O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente: Obrigada Aras por sua recomendação!!!! Você é maravilhosa!!!

Segundamente: Esse fim de semana só terá esse capítulo, estou cheia de coisas para fazer e com toda a preguiça do mundo.
Por favor gente, se você lê essa história e quer me incentivar a continuar a escrever comente.
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Bom, de resto, aproveitem o capítulo.



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Capítulo 14

Camila não aceitou a notícia. E quem aceitaria? Assim que a mãe falou a palavra “morte” seu coração acelerou, mas ao juntar a mesma palavra e formar uma sentença com a outra: “pai” e o nome do seu pai... O mesmo coração pulsante parou. Como em uma freada brusca.

Ficou estática por um instante enquanto a mais velha tentava segurar o choro em vão.

Logo a filha a acompanhou com as lagrimas tão tristes quanto. No dia seguinte foi a vez da mãe parecer ter falecido mentalmente. Tinha ido reconhecer o corpo, oficializar o inevitável, embora já possuísse a certeza da morte do marido pela placa do carro. Chegou em casa e sentou-se no sofá da sala, não movendo um musculo. Parecia uma estátua de marfim, aliás uma estátua aparentaria ter mais vida do que aquela mulher.

Camila foi quem recebeu os presentes intactos. Entregou o caderno a mãe que apenas suspirou e voltou a olhar para um canto fixo da parede. Correu para o quarto, pegou seu livro e abriu a primeira página.

“Para minha Camila, a garota mais incrível, bonita e inteligente do mundo e que eu tive o prazer de chamar de filha. Esse livro é para lembra-la de que o importante é acreditar. Estarei sempre com você, meu amor.

Bjs

Lucas ou como você gosta de chamar: papai “

Foi o suficiente para novas lágrimas inundarem o rosto da menina. Gritos vieram da sala. Liriam lera a dedicatória no caderno. Chamou pelo companheiro que jamais voltaria.

Camila tapou as orelhas e fechou os olhos. Lembrou da dedicatória no caderno de sua mãe, ela a havia lido antes de entregar.

“Liriam, esse caderno é meu presente para que você crie novos mundos e realize seus sonhos, fora isso palavras não bastariam para expressar o que sinto, o beijo que levo resumirá tudo. Te amo querida.”

A menina acabou por dormir no chão frio ao som do desespero vindo da sala.

No velório tanto família quanto amigos estavam todos lá. Safira e Bruno não saíram do lado dela nenhum minuto.

Mãe e filha ficaram em silêncio.

Chegando em casa a mãe sentou-se novamente no sofá fitando um ponto fixo na parede. A menina se trancou no quarto.

Durante uma semana nenhuma das duas voltou a escola ou ao trabalho. Só se encontravam durante as refeições o resto do tempo permaneciam separadas. A mãe em seu estado de inércia no sofá e a filha trancada no quarto, lendo o livro que seu pai deixara ou dormindo. Dormir amenizava a dor.

As pessoas ligavam, mas as mulheres não atendiam. As pessoas visitavam, mas elas não abriam a porta. Só sabiam que estavam vivas porque a mais nova vez ou outra dizia a Bruno pelo whatsapp que estava bem e ele avisava aos outros.

Foi na sexta-feira que Camila finalmente reagiu. Olhou para a cabeceira da cama e viu o capítulo não lido, deixado ali por sua mãe no dia fatídico. Ela tinha terminado de ler o primeiro livro de “Dragões de Éter”. Ele lhe dera forças e fé o suficiente para sentir que podia seguir...

Agora queria muito o segundo livro, mas ao reparar o capítulo esquecido resolveu lê-lo primeiro. Veio a lembrança de todos os outros e do quanto estava amando aquela história antes de...

Iniciou a leitura.

Quando o sol já estava no alto os outros chegaram. O grito de Elvira ao compreender que aquelas eram as cinzas da mãe foi terrível. Vougan ajoelhou-se com o rosto entre as mãos tentando em vão não chorar pela mulher que lhe dera a vida.

Aos poucos as pessoas da Vila apareceram. O que antes deviam ser em torno de 300 pessoas agora só haviam 150. Mesmo que os humanos tivessem estado em um grupo bem menor, a surpresa e as armadilhas dificultaram a luta, assim como o fato de em dado momento terem destruído a caverna soterrando metade da população no ato.

O desespero, já presente por causa do ataque e das perdas, se intensificou ao constatarem a morte da rainha.

Foi então que alguém gritou.

–Foi ela. É tudo culpa dessa fênix maldita, esse pássaro do inferno!

Mayta, antes quieta ao lado de Breno que parecia tão morto quanto sua mulher e não parava de olhar para os restos dela no chão, fitou a multidão.

Estava séria e seu olhar congelado.

– A culpa é dessa menina. – A mãe de Sofia gritou.- Todos a vimos do lado de fora da maldita caverna. Ela saiu de novo. Essa, essa, praga! Ela trouxe os humanos é tudo culpa dela.

Sussurros: “ela estava do lado de fora?”, “você viu isso?”, “Eu vi, ela e um garoto”.

Mayta permaneceu calada, porém manteve a postura. Sentia-se horrível, muito, afinal fora culpa dela, ela tinha saído ela fora enganada e agora...

–Parem de falar assim, ela é sua princesa, não merece esse ódio sem razão de vocês, ela... – Alana protestava, mas foi interrompida bruscamente.

–Silêncio.- Elvira que antes estivera quieta abraçada a Vougan agora virava-se para a multidão enfurecida e para a tia preocupada.

–Tia, ela matou minha mãe. Pode não ter levantado uma arma contra nossa Rainha, mas ela trouxe aqueles humanos podres, foi contra a ordem geral, que todos conhecemos. Mayta você tem um minuto para se explicar antes que eu mesma finde a sua vida na frente do meu povo.

Todos silenciaram. Mesmo Vougan nada disso. Estava dividido e confuso demais.

Mayta respirou fundo.

–Foi minha culpa. Porém, nenhum pouco intencional. Eu saí da caverna sim, mas para ajudar uma velha, um menino veio até mim desesperado pedindo ajuda. Eu apenas desejei ajudar, eu...

–E por que o garoto não foi até um guerreiro? – Falou com desdém a mãe de sua antiga amiga- Por que um garoto pediria ajuda a você? Uma praga?

–Ele disse que queria me dar uma chance de mostrar a vocês que posso ser boa... Que não sou uma maldição, que...

–Já chega.- Elvira olhou para o pai- Pelo visto você só provou o contrário. Pai, senhor, o que aconteceu?

Breno olhou para os filhos e a sobrinha pela primeira vez desde que chegara ali. Depois fitou o chão, entre as cinzas uma pena dourada se destacava, uma pena que sobrevivera as chamas. Muito raros eram os pássaros que ao morrerem em sua forma humana deixavam alguma pena, um rastro de sua natureza como animal. Almira fora rara o suficiente.

O consorte pegou a pena com todo o cuidado do mundo, levantou-se sem dizer uma palavra, transformando-se em pássaro e voando para longe.

–Pai! - Vougan ainda chamou e fez menção de ir atrás, mas Elvira o impediu.

–Não. Ele não consegue falar agora. Deixe-o.

–Foi uma armadilha. Tinha essa idosa. Sua mãe parecia conhecê-la... Eu acho que ela denunciou nosso esconderijo.

–Eu disse: já chega. De você, Mayta, não quero mais nada. Não acredito em uma palavra sua e a renego como minha família. Sua história é inconsistente. Você desobedeceu a única ordem da noite da caçada. Saiu e chamou a atenção, trouxe os caçadores. Você causou a morte do meu povo, de minha mãe. Por mim você pode morrer.- As últimas palavras foram ditas com uma raiva cega.- Guardas, levem-na daqui, quero-a presa nas cavernas do silêncio, deem-na a erva...- Elvira parecia estar cheia de ódio. Uma aura dourada com vermelho rodeava seu corpo, seus longos cabelos, que com o tempo tinham ganhado cachos nas pontas, pareciam arrepiar-se.

–Elvira, a erva, não é necessária... – Marlon pediu olhando em desespero para a filha.

–Cale-se tio. Eu decido o que é necessário.

Mayta pensou em lutar, mas desistiu. Um lado dela achava que aquilo era pouco. A culpa era dela. Deixou-se ser arrastada pelos guardas.

–Elvira, eu acredito em Mayta. – Vougan finalmente tomara partido.

–Você sempre acredita. Mas a Rainha sou eu.- Virou-se para a Vila e fitou o povo com os seus próprios olhos vermelhos queimando. Olhos de filha que perdeu a mãe de forma violenta. Uma parte do povo parecia satisfeita com a decisão da nova Rainha, aquela praga causara a morte de várias famílias durante a noite anterior. Mas a outra, estranhamente, não. Tinham olhares de pena direcionadas ao pássaro do gelo e até de revolta pela decisão de Elvira.

Uma delas foi Aryana.

–Senhora, não compactuo com sua decisão.- Vários murmurinhos de concordância com anciã foram emitidos.

–Amanhã haverá um julgamento, Aryana. Nada será feito sem a opinião delas.

–Delas? - Perguntou alguém na multidão.

–As damas. Logo estarão aqui.- Respondeu Vougan.

–Todos vocês, voltem a Vila e reconstruam suas vidas. Rezem ao sol pelos que se foram essa noite. – A nova Rainha estava prestes a sair quando lembrou – Ah e encontrem aquele pivete. Caso ele realmente exista tem muitas explicações para dar. Se Mayta for condenada ele também será.

Voou para longe e Vougan a seguiu.

Mayta apenas aceitou seu destino e rezou a lua por sua vida.

Todos retornaram para suas casas.

O menino jamais foi encontrado. Suas cinzas foram jogadas em uma pequena fonte por uma senhora de muita idade. Uma senhora que sorria ao saber que seu plano estava indo muito bem.


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Notas finais do capítulo

E ai? Comentários....
Bjinhos



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