O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 16
Extra de Natal e Ano Novo


Notas iniciais do capítulo

Oi, então, eu estava viajando, não tive como escrever! Desculpem!!! Não desistam de mim!!!!!!
Ainda não vou dar Mayta a vocês, hoje resolvi postar uma parte "aparte" da história original. Quem ai lembra de Sabrina a amiga de Mayta que foi levada? Querem saber o que aconteceu com ela?
Pois bem, eu descobri nessa viajem o que a coitada teve de passar. É só uma histórinha, espero que gostem, se quiserem o final desse "extra" peçam nos comentários, do contrário termina desse modo mesmo, até porque meu foco não é Sabrina e não sei se ela um dia reencontrará Mayta...

Aproveitem!



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Sabrina fora capturada. Chorava baixinho na gaiola esperando que tudo não passasse de um grande pesadelo do qual iria acordar a qualquer instante. Mas, infelizmente, aquilo era sua nova realidade.

Passou nove dias viajando dentro de sua gaiola em uma carroça de madeira. No décimo dia, porém foi levada a um casebre feito de pedras. Era uma casa rustica, nenhum pouco grande, com um quarto e uma cozinha/sala. Atrás dela tinha uma espécie de celeiro, porém com grades em todas as janelas. Ali Sabrina ficou presa por seis anos. Todos os dias o caçador que a havia capturado entrava naquele celeiro, colocava comida em sua gaiola enferrujada e apertada. Esse era o único contato com alguém que a pobre ave tinha.

Até a chegada dele.

Sabrina estava com dezoito anos quando Luan chegou. Fora capturado durante a “noite maldita” como a garota gostava de lembrar. Passaram três dias apenas se olhando, cada um de sua respectiva gaiola, não falavam nada um com o outro, pois não tinham laços fortes que gerassem uma comunicação mental.

Foi quando o maldito caçador apareceu. Sabrina nunca soube seu nome e nem queria saber. Para ela ele era conhecido como o “monstro” e assim o chamaria pelo resto da vida.

Nesse dia, além da comida, ele trouxe um tipo de erva com ele. Erva que a garota reconheceu assim que pôs os olhos. E tremeu.

O maldito enfiou aquela porcaria pelo bico dela, a forçando a abrir a boca por completo e em seguida fez Luan engolir o resto. Abriu as gaiolas, mas trancou o celeiro por fora.

Ela saiu de seu cativeiro, sentindo náuseas e seu corpo começou a queimar. Muito. Para uma fênix “queimar” nunca foi um problema, apenas se tivesse ingerido aquela droga.

A dor foi terrível. Ela gritou, piou e por fim transformou-se.

Há seis anos não entrava em sua forma humana, por não ter escolha, agora não tivera como escapar da transformação forçada pela maldita erva. Seus poderes não funcionariam por 24h e ela se sentiria fraca e submissa por esse mesmo tempo. Poderia voltar a forma de pássaro, o único poder que mantinha. Mas preferiu a humana, como pássaro era ainda mais indefesa. Abriu os olhos.

Seu corpo pesava, mas tentou se levantar. Pela janela gradeada o caçador jogou trapos que chamou de roupas e mandou que tanto ela quanto o rapaz (também fraco e transformado) vestissem. Odiavam roupas, mas não queriam arriscar irritar ao carcereiro.

Depois o homem se foi.

–Olá.

–Oi.

Ela não queria muito papo e passou mais três dias só olhando-o, sem conversarem. Estava desconfiada, não sabia qual o interesse do monstro em mantê-los presos em um celeiro.

Todos os dias a comida chegava e dentro dela havia mais ervas. Se não comessem morreriam de fome, além de tere medo de serem forçados a entrar em sua forma de pássaro novamente, forma da qual não escapariam. Pois já estavam presos no celeiro. Então comiam, passavam mal e continuavam sem poder algum.

Na manhã do quarto dia, Sabrina já não aguentava mais não falar nada então começou a conversar com o rapaz.

Ela perguntou a ele sobre como andava sua “casa” e descobriu que o menino não era uma fênix da Vila de Almira, era, na verdade, um dos do norte e fora capturado em batalha. Luan e Sabrina ficaram amigos naquele dia.

A partir daí a vida ficou mais agradável. Eles conversavam, faziam jogos e até sorriam. Vez por outra se transformavam em pássaros, mas sempre voltavam a forma humana forçados pela erva.

Nas noites muito frias, por estarem sem poderes, Sabrina tremia convulsivamente e por mais que Luan também sentisse frio, sempre abraçava-a tentando assim sobreviver junto a ela.

Em um dia quente os dois perceberam que se olhavam de forma diferente. Ela passou a reparar mais na barba macia e na pele escura dele, assim como os pequenos músculos em seu abdome. Também notou que começaram a ficar abraçados em vários momentos não apenas durante as noites frias. As quentes também eram permeadas de abraços e até pequenos beijos em sua face ou brincadeiras em seus cabelos.

Ele passou a notar que os longos cabelos ruivos e a pele quase dourada da mulher o deixavam louco, que o cheiro dela era incrivelmente bom e que passar o dia a escutando fazia da sua vida atual algo tolerável e até aconchegante.

Os dois enrubesceram e naquele instante ele a beijou. Não demorou muito para que as roupas voassem pelo celeiro e os dois, deitados no feno, consumassem aquilo que já estava escrito para acontecer.

A partir de então não pararam mais. Se amavam todas as noites e seguravam-se um ao outro, pois eram tudo o que tinham.

Dois meses depois, Sabrina deu-se conta que esperava um bebê. O pânico tomou conta dela, que correu para Luan desesperada quando entendeu que, de fato, estava gravida.

Ele culpou-se por ser tão burro ( ela também, mas preferiu não verbalizar) sabiam que existia aquela possibilidade e mesmo assim arriscaram, não uma, mas várias vezes.

Sabrina chorou o resto do dia nos braços do marido. Sim, marido, pois em suas almas sentiam que eram casados.

A garota passou a ser melhor alimentada. Luan a planejar um modo de fugir.

Nove meses se passaram, Sabrina estava a alguns dias de dar à luz. O jantar chegou e ela percebeu havia uma erva diferente no prato de Luan. Ele a olhou preocupado. Aquela erva o forçaria a virar pássaro.

–Se eu virar pássaro ficarei nessa forma... Por que ele quer isso, após tanto tempo nos permitindo ficar nas duas formas?

–Eu não sei.

–Devo comer, Sabrina?

–Se você não comer terá seus poderes de volta. Talvez possamos escapar...

– Mas assim que meus poderes voltarem também sentirei necessidade de me transformar em pássaro ao menos uma vez. Você sabe como funciona.

–Tente, Luan, por favor...

Ele não comeu a erva.

Durante a noite os dois cochilaram, os poderes de Luan ainda não tinham voltado mas logo, logo voltariam.

Ele abriu os olhos e transformou-se em ave. Por puro instinto , pois assim que sentiu-se bem, precisava entrar em sua forma de pássaro. Não conseguiu lutar contra.

Erro grave.

Assim que o fez o caçador entrou no celeiro e lançou uma rede em cima do rapaz. Preso, não poderia voltar a forma humana.

Sabrina acordou assustada e viu o pássaro tentando lutar em vão contra a armadilha. Assistiu o monstro o levar embora. Nada pode fazer (tinha os pés acorrentados) além de gritar e chorar.

No dia seguinte o bebê nasceu. Um parto difícil que Sabrina fez sozinha. Assim que pegou o pequeno nos braços sentiu-se mais viva e feliz. Tinha alguém por quem viver.

Felicidade que durou pouco, pois o maldito caçador voltou e tirou o bebê a força dos braços da mãe fraca, que ainda tentou lutar em vão.

Ela assistiu novamente a pessoa mais querida de sua vida sendo roubada de si.

E entendeu.

Tudo que aquele monstro queria era o seu bebê. Luan fora posto ali para “reproduzir” com ela.

O ódio a consumiu aos poucos. Ódio pelos humanos, ódio de si mesma por se deixar manipular e ódio por ter perdido os dois amores de sua vida. Seu filho e seu marido.

Ficou, então, quieta. Por vários dias pareceu uma estátua, por várias noites chorou desconsoladamente. Mas ficaria viva, continuaria sobrevivendo.

Um ano depois foi vendida para uma família que a mantinha em forma de pássaro. Só queriam as suas lágrimas. Sabrina passava suas horas a arquitetar planos. Formas de fugir.

Prometera a ela mesma que um dia conseguiria, e assim que o fizesse seguiria em busca de seu filho, acharia Luan e voltariam a floresta. Sim, ela prometeu tudo isso. Mas tinha de fazer algo mais antes. Algo crucial, algo que não poderia deixar de realizar do contrário ainda sentiria-se vazia.

Ela mataria o caçador. Ela carbonizaria o monstro.

Só então teria paz, só então poderia ir para casa.

Os olhos vermelhos queimaram.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Mayta e Camila voltam no fim de semana que vem!

Bjinhos



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