O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Bom, não teve recomendação nova. Fiquei triste, mas fazer o quê? Escrevi o novo capítulo para vocês, mas esse está um tantinho diferente...
Quero opiniões, por favor!!

Espero que gostem...



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Capítulo 13

Enfim o dia do encontro chegou. Camila acordou cedo, na realidade não dormiu direito depois da adrenalina provocada pela leitura e a ansiedade para o encontro. Durante a escola só conseguia fitar o relógio de Safira rezando para que as horas passassem mais rápidas. De vez em quando trocava olhares com Bruno que a observava de longe. Quem o olhasse sem bastante atenção acharia que o garoto estava calmo, normal. Porém Camila notou sua perna que não parava de balançar demonstrando uma certa impaciência.

Sorriu. Não era a única afinal...

Agora estava em casa já com a roupa escolhida por Safira (a amiga jamais a deixaria usar aquela blusa folgada que Camila tanto amava, não, ela tinha de insistir que a calça jeans ficaria melhor com a blusa lilá que deixava as costas nuas...).

–Você tem certeza Safira?

–Sim, claro, por favor pare de me perguntar isso!

–Mas é que...

–Ah Camila, sério, se você não parar eu vou embora daqui e lhe deixo sozinha com seus pensamentos inseguros até a hora do encontro.

–Aff

As duas discutiram mais um pouco sobre outros detalhes que aos homens passam despercebidos quando separados, porém em conjunto chamam bastante atenção.

Logo o tempo passou e finalmente chegou a hora.

Camila pegou o ônibus e em todo o caminho seus pensamentos dividiam-se entre o nervosismo e o capítulo que leria essa noite. Não tinha superado a morte de Almira e para ela aquilo foi completamente desnecessário. Tinha discutido com sua mãe sobre o assunto, mas a mais velha insistiu no rumo que a história estava tomando. Á Camila só sobrou aceitar. Também contou a mais velha sobre o sonho que teve na noite anterior, narrou com estranha precisão, pois raramente tinha sonhos tão nítidos quanto aquele último.

A mãe entusiasmou-se tanto que transcreveu o sonho da filha criando um outro capítulo.

O ônibus estava lento, as ruas de Recife viviam engarrafadas, principalmente em Boa Viagem...

Após uma hora chegou ao shopping e não tardou a seguir para o local combinado: a frente do cinema.

Os longos cabelos castanhos de Camila, sempre presos em um rabo de cavalo, hoje assumiam um novo penteado, um coque que a prima ensinara a fazer.

Parecia que o coração iria sair pela boca. Principalmente quando ele apareceu.

–Oi Camila.

Bruno estava com sua habitual calça jeans e uma camisa simples, o cabelo preto molhado, levemente desarrumado, conferiam ao rapaz um certo charme. Seus olhos igualmente pretos pareceram sorrir para ela.

–Oi Bruno.

–Vamos ver qual filme?

–Você me convidou... Não tinha nada planejado?

Ele parecia nervoso. Como quem tentava esconder, mas não conseguia.

–Na verdade tudo isso é só um pretexto você sabe...

Camila sorriu brevemente. Resolveu fazer-se de desentendida.

–Pretexto? Pretexto para o quê?

E o garoto calou-se por um pequeno instante. Então, em um súbito rompante, antes que perdesse a coragem, ele a beijou.

Um beijo rápido, doce. Camila pode sentir o hálito de pasta de dente. Seu coração parecia que ia saltar do peito, as pernas bambearam. Estava feliz. Muito feliz.

–Para isso.- Ele sussurrou a soltando.

Ela o fitou por um instante, sem falar nada.

–O que foi? Não gostou? Ai desculpa eu...

–Cala a boca, Bruno! Não estraga. Foi ótimo.

–Foi?

–Foi... Mas por que você tá em dúvida? Não foi ótimo para você? Ai meu Deus, eu não beijei direito? - Camila começou a surtar de nervoso.

–Não, calma, quer dizer, sim você beijou!

Ele parecia tão nervoso quanto ela. A garota suspirou e sorriu. Por fim, pegou a mão do rapaz ao mesmo tempo em que perguntava: Então, vamos escolher o filme?

Ela queria ver um romance, ele um filme de ação. Acabaram assistindo um de aventura. Quando a cessão terminou os dois foram lanchar. Passaram horas conversando.

Bruno estava imensamente feliz, finalmente ele e Camila pareciam caminhar para algum lugar. Sempre fora apaixonado pela garota... Ou pelo menos desde que entrara na escola no início do ano e ela deu-se ao trabalho de apresenta-lo a todos. Parecia uma vida.

O rapaz sentia como se esse curto período fosse um “sempre”. E quem não o sente quando se apaixona?

Camila por sua vez estava em êxtase.

–Camila, vamos oficializar isso?

–O quê?- Perguntou distraída entre um gole do refrigerante e outro.

–Nossa relação... Quer ser minha namorada?

Ela quase cuspiu o refrigerante.

–Já? Assim, tão rápido?

Ele pareceu ficar defensivo.

–E por que não? Eu decidi que queria lhe namorar no momento em que você me disse “oi”.

Ela sorriu.

–Ok.

–Ok?

–Sim, ok, estamos namorando.

Meio desajeitado ele deu um outro beijo nela.

Bruno ficou loucamente feliz, tão feliz...

Naquela noite, quando Camila chegou em casa, entrou cantando. Beijou a mãe, tomou um banho e se preparou para dormir. Estava tão feliz que nem reparou em algumas folhas de papel em sua cabeceira, com letras digitadas e um belo grande “Capítulo” escrito.

Não, naquele momento a menina não queria saber das fênix, nem de lenda alguma. Ela só ficou fitando o teto e pensando no quanto aquele dia fora incrível e que na manhã seguinte ela tinha de ligar e contar tudo para Safira. As duas iriam rir e cochichar por uma semana.

Longe dali um carro era dirigido de forma calma e despreocupada. Seu motorista sonhava com um bom banho quente e longos abraços da família. Voltava mais cedo que o planejado, esperando fazer uma surpresa. Trazia consigo um novo livro para dar de presente a sua “menina”, sim, pois para ele ela sempre seria uma criança. Sua mulher o havia informado por telefone que a garota estava lendo uma história de fantasia, então resolveu trazer um presente, como desculpa por passar tanto tempo fora. Entrara na primeira livraria, no dia anterior, com um livro já em mente, também do gênero fantasia que havia lido emprestado de um colega de trabalho durante a viagem e sabia que a filha amaria: “Dragões de Éter” de Rafael Draccon. Fez uma dedicatória na primeira página e mandou embrulhar.

Para a mulher levava um caderno novo, um moleskine. Tinha conhecimento do quanto a esposa amava escrever, já fazia muito tempo que não lhe dava um presente, pretendia reparar isso agora.

Estava tão ansioso para entregar os presentes...

Muitos anos se passariam e a filha jamais iria entender. Até aceitaria, mas jamais entenderia.

Como pode ser justo um homem em plenos 45 anos, feliz, retornando de viagem ter sofrido o que sofreu?

Ela jamais saberia que durante a batida, quando o outro carro ( com um motorista bêbado) veio na contramão e fora impossível para o pai desviar, que o último rosto em que pensou foi o da filha. Do quanto lamentou, em seus últimos momentos de consciência, por jamais poder entregar os presentes.

E quão irônico era o fato de o carro ter tido perda completa, (nunca poderia ser concertado) e que seu pai não voltaria para casa, mas os presentes continuaram intactos. O caderno e o livro seriam entregues a família. Perfeitos. A última lembrança que a menina teria de seu pai, seu último consolo, para sempre.

No meio da noite a mãe entrou no quarto.

–Camila, minha querida, Camila acorde...

–O que foi, mãe? - Estava tendo dificuldade para abrir os olhos, fitou o relógio na cabeceira, por que ela a estava acordando de três horas da manhã? Então, finalmente, notou os olhos inchados da mulher, parecia que chorava a um bom tempo...

–Meu amor, precisamos conversar...


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Por favor comentários!!!

Bjs