houve Camila? Está tão séria. 

—Não é nada.- Desviou os olhos. 

—Tem algo sim. Me diz? Sinto que você quer me dizer. 

Sorriu. 

—Você é curioso demais. 

—Camila, é algo que está te incomodando, quero ajudar. 

Silêncio. 

—Tá bom. Mas você não pode contar para mais ninguém por enquanto, tá? 

—Prometo. – Ele disse colocando as mãos no peito em um juramento solene que a fez rir. 

—Vou me mudar. 

—O quê? Como assim se mudar? 

—Mudando uê. Como é que se muda? 

O garoto assumiu um semblante preocupado. 

—Para onde? 

—São Paulo. 

—São Paulo? Por que São Paulo? É muito longe! 

—Eu sei, mas a mamãe conseguiu ser transferida para uma universidade por lá. 

—Por que? 

—Porque sim. 

—Isso não explica nada. 

Camila não queria responder. As lágrimas já estavam prestes a cair, mais um pouquinho e cederia ao rio que queria escorrer pelo seu rosto. 

—Meu amor, por quê?- Perguntou baixinho. Ela não conseguiu segurar um soluço. 

—Por que meu pai morreu! Por que ela não suporta estar em uma casa que tem tantas lembranças, tantas histórias, Bruno, entendeu agora? - Pronto, aconteceu. As lágrimas estavam descendo convulsivamente. Se sentia mal por trata-lo de forma tão grosseira, mas não conseguia evitar. Estava tão cansada. 

Bruno não a condenou, nem questionou mais nada. Passou um braço em cima dos ombros da namorada e deixou ela chorar o quanto precisava. E Camila precisava muito. 
Eles se despediram com um beijo e com a promessa silenciosa de que falariam sobre aquilo depois. Em seus caminhos para casa ambos pensavam em como contornar a situação. Deveria existir algo que pudessem fazer para lidar com aquilo, não? 

Camila entrou em casa e foi direto para a cozinha, onde encontrou a mãe preparando arroz. Almoçaram juntas, mas nenhuma das duas fez menção de conversar. Após lavar os pratos, a menina se trancou no quarto e passou um bom tempo deitada na cama olhando para o teto. Nunca tinha reparado em como a pintura azul estava descascando. Por que nunca notara aquilo? Quantas coisas mais existiam dentro da casa em que crescera e ela não sabia? Olhou ao redor, mas, aparentemente, nenhum outro detalhe lhe chamou atenção.

Respirou fundo, fechando os olhos.

Em algum momento deve ter cochilado, pois quando voltou a abri-los a luz do sol já não entrava pela janela. Ligou o abajur, conseguindo enxergar novamente. O quarto parecia triste, mal iluminado. “Deprimente”, pensou.

Não demorou muito até se pegar encarando o armário. O móvel parecia lhe chamar, a convidando a encontrar as páginas preenchidas com a história das fênix e se esconder dentro delas.

É sempre tão mais fácil se esconder.

Quando percebeu, suas mãos já estavam no livro e ela iniciava um novo capítulo.

(...)

Elvira estava entediada. Depois de semanas saindo com o novo pretendente, o que no início fora muito intrigante e novo, agora parecia sem graça. Artur estava sentado na pedra ao lado dela, juntos observavam mais um nascer do sol. O rapaz parecia encantando com o fenômeno natural. Elvira achava lindo também, porém não se sentia tão empolgada. Estava mais para incomodada, mas não saberia dizer ao certo o porquê.

—É lindo, não acha majestade?

Ela deu um meio sorriso irritado.

—Pare de me chamar assim, estamos saindo já faz um tempo. Creio que não seja necessária tanta formalidade.

—Faço questão, afinal, você é nossa Rainha - a fitou nos olhos- E a mais bonita que já tivemos.

Elvira forçou um sorriso. Ela gostava de elogios, mas Artur parecia despejá-los a cada cinco segundos, deixando todo e qualquer momento meloso. A Rainha estava começando a ficar enjoada.

—Obrigada.

—Você é como essa manhã, Elvira.

—O quê? - Ela o encarou confusa.

—Sim, bela, e cheia de promessas.- Piscou como quem contava um segredo que deveria ficar entre os dois.

—Que tipo de promessas?

—Das mais variadas! Seus olhos me prometem aventuras e prazeres que nunca imaginei ou ousei sonhar.

Parou por um instante assimilando o que o namorado tinha dito.

—É isso que sou para você Artur? Uma aventura? – Declarou por fim, sorridente. Isso não a incomodaria nem um pouco, ele vinha sendo essa definição para ela também.

—Na verdade: não. Toda vez que a olho, majestade, penso que quero muito mais do que uma aventura com você.

A garota ficou tensa.

—O que quer dizer?

—Quero dizer que, quando chegar a hora, não hesitarei em tê-la em casamento.

Elvira riu alto.

—O que foi, majestade?

O corpo da moça dobrava-se de tanto rir.

—Só, só um instante-e-e- Ela tentava acalmar as risadas em quanto ele a fitava confuso. Elvira respirou fundo tentando adquirir a postura de volta.

—Artur, querido, você nunca vai me “ter”. Ninguém tem ninguém, muito menos a mim. Seus pais não o explicaram que estamos em uma sociedade relativamente igualitária? Somos livres. Ninguém é de ninguém.

—Sim, mas...

—Na verdade, somos nós, fêmeas, que governamos essa floresta. E nós quem pedimos a vocês, machos, em casamento. Logo, a última coisa que você terá é a mim.

—Perdão, eu não quis dizer...

Ela esticou um dedo o interrompendo.

—Segundo: é hilário você falar de casamento comigo. Eu que acabei de sair de um noivado que durou anos.- Deu mais uma risada- Tudo que não quero agora é compromisso.

O rapaz assumiu um semblante sério.

—Então eu vou esperar.

—O quê? - Foi a vez dela o encarar confusa.

—Vou esperar que esteja pronta para se comprometer novamente. Por que, majestade, esses seus olhos me encantaram há muitos anos e se eu já os esperei até hoje, posso esperar mais.

“Meloso”. Ela deu um suspiro de tédio que o namorado interpretou erroneamente como sinal positivo, se inclinando para beijá-la.

O tocar de lábios, inicialmente lento, se aprofundou. Elvira fechou os olhos e procurou sentir o momento. Infelizmente, seu cérebro trabalhava com intensidade, a impedindo de se entregar ao ato. Verdade fosse dita: ela nunca parava de pensar. Porém, os beijos de Vougan, ao menos, a faziam refletir sobre o quanto gostava dele e o quanto queria mais beijos.

O beijo de Artur fazia justamente o contrário, ela analisava cada toque: muita baba, língua fora do lugar em que deveria estar, lábios muito abertos...  por que ele parecia gostar tanto?

As vezes Elvira achava que exagerava. O rapaz beijava relativamente bem, mas ela não conseguia ter nenhuma opinião que não fosse classifica-lo como ruim.

 Parecia errado.

Eles se afastaram.

—Podemos ir comer algo, majestade?

—Sim,- suspirou irritada- claro.

E, enquanto ele se transformava, ela encarou uma última vez a manhã que chegava.

“Tudo parece errado”.

E voou.


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Notas finais do capítulo

Se vocês comentarem é mais fácil de eu me animar e escrever mais rápido. kkkk Bjs



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