O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 18
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Eu DESISTO, sério, não posso cumprir prazos, não consigo. Não se quiser fazer isso bem feito. Então não darei mais previsões de postagem. Não as cumpro e fico me sentindo péssima. Só posso pedir que me perdoem e fiquem de olho nas atualizações, pois não pretendo parar a fic. Quero acaba-la e vou.
Obrigada pela paciência de vocês.
No mais, espero que gostem do capítulo.



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Camila não conseguia parar de ler.

Ela abriu os olhos. Fora apenas um sonho.

Elvira demorou um segundo para entender onde estava. Assimilar que aquelas paredes pertenciam a sua casa, que descansava em uma cama confortável, reconhecer os braços que lhe rodeavam a cintura. Vougan ainda dormia serenamente ao seu lado.

“O que aconteceu mais cedo?”

As memórias voltaram em enxurradas. A Rainha morreu. Sua mãe morreu. Lágrimas começaram a brotar. A culpada era Mayta, mesmo que indiretamente... E ela pagaria por isso.

Lembrou-se do sonho. Como ela poderia, mesmo em sonho, libertar a prima? Ou dá-la a chance de fugir?

Virou-se para fitar o rosto adormecido de Vougan. “Tão lindo”. Pensou. No sonho dera uma chance a Mayta por culpa dele, por ele. Mas (pelo sol!) ela não poderia deixar que a assassina de seu povo, de sua mãe, saísse impune. Nem mesmo por amor. Ah e como Elvira amava aquele homem. Quando ainda era pequena e lhe disseram que os dois teriam de casar, entrara em pânico. Na época ainda não gostava dele dessa forma. Vougan era um chato que á irritava o dia todo, o único que tinha coragem de peita-la em tudo, até nas aulas de guerra. Contudo, quando cresceram um pouco mais, de alguma forma, aquilo surgiu.

Elvira pensava que era o sorriso. Aquele sorriso metido. Em algum momento da história ela deu inicio ao sentimento sem sequer dar-se conta dele.

–Elvira? – O rapaz abriu os olhos devagar enquanto puxava a moça para estreita-la ao seu corpo. Aquele corpo esguio e forte ao mesmo tempo. Elvira estremeceu e se aconchegou nele escondendo os olhos cobertos de lágrimas.

–Olá, Vougan.

–Ainda está chorando?

–Não consigo parar. Na verdade, não consigo aceitar que ela se foi.

Ele suspirou.

–Eu também não.

Os dois ficaram assim, sem falar mais nada, apenas deixando os dedos passearem pelos rostos um do outro. Como se aquele toque simples pudesse aliviar a dor da perda.

Ele a beijou.

Inicialmente de forma delicada, mas aos poucos foi se aprofundando, as mãos passeando... Logo Vougan estava sobre ela. Os corpos, sempre nus, já demonstravam a excitação. A tensão.

Foi quando ele pediu.

–Elvira, liberte Mayta.

–O.. O quê?- Ela gemeu enquanto ele beijava seu pescoço.

–Liberte a nossa prima.

Então ela parou. Foi como se água fria tivesse sido derramada no corpo da jovem. Empurrou Vougan e esse caiu de costas ao seu lado com a ereção ainda evidente.

–O que foi, El?

Ela bufou.

–Isso é coisa que se peça?- Olhou para ele desesperada, as lágrimas voltando incontrolavelmente- Principalmente durante o sexo. Muito bem, Vougan! Boa estratégia. Tentar usar sexo para me amaciar,- riu- mas não vai conseguir! Aliás, a sua falta de delicadeza com a minha dor é... Horrível. Nossa mãe morreu e você quer que eu liberte a pessoa culpada por essa morte?

–Ela não é culpada pela morte de mamãe, tenho certeza. Ao menos a escute.

–Como pode ter tanta certeza?

–Eu a conheço.

Elvira sorriu com ironia.

–Claro. Você a conhece muito bem.

–O que quer dizer com isso?

Ele se virou a encarando e ela sentou na beira da cama enxergando apenas o chão.

–Ah Vougan, seus sentimentos para com aquela praga estão sempre evidentes.

Ele suspirou cansado.

–Eu vou casar com você. Pare de se sentir ameaçada! Eu sou seu, Elvira.

Ela se virou o fitando nos olhos. E ele viu o desespero no rosto de sua futura mulher.

–Mas o seu amor pertence a ela.- Sussurrou.- Eu estou sozinha.

Ele a abraçou por trás e ela se recriminou por permitir que ele a embalasse. Aos poucos o choro foi cessando e Vougan depositou vários beijos em sua testa e rosto.

–Nunca vou lhe deixar, esquentada, nunca. Eu sou seu. Amo Mayta, já lhe expliquei isso, mas ela não tem nada a ver com nós dois. Você me terá pela eternidade se esse for o seu desejo.

–Por que, Vougan?

–Porque o quê?

–Por que é tão fácil dizer que ama Mayta, mas é impossível para você dizer que me ama?

–Uma mulher tão segura para quase todas as coisas da vida e tão insegura para outras...- Sorriu.

–Você não me respondeu.

De repente a expressão dele se fechou. Ficou séria, intensa.

–Errado, eu já lhe respondi! Eu respondo todos os dias.- Suspirou- E vou lhe responder de novo.

Ele beijou-a. Primeiro ternamente, depois de forma exigente. Elvira subiu em cima do rapaz com raiva. Vougan não respondera a sua pergunta, a única coisa que deixara claro era seu desejo pela nova Rainha. Com raiva e fogo ela resolveu unir os dois tentando aplacar a dor que sentia. Jogou o príncipe na cama e passou a conduzir aquela dança cheia de sentimentos contraditórios. Se alguém muito xereta resolvesse assistir aos dois não saberia dizer se estavam se amando ou torturando. Arranhões, puxões de cabelos e gemidos. Vougan tentava abrandar a raiva contida e a dor de Elvira, essa depositava tudo no ato sexual. A dança de corpos violentos durou o resto da noite.

No dia seguinte uma das moradoras da Vila bateu na porta e Vougan, ainda enrolado com sua noiva entre os lençóis, levantou-se e foi ver quem era. Quando retornou ao quarto Elvira já estava de pé observando a paisagem pela janela.

–Elvira...

–Eu sei. Elas chegaram, não é?

–Sim, mas... - Ele respirou fundo- Trouxeram quase toda a população de nossa raça.

–Eu já previa isso.

–Elas vão querer a cabeça de Mayta.

–Eu sei.

–Não vai fazer nada? Ela não é culpada, El, sabe disso.

Silêncio.

– Existem provas sobre isso?- A mulher fitava o horizonte, com os olhos perdidos no nada.

–Não.

–Então ela é culpada. A menos que você me prove que estou errada. E, mesmo assim, ela ainda teria cometido o erro que trouxe os humanos ao esconderijo.

–Sim, mas...

– Vougan – Elvira se virou para ele- minha mãe morreu por causa dela. Por causa de um descuido dela. Eu a odeio. – Ele ia protestar, porém a Rainha foi mais rápida- Entretanto, me prove que não foi ela a matar nossa mãe, prove isso e abrandarei a pena. Não será morte, mas talvez um exílio entre os humanos. É a única coisa que poderia fazer.

–Viver entre os humanos é pior que morrer.

–Tem certeza?

Silêncio.

–Foi uma flecha humana que matou nossa mãe. Mayta não carregava arco.

Elvira pensou.

–Sim, mas isso não prova nada. Ela atraiu os humanos, quero saber se foi proposital ou apenas um descuido. Descubra isso e poderemos decidir o destino de nossa prima.

–Não achei que você daria uma chance a ela.

–Eu não daria... Estou com muito ódio. - Fechou os olhos. - Mas lembrei de algo que mamãe repetia sempre.

–O quê?

–Mayta é da família. - Abriu os olhos com uma expressão opaca em sua feição, uma expressão que assustou e intrigou o príncipe- E família vem sempre em primeiro lugar.

Vougan assentiu concordando. Com um leve “até logo” e um beijinho nos lábios quentes de Elvira. Ele seguiu até a porta transformando-se em pássaro e saindo da casa de seus pais. Iria salvar sua prima da forca. Sim, iria...

Elvira voltou a olhar a paisagem sendo iluminada pelo dia recém-nascido em sua janela. Logo teria de encontrar as Damas e fazer um discurso. Ainda achava que Mayta era a culpada de tudo e que Vougan não iria encontra as tais provas. Mas se o fizesse... Sim, ela abrandaria a pena. Pois Mayta ainda era da família e sua mãe faria o mesmo. Ela faria o mesmo.

–Você faria o mesmo, não é dona Almira? Faria isso, certo?- E fitou os primeiros raios de sol esperando a resposta que não viria.


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Notas finais do capítulo

E aí? Comentem, por favor, sei que não mereço, mas é uma das razões que me motivam a continuar essa história.

Bjs



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